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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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em Cencréia por causa de um voto (At 18.18), evidentemente de nazireu.2 Apesar de se<br />

tornar um cristão fervoroso, vindo a dedicar-se inteiramente a viver por Cristo e a pregá-lo,<br />

ele não retornou ao judaísmo. Ele podia perguntar: “Qual é a vantagem do judeu? Ou qual<br />

a utilidade da circuncisão?” e apesar de a lógica do seu argumento nos fazer esperar a resposta<br />

“nenhuma”, ele responde: “Muita, sob todos os aspectos...” (Rm 3.1-2). Em todos os<br />

seus escritos ele faz constantes referências às Escrituras dos judeus, e está claro que até o<br />

fim dos seus dias ele prezava muito o fato de Deus ter dado tal tesouro ao seu povo.<br />

Há uma grande diferença na maneira como ele tratava os escritos gregos. Fica claro,<br />

pelo conhecimento que Paulo tinha da língua grega, que todos os tesouros da literatura<br />

grega estavam abertos para ele, mas em todos os seus textos ele cita autores gregos apenas<br />

duas vezes (lC o 15.33; T t 1.12; Lucas fala de mais uma citação, esta num sermão, em Atos<br />

17.28). O interesse de Paulo estava no Antigo Testamento; ele o cita constantemente e,<br />

muito interessante, quase sempre da Septuaginta (em grego) e não do hebraico.<br />

Paulo se identificava com Israel. Mesmo escrevendo aos gentios, ele chama Abraão<br />

e também Isaque de “nosso pai” (Rm 4.1; 9.10) e faz referência aos “nossos pais” (lC o<br />

10.1). Ele espera paz para “o Israel de Deus” (G1 6.16).3 Talvez essa identificação em<br />

nenhum lugar seja tão tocante como no tratamento emocional que ele dá ao problema da<br />

rejeição do Messias por Israel. Cristo era tudo para Paulo (Fp 3.8), mas ele podia desejar<br />

ser maldito e separado de Cristo se isso pudesse ser de proveito para seus companheiros<br />

israelitas (Rm 9.3). Fica claro, de tudo o que Paulo escreveu, que ele valorizava muito sua<br />

herança judaica. Apesar de não poder compará-la com a vida cristã (2Co 3.11), ele ainda<br />

achava que havia “glória” nela (Rm 9.4; 2Co 3.7). Ele era diferente de muitos convertidos a<br />

Alguns afirmam que esse voto não poderia ter sido de nazireu, pois nesse caso o cabelo podia ser raspado<br />

apenas em Jerusalém, Mas I. Howard Marshall cita evidências de que o sacrifício tinha de ser oferecido em J e ­<br />

rusalém, mas o cabelo podia ser cortado em outro lugar (The acts o f the apostles. Leicester, 1980, p. 300).<br />

O sentido exato dessa expressão é muito debatido. Muitos concordam com arc?: “A todos quantos andarem<br />

de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles, sobre o Israel de Deus", o que iguala<br />

o Israel de Deus à igreja. M as essa maneira de se referir ã igreja não é encontrada em nenhum outro lugar, e alguns<br />

entendem a referência como sendo ao Israel não-cristão. N a décima nova bênção acrescentada às Dezoito<br />

Bênçãos há uma oração por paz e outras bênçãos “sobre nós e sobre teu povo Israel”. Se Paulo pensava<br />

assim, ele “agora ora por seus compatriotas que ainda não aceitaram a Cristo" (Raymond T . Stamm, IB,<br />

10:591). F. F. Bruce se lembra de que Paulo espera a salvação de "todo o Israel” (Rm 11.26) e vê aqui uma<br />

“perspectiva escatológica” (The epistle to the Galatians, Grand Rapids, 1982, p. 275), N . Herman Ridderbos, porém,<br />

sustenta a primeira opinião: "Em vista do que foi dito antes (cf. 3.29; 4.28, 29), dificilmente podemos duvidar<br />

de que este Israel de Deus não se refere ao Israel empírico, nacional, como um parceiro igualmente<br />

autorizado junto com os crentes em Cristo (a todos quantos andarem de conformidade com esta regrá), nem<br />

apenas aos crentes na nação israelita, mas a todos os crentes como o novo Israel, N esta bênção, portanto, o<br />

apóstolo tem em mente os leitores da sua carta, desde de andem segundo a nova regra, mas a partir deles o escopo<br />

se abre para incluir no sentido mais amplo todos os crentes, o novo povo de Deus” (The epistle o f Paul to the<br />

churches of Galatia. London, 1954, p, 227). E, apesar de não chamar especificamente a igreja de Israel em outro<br />

lugar, ele claramente a considerava o verdadeiro Israel (Rm 2,28-29; 9.6; Fp 3.3).

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