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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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A atitude cristã foi revolucionária. Pense, por exemplo, no fato de que Jesus ensinou<br />

as mulheres desde o começo. Há o exemplo bem conhecido de Maria e Marta. Quando<br />

Marta se queixou de que sua irmã Maria "quedava-se assentada aos pés do Senhor e<br />

ouvia-lhe os ensinamentos”, Jesus elogiou Maria. Ele disse a Marta que a única coisa realmente<br />

necessária, e que Maria havia escolhido, é “a boa parte, e esta não lhe será tirada”<br />

(10.38-42). Claramente Jesus aceitou como normal que as mulheres recebessem instrução<br />

dele, uma atitude muito distante da dos rabinos.<br />

Havia mulheres no grupo que o acompanhava, das quais Lucas menciona Maria<br />

Madalena, Joana e Suzana (8.1-3). Fitzmyer encontra aqui “uma lembrança de como Jesus<br />

divergia radicalmente da postura comum em relação ao papel das mulheres no judaísmo da<br />

época. O fato de ele curar mulheres, conversar com elas, aceitá-las entre seus seguidores<br />

(como aqui) distancia-o claramente de idéias como a que se reflete em João 4.27 ou nos<br />

escritos antigos dos rabinos”,12 O faro de Jesus receber sustento de m ulheres que podiam<br />

ajudar não era surpreendente (os rabinos aceitavam com prazer a ajuda de mulheres devotas).<br />

O que surpreendia era o fato de ele as incluir entre os que viajavam ao seu lado. De<br />

passagem observamos que, enquanto a maioria dos seguidores de Jesus era gente mais<br />

pobre, o fato de que havia mulheres que ajudavam o grupo de apóstolos "com os seus bens”<br />

indica que havia algumas mulheres prósperas (o que também transparece da informação<br />

de que Joana era esposa de um alto funcionário de Herodes).<br />

O evangelho de Lucas começa com uma narrativa bem longa da infância de João<br />

Batista e de Jesus. Como poderíamos esperar, as mulheres são as protagonistas de boa parte<br />

dessa narrativa. Aí encontramos Isabel e Maria e observamos sua consagração. Lucas<br />

inclui o cântico de Maria (1.46-55) no seu evangelho e, em termos gerais, pinta um quadro<br />

de duas personagens atraentes. Quanto Jesus foi apresentado no templo, Ana, uma profetisa,<br />

estava ali para saudar a criança e falar dela "a todos os que esperavam a redenção de<br />

Jerusalém" (2.38).<br />

Lucas também tem várias histórias que envolvem mulheres, como a da viúva de<br />

Naim, cujo único filhojesus ressuscitou (7.11-17). Ele menciona expressamente a compaixão<br />

de Jesus diante da mulher e suas palavras afetuosas: “Não chore”. Ele nos fala da<br />

mulher corcunda, incapaz de se endireitar, e que recebeu uma bênção inesperada quando<br />

foi à sinagoga num sábado e Jesus a curou (13.10-13). O dirigente da sinagoga ficou indignado<br />

porque a cura ocorrera no sábado; para ele, isso era muito mais importante do que o<br />

The Gospel according to Luke (I-IX), p. 696. Fitzmyer cita a M ishná Aboth 1.5 como exemplo do ensino rabínico<br />

que ele tem em mente. Ali se afirma: “Jose b. Johanan de Jerusalém disse: Q ue minha casa esteja com as<br />

portas abertas, e que os carentes sejam membros da minha família; e não conversem muito com as mulheres.<br />

Disseram isso da própria esposa de certo homem; quanto mais da esposa do seu companheiro! Por isso os sábios<br />

dizem: Aquele que conversa muito com mulheres traz o mal sobre si mesmo, negligencia o estudo da lei e-<br />

no fim, herdará o geena”.

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