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044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

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am o que é importante para a nossa salvação, e a história é mais ou menos incidental.'8<br />

Com as informações que hoje temos à nossa disposição simplesmente não é possível fazer<br />

nada parecido com um relato histórico exato da vida de Jesus de Nazaré e dos primeiros<br />

tempos da igreja que resultou da sua vida, morte e ressurreição. Os estudiosos discutem<br />

quanto dos evangelhos remonta a Jesus; há debates intermináveis sobre a autenticidade<br />

dessa ou daquela afirmação e desse ou daquele incidente. Se temos de insistir numa história<br />

exata antes de poder falar de teologia, estamos realmente em má situação.19<br />

Vemos como Wrede se preocupa com a história em sua afirmação: “Em último<br />

caso, pelo menos queremos saber quais eram as crenças, os pensamentos, os ensinamentos, as<br />

esperanças, as exigências e as ambições no período mais antigo do cristianismo, e não o que certos<br />

escritos dizem sobre fé, doutrina, esperança etc.”20 Eu compartilho o desejo de Wrede<br />

quanto às informações sobre o que se cria, ensinava etc, (apesar de não entender como esse<br />

desejo pode ser satisfeito sem alguma nova e surpreendente fonte de informações), mas<br />

discordo fortemente quando ele se recusa a interessar-se no que o Novo Testamento diz<br />

sobre fé, doutrina e esperança. Eu quero realmente saber o que ele diz sobre essas coisas.<br />

Os especialistas em história certamente estão livres para pesquisar a história. A teologia,<br />

porém, é uma disciplina diferente, que pode ser estudada mesmo quando não temos certeza<br />

dos detalhes históricos que cercam os documentos que a abrigam.21 Voltar ao tempo<br />

exato em que certas doutrinas surgiram e aos primeiros cristãos que as enunciaram seria<br />

interessante, mas não é isso o que eu entendo por teologia bíblica. Bernard Weiss disse o<br />

seguinte muito tempo atrás: “A teologia bíblica não pode se preocupar com as investigações<br />

críticas e especializadas sobre a origem dos escritos do NT, porque ela é apenas uma<br />

18C f.J. Bonsirven: "Como estou escrevendo um livro sobre teologia, não é meu objetivo delinear a história<br />

do cristianismo antigo, resolvendo os problemas levantados pelas lacunas nos documentos que temos à disposição”<br />

(Theology of the New Testament. Londres, 1963, p. 157).<br />

19Rudolf Schnackenburg objeta à abordagem histórica com base em três razões principais: 1) A cronologia<br />

é incerta, e o “desenvolvimento”, muito discutível; 2) esse tipo de teologia “parece ser indistinguível das religiões<br />

comparadas”: e 3) ela destrói “a unidade da teologia do Novo Testam ento” (New Testament theology today.<br />

New York, 1963, p. 24).<br />

Morgan, Nature o f New Testament theology, p. 84-85 (itálicos de W rede).<br />

N a verdade, A dolf Schlatter vê a teologia do Novo T estamento como “uma ferramenta indispensável que<br />

a introdução crítica usa constantemente em seu trabalho” (Morgan, Nature o f the New Testament theology, p.<br />

159). Hendrikus Boers diz que o resultado do trabalho da escola da Religionsgeschichte “foi que a apresentação<br />

de tal história [isto é, a história de uma religião viva, não uma história de doutrinas] foi sendo separada não só<br />

do cânon do Novo Testam ento, mas também da sua utilidade para o cristianismo contemporâneo” (W hat is<br />

New Testament theology? Philadelphia, 1979, p. 66). Prestamos um desserviço à igreja se não reconhecemos que<br />

a teologia tem um lugar só seu, bem distinto do papel da história.

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