16.02.2018 Views

044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

(16.24-25). A mesma verdade é expressa no episódio em que os dois filhos de Zebedeu e<br />

sua mãe pediram a Jesus os lugares principais em seu reino. Ele respondeu: "Não sabeis o<br />

que pedis”, e perguntou: "Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?” (20.20-22;<br />

quanto ao cálice de Jesus veja 26.39). Também aqui o caminho do discípulo é de sacrifício<br />

pessoal, não de realização pessoal. Foi isso que afastou o jovem rico (19.16-22). Ele claramente<br />

alimentava a idéia de se tornar seguidor de Jesus. Mas não queria fazê-lo à custa da<br />

sua riqueza. Jesus exigia um vínculo pessoal que superava posses e até laços familiares<br />

(12.48-50). Não é de admirar que, apesar da grande extensão do campo a ser semeado, os<br />

trabalhadores sejam poucos (9.37).<br />

Mateus tem palavras de consolo para os perseguidos, que, surpreendentemente, são<br />

"bem-aventurados”: o reino é deles (5.9). A perseguição do povo de Deus não é um fenômeno<br />

novo, pois os profetas já a experimentavam (5.12). Os discípulos devem orar por<br />

seus perseguidores (5.44), pois é importante que tenham uma disposição de espírito adequada<br />

se quiserem ser “filhos” do reino (5.45). Quando forem perseguidos numa cidade,<br />

devem fugir para outra (10.33); não devem deixar que a perseguição os desvie da tarefa.47<br />

Vemos que se deve seguir Jesus de modo radical no episódio em que os discípulos de<br />

João Batista disseram que eles e os fariseus jejuavam, mas os seguidores dejesus não. Jesus,<br />

porém, não estava simplesmente exigindo o cumprimento de práticas religiosas convencionais<br />

e a conformidade a padrões religiosos de rotina. Quando ele perguntou: “Podem, acaso,<br />

estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?”, e<br />

acrescentou: “Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de<br />

jejuar", e ainda: "Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha, [...] nem se põe<br />

vinho novo em odres velhos” (9.14-17), ele não estava convidando as pessoas para um judaísmo<br />

remendado, um sistema velho com algumas inovações. Ele estava convidando para<br />

uma vida radicalmente nova. Ela não podia estar contida no judaísmo. Como remendo<br />

novo numa roupa velha, acabaria se soltando. Como vinho novo em odres velhos, acabaria<br />

rompendo o recipiente. Quem segue a Jesus precisa aceitar isso.48<br />

Um exemplo da nova perspectiva é a atitude dejesus em relação a alimentos puros e<br />

impuros, tema este que é o ponto culminante de uma discussão iniciada por uma queixa<br />

por parte dos fariseus e escribas de Jerusalém em torno do fato de que os discípulos dejesus<br />

N o fundo, M ateus escreve seu evangelho para evitar que a perseguição faça a igreja parar de evangelizar”<br />

(R o b ert H , Gundry, M atthew. G rand Rapids, 1982, p. 9).<br />

Alguns estudiosos en fa tiz a m o parentesco d e M ateus com o judaísm o; cf. Bornlcamm: “M ateus entende<br />

a lei de uma maneira que, em princípio, não difere do judaísm o — ou, m elhor — que, em p rincípio,<br />

não é diferente” (Tradition and interprétation in M atthew, p. 31). É verdade que M ateus tem certa<br />

similaridade com a perspectiva dos escribas, mas não devemos esquecer que, com toda a sua ênfase na lei<br />

e exigência de justiça, ele não está dizendo a mesma coisa que os escribas. Ele está à procura de algo radi'<br />

calm ente novo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!