044001 TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO LEON MORRIS ED VIDA NOVA

Isso se evidencia também na convocação para crer no evangelho.6 Quando Deus
tala, aqueles que ouvem têm de aceitar a palavra divina. Isso pode ter um preço elevado.
Jesus diz mais adiante que é necessário "perder" a vida por amor a ele e ao evangelho se quisermos
salvá-la (8.35). Ele detalha um pouco do que isso significa quando fala em deixar
“casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos” (10.29). Marcos deixará
claro que a "boa notícia” é que Deus agiu de modo decisivo em favor da nossa salvação, e
que é por causa da graça de Deus e não de méritos humanos que ingressamos na vida. Ele,
porém, não está escrevendo sobre graça barata. O evangelho faz exigências (é interessante
que Marcos registra o chamado dos primeiros discípulos imediatamente após o chamado
dejesus ao arrependimento e fé, 1.14-20). Se Deus fez tanto por nós, por que não responderíamos
dando tudo por ele? Não devemos considerar isso uma exigência complementar
feita a líderes ou santos de destaque. Não é uma mensagem para alguns poucos escolhidos.
Jesus diz que este evangelho tem de ser "pregado a todas as nações" (13.10). Ele também faz
referência quase de passagem à sua pregação “em todo o mundo” (14.9). Marcos não está
escrevendo um evangelho pequeno, dedicado a questões litúrgicas menores ou coisas do
gênero. E um evangelho que exige a transformação de toda a vida, e isso não vale apenas
para alguns santos proeminentes; o evangelho é para todo o mundo.
O que Deus está fazendo por intermédio dejesus implica um conflito com o mal.
Imediatamente depois do batismo dejesus, o Espírito o impeliu para o deserto, onde ele
foi tentado por Satanás (1,12-13). Marcos chama a atenção para a iniciativa do Espírito. A
tentação foi obra do maligno, mas Marcos vê que Deus também tem um propósito com
ela. O Espírito está presente nas provações da vida. Marcos também nos diz que os anjos
‘ serviam” a Jesus, e o sentido do verbo parece ser de que eles fizeram isso durante toda a
tentação. Não devemos pensar que nesse momento difícil Jesus ficou sem a ajuda que seu
Pai dá. Mateus e Lucas nos relatam que Jesus jejuou durante os quarenta dias, mas Marcos
não menciona isso. Ele se concentra na tentação; era o conflito com o mal que importava.
Ele mostra um pouco do seu horror falando do deserto, considerado um lugar de demônios
e seres semelhantes (cf. Lc 8.29; 11.24; Sbk iv:515-516), e referindo-se aos animais selvagens
que estavam com Jesus (cf. SI 22.12-21; Is 13.21-22; a ausência deles era sinal da
bênção de Deus, Is 35.9; Ez 34.23-28).
A construção é T T K J T e v e iv £ V TCú e v a y y e X ílú . V incent T aylo r lembra ser este o único lugar no
N ovo Testam ento em que essa construção ocorre Qo 3.15; E f 1,13 não são paralelos genuínos); “a melhor
explicação para ela é tradução para o grego”. Ele a traduz: “Creiam nas boas notícias” ( The Gospel according to
M ark. London, 1959, p. 167). BA G D cita H ofm ann em favor de “com base em”, W ohlenberg em favor
de “bei” e Deissm ann e M oulton para “na esfera de” (favorecido também por N igel T u rner, A gram mar o f
Xew Testament Greek, ed. J, H , M oulton, iii. Edinburgh, 1963, p. 237). Bultm ann a considera uma “variante
Lingüística" de e i ç (T D N T 6:211, n. 271).