6 Janeiro 2018 GRANDE ENTREVISTA FILOMENA FORTES Natural de Luanda, Angola, Filomena Fortes escolheu Cabo Verde para trabalhar. Cabo Verde... terra de sua mãe, avós maternos e avô paterno. Aqui chegou em 1983. Concluio o ensino secundário. Em Cuba, licenciou-se em desporto. Mestrado em desporto no Porto e doutoramento em Ciências da Educação em Lisboa. Foi coordenadora Nacional de Educação Física e Desporto Escolar do Ministério da Educação e Desporto e presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol. TRABALHO, RIGOR E TRANSPARÊNCIA
Janeiro 2018 7 Apostar forte no olimpismo como forma de vida. O Comité Olímpico não prepara “apenas” as missões para os Jogos Olímpicos. Queremos que o desporto faça parte da vida dos cabo-verdianos. Queremos que seja uma ferramenta na construçao da felicidade. O mandato que o desporto nos dá, através da gestão do Comité, confere-nos uma enorme responsabilidade. Acima de tudo na propaganda e implementação do olimpismo e dos seus valores. A chave abre fácil. Através do movimento olímpico, contribuir para o desenvolvimento social e humano. Muito mais do que competir e alcançar feitos desportivos, é promover práticas, princípios e valores. Como é obvio, ter atletas nos Jogos Olímpicos é fundamental e um motivo de orgulho. Extensível a todos os cabo-verdianos, que se devem rever no trabalho, no empenho, necessários para lá chegar. Os atletas são embaixadores de um país. Muito mais do que isso. Representam o Desporto. E algo tão simples, como a amizade, a excelência, o respeito. O primeiro mandato foi o de arrumação. Os próximos quatro anos, são de realização. O nosso grande desafio é o da realização dos Jogos Africanos de Praia. E eu espero que o país perceba a importância deste desiderato para Cabo verde. Todo o mundo, o país, tem se focar no Sal 2019. Mesmo! E esta organização pode e deve deixar um legado. Cabo Verde tem que “respirar” desporto. É o ar que se transforma nas brisas do desenvolvimento, da igualdade, da inclusão. Pessoalmente tenho uma luta particular. Quero mais mulheres na liderança. E tenho a certeza que este meu desejo é partilhado por muita gente. Aqui no comité, pelo governo, nas instituições, pela sociedade civil. E esta promoção da mulher, é também uma recomendação do Comité Olímpico Internacional. Temos que seguir este entusiasmo. Esta responsabilidade. Trabalho, seriedade, transparência. São “máximas” de que não abdicamos no quotidano do Comité Olímpico. Em África, somos uma organização de referência. Disponibilizamos publicamente, planos de actividades, orçamentos e objectivos, para que todos tenham acesso às nossas “políticas” de intervenção. Conseguimos feitos extraordinários, de que muito nos orgulhamos. A realização da Assembleia dos Secretários-Gerais de 54 comités de países africanos, foi uma demonstração de toda a capacidade de trabalho que por aqui existe. Respeitamos orientações, promovemos auditorias. Sonhos?! Sim, bem entendido... mas com os pés bem assentes na terra. Temos o máximo respeito por todos, sobretudo por aqueles que, em tempos muito mais difíceis, estiveram na génese da fundação do movimento olímpico em Cabo Verde. A criação de novas associações e federações desportivas, e a sbsequente filiação no Comité Olímpico, atesta bem o trabalho que desenvolvemos, e um novo olhar para o desporto no país. Há uma missão determinante. Explicar aos jovens, nas escolas, valores tão fundamentais como a Ética, o “fair-play”, o respeito pelo próximo.