ENTRE FLORES E CUPCAKES
A maioria das coisas boas da vida precisa ser cultivada. Na da na vida é de graça. Você recebe algo aqui hoje, apenas para devolvê-lo logo adiante. E é forçado a misturar e transformar tudo para fazer a vida florescer e crescer. E a gente vai aprendendo, qual o tempo de cozimento e a quantidade de tempero. Os ingredientes que combinam e a dosar o que é azedo. A gente acaba aprendendo a fazer a porção certa e a apreciar o aroma de cada dia. O perfume que vem com o vento, janela adentro, vem trazendo pedacinhos de felicidade que se constrói com o tempo. Com aquele sol que vem de dentro, como fermento, para fazer tudo germinar. E dia após dia, a gente se põe a trabalhar, através de longas chuvas e do sol escaldante, as sementes resistem e persistem, vencendo a batalha da vida que é se transformar para continuar.
A maioria das coisas boas da vida precisa ser cultivada. Na da na vida é de graça. Você recebe algo aqui hoje, apenas para devolvê-lo logo adiante. E é forçado a misturar e transformar tudo para fazer a vida florescer e crescer.
E a gente vai aprendendo, qual o tempo de cozimento e a quantidade de tempero. Os ingredientes que combinam e a dosar o que é azedo. A gente acaba aprendendo a fazer a porção certa e a apreciar o aroma de cada dia. O perfume que vem com o vento, janela adentro, vem trazendo pedacinhos de felicidade que se constrói com o tempo. Com aquele sol que vem de dentro, como fermento, para fazer tudo germinar.
E dia após dia, a gente se põe a trabalhar, através de longas chuvas e do sol escaldante, as sementes resistem e persistem, vencendo a batalha da vida que é se transformar para continuar.
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E D I T O R I A L<br />
Santos, JaKe dos; Revista Entre Flores e<br />
Cupcakes, 2018, 56 p.<br />
Edição e diagramação: Opus Litterae.<br />
Poesia, Fine Art, Contos, Literatura Brasileira.<br />
Todos os direitos reservados. É expressamente<br />
proibida a reprodução total ou em<br />
partes desta obra sem a autorização prévia<br />
da autora.<br />
A maioria das coisas boas da vida precisa<br />
ser cultivada. Nada na vida é de graça. Você<br />
recebe algo aqui hoje, apenas para devolvêlo<br />
logo adiante. E é forçado a misturar e<br />
transformar tudo para fazer a vida florescer e<br />
crescer.<br />
E a gente vai aprendendo qual o tempo de<br />
cozimento e a quantidade de tempero. Os<br />
ingredientes que combinam e a dosar o que<br />
é azedo. A gente acaba aprendendo a fazer<br />
a porção certa e a apreciar o aroma de cada<br />
dia. O perfume que vem com o vento, janela<br />
adentro, vem trazendo pedacinhos de felicidade<br />
que se constrói com o tempo. Com<br />
aquele sol que vem de dentro, como fermento,<br />
para fazer tudo germinar.<br />
E dia após dia, a gente se põe a trabalhar,<br />
através de longas chuvas e do sol escaldante,<br />
as sementes resistem e persistem, vencendo<br />
a batalha da vida que é se transformar<br />
para continuar.<br />
2
S U M Á R I O<br />
QUEM FAZ<br />
04<br />
Um pouco sobre JaKe dos Santos, Administradora, escritora, artista e a mente por<br />
trás desta obra.<br />
AS PEDRAS DE<br />
KIROCUI<br />
07<br />
Um conto exclusivo para dar uma ideia do que aguarda o leitor nas próximas<br />
publicações da autora JaKe dos Santos.<br />
FINE ART<br />
08<br />
O termo em inglês está ganhando adeptos e admiradores em<br />
<strong>ENTRE</strong> FORES E<br />
<strong>CUPCAKES</strong><br />
09<br />
A série poética é formada por 21 poesias sobre como a vida pode<br />
ser doce e amarga ao mesm tempo e, ainda assim, proporcionar as melhores<br />
3
QUEM FAZ<br />
ACREDITE<br />
Acredite<br />
Que você fale o<br />
que pensa<br />
Acredite<br />
Que não lhe vale a<br />
ofensa<br />
Acredite<br />
Que assim a alma<br />
aguenta<br />
Acredite<br />
A gente é o que a<br />
gente pensa<br />
A<br />
dministradora, escritora, artista<br />
e booktuber, JaKe dos Santos<br />
vive atualmente no interior<br />
do Sul de Minas, entre as<br />
montanhas onde ela cria e recria universos<br />
fantásticos. Sua carreira como escritora começou<br />
em 2015 quando lançou seu primeiro<br />
livro, uma coletânea de poesias intitulada<br />
“Cartas”. A autora tem um canal no Youtube<br />
focado na Literatura Fantástica e em aspectos<br />
na nacionalidade brasileira, como cultura,<br />
folclore e outros fatos curiosos além, é<br />
claro, de muitas resenhas.<br />
A autora, de forma despretensiosa, foi incorporando<br />
o desenho ao universo literário até<br />
que, em fevereiro de 2017, surgiu uma série<br />
poética chamada “Texto sem Letra”, com a<br />
proposta de entregar o texto poético da forma<br />
mais antiga de se entregar poesia: a declamação.<br />
JaKe deu às poesias um significado<br />
visual com suas ilustrações.<br />
4
5<br />
Algumas ilustrações de JaKe dos Santos
Série poética<br />
“Songs from<br />
the core”.<br />
O<br />
utra série poética criada pela autora<br />
JaKe dos Santos recebeu o título de<br />
“Songs from the core” (Canções do<br />
íntimo, em tradução literal) e foi um<br />
experimento em inglês que reuniu algumas das<br />
6<br />
poesias escritas originalmente na língua estrangeira.<br />
Esta série serviu como base para experimentos<br />
artísticos e está disponível no canal da<br />
autora.
As pedras de Kirocui<br />
H<br />
á muito tempo, numa tribo perdida no<br />
espaço viviam os Kirocui. Homens e mulheres<br />
de pele negro-avermelhada coexistiam<br />
com a natureza em um acordo de paz<br />
com os espíritos da floresta. Hakunamagi e Haknamagé<br />
eram irmãs, ambas tinhas a pele negra como a noite e<br />
uma brilho de luar estava no lugar da tonalidade avermelhada<br />
que havia nos demais. As duas eram faceiras e<br />
arteiras, já eram mulheres feitas mas tinham o espírito<br />
infantil quase angelical. Os Kirocui eram conhecidos<br />
pelas terras perdidas por onde viviam como caçadres e<br />
guerreiros sem piedade, mas as irmãs não tinham habilidade<br />
para nenhuma das duas coisas, em vez disso faziam<br />
as tarefas mais simples e menos perigosas. Sempre que<br />
voltavam de uma caçada, seja ela por alimento ou por<br />
uma inimigo, a tribo fazia um ritual de celebração em<br />
que o xamã abria caminho para que os espíritos de batalha<br />
voltassem ao seu descanso eterno. Hakunamagé ficou<br />
responsável por preparar as cuias para o ritual e<br />
Hakunamagi se dispôs a fazer um presente para os espíritos<br />
levarem para a eternidade.<br />
Hakunamagé decorou lindas cerâmicas com padrões lineares<br />
em tinta branca e estava levanto-os para a tenda<br />
onde seria feito o ritual. Hakunamagi seguiu-a, ainda<br />
sem o presente dos espíritos. Dentro da tenda havia algumas<br />
lanças decorativas, várias urnas dos guerreiros<br />
convocados para a batalha que haviam enfrentado nos<br />
últimos dias, um tambor grande e uma cuia grande com<br />
água limpa e terra preta no fundo. Hakunamagé depositou<br />
delicadamente as cuias decoradas ao lado da cuia<br />
maior, decorada com círculos e dirigiu-se à saída quando<br />
foi interrompida pelo som surdo e baixo do tambor. Hakunamagi<br />
estava com uma das mãos sobre a membrana e<br />
um vento não natural percorreu toda a tenda. As duas<br />
estremeceram de medo e, depois que nada aconteceu,<br />
começaram a rir como crianças. Hakunamagi dançou<br />
com os dedos sobre a membrana do tambor e Hakunamagé<br />
dançou timidamente na entrada da tenda. No<br />
mesmo instante uma lufada de ar quente roçou a nuca de<br />
Hakunamagé e sua irmã ficou pálida do outro lado da<br />
tenda. As urnas brilharam numa luz dourada e tremeram<br />
suavemente. Os espíritos estavam se agitando dentro<br />
delas. O xamã agarrou o braço de Hakunamagé e ordenou<br />
que dissesse o que havia acontecido ali. Ela não hesitou<br />
e descreveu o que fizeram. Quando terminaram de<br />
se explicar o xamã deu alguns passos afrente e fez uma<br />
espécie de oração e as urnas estremeceram, desta vez<br />
com mais violência e se partiram, deixando que os ossos<br />
dentro delas caíssem espalhados pela tenda. Com um<br />
gesto suave o xamã ordenou que elas fossem levadas<br />
pelos homens que aguardavam suas ordens.<br />
O xamã explicou à tribo que os espíritos de guerra perderam<br />
o descanso eterno ao qual deveriam retornar por<br />
causa da imprudência das duas irmãs e que agora era<br />
necessário oferecer algo tão valioso quanto para recuperar<br />
o equilíbrio dado pela natureza a vida que ali havia.<br />
Não houve julgamento, mas ambas foram condenadas.<br />
Homens cavaram duas covas grandes o suficientes para<br />
que coubessem as duas irmãs. Hakunamagé admitiu sua<br />
culpa por não ter repreendido sua irmã, mas o xamã lhe<br />
advertiu que não poderia deixar-lhe sem julgamento<br />
para fazer justiça aos espirito guerreiros que tiveram<br />
suas urnas destruídas. Ela aceitou a punição com um<br />
aceno e o xamã ofereceu-lhe uma bebida quente. O liquido<br />
desceu-lhe queimando e depois ela sentiu-se entorpecer<br />
aos poucos. Os homens colocaram-na dentro de uma<br />
das covas onde ela ficou inerte. Já Hakunamagi começou<br />
a espernear sentindo medo de sua more iminente. Implorou<br />
ao xamã que a poupasse, mas não admitiu sua culpa.<br />
Os homens colocaram-na dentro da cova ao lado da irmã<br />
e bloqueou a superfície com estacas de madeira para que<br />
ela não saísse.<br />
Dias se passaram, a tribo seguiu com a rotina de caçadas<br />
e batalhas, seus rituais sendo realizados a despeito das<br />
duas irmãs na cova. Choveu e fez muito sol, a terra começava<br />
a invadir as covas das irmãs e, enquanto Hakunamangé<br />
permanecia inerte em sua cova, Hakunamagi<br />
reunia todas suas forças para evitar que fosse soterrada.<br />
Um dia a chuva veio furiosa e encheu de água a cova de<br />
Hakunamagi, sem conseguir lutar com a água ela se deu<br />
por vencida. A cova onde estivera Hakunamagé estava já<br />
coberta de terra e ficou encharcada de água.<br />
Muitos dias se passaram até que a água secou completamente<br />
e a cova de Hakunamagi ficou exposta novamente.<br />
Mas dentro havia apenas uma pedra em forma de<br />
estrela rosada. Homens vestidos com roupas em tom de<br />
terra e chapéus brancos vasculhavam o local em busca<br />
de algo quando se depararam com a cova aberta, protegida<br />
apenas por uma cortina fina de vegetação. Ficaram<br />
intrigados e resolveram coletar a pedra para ver o que<br />
era. Acreditando que era algo de valor e na esperança de<br />
encontrar mais pedras preciosas, os homens começaram<br />
a escavar as áreas em volta da cova. Encontraram outra<br />
pedra, no lugar que seria a cova de Hakunamagé, mas<br />
esta era inteiramente preta e lisa. Os homens chamaram<br />
a primeira pedra de Estrela Rosa, por causa do formato e<br />
da cor e a segunda de Jeremyevite em homenagem à<br />
esposa de um deles que havia sofrido um acidente fatal<br />
naquela expedição.<br />
7
Fine Art<br />
O<br />
termo Fine Art é muito antigo e<br />
surgiu com o intuito de distinguir<br />
a arte pura da arte comercial. Embora<br />
não haja estudos aprofundados<br />
sobre o tema ou registros acadêmicos estritamente<br />
dedicados ao assunto o termo é definido<br />
de forma genérica como um tipo de arte sem<br />
fins lucrativos, criada puramente<br />
pelo valor estético, mas<br />
sem nenhuma utilidade prática.<br />
Eram designadas como Be-<br />
“arte sem fins lucrativos,<br />
las Artes e incluíam pintura, criada puramente pelo<br />
música, poesia, arquitetura e<br />
valor estético “<br />
outras formas de arte como o<br />
teatro. Até o século XX havia<br />
três ramificações do que se<br />
considerava Fine Art: as Belas Artes, a fotografia<br />
Fine Art e a impressão Fine Art; após esse<br />
período a fotografia englobou o termo e passou<br />
a destacar-se na categoria.<br />
Se visto de um ponto de vista mais técnico e<br />
crítico, o termo Fine Art (ou Fines Arts, como<br />
alguns preferem) pode se referir às “obras criadas<br />
para atingir um nível estético de excelência<br />
para que sejam reconhecidos pela beleza que<br />
representam” (HELIOPRINTI, 2017). Traduzindo<br />
o termo do inglês (Fine = fino, excelente,<br />
encantador e Art = arte; logo pode-se traduzir<br />
como Arte Fina) têm-se a ideia de que toda Fine<br />
Art será algo de alta qualidade; porém, não é<br />
a qualidade que define esse tipo de arte, tampouco<br />
as técnicas empregadas no mesmo que<br />
podem ser diversas. Ainda assim , os artistas<br />
Fine Art, em sua grande maioria, preocupam-se<br />
em utilizar materiais de ata qualidade em seus<br />
trabalhos reforçando a ideia de que, para ser<br />
Fine Art, os trabalhos devem ter qualidade o<br />
mais próximo do excelente quanto possível.<br />
Sabe-se que a origem do que se considera Fine<br />
Art se deu a partir de pinturas, geralmente a<br />
óleo, para diferenciar um quadro encomendado<br />
ou para registro histórico de arte pura, mas foi<br />
a fotografia responsável por popularizar o termo<br />
ainda recente em território brasileiro. Em<br />
2015 o livro “Fotografia Fine Art” da fotografa<br />
Danny Bittencourt fora lançado pela editora<br />
iPhoto inteiramente dedicado ao assunto, o primeiro<br />
do gênero no Brasil. E o termo ainda se<br />
estende a impressão de obras, em sua grande<br />
maioria fotografias, com técnicas<br />
e materiais resistentes a<br />
ação do tempo e que preservam<br />
as cores impressas.<br />
Apesar do termo ser mais<br />
frequentemente aplicado à fotografia,<br />
há uma série de artistas<br />
que fazem ilustrações ou pinturas<br />
Fine Art de altíssima qualidade<br />
e estão expostas pelas galerias virtuais ou<br />
em redes sociais como o Instagram, mesmo que<br />
em menor quantidade ou não tão evidentes<br />
quanto as fotografias. As ilustrações, muito frequentemente<br />
associadas à materiais de publicidade<br />
estão ganhando espaço em galerias e<br />
atraindo o olhar de apreciadores de arte, tanto<br />
quanto quadros e fotografias.<br />
REFERÊNCIAS<br />
___ . Impressão Fine Art: o guia<br />
completo para reprodução de Belas<br />
Artes. Helioprinti, 2017.<br />
___. Brasil ganha o primeiro livro de<br />
fotografia Fine Art. Papo de fotografo,<br />
2015.<br />
KUDO, Daisy. Entenda de vez o que é<br />
Fine Art. Fine Photo: um site<br />
especializado em Fine Art, 2015.<br />
SCHUSSEL, Jéssica Cavalcante;<br />
VARANI, Tássia Lorenzini. Pin-Ups:<br />
The American Way of Art. Pontifícia<br />
Universidade Católica de São Paulo,<br />
2010.<br />
8
Entre Flores e Cupcakes<br />
POR QUE AS <strong>FLORES</strong><br />
POR QUE AS <strong>FLORES</strong>?<br />
É mais fácil falar de flores<br />
SEMEIO DE VIDA<br />
Que de amores<br />
É mais fácil colher as fores<br />
Que os frutos dos meus ardores<br />
A vida é uma semente<br />
Que o mestre da vida dá pra gente<br />
Pra cultivar aqui no presente<br />
E construir um futuro emergente<br />
As flores enfeitam a vida<br />
Dançam quando perseguidas<br />
Estão sempre de bem com a vida<br />
Por isso é mais fácil falar das flores<br />
Primeiro a gente prepara o solo<br />
Em dias de sol ardente<br />
E aguarda a chuva fria<br />
Para ajudar a aguar a semente<br />
É mais fácil falar das flores<br />
Que de toda vida os meus rancores<br />
É melhor admirar as flores<br />
Que a iminência dos desamores<br />
9
10
Metamorfose da semente<br />
Levantei sentindo uma dor aguda /<br />
Parecia que algo em mim crescia /<br />
Esticava-se, por pura rebeldia.<br />
Senti minhas dores todas em harmonia<br />
/ Todas de uma vez se transformaram<br />
/ Em algo tão belo que<br />
não sei dizer.<br />
Vi diante de mim uma luz me aquecer<br />
/ Brilhante como o nascer do<br />
sol / Vibrante como uma musica<br />
sem igual.<br />
Depois veio uma tristeza letal /<br />
Saudade do que sempre fui / E uma<br />
vontade de tudo que flui.<br />
Mas como todo organismo que não<br />
se reduz / Me transformei revestida<br />
de âmbar / Em cores tão profundas<br />
quanto o azul do mar.<br />
Foi quando senti-me elevar / Senti<br />
uma massagem ao longo do corpo /<br />
Me libertando da proximidade com<br />
o solo.<br />
Encontrei-me nessa posição que<br />
adoro / Assim, alta, encarando o<br />
horizonte / Deslumbrando todo o<br />
futuro distante.<br />
Minha vida jamais será como antes<br />
/ Nessa forma suprema como a<br />
libélula que sou / Seguirei exibindo<br />
todo meu esplendor.<br />
Até o dia em que não puder ser<br />
flor / Então partirei para a transformação<br />
outra vez / Orgulhosa e<br />
ciente da minha pequenez.<br />
11
Fome de ser<br />
Às vezes dá fome<br />
Não das coisas que se come<br />
Não das coisas que têm nome<br />
É só fome<br />
A fome me consome<br />
Em meio à busca por tudo que some<br />
Perdida entre tantos nomes<br />
Minha fome não tem nome<br />
Fome, fome<br />
Às vezes dá vontade de ser grande<br />
Calar de vez o estômago ecoante<br />
Cessar a fome<br />
Às vezes dá fome<br />
Não uma simples vontade de comer<br />
Não! É vontade de crescer<br />
Vontade de ser<br />
12
O que fazer com essa fome?<br />
Como e onde encontrar seu nome?<br />
Como preencher o vazio ecoante<br />
Do que não tem nome?<br />
É só fome (dizem)<br />
Tentando em vão dar-lhe um nome<br />
Não se nomeia esta fome<br />
É fome de ser grande<br />
Ai que fome!<br />
Vou ali matar a minha fome<br />
Dar-lhe-ei um nome<br />
Encontrar-lhe não sei onde...<br />
13
14
Uma flor<br />
Hoje eu vi crescer uma flor<br />
Ela era pequenininha<br />
Mas cheia de amor<br />
Então me vi de novo covarde<br />
Diminuindo o esforço da flor<br />
A sua beleza contra a minha maldade<br />
Senti as pétalas macias<br />
Um perfume tímido<br />
Que aos poucos inebria<br />
Houve quem dissesse<br />
Cinza não é lugar de flor<br />
Vê se esquece<br />
Folhas verdes a protegiam<br />
Do cinza claro<br />
De onde emergia<br />
Eu muitas vezes concordei<br />
Com os termos da cinza cidade<br />
Mudei de ideia quando a flor encontrei<br />
Vi naquela flor tanta coragem<br />
Me vi grande e imponente<br />
Desperdiçando minha vantagem<br />
Meus caros amigos<br />
Somos covardes por não insistir<br />
O medo é que é o inimigo<br />
Pensei em arrancá-la dali<br />
Levá-la ao cenário propício à sua imagem<br />
Onde o cinza não a maltrata<br />
Deixei a flor ali<br />
Consagrando a sua vitória<br />
Em meio ao cinza ela quis existir<br />
15
16
A fonte<br />
Há uma fonte<br />
Onde se bebe<br />
Um elixir de muitos sabores<br />
É nessa fonte<br />
Que quem se arrisca<br />
O mais precioso sonho desperta<br />
Alguns fortes<br />
Entorpecem<br />
Aqueles que não têm amores<br />
Dentro da fonte<br />
Não há bebida<br />
Só há saída para a mente aberta<br />
Só os fortes<br />
Encorajam<br />
E alimentam com seus saberes<br />
Há uma fonte<br />
Cheia de ouro<br />
Tão fino e saboroso que embeleza<br />
Há uma fonte<br />
Onde se bebe<br />
O mais doce de todo néctar<br />
Só os fortes<br />
Entendem<br />
Que o que os alimenta também liberta<br />
E nessa fonte<br />
O elixir dourado<br />
É a poção mágica que desperta<br />
17
18
Flor de luz<br />
Havia um botão de rosa ao vento<br />
Estava frio e chovia<br />
Mas em meio a tudo que eu via<br />
O botão de rosa destacava-se na agonia<br />
Não sei dizer se chegou a passar o tempo<br />
Sei que o botão de rosa era tudo que via<br />
Sua luz não morria, ao contrário, crescia<br />
A coisa mais linda que já vi na vida<br />
Até a chuva ao vento ia cedendo<br />
Quando vi que o botão de rosa reluzia<br />
Era o mais lindo que já vi na vida<br />
Brilhava no ar sozinho de onde a água vinha<br />
Nunca esqueci o quanto que castigou o<br />
vento<br />
Nem da poça d’água escorrida<br />
Onde a pobre rosa ficou esquecida<br />
Com o brilho próprio de uma vida<br />
Não se via nada noite adentro<br />
Apenas a água da chuva escorria<br />
O vento insistente subia e descia<br />
Enquanto a rosa esbanjava seu brilho de<br />
vida<br />
19
A vida é amarga<br />
Necessita ser adoçada<br />
Ser confeitada<br />
Cheia de pessoas azedas<br />
Que precisam de um doce<br />
Todas cercadas de amores<br />
É massa crua<br />
Carente de ser fermentada<br />
A espera de ser adoçada<br />
Uma vida só não basta<br />
É preciso ser misturada<br />
Doar um pouco de si não é nada<br />
Pra vida valer a pena<br />
Tem que ser compartilhada<br />
Se não escorre peles dedos feitos água<br />
20
A vida é fluida<br />
Corre solta e muito rápida<br />
Se você não ficar atento,<br />
logo acaba<br />
Onde pessoas vivem<br />
isoladas<br />
Andando sem rumo,<br />
sempre agitadas<br />
Soltas pela vida apressadas<br />
Mal sabem que a vida<br />
Cresce em banho-maria<br />
Para ser coberta de<br />
açúcar, toda fina<br />
Falta açúcar na vida<br />
21
22
Ser flor<br />
Florear<br />
Floreios de uma flor<br />
Flor é tudo que sou<br />
Imaginar<br />
E realizar<br />
Cada detalhe do que se sonhou<br />
Saborear<br />
Sentir todo sabor<br />
Da liberdade de ser flor<br />
Libertar<br />
E festejar<br />
A alegria que a vida transformou<br />
Amar<br />
E poder dançar<br />
Ao som do coração que é tambor<br />
Inspirar<br />
Compartilhar<br />
Colorir a vida como uma for<br />
Enfeitar<br />
Meu caminhar<br />
Com o que a vida me presenteou<br />
23
24
A jornada que é crescer<br />
Continua na tormenta<br />
Que alimenta<br />
E atormenta sem cessar<br />
Que você também merece<br />
Que a cólera lhe acomete<br />
E lhe faz entorpecer<br />
É a busca pelo fomento<br />
O fermento<br />
Que faz tudo crescer<br />
Algo por dentro parece morrer<br />
Envelhecer<br />
E o sonho a pulsar<br />
Temperado com lágrimas<br />
Sal das águas<br />
Arrebenta à beira-mar<br />
Mas você continua<br />
Mirando sempre a lua<br />
Sem se deixar empalidecer<br />
Mas é preciso acreditar<br />
Ter o que sonhar<br />
Agir e se comprometer<br />
A sua luz ainda forte<br />
Sente que ainda pode<br />
Tem gana pra realizar<br />
É preciso saber que irá cair<br />
Ter vontade de sair<br />
Pelo mundo a gritar<br />
25
26
As flores<br />
Flores sempre me fazem sorrir<br />
As flores<br />
Coloridas<br />
Dispersas pelas colinas<br />
Algumas grandes<br />
Outras de folhas finas<br />
Brilhantes<br />
As flores estão em falta por aqui<br />
Capazes<br />
Contidas<br />
Em seus caules encolhidas<br />
Sempre hesitantes<br />
Dispostas em uma fila<br />
Coadjuvantes<br />
As flores dizem algo sobre mim<br />
Aos ares<br />
Remexidas<br />
Por muitas vezes consumidas<br />
Umas triunfantes<br />
Outras bem vividas<br />
Insinuantes<br />
Flores são parte do que vivi<br />
Os saberes<br />
Que continham<br />
As flores que foram colhidas<br />
Por amantes<br />
O carinho que continha<br />
Deslumbrantes<br />
27
A vida passa<br />
Sou massa<br />
Disforme<br />
Nos conformes<br />
Apenas<br />
Uma massa a sovar<br />
Isso passa<br />
Ignore<br />
Não se apavore<br />
Isso é uma fase<br />
Que vai passar<br />
Toda crassa<br />
Enorme<br />
Tudo consome<br />
Na ignorância<br />
De sempre somar<br />
28
Tem graça<br />
Envolve<br />
E mata a fome<br />
Sempre preenche<br />
Todo o lugar<br />
Tem pressa<br />
Desenforme<br />
Vem e engole<br />
Estando a massa<br />
Pronta pra cear<br />
Então engessa<br />
Fica firme<br />
E muito leve<br />
Deste destino<br />
Não há como voltar<br />
29
30
Flor delicada que é forte<br />
Os floreios da vida<br />
Sedimentados na areia<br />
Terra fértil e incerta<br />
Mas sempre bonita<br />
Flor que não foi colhida<br />
Perfeita em sua natureza<br />
Perdida no meio da grama<br />
Reinando sozinha<br />
Uma flor foi erguida<br />
Frágil sobre cabo de aço<br />
Autoridade pequena<br />
Intocada e ferida<br />
A flor é suave<br />
Áspera da raiz ao broto<br />
Envolta em folhas de ouro<br />
A postura grave<br />
Essa flor tem espinhos<br />
Coberta de fina penugem<br />
Reflete metálica<br />
Tudo pelo caminho<br />
Coletivo de flores<br />
Presas na mesma base<br />
Feitas com o mesmo charme<br />
Cheias de cores<br />
31
32
A vida está servida<br />
Pensa<br />
Como a vida é um bolo doido<br />
Todo mundo enrolado<br />
Misturado<br />
Enervado<br />
Vivendo de rolo<br />
Pensa<br />
No que a vida poderia ser<br />
Muito mais divertida<br />
Desinibida<br />
Colorida<br />
Até feliz, quem diria<br />
Pensa<br />
A vida de todo mundo é bizarra<br />
Culturas á parte<br />
Tudo é arte<br />
Debate<br />
Sabre tudo o que é<br />
Pensa<br />
Em todas as batalhas vencidas<br />
Cada um com sua ferida<br />
São as marcas da vida<br />
Bem servida<br />
Repartida com navalhas<br />
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Doce floreio<br />
Quero ser como as flores que me enfeitam<br />
Quero ser feita de cores<br />
Quero ter perfume<br />
Celebrar a vida com os que floreiam<br />
Apesar de tudo, eu quero é sorrir<br />
Vou me dividir<br />
Me despedaçar<br />
Enfrentar o que ainda está por vir<br />
Quero que o sabor da vida seja brigadeiro<br />
Mesmo ela sendo agridoce<br />
Difícil de engolir<br />
O importante é que seja tudo verdadeiro<br />
Quero ser massa colorida a fermentar<br />
Quero me permitir crescer<br />
Sempre florescer<br />
Por na mala o trivial e seguir a caminhar<br />
O bom da vida é cada um ter seu enredo<br />
Diferentes pontos de virada<br />
Encontros tranquilos<br />
Que às vezes deixam sua marca em relevo<br />
Estou ciente que este é um processo de sofrer<br />
Sair da minha semente<br />
E criar casca<br />
Com o objetivo de um dia florescer<br />
O ruim da vida é que tudo tem um fim<br />
Tudo é posto a prova<br />
O futuro que é agora<br />
E você descobre, nada é tão fácil assim<br />
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Vida vazia<br />
Estou cheia<br />
De nada<br />
Desse nada que é a vida<br />
Enfadado<br />
Superado<br />
Engoli muitos sapos na vida<br />
Estou cheia<br />
De tudo<br />
De tudo que vivi na vida<br />
Enjoado<br />
Enjoado<br />
Com toda abobrinha servida<br />
Provei tudo<br />
Engoli de tudo<br />
O doce e o amargo que tem a vida<br />
Estou cansado<br />
Enfastiado<br />
Talvez eu tenha engolido a vida<br />
Depois de tudo<br />
Paladar doente<br />
Em nada se sente o sabor da vida<br />
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Um momento para admirar as flores<br />
Já parou para admirar as flores?<br />
A beleza que há nos arredores?<br />
Reparou bem nos seus perfumes?<br />
Deixou-se levar e se perder?<br />
Já reparou nas flores hoje?<br />
Na beleza delicada da sua imagem?<br />
Criaturas ingênuas que em nada veem maldade<br />
São elas que enfeiam a cidade<br />
Já reparou na variedade das flores?<br />
Algumas grandes e cheias de cores<br />
Algumas delicadas em seus primores<br />
E aquelas com seus espinhos protetores<br />
E não há quem não goste de flores<br />
Sejam elas plantadas na terra<br />
Sejam pintadas numa tela<br />
Têm uma beleza que é só delas<br />
Já tentou regar as flores?<br />
Dar-lhe dose diária de bons ares?<br />
Oferecer-lhes água pura de verdade?<br />
Enaltecer-lhes a beleza da vaidade?<br />
Mas, afinal, o que são as flores?<br />
São as provas da feminilidade<br />
Instrumentos da prosperidade<br />
(Elas são) o que há de melhor na sociedade<br />
Já pensou num mundo sem as flores?<br />
Aquela massa cinza das cidades<br />
O ar que se respira com dificuldade<br />
Onde prevalece a masculinidade<br />
Mas o que, então, são flores?<br />
Enxergar a beleza em qualquer paisagem<br />
Sentir o perfume que é de verdade<br />
Saber que em tudo pode haver bondade<br />
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Quando a vida não digere<br />
Hoje eu acordei enfastiada<br />
Cheia<br />
E engasgada<br />
Produto da bondade recusada<br />
Criança<br />
Mal criada<br />
Abri os olhos já revoltada<br />
Avessa<br />
Envergonhada<br />
Tenho necessidade de andar armada<br />
Por vingança<br />
Mato a facadas<br />
Me senti prejudicada<br />
Amena<br />
Comportada<br />
O arrependimento, depois, é uma desgraça<br />
Agora farta<br />
Assassina ingrata<br />
Deixei a cama revirada<br />
Isolada<br />
Revirada<br />
Cortei de todos os sonhos as asas<br />
Acabada<br />
Eu não sou nada<br />
Vontade de fazer e pensar em nada<br />
Estou cheia1<br />
Constipada<br />
Estando agora no desconsolo, vida pacata<br />
Cansada<br />
Cheia de nada<br />
Sou resultado da refeição mal dada<br />
Amarga<br />
Amaldiçoada<br />
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A missão da semente<br />
Eu era semente<br />
Tinha toda uma casca<br />
E uma personalidade ausente<br />
Me senti menor<br />
Com menos potencial<br />
Mais perto da semente<br />
Depois virei broto<br />
Era toda delicada<br />
Encantava toda gente<br />
Foi quando vi<br />
Me lembrei da minha vida florida<br />
Em tudo brilhava efervescente<br />
Um dia floresci<br />
Fiquei toda bonita<br />
Desfiava empolgada e exuberante<br />
Uma vida bem vivida<br />
Sem dores ou arrependimentos<br />
Missão cumprida de forma excelente<br />
Me senti murchar<br />
Senti faltar o ar<br />
A terra secar de repente<br />
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A fome que não passa<br />
O que se come depois da fome?<br />
Você é feito do que come<br />
Se você se alimenta o tempo inteiro<br />
Por que continua com fome?<br />
Mas e essa fome? Um dia acaba?<br />
E quem não come? O que acontece?<br />
A brisa o consome<br />
Os fios de vida se amolecem<br />
Não posso ser nada<br />
Porque estou sempre comendo<br />
Eu como de tudo mesmo<br />
Logo, sou tudo do que me alimento<br />
E para acabar com essa fome que cresce<br />
É preciso encontrar a fonte<br />
De toda essa fome urgente<br />
O buraco negro por onde a vida desce<br />
Comida boa em panela velha<br />
Para matar a fome de quem tem pressa<br />
Vem correndo e tudo devora<br />
A fome urgente não é seleta<br />
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A força da flor<br />
No começo era tudo calmo / Como a semente<br />
prematura / Que necessita de resguardo<br />
/ Sabendo que não há cura.<br />
Parece que durou uma vida inteira / Muito<br />
vento e muita chuva / Formando uma dança<br />
louca / Deslumbrante em formosura.<br />
Depois veio a garoa fina / Daquelas que,<br />
como a magoa, perdura / Deixa revelar nas<br />
entrelinhas / Que aquela jornada também é<br />
sua.<br />
E, assim, como se nada houvesse acontecido<br />
/ Fez cessar tudo numa penumbra /<br />
Quase como que por maldade / Entregouse<br />
a sua verdade, vida dura.<br />
Vieram os ventos cada vez mais fortes /<br />
Fazendo rolar até pedra dura / Foi abrindo,<br />
assim, todos os seus cortes / Deixando um<br />
rosto de amargura.<br />
Sem negar a sua essência / Aceitou o processo<br />
que transforma / Adquirindo nova beleza<br />
/ Dançando ao vento e com a chuva<br />
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O sabor da vida é doce<br />
A vida é um doce<br />
Um caramelo amargo<br />
Às vezes um bom-bocado<br />
Um bem bolado<br />
Quem é vivido<br />
Já sentiu o gosto amargo<br />
Já provou dele um bocado<br />
Mas também já foi amado<br />
A vida é um pudim<br />
De flor de laranjeira<br />
(E) Passa tudo na peneira<br />
E depois vai pra geladeira<br />
O sabor da vida<br />
É mesmo assim, destemperado<br />
Tem sal colorido<br />
Tem açúcar florido<br />
A vida não tem calda<br />
Mas você sempre toma um caldo<br />
Tem um quê de azedo<br />
E muito apego<br />
Mas o melhor da vida é comer<br />
Comer e sentir prazer<br />
Comer e se enriquecer<br />
Comer o que faz crescer<br />
A vida queima<br />
Cozinha em banho-maria<br />
Descasca todas as feridas<br />
Para botar sal na sua alegria<br />
Porque a gente vive para matar a fome<br />
A fome do que não se come<br />
A fome de alguém que ame<br />
Para que, então, a fome nos abandone<br />
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A jornada do ser<br />
Eu nasci<br />
Logo venci<br />
As muitas possibilidades de não ser<br />
Eu me perdi<br />
Logo busquei<br />
As estradas que prometiam o renascer<br />
Eu vivi<br />
Logo me vi<br />
Enfrentando dilemas de ter e não ser<br />
Eu me iludi<br />
Quis desistir<br />
De tudo que na vida prometi fazer<br />
Eu lutei<br />
Logo pensei<br />
Nas várias maneiras que se há de vencer<br />
Eu me calei<br />
Enraizei<br />
Em meio a tudo que compõe o meu ser<br />
Eu pequei<br />
Logo chorei<br />
A perda de tudo que não pude ser<br />
Agora findei<br />
Arrematei<br />
Porque sei que mais importante do que ter<br />
ou fazer, é ser<br />
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O jogo das cartas<br />
Escolha a sua carta e entre nesse jogo.<br />
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Outras publicações<br />
CARTAS<br />
O livro “Cartas” fé uma<br />
coletânea de poesias e foi<br />
lançado no ano de 2015 pela<br />
Editora Multifoco.<br />
Dividido em quatro capítulos<br />
o livro trata da vida cotidiana<br />
sob a perspectiva da autora,<br />
de uma jovem chamada<br />
Adelaide, de uma mão que<br />
tenta tirar o filho de um<br />
ambiente de violência<br />
domestica e de um agressor<br />
arrependido depois que<br />
perde sua amada.<br />
CARTAS AO<br />
VENTO<br />
Um livro escrito à várias<br />
mãos, sua ideia surgiu a<br />
partir de um grupo no<br />
Facebook denominado<br />
Projeto Old Mail destinado<br />
à troca de cartas entre<br />
blogueiras de todo o Brasil.<br />
O livro organizado pela<br />
idealizadora do projeto,<br />
Paty Dibona, é composto<br />
por doze contos escritos<br />
como cartas para os mais<br />
diversos destinatários.<br />
A autora JaKe dos Santos<br />
participa dessa antologia<br />
de contos com um conto e<br />
coo revisora dos textos<br />
publicados.<br />
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DE VOLTA A<br />
SALEM<br />
Passados cem anos, da caça às<br />
bruxas em Salem, os moradores<br />
da cidade sofrem com uma onda<br />
de desaparecimentos sem<br />
explicação. Quando o reverendo<br />
Sweel, descendente do juiz que<br />
condenou as bruxas aparece<br />
enforcado no meio da floresta,<br />
uma suspeita aterradora<br />
assombra a cidade. As bruxas<br />
buscam vingança, e ninguém<br />
está seguro. Tranquem suas<br />
portas ou acendam suas tochas:<br />
estamos de volta a Salem.<br />
BRUXAS: DA SEDUÇÃO<br />
À PERDIÇÃO<br />
uma coletânea onde contos<br />
fantásticos mostram a magia,<br />
sedução, encanto e perigo das<br />
bruxas dos tempos antigos aos<br />
tempos modernos. Contos com<br />
um toque de sedução e finais<br />
imprevisíveis onde a perdição<br />
aguarda os homens que ousam<br />
se envolver com mulheres<br />
muitos especiais.<br />
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COBERTURA<br />
Coberta de doçura<br />
Com farinha no corpo inteiro<br />
Me joguei assim de lambuja<br />
Preocupada só com o meu<br />
recheio<br />
Estou à beira da loucura<br />
Trabalhando o dia inteiro<br />
Procurando um doce a sua<br />
altura<br />
Marshmallow, jujuba ou<br />
brigadeiro?<br />
A pele é só gordura<br />
Sinto o espirito derretendo<br />
Estou virando a cobertura<br />
Logo serei um doce inteiro<br />
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JaKe dos Santos<br />
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