GAZETA DIARIO 492
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Foz do Iguaçu, sábado e domingo, 27 e 28 de janeiro de 2018<br />
SAÚDE NA FRONTEIRA<br />
Cidade<br />
09<br />
Paraguai passa exigir comprovante<br />
de vacinação contra a febre amarela<br />
Inicialmente, o comprovante será exigido apena para os estados de SP, RJ e<br />
BH; se a doença se alastrar, comércio da fronteira pode ser afetado<br />
Adelino de Souza<br />
Freelancer<br />
O Ministério da Saúde<br />
Pública do Paraguai<br />
informou nesta sexta-feira<br />
(26) que a partir de 1º<br />
de fevereiro o setor migratório<br />
passará a exigir<br />
o certificado internacional<br />
de vacinação contra<br />
a febre amarela.<br />
A medida vale para<br />
cidadãos paraguaios e<br />
estrangeiros que entram<br />
ou saiam do país. De início<br />
a norma será exigida<br />
apenas para viajantes<br />
com destino de chegada<br />
ou partida para os estados<br />
do Rio de Janeiro, São<br />
Paulo e Bahia.<br />
O chefe da 9ª Regional<br />
de Saúde, Ademir<br />
Ferreira, disse ao Gazeta<br />
Diário já ter recebido o<br />
comunicado do país vizinho<br />
sobre essa decisão.<br />
Ferreira consultou Brasília<br />
e recebeu a informação<br />
de que o Paraguai<br />
está seguindo o Código<br />
Internacional de Vigilância<br />
Sanitária.<br />
O chefe da 9ª Regional<br />
aguarda maiores informações<br />
das autoridades<br />
paraguaias porque<br />
seria difícil fazer a triagem<br />
numa fronteira como<br />
Foz do Iguaçu, por onde<br />
circulam milhares de pessoas<br />
todos os dias.<br />
O comunicado do Ministério<br />
da Saúde do Paraguai<br />
informa ainda,<br />
que pessoas com viagem<br />
planejada para São Paulo,<br />
Rio de Janeiro, Minas<br />
Gerais ou Bahia, considerados<br />
zonas de risco,<br />
devem se vacinar com<br />
prazo mínimo de 10 dias.<br />
O ministério ressalta que<br />
uma dose é suficiente<br />
para ficar imune contra<br />
a febre amarela por toda<br />
a vida.<br />
Enquanto a exigência<br />
atinge apenas três estados,<br />
a situação parece<br />
tolerável. Mas se a doença<br />
se espalhar para estados<br />
mais próximos ao<br />
Paraguai, como Paraná e<br />
Mato Grosso do Sul, poderá<br />
surgir uma grande<br />
complicação.<br />
Se o certificado de vacinação<br />
for exigido na<br />
Ponte da Amizade, por<br />
exemplo, haveria um tumulto<br />
generalizado, com<br />
prejuízos incalculáveis ao<br />
comércio dos dois países.<br />
Autoridades paraguaias<br />
deverão participar neste<br />
sábado (27) do programa<br />
de Ademir Ferreira<br />
na rádio Cultura que<br />
vai ao ar das 10h às<br />
10h50 para oferecer mais<br />
esclarecimento à população.<br />
Por enquanto, a Direção<br />
Geral de Migrações<br />
informou que trabalhará<br />
em cooperação com o<br />
Ministério da Saúde para<br />
prestar assistência nos<br />
postos de fronteira e aeroportos,<br />
evitando inconvenientes<br />
que possam<br />
surgir com a medida.<br />
O último surto de febre<br />
amarela no Paraguai<br />
Foto: Ministério da Saúde<br />
A vacina é eficiente e deve ser tomada<br />
foi em 2008, quando o<br />
país registrou 28 casos da<br />
Sintomas da febre amarela<br />
Os sintomas iniciais costumam aparecer entre 3 e 5 dias<br />
após a infecção: febre, calafrios, dores nas costas e corpo,<br />
náuseas, vômitos e fraqueza. Cerca de 20% das pessoas<br />
contaminadas desenvolvem a forma grave da doença.<br />
Nestes casos, existe uma melhora do quadro inicial, e<br />
depois uma piora, acompanhada de icterícia (coloração<br />
amarelada da pele e do branco do olho), insuficiência<br />
renal e hepática e hemorragias. Este quadro grave pode<br />
levar à morte, e não tem tratamento.<br />
Transmissão<br />
A doença não é transmitida de pessoa para pessoa nem<br />
de macacos para humanos. Os mosquitos Sabethes,<br />
Haemagogus e o Aedes aegypti são os principais<br />
transmissores da febre amarela.<br />
Quem não pode tomar a vacina?<br />
Crianças menores de nove meses de idade, pacientes<br />
com câncer ou HIV, transplantados, gestantes e pacientes<br />
em tratamento com drogas imunossupressoras não<br />
devem ser imunizados. Idosos devem passar por uma<br />
avaliação no posto de saúde antes de tomar a vacina.<br />
doença. No Brasil, entre<br />
julho de 2017 e janeiro<br />
de 2018, 53 pessoas morreram<br />
de febre amarela.<br />
Cerca de 130 casos da<br />
doença já foram confirmados.<br />
O ministro da Saúde,<br />
Ricardo Barros, disse<br />
que a situação está<br />
sob controle e que a<br />
quantidade de vacina é<br />
suficiente para toda a<br />
população. "A letalidade<br />
média é equivalente em<br />
todos os estados. Se<br />
você acompanhar, a curva<br />
de 2017 é igual. Temos<br />
o mesmo comportamento,<br />
mas, este ano,<br />
com menos casos e menos<br />
óbitos, embora a população<br />
afetada seja<br />
muito maior do que a do<br />
ano passado", comentou<br />
o ministro.<br />
"Macacos<br />
são anjos da<br />
guarda"<br />
Os macacos podem<br />
representar um alerta às<br />
autoridades quanto à<br />
incidência de febre<br />
amarela em áreas<br />
silvestres. Isso porque<br />
esses animais também são<br />
vulneráveis ao vírus, e a<br />
detecção de infecções em<br />
macacos ajuda na<br />
elaboração de ações de<br />
prevenção da doença em<br />
humanos.<br />
"Eles servem como anjos<br />
da guarda, como sentinelas<br />
da ocorrência da febre<br />
amarela", explica Renato<br />
Alves, gerente de<br />
vigilância das Doenças de<br />
Transmissão Vetorial, do<br />
Ministério da Saúde. "É<br />
importante que a gente<br />
mantenha esses animais<br />
sadios e dentro do seu<br />
ambiente natural porque a<br />
detecção da morte de um<br />
macaco, que<br />
potencialmente está<br />
doente de febre amarela,<br />
pode nos dar tempo para<br />
adotar medidas de controle<br />
para evitar doença em<br />
seres humanos", defende<br />
Renato Alves.<br />
"Esses animais estão sendo<br />
mortos por conta de medo<br />
da população humana em<br />
relação à transmissão do<br />
vírus. Se você mata os<br />
animais, vai haver um<br />
prejuízo, porque a<br />
vigilância não vai ser feita<br />
devido ao óbito daquele<br />
animal por uma pessoa",<br />
alerta o pesquisador Danilo<br />
Teixeira. (Agência Brasil)