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Revista Curinga Edição 12

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Sensação<br />

Um barato sob<br />

prescrição médica<br />

Texto: Tácito Chimato<br />

Arte: Ana Amélia Maciel<br />

Segundo dados do Relatório Mundial sobre Drogas da<br />

ONU (2014), 5% da população mundial já fez uso de<br />

substâncias ilícitas.<br />

De acordo com o documento da ONU,<br />

as drogas psicoativas do momento são os anfetamínicos,<br />

como o ecstasy, ficando atrás em consumo<br />

apenas da maconha. Sua origem vem de fins<br />

médicos, mas sua forma de consumo mudou, indo<br />

desde “uma vez” em uma festa até casos de abuso.<br />

“Sexta-feira passada (…) , fui forçado a interromper<br />

meu trabalho no laboratório, (...). Em casa eu me<br />

deitei e afundei numa condição desagradável de um<br />

tipo de desintoxicação, caracterizada pela imaginação<br />

extremamente estimulada. Num estado como que em<br />

sonho, com os olhos fechados,(...) eu percebia um fluxo<br />

ininterrupto de quadros fantásticos, formas extraordinárias<br />

como um intenso caleidoscópio de jogo de<br />

cores. Depois de umas duas horas esta condição diminuiu.”.<br />

O relato acima podia ser de qualquer usuário de<br />

alguma droga psicomiméticas, drogas que alteram<br />

nossa percepção de realidade. Mas é do químico suíço<br />

Albert Hofmann, e data do ano de 1943, conforme seu<br />

livro “LSD: minha criança problema”. Hoffman descobriu<br />

essa substância durante uma experiência com<br />

propriedades de um fungo do centeio, que poderia<br />

ajudar em casos de hemorragia durante o trabalho de<br />

parto. Assim, ele acabou por descobrir o Lyserg-saurediathylamid,<br />

o LSD-25, conhecido como “doce”. O<br />

LSD fez fama na década de 1960, sendo proibido na<br />

década seguinte, inicialmente nos Estados Unidos, e<br />

depois no mundo pela pressão do governo Nixon.<br />

História semelhante tem o MDMA, popularmente<br />

chamado de ecstasy. Criada na década de 1920 como<br />

um supressor para a fome, sua história seguiu renegada<br />

até a década de 1970, quando um professor na<br />

Universidade da Califórnia, Alexander “Sasha” Shulgin,<br />

ouvindo um de seus alunos falando sobre uma<br />

nova droga, teve acesso a cadeia do ecstasy publicada<br />

anos antes em um artigo na Polônia. Impressionado<br />

por seus efeitos, “Sasha” resolveu recria-la, e<br />

recomendou-a para seus amigos psiquiatras para o<br />

tratamento da depressão. Não demorou muito para os<br />

próprios consultórios passarem a vender a droga sem<br />

receita, e o ecstasy se tornou uma febre na década de<br />

1970, seguindo um caminho semelhante ao do LSD na<br />

década de 1980.<br />

Ambas as drogas foram formuladas com objetivos<br />

médicos, contudo, parte de seus efeitos colaterais mudava<br />

as sinapses do cérebro. Sua proibição surgiu após<br />

casos de abuso. Mas, então, o que leva alguém a usar<br />

drogas com efeitos tão sensíveis a mente, e até abusar?

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