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Revista Curinga Edição 12

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Na trama dos<br />

sonhos<br />

Quando nossos desejos são muito fantásticos<br />

alguns detalhes podem atrapalhar: a falta de grana, de talento<br />

ou de super poderes. Mas os sonhos, os que temos<br />

enquanto dormimos, estão aí para isso. Eles são, muitas<br />

vezes, uma válvula de escape para aquilo que, por algum<br />

motivo, não conseguimos realizar estando acordados.<br />

Segundo o psicólogo Bruno Bueno, sonho e fantasia<br />

por vezes se confundem, e não é para menos. Ambos caminham<br />

lado a lado na trama do conhecimento mais próprio<br />

do ser. A fantasia pode ser oriunda de desejos, de algum<br />

medo ou outro sentimento específico, ou até mesmo da<br />

mera espontaneidade criativa da mente. Pode estar relacionada<br />

àquilo que mais se almeja e sonha, ou àquilo que<br />

retrata suas maiores fraquezas. A fantasia pode desafiar<br />

valores, ir além do certo ou errado, e vivenciar, através do<br />

sonho, tudo aquilo que está reprimido.<br />

Já o sonho é uma experiência onírica, carregada de carga<br />

afetiva emocional, que se apresenta como uma forma<br />

de revelação do ser próprio, influenciada pelas experiências<br />

diurnas, pelos desejos e pelas fantasias, com a mesma<br />

intensidade e realidade com que experimentamos nosso<br />

estado de vigília. E mais que uma válvula de escape, pode<br />

ser uma ferramenta de auto compreensão, uma forma de<br />

entendermos a maneira como conseguimos absorver nossas<br />

experiências e como elas nos afetam.<br />

Muitas pessoas têm sonhos aparentemente sem nexo,<br />

confusos e na maioria das vezes nem se lembram que sonharam.<br />

Outras, no entanto, não apenas se lembram, como<br />

possuem uma habilidade a mais: conseguem se manter lúcidas.<br />

Essa capacidade de manter a consciência é conhecida<br />

como sonho lúcido porque a pessoa tem a total noção dos<br />

acontecimentos e consegue, às vezes, controlar como eles<br />

devem seguir. Algumas pessoas se dedicam a estudar este<br />

fenômeno e a aprimorar sua técnica, e dizem conseguir até<br />

mesmo induzir seus sonhos. Outras, porém, têm limitado<br />

seu controle, e são capazes apenas de discernir quando estão<br />

sonhando.<br />

André Gatti, 25 anos, diz ter sonhos lúcidos a tempo<br />

suficiente para não se lembrar do primeiro, mas percebeu<br />

há pelo menos três anos que isto não é comum a todas as<br />

pessoas. Sem dominar nenhuma técnica de controle, ele<br />

alcança a lucidez durante o sonho de maneira espontânea:<br />

“por muitas vezes, percebo a surrealidade do que está<br />

acontecendo. A partir desse momento começo a ter maior<br />

liberdade, não total, de fazer o que quero dentro do sonho”.<br />

Ele conta que isto despertou sua curiosidade, mas nunca<br />

procurou nenhum especialista no assunto, e não se considera<br />

um controlador de sonhos, porque não consegue interferir<br />

nas ações de outras pessoas, e às vezes, nem mesmo<br />

acordar quando quer. Conta ainda como consegue discernir<br />

entre sonho e realidade: “algumas vezes sou enganado,<br />

outras não. Concluo pela falta de nexo de algumas coisas,<br />

pela lógica em uma situação que está acontecendo... não sei<br />

precisar, mas apenas percebo que aquilo que está acontecendo<br />

não pode ser uma situação real, o desrespeito às leis<br />

da física, por exemplo, é flagrante.”<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>12</strong><br />

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