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exercício - Pilates Sorocaba

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FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

ESPORTE<br />

FISIOLOGIA<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

GIA<br />

ÍCIO<br />

OGIA<br />

CÍCIO<br />

OLOGIA<br />

ERCÍCIO<br />

Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO TREINAMENTO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

www.atlanticaeditora.com.br<br />

FISIOLOG<br />

DO EXERCÍC<br />

FISIOLOGIA FISIOLOG<br />

DO EXERCÍCIO<br />

• Influência do alongamento<br />

DO EXERCÍ<br />

no rendimento de força<br />

FISIOLOGIA FISIOLOGIA<br />

• Treinamento físico de jogadores<br />

DO EXERCÍCIO<br />

DO de futsal EXERCÍCIO<br />

na categoria sub-20<br />

• Treinamento com pesos de uma série<br />

vs. séries múltiplas em mulheres<br />

• Prática mental combinada<br />

ao treinamento de força<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

FISIOLOG<br />

DO EXERCÍ<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

ISSN 16778510<br />

FISIOL<br />

DO EXER<br />

FISIOL<br />

• Atletas competitivas de handebol<br />

DO EXERCÍCIO<br />

DO EXERCÍCIO<br />

DO EXER<br />

OBESIDADE<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO • Obesidade FISIOLOGIA<br />

e hábitos alimentares FISIOLO<br />

em escolares<br />

DO EXERC<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

volume 06 - número 01 • Jan/Dez 2007


Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício<br />

Índice<br />

volume 6 número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Editorial<br />

Exercício físico e interdisciplinaridade, Pedro Paulo da Silva Soares ........................................................................... 3<br />

Artigos Originais<br />

Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica e caminhada no teste<br />

de seis minutos, Marcus Vinicius Grecco, Charles Ricardo Morgan, Eduardo Yoshio Nakano ...................................... 4<br />

A influência do alongamento no rendimento do treinamento de força,<br />

Fábio Luís Botelho de Arruda, Leandro Bittar de Faria, Vagner da Silva,<br />

Gilmar Weber Senna, Roberto Simão, Alex Souto Maior ............................................................................................... 8<br />

Análise da creatina quinase versus escalas de percepção subjetiva de dor<br />

para monitoramento do tempo de recuperação em idosos fisicamente ativos,<br />

Cláudio Lauria Christovam, Márcia Baptista Veiga, Francisco Navarro ........................................................................ 13<br />

Relação entre obesidade e hábitos de vida em escolares da rede pública<br />

e privada da cidade de Santa Rosa – RS, Warley Gomes de Carvalho,<br />

Telmo Tomasi, Ricardo Silva Dable, Francisco Luciano Pontes Junior,<br />

Marcos Doederlein Polito ............................................................................................................................................ 22<br />

Efeito da vibração mecânica nos resultados de testes de 1RM no <strong>exercício</strong><br />

supino horizontal em adultos treinados, Rafael T. Teixeira, Natasha A. Lama,<br />

João Pedro S. W. Castro, Walace D. Monteiro ............................................................................................................. 27<br />

Comparação de valores de testes de força externa máxima do quadríceps femoral,<br />

Ricardo Barreto Teixeira, Révisson Esteves da Silva, Mônica de Oliveira Melo,<br />

Marcelo La Torre, Éverton Vogt, Cláudia Tarragô Candotti ......................................................................................... 33<br />

Adolescentes atletas competitivas femininas de handebol: um estudo<br />

de caracterização, Alessandra Graton, Ana Beatriz Santos Guiesser,<br />

Mariana de Moraes Escardin, Nathalie Puppin Tardivo, Renata Furlan Viebig............................................................. 38<br />

Impacto do treinamento físico periodizado sobre a aptidão física<br />

em jogadores de futsal masculino na categoria sub-20, Narciso Luiz Andrade,<br />

Luís Paulo Gomes Mascarenhas, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha .............................................................................. 43<br />

Prática mental combinada ao treinamento de força como perspectiva<br />

de aumento da força máxima em homens treinados,<br />

Sergio Eduardo de Carvalho Machado, José Eduardo Lattari Rayol Prati,<br />

Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho ................................................................................................................... 49<br />

Efeito do treinamento com pesos de uma série versus séries múltiplas<br />

sobre a força muscular em mulheres acima de 40 anos, Humberto Daiuto Petry,<br />

Carla Cristiane da Silva, Fábio Lera Orsatti, Nailza Maestá, Roberto Carlos Burini ..................................................... 53<br />

Normas de publicação ...................................................................................................................................... 58<br />

Eventos .................................................................................................................................................................... 60


2<br />

Rio de Janeiro<br />

Rua da Lapa, 180/1103<br />

20021-180 – Rio de Janeiro – RJ<br />

Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749<br />

E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />

www.atlanticaeditora.com.br<br />

São Paulo<br />

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Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP<br />

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52061-480 – Recife – PE<br />

Tel.: (81) 3444-2083<br />

Assinaturas<br />

1 ano – R$ 175,00<br />

Rio de Janeiro: (21) 2221-4164<br />

São Paulo: (11) 3361-5595<br />

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Recife: (81) 3444-2083<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício<br />

Antonio Carlos Gomes (PR)<br />

Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)<br />

Dartagnan Pinto Guedes (PR)<br />

Emerson Silami Garcia (MG)<br />

Fernando Pompeu (RJ)<br />

Francisco Martins (PB)<br />

Jacques Vanfraechem (BEL)<br />

Luiz Fernando Kruel (RS)<br />

Martim Bottaro (DF)<br />

Editor Chefe<br />

Paulo de Tarso Veras Farinatti<br />

Editor Associado<br />

Pedro Paulo da Silva Soares<br />

Conselho Editorial<br />

Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício<br />

Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,<br />

Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu<br />

Editor executivo<br />

Dr. Jean-Louis Peytavin<br />

jeanlouis@atlanticaeditora.com.br<br />

Publicidade e marketing<br />

Rio de Janeiro:<br />

René C. Delpy Jr<br />

rene@atlanticaeditora.com.br<br />

(21) 2221-4164<br />

Gerência de vendas e assinaturas<br />

Djalma Peçanha<br />

djalma@atlanticaeditora.com.br<br />

Patrícia Chakour Brum (SP)<br />

Paulo Sérgio Gomes (RJ)<br />

Rolando Baccis Ceddia (CAN)<br />

Robert Robergs (USA)<br />

Rosane Rosendo (RJ)<br />

Sebastião Gobbi (SP)<br />

Steven Fleck (USA)<br />

Yagesh N. Bhambhani (CAN)<br />

Vilmar Baldissera (SP)<br />

Editora Assistente<br />

Guillermina Arias<br />

Editoração e arte<br />

Cristiana Ribas<br />

Atendimento ao assinante<br />

atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />

Redação e administração<br />

Todo o material a ser publicado deve<br />

ser enviado para o seguinte endereço por<br />

correio ou por email aos cuidados de:<br />

Jean-Louis Peytavin<br />

Rua da Lapa, 180/1103<br />

20021-180 - Rio de Janeiro - RJ<br />

artigos@atlanticaeditora.com.br<br />

Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica.<br />

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© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada<br />

ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright,<br />

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confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário<br />

estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou<br />

do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Editorial<br />

Exercício físico e interdisciplinaridade<br />

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx)<br />

apresenta mais um número de sua tiragem, mostrando que<br />

retomamos a periodicidade da revista que era aguardada<br />

com ansiedade por todos. Isso se deve principalmente<br />

ao interesse dos colegas em submeter seus trabalhos para<br />

RBFEx, garantindo material de qualidade e relevância na<br />

área. Nossa revista se apresenta como uma interessante<br />

opção para a divulgação da produção científi ca de pesquisadores<br />

nas diversas áreas que compõem a fi siologia do<br />

<strong>exercício</strong>. Neste número os leitores encontrarão trabalhos<br />

apresentando as diversas possibilidades que nossa área abriga.<br />

São estudos básicos e aplicados, de grupos de pesquisa<br />

das mais diversas partes do país.<br />

Durante os últimos anos observamos uma crescente<br />

interdisciplinaridade nos trabalhos publicados, o que refl ete<br />

uma tendência robusta de integração das diversas áreas do<br />

conhecimento tendo como eixo principal à fi siologia do<br />

<strong>exercício</strong>. O estudo da fi siologia do <strong>exercício</strong> tem recebido<br />

contribuições importantes tanto das áreas básicas, como a<br />

bioquímica, quanto das áreas exatas, através do desenvolvimento<br />

e emprego de métodos estatísticos, mas também<br />

da engenharia e física no desenvolvimento de sistemas<br />

de registro e análise de sinais biológicos antes, durante e<br />

após o <strong>exercício</strong>. Diversos pesquisadores encontram no<br />

<strong>exercício</strong> físico uma poderosa ferramenta de investigação<br />

de mecanismos fi siológicos de controle.<br />

Pedro Paulo da Silva Soares<br />

Editor Associado, Diretor Executivo da RBFEx<br />

Portanto, esperamos mais e mais contribuições agregando<br />

trabalhos da célula ao ser humano. Que representem<br />

artigos em linhas de pesquisa como genética e a biologia<br />

celular, experimentação animal, que envolvam processos fi -<br />

siopatológicos e contribuam para o conhecimento de como<br />

a fi siologia do <strong>exercício</strong> pode ter seu papel na hipertensão,<br />

obesidade, diabetes, na reabilitação cardíaca, desempenho<br />

esportivo, promoção da saúde e muito mais. Queremos<br />

estimular também a presença mais constante de trabalhos<br />

nas áreas gerais da fi siologia básica como neurofi siologia,<br />

fi siologia renal, endócrina, digestiva, cardiovascular e respiratória<br />

aplicadas ao <strong>exercício</strong>. Em breve, pretendemos ter<br />

sessões de debate de idéias e opiniões, números temáticos<br />

com chamadas específi cas tanto para artigos originais<br />

quanto para os de revisão.<br />

Contamos com a contribuição dos colegas enviando<br />

seus trabalhos para a RBFEx e também enviando suas<br />

críticas e sugestões. Uma vez garantida a periodicidade<br />

da revista, trataremos agora de aperfeiçoar o processo de<br />

submissão e revisão por pares visando agilizar estas etapas<br />

preservando a qualidade da revista. Trabalhamos também<br />

no sentido de aumentar o número de artigos e, futuramente,<br />

esperamos ter números especiais com temas atuais e<br />

relevantes. É com muito otimismo que os convido a leitura<br />

de mais um número da RBFEx e ao engajamento nesse<br />

projeto que é de todos nós. Saudações e boa leitura!<br />

3


4<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica<br />

e caminhada no teste de seis minutos<br />

Comparison between the ergonomic bike and the 6 minutes walking test<br />

Marcus Vinicius Grecco*, Charles Ricardo Morgan**, Eduardo Yoshio Nakano***<br />

*Educador físico e fi sioterapeuta, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, **Fisioterapeuta, Faculdade de Medicina<br />

da Universidade de São Paulo, ***Faculdade de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo e Professor da Universidade<br />

de Brasília do Departamento de Matemática e Estatística<br />

Resumo<br />

Dez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano,<br />

jovens, saudáveis, do sexo feminino, com idade média de 22 anos<br />

(± 1,13), peso 54 kg (± 6,15) e altura 160 cm (± 5,42) foram<br />

submetidos ao tradicional teste de caminhada de seis minutos e a<br />

bicicleta ergométrica sem carga, também por seis minutos, com a<br />

fi nalidade de comparar os dois testes. Observamos que os dois testes<br />

promoveram alterações na freqüência cardíaca (FC), respiratória<br />

(FR), pressão arterial média (PAM), e na saturação de oxigênio (Sat<br />

O ), mostrando-se estatisticamente semelhantes, porém para que o<br />

2<br />

indivíduo consiga atingir tais alterações na bicicleta ergométrica, ele<br />

deve ser muito mais incentivado que na caminhada e os indivíduos<br />

na bicicleta referiram fadiga na musculatura da coxa, especialmente<br />

em quadríceps. A caminhada mostrou ser um método mais simples,<br />

embora necessite de maior espaço físico para sua aplicação.<br />

Palavras-chave: teste de <strong>exercício</strong>, fadiga, alterações fisiológicas.<br />

Abstract<br />

Ten female young normal subjects, from Atlético Monte Líbano<br />

Fitness Club, with mean age 22 years old (± 1,13), weight 54 kg<br />

(± 6,15) and height 160 cm (± 5,42), performed the traditional six<br />

minutes walking test and the ergonomic bike test without weight<br />

for 6 minutes, aiming at comparing the two tests. It was observed<br />

that both tests induced alterations in heart rate (HR), respiratory<br />

rate (RR), mean arterial blood pressure (MAP) and in oxygen saturation<br />

(SaO 2 ), showing that they are statistically similar, although it<br />

is necessary more stimulus for the subject to reach this alterations<br />

in the cycle ergonomic test. Th ey referred fatigue in tight muscles,<br />

especially quadriceps. Th e walking test showed to be a more common<br />

test, although it is necessary ample room to be performed.<br />

Key-words: exercice testing, fatigue, physiological alterations.<br />

Recebido em 17 de outubro de 2007; aceito em 15 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Marcus Vinicius Grecco, Rua Ribeiro de Barros, 81/31, 05027-020 São Paulo SP, E-mail: mvgrecco@<br />

ig.com.br


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Introdução<br />

O homem sempre se preocupou em arranjar formas<br />

de avaliar a aptidão física dos indivíduos. Desde a década<br />

de 1960 já se testava outras maneiras de avaliar a aptidão<br />

dos indivíduos, uma vez que os testes existentes requeriam<br />

grandes aparatos e exclusividade no indivíduo testado.<br />

Cooper mostrou que era possível realizar um teste de<br />

qualidade economizando tempo, abrangendo um grande<br />

número de indivíduos, de forma simples e econômica, com<br />

um tipo de atividade já conhecida, a corrida [1,2].<br />

McGavin [3] adaptou o teste original de 12 minutos<br />

descrito por Cooper para a caminhada. Seus pacientes eram<br />

instruídos a percorrer a máxima distância possível em 12<br />

minutos em uma área livre [1,3-5]. A partir deste teste,<br />

alguns autores compararam a efi cácia do teste em tempos<br />

menores, dois e seis minutos verifi cando também a efi cácia<br />

[2,6,7].<br />

Levando-se em conta que o teste da caminhada exige<br />

espaço apropriado, por menor que seja para sua realização,<br />

pensou-se na adaptação do teste da caminhada de seis minutos<br />

para uma bicicleta ergométrica, já que esta exigiria um local<br />

menor para a aplicação do teste. Padronizaremos o não uso<br />

de carga, a fi m de que qualquer bicicleta possa ser utilizada<br />

na aplicação do teste, desde uma mais moderna como a que<br />

nós utilizamos até uma mais simples.<br />

Este trabalho tem como objetivo, portanto, a comparação<br />

do teste da caminhada de seis minutos com o teste modifi cado<br />

na bicicleta ergométrica.<br />

Material e métodos<br />

Dez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano<br />

(CAML), do sexo feminino, estudantes, com idade média<br />

de 22 anos (± 1,13), peso 54 kg (± 6,15 ) e altura 160 cm<br />

(± 5,42 ) realizaram os testes na sala de musculação, com 40<br />

metros de comprimento, localizada no 2ª andar do prédio da<br />

academia do CAML.<br />

Utilizamos oxímetro de pulso CMS-50D, estetoscópio,<br />

esfi gmomanômetro de coluna de mercúrio Walgreens, bicicleta<br />

ergométrica Lifecycle 8500, cronômetro, fi ta adesiva, e<br />

faixa de crepe.<br />

Inicialmente, a cada teste mediram-se os parâmetros<br />

fi siológicos do indivíduo que estavam sentados e relaxados.<br />

No dedo indicador da mão direita era colocado o dedal do<br />

oxímetro de pulso; a frequência cardíaca (FC) e a saturação<br />

de O 2 eram, então, indicada no visor do aparelho. A pressão<br />

arterial (PA) era medida sempre no braço esquerdo com o<br />

antebraço sobre o apoio do esfi gmomanômetro. A mensuração<br />

da freqüência respiratória (FR) era feita através da contagem<br />

das inspirações durante 30 segundos. Para estas medidas<br />

estiveram presentes um educador físico e um fi sioterapeuta<br />

para a análise dos dados<br />

Caminhada: delimitou-se uma distância de 40 metros<br />

com fi ta crepe, explicou-se aos indivíduos que deveriam<br />

andar o mais rapidamente possível, sem correr, por seis<br />

minutos, durante os quais o indivíduo era incentivado a ir<br />

mais rapidamente. Marcou-se quanto o indivíduo percorreu,<br />

e calculou-se a velocidade média atingida. Após o término,<br />

o indivíduo sentava-se e suas FR, FC, PA e saturação de<br />

oxigênio eram medidas como no repouso, novamente após<br />

dois e quatro minutos repetiram-se as medidas, e a PAM era<br />

então calculada.<br />

Bicicleta: foi zerada a quilometragem e a carga da bicicleta,<br />

os pés dos indivíduos eram colocados nas tiras de segurança<br />

contidas nos pedais a fi m de proporcionar mais segurança.<br />

Explicou-se que deveriam pedalar o mais rápido possível, por<br />

seis minutos, durante os quais eram incentivados a atingir a<br />

máxima velocidade. Verifi cou-se a distância percorrida pelo<br />

indivíduo, e calculou-se a velocidade média atingida. Após<br />

o término com o indivíduo, ainda na bicicleta, suas FR, FC,<br />

PA e saturação de oxigênio eram medidas como no repouso,<br />

e novamente após dois e quatro minutos as medidas eram<br />

repetidas e a PAM era então calculada.<br />

Os resultados obtidos para cada indivíduo foram colocados<br />

em tabela e suas médias transformadas em gráfi cos,<br />

sendo analisadas estatisticamente através do teste t-Student,<br />

utilizando um nível de signifi cância de 5%.<br />

Resultados<br />

Observamos, no Gráfi co I, que a FR na caminhada iniciou-se<br />

com 16 respirações por minuto (rpm), tendo após os<br />

seis minutos um incremento de 36%. Após dois minutos de<br />

recuperação, a FR decresceu 24%. E ainda, após mais dois<br />

minutos - quatro após o término do teste- houve um decréscimo<br />

de 10,5%. Já na bicicleta, iniciou-se com 17 rpm, e,<br />

após seis minutos pedalando, houve um incremento de 37%;<br />

após dois minutos de recuperação, houve um decréscimo de<br />

22%; e após mais dois minutos - quatro após o término do<br />

teste-, decresceu mais 19%.<br />

Gráfi co I - Alterações ocorridas na freqüência respiratória.<br />

5


6<br />

Quanto a FC, Gráfi co II, iniciou-se na caminhada com<br />

85 batimentos por minuto (bpm), havendo após o teste<br />

um aumento de 39%. Após a recuperação de dois minutos,<br />

houve um decréscimo de 18,6%. E após mais dois minutos,<br />

diminuiu 7,02%. Na bicicleta, observou-se que FC iniciouse<br />

com 82 bpm, havendo após o teste um aumento de 46%<br />

na bicicleta. Após a recuperação de dois minutos, houve um<br />

decréscimo de 19,7%. E após mais dois minutos, decresceu<br />

em 15%.<br />

Gráfi co II - Alterações ocorridas na freqüência cardíaca entre os<br />

grupos.<br />

A pressão arterial média, Gráfi co III, teve início na caminhada<br />

com 90, acrescendo 6,25% após os seis minutos de<br />

teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 3,12% e<br />

5,30% nos dois minutos seguintes. Na bicicleta a PAM também<br />

iniciou com 90, acrescendo 3,22% após os seis minutos<br />

de teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 4,30%;<br />

e 1,11% após mais dois minutos.<br />

Gráfi co III - Alterações ocorridas na pressão arterial média.<br />

PAM = Pressão Diastólica + 1/3 (Pressão Sistólica - Pressão diastólica)<br />

Quanto à saturação de oxigênio, Gráfi co IV, iniciou-se em<br />

98 na caminhada, havendo uma queda de 2,04% após o teste.<br />

Depois do repouso de 2 minutos, os valores subiram 2,04%<br />

e permaneceu assim nos dois minutos subseqüentes. Com<br />

relação ao teste na bicicleta, a saturação de oxigênio iniciou-se<br />

também em 98, havendo uma queda de 1,02% após o teste.<br />

Depois do repouso de 2 minutos, os valores permaneceram<br />

iguais, e nos dois outros minutos subseqüentes.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Gráfi co IV - Alterações ocorridas na saturação arterial de oxigênio.<br />

A distância percorrida na caminhada foi em média 470<br />

metros, enquanto que na bicicleta foi de 4400 metros.<br />

Portanto, observamos que os dois testes não apresentaram<br />

diferenças estatisticamente signifi cantes (p > 0,05), ambos<br />

conseguiram alterar os parâmetros observados.<br />

Discussão<br />

Observamos que não existem diferenças estatísticas entre<br />

os dois testes, quando testados em indivíduos jovens, normais<br />

e bem motivados. Ambos conseguem alterar de forma semelhante<br />

às freqüências respiratória e cardíaca, a pressão arterial<br />

média e a saturação de oxigênio. Além disso, a praticidade<br />

da bicicleta ergométrica permite que o indivíduo tenha seus<br />

parâmetros medidos ainda sobre a bicicleta, já que permanece<br />

com a porção superior do corpo praticamente imóvel [8].<br />

O ato de pedalar imprime carga direta sobre o músculo<br />

quadríceps, podendo até levá-lo a fadiga, após e mesmo<br />

durante o teste, quando todos os sujeitos referiram dor em<br />

região de quadríceps, o que em alguns casos limitou um<br />

melhor desempenho, e o incentivo também parece ser um<br />

fator de muita relevância. O desempenho depende muito<br />

da motivação do sujeito e esta está intimamente relacionada<br />

com o incentivo dado pelo educador físico, se o número de<br />

rotações cair o consumo de oxigênio também diminuirá,<br />

alterando o resultado [7-10].<br />

A caminhada proposta como teste de rotina para ver a<br />

capacidade física, em indivíduos saudáveis, que, segundo<br />

Butland et al. [2], é indicada até mesmo para pacientes com<br />

incapacidades severas e o teste realizado em ambiente hospitalar,<br />

teve sua validade confi rmada. Conforme McGavin et al.<br />

[3], o teste realmente não requer aparato e pode ser aplicado<br />

em uma grande quantidade de pessoas saudáveis, até mesmo<br />

com doenças com certo grau de severidade; o processo da<br />

caminhada é familiar a todos, e permite que o indivíduo<br />

ajuste o passo durante o teste, parando se necessário. Notamos<br />

também que alguns fatores como a motivação, a resistência<br />

cardiovascular, a função respiratória e neuromuscular e a<br />

endurance, interferem no teste [2,3-5,11].


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Na caminhada notamos certo grau de fadiga muscular em<br />

tibial anterior, mas em geral os indivíduos testados referiam<br />

mais cansaço físico que muscular, o inverso do que ocorrera<br />

na bicicleta.<br />

A caminhada parece ser um método mais seguro e conhecido<br />

apesar da necessidade de maior espaço físico para sua<br />

aplicação, espaço este não totalmente inviável, pois o teste<br />

pode ser aplicado até em ambiente hospitalar [2,6,7,11].<br />

Quanto às alterações fi siológicas ocorridas durante o<br />

teste, a literatura refere-se principalmente ao VO 2 , a CVF,<br />

ao volume expiratório e ao VEF 1 , correlacionando-os com a<br />

distância percorrida [10,12].<br />

Neste trabalho, com sujeitos normais, pudemos observar<br />

aumentos semelhantes tanto na bicicleta quanto na caminhada,<br />

da FR, FC, e PAM logo após o teste e uma diminuição<br />

nos minutos subseqüentes, ajustes estes previstos na literatura<br />

já que no <strong>exercício</strong> há maior gasto metabólico necessitando<br />

mais oxigênio, exigindo respostas dos sistemas cardiovascular<br />

e respiratório. Com relação à saturação, observamos que as<br />

alterações foram pequenas, o que também era previsto, já<br />

que o organismo se reajusta rapidamente a fi m de não comprometer<br />

a oxigenação tecidual. Alterações como aumentos<br />

na acidez, temperatura, concentração de dióxido de carbono<br />

alteram a estrutura molecular da hemoglobina, reduzindo sua<br />

efi cácia em fi xar o oxigênio. Como no <strong>exercício</strong> estes fatores<br />

são acentuados, a liberação de oxigênio para os tecidos é<br />

facilitada [12].<br />

As distâncias percorridas na bicicleta e na caminhada não<br />

são cabíveis de comparação, já que a bicicleta permite que o<br />

indivíduo percorra um percurso maior com menor esforço,<br />

também não podemos compará-las com a literatura, uma<br />

vez que os indivíduos são bem heterogênios. O objetivo do<br />

cálculo da distância está em comparar, posteriormente a um<br />

treinamento, o rendimento do indivíduo com sua performance<br />

anterior, já que a literatura não refere um padrão de<br />

referência para tais testes.<br />

Conclusão<br />

Acreditamos que a caminhada seja o método mais indicado<br />

para a avaliação de indivíduos normais ou até mesmo com<br />

alguma doença de base. A caminhada não precisa de nenhum<br />

material oneroso para ser feito, é um movimento natural para<br />

o ser humano, não provoca tanta fadiga no quadríceps e pode<br />

ser feito em um ambiente que ofereça o mínimo espaço para<br />

uma caminhada.<br />

Referências<br />

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7


8<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

A influência do alongamento no rendimento<br />

do treinamento de força<br />

The influence of the stretching exercise in the strength<br />

training performance<br />

Fábio Luís Botelho de Arruda*, Leandro Bittar de Faria*, Vagner da Silva*, Gilmar Weber Senna*, Roberto Simão**,<br />

Alex Souto Maior***<br />

*Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho (CEPAC), **Escola<br />

de Educação Física e Desportos - Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ), ***Programa de Pós-Graduação Lato Sensu<br />

em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioengenharia<br />

- Universidade do Vale do Paraíba<br />

Resumo<br />

O objetivo do estudo foi verifi car o teste de 10 repetições<br />

máximas (10RM) no <strong>exercício</strong> supino reto na máquina utilizando<br />

diferentes tipos de aquecimento. Foram selecionados 22<br />

indivíduos do sexo masculino e divididos em dois grupos, grupo<br />

com aquecimento prévio de alongamento (GA) (n = 11), e grupo<br />

aquecimento específi co (GE) (n = 11). Os indivíduos da amostra<br />

foram submetidos ao teste de 10RM em dois dias. No primeiro<br />

dia, realizou-se o teste de 10RM igualmente para ambos os grupos,<br />

seguindo o modelo tradicional do teste. No segundo dia, o GE<br />

realizou o teste de 10RM com aquecimento de duas séries com 15<br />

repetições a 55% da carga de 10RM. O GA antecedeu o teste de<br />

10RM com o aquecimento através de <strong>exercício</strong>s de alongamentos<br />

pelo método estático, com duas séries de 20 segundos de duração<br />

para cada posição, após atingir o limiar de dor. Foi mantido um<br />

intervalo de 20 segundos de uma série para outra. Concluímos que<br />

não existem diferenças estatisticamente signifi cativas através do teste<br />

t-Student (p > 0,05), no desempenho do teste de 10RM no <strong>exercício</strong><br />

supino reto através do aquecimento específi co, o mesmo não sendo<br />

observado quando o teste de 10RM foi precedido por <strong>exercício</strong>s de<br />

alongamento (p < 0,002).<br />

Palavras-chave: aquecimento específico, flexibilidade, teste de<br />

10RM.<br />

Artigo recebido em 30 de agosto de 2006; aceito em 15 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: E-mail: robertosimao@ig.com.br<br />

Abstract<br />

Th e aim of the study was to verify the test of 10 maximum repetitions<br />

(10RM) in the straight chest press exercise in the machine<br />

being used diff erent types of warm up. Twenty two individuals of<br />

male gender were selected and divided into two groups: group with<br />

previous warm up exercises of stretching exercises (GF) (n = 11),<br />

and group of specifi c warm ups (GS) (n = 11). Th e individuals of<br />

the sample were submitted to the 10RM test, in two days. On the<br />

fi rst day, the 10RM test was performed equally for both groups,<br />

following the traditional model of the test. On the second day, the<br />

GS group carried out the 10RM test with stretching two diff erent<br />

stretches with 15 repetitions of 55% of the 10RM load. Th e GF<br />

preceded the test of 10RM with the stretching through exercises<br />

of stretching for the static method, with two series of 20 seconds<br />

of duration for each position, after reaching the pain threshold. It<br />

was kept an interval of 20 seconds between series. We conclude<br />

that there was no signifi cant diff erence through the test t-Student<br />

(p > 0.05), during the performance of the 10RM test in the straight<br />

chest press exercise through the specifi c warm up, the same was<br />

not observed when the 10RM test was preceded by exercises of<br />

stretching (p < 0.002).<br />

Key-words: specific warm up, flexibility, 10RM test.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Introdução<br />

Nas ações musculares percebemos o envolvimento de<br />

diferentes valências físicas, tais como a fl exibilidade e a<br />

força muscular, que são de importância imprescindível para<br />

o aumento da efi ciência do movimento [1,2]. O aumento<br />

da fl exibilidade está intimamente relacionado com a maior<br />

facilidade para a execução de ações cotidianas representadas<br />

na qualidade de vida e saúde [3]. Assim, a redução da fl exibilidade<br />

pode prejudicar o desempenho atlético aumentando<br />

também a possibilidade de lesões, pois, com o encurtamento<br />

músculo-tendíneo as fi bras musculares poderiam se romper<br />

em um maior esforço com movimentos amplos [4]. Entre<br />

os métodos utilizados para o treinamento da fl exibilidade<br />

(TF), o movimento estático parece ser o mais comumente<br />

utilizado pela facilidade e segurança na sua aplicação [5].<br />

Porém os componentes metodológicos, entre eles o volume<br />

e a intensidade do TF, são questionáveis quando pensamos<br />

na infl uência deste treinamento na força muscular. Segundo<br />

Simão et al. [6], a força e a potência muscular são valências<br />

relevantes na qualidade de vida e a prescrição de <strong>exercício</strong>s<br />

que facilitem seu aprimoramento em indivíduos sadios,<br />

mesmo para aqueles que apresentam necessidades específi -<br />

cas, parece ser de grande validade para a saúde e qualidade<br />

de vida.<br />

Atualmente, o número crescente de pesquisas na área<br />

da força deslumbra diferentes populações com objetivos<br />

variados, levando a busca pela melhor periodização para a<br />

otimização de seus resultados [7]. Segundo Gomes e Franciscon<br />

[8], a insufi ciência de amplitude articular pode limitar<br />

o desenvolvimento de contrações voluntárias máximas aumentando,<br />

assim, o gasto energético e tornando mais difícil<br />

o trabalho a ser realizado. Os <strong>exercício</strong>s de alongamento<br />

podem manter ou aumentar a fl exibilidade, sendo assim<br />

aplicados para prevenir encurtamentos teciduais e otimizando<br />

o desempenho muscular, o qual contribui também<br />

para o treinamento da força e potência muscular [5]. O<br />

TF realizado antes dos <strong>exercício</strong>s resistidos (ER) pode estar<br />

associado ao aquecimento pré-treinamento, à prevenção<br />

de lesões, à melhora do fl uxo sangüíneo e melhor resposta<br />

das propriedades elásticas do tecido muscular e conjuntivo,<br />

porém tais colocações não se encontram completamente<br />

elucidadas [9].<br />

Vários estudos na literatura abordam a infl uência negativa<br />

do TF quando relacionado com os ER, porém, o volume e a<br />

intensidade dos alongamentos parecem não ser homogêneos<br />

e seus resultados também podem variar, conseqüentemente,<br />

prejudicando a confi abilidade no ato da prescrição.<br />

Desta forma, com base nessa discussão, o presente estudo<br />

tem por objetivo verifi car a infl uência aguda de <strong>exercício</strong>s de<br />

alongamento estático previamente aos ER.<br />

Materiais e métodos<br />

A amostra foi composta por 22 indivíduos do sexo masculino,<br />

divididos em dois grupos: grupo de aquecimento<br />

específi co (GE) (n = 11) e o grupo de aquecimento com<br />

alongamento (GA) (n = 11). Os indivíduos apresentavam<br />

idades entre 20 e 30 anos, peso médio de 75 ± 15 kg e estatura<br />

de 180 ± 12 cm. A amostra era familiarizada há mais de seis<br />

meses com o treinamento de força exercitando-se pelo menos<br />

três vezes por semana. Eles apresentavam prévio conhecimento<br />

sobre as técnicas de execução do <strong>exercício</strong> selecionado.<br />

Para melhor objetivar os resultados da amostra, foram<br />

utilizados os seguintes critérios de exclusão para os indivíduos<br />

participantes do estudo: a) portadores de cardiopatia; b) portadores<br />

de lesões articulares nos últimos seis meses; c) portadores<br />

de contratura muscular nos últimos seis meses; d) submissão<br />

a cirurgias articulares nos últimos 12 meses; e) portadores de<br />

instabilidade acentuada nos joelhos e tornozelos; f) portadores<br />

de hérnia discal; g) portadores de formas severas de doenças<br />

articulares degenerativas. Antes da coleta de dados todos responderam<br />

negativamente aos itens do questionário Par-Q e<br />

validaram sua participação voluntária assinando o termo de<br />

consentimento conforme a resolução 196/96 do Conselho<br />

Nacional de Saúde para experimentos com humanos, após a<br />

aprovação do comitê de ética da instituição.<br />

A coleta de dados foi composta por duas visitas não consecutivas:<br />

1º dia - todos os indivíduos realizaram o teste de 10<br />

repetições máximas (10RM) seguindo o protocolo tradicional,<br />

sem aquecimento prévio, utilizando o incremento de cargas<br />

no teste como o próprio aquecimento; 2º dia - ocorreu 48<br />

horas após a primeira visita, em que foi realizado o re-teste<br />

de 10RM no GE com o aquecimento específi co (duas séries<br />

de 15 repetições com 55% de 10RM) no <strong>exercício</strong> de supino<br />

reto na máquina. No GA (alongamento + força), o re-teste<br />

10RM foi precedido de quatro <strong>exercício</strong>s de alongamento, que<br />

foram aplicados nos músculos peitorais, deltóides e tríceps.<br />

Utilizou-se o método estático para o TF, com duas séries de<br />

20 segundos de duração para cada posição, após atingir o<br />

limiar de dor. Foi mantido um intervalo de 20 segundos de<br />

uma série para outra.<br />

O teste de 10RM foi utilizado para a avaliação da força<br />

muscular como medida não invasiva e critério padrão de referência,<br />

a fi m de objetivar a carga máxima para a realização do<br />

protocolo de treinamento no <strong>exercício</strong> supino reto na máquina<br />

Technogym @ . A utilização deste aparelho no teste de supino<br />

reto facilitou o controle da angulação de 90º do cotovelo<br />

na execução, em função da trava que limitava o movimento<br />

garantindo a amplitude padrão para todos os indivíduos.<br />

Os valores das cargas máximas no teste de 10RM foram<br />

obtidos ao longo de duas até cinco tentativas, quando o avaliado<br />

não conseguia mais realizar o movimento completo de<br />

9


10<br />

forma correta. Desse modo, validou-se como carga máxima<br />

a que foi obtida na última execução. A cada nova tentativa<br />

realizava-se adição de incrementos progressivos de acordo<br />

com as cargas disponíveis do equipamento, sendo dado um<br />

intervalo de três a cinco minutos entre cada tentativa.<br />

Objetivando reduzir a margem de erro, durante a realização<br />

do teste, foram adotadas as seguintes estratégias: 1)<br />

instruções padronizadas foram oferecidas antes do teste, de<br />

modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que<br />

envolve a coleta de dados; 2) o avaliado foi instruído sobre a<br />

técnica de execução do <strong>exercício</strong>; 3) o avaliador estava atento<br />

quanto à posição adotada pelo praticante no momento da<br />

medida. Pequenas variações no posicionamento das articulações<br />

envolvidas na ação poderiam recrutar outros músculos,<br />

distanciando do foco específi co da pesquisa, possibilitando<br />

interpretações errôneas dos escores obtidos; 4) para maior<br />

veracidade do teste, os indivíduos não tiveram conhecimento<br />

da carga de resistência durante a avaliação. Foi solicitado aos<br />

indivíduos a manterem as mesmas atividades físicas diárias,<br />

contanto que não exercitassem os grupos musculares envolvidos<br />

no teste.<br />

Para a análise estatística foi utilizado o teste t-Student,<br />

a fi m de comparar as cargas máximas obtidas no teste de<br />

10RM após os dois tipos de protocolos no aquecimento (p<br />

< 0,05).<br />

Resultados<br />

O GA apresentou valores signifi cativamente reduzidos<br />

(p < 0,002) em relação ao pré-teste (10RM), demonstrando<br />

que parece acontecer uma diminuição no número de repetições<br />

máximas quando utilizado anteriormente o TF com o<br />

volume e a intensidade supracitada. Na fi gura 1 é relatado o<br />

comportamento do número de repetições máximas realizadas<br />

pelos indivíduos do GA, e na fi gura 2 observa-se o resultado<br />

do GE.<br />

Figura 1 - Média e desvio-padrão do grupo GA. Pré–teste de<br />

10RM sem fl exibilidade; Pós-teste 10RM com fl exibilidade. # =<br />

p < 0,002.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Figura 2 - Média e desvio-padrão do grupo GE. Pré e pós-teste<br />

10RM.<br />

Discussão<br />

O objetivo deste estudo foi observar as respostas agudas<br />

de dois protocolos de aquecimento previamente ao teste de<br />

10RM, sendo que um grupo utilizou o aquecimento específi<br />

co, e o outro o aquecimento através de <strong>exercício</strong>s de alongamento.<br />

E como observado nos resultados, o efeito do TF<br />

se mostrou negativo em relação ao teste de força, pois, houve<br />

um decréscimo no número de repetições máximas.<br />

Nossos resultados se assemelham ao estudo de Tricoli e<br />

Paulo [1], em que foi observada uma diminuição no resultado<br />

do teste de uma repetição máxima (1RM) para o <strong>exercício</strong> de<br />

extensão e fl exão de joelho após realização de <strong>exercício</strong>s de<br />

alongamento estático. O tempo total de alongamento foi de<br />

aproximadamente 20 minutos com a execução de seis movimentos<br />

para membros inferiores. Os resultados mostraram<br />

um decréscimo médio de 13,8% na determinação da carga<br />

obtida no grupo com alongamento em relação ao grupo<br />

sem alongamento. Seguindo esta linha, Fowles et al. [10]<br />

identifi caram redução na capacidade de desenvolver força<br />

voluntária máxima dos fl exores plantares, após 33 minutos<br />

de alongamentos, e ainda concluiu que este efeito perdura<br />

por aproximadamente 1 hora.<br />

Behm et al. [11] verifi caram que regimes prolongados de<br />

alongamentos passivos estáticos podem inibir a contração<br />

voluntária máxima na ativação do músculo extensor do joelho.<br />

O tempo total de alongamento neste estudo era de aproximadamente<br />

20 minutos de duração. No estudo de Kokkonen et<br />

al. [12] que utilizaram também TF com duração total de 20<br />

minutos. Foi verifi cada nos resultados a diminuição da capacidade<br />

máxima de força no teste de 1RM em até 7,3% para os<br />

músculos fl exores do joelho. Este declínio foi mais acentuado<br />

quando se verifi cou a resposta do músculo extensor do joelho<br />

(-8,1%). Em relação à velocidade de execução e tempo de TF,<br />

Nelson et al. [13] utilizaram <strong>exercício</strong>s de extensão dos joelhos<br />

em cinco velocidades diferentes no aparelho isocinético e o<br />

tempo total do TF foi aproximadamente 15 minutos prévio<br />

ao teste. Concluíram que existe uma redução de 7,2% na


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

capacidade de desenvolver força em velocidades reduzidas.<br />

Em relação aos estudos supracitados, todos se diferenciaram<br />

do nosso estudo em relação ao tempo total de TF, que foi<br />

de aproximadamente 5 minutos, demonstrando, assim, que<br />

mesmo com pequenos volumes de TF podem interferir negativamente<br />

na capacidade de se desenvolver força máxima.<br />

Entretanto, contrapondo os estudos supracitados, Simão<br />

et al. [14] verifi caram que pequenos regimes de alongamentos<br />

visando o aquecimento podem não acarretar diminuições<br />

signifi cativas na capacidade de produzir força máxima. Os<br />

<strong>exercício</strong>s utilizados no experimento foram de extensão e<br />

fl exão dos joelhos na máquina e protocolo do TF foi cerca<br />

de 10 segundos para cada movimento em seis <strong>exercício</strong>s<br />

diferentes (adaptados do fl exiteste). Contudo, este estudo<br />

ressalta que o alongamento comparado com o aquecimento<br />

específi co não apresenta signifi cativa capacidade de redução<br />

no deslocamento de carga.<br />

Outro estudo que não verifi cou o comprometimento de<br />

forma signifi cativa na capacidade máxima gerar força através<br />

do método Facilitação Neuro-Proprioceptiva (FNP) para o<br />

teste de 1RM foi o de Simão et al. [15] que comparou dois<br />

tipos de protocolos para aquecimento, o específi co e o FNP.<br />

Nesse estudo concluiu-se que não existem diferenças estatisticamente<br />

signifi cativas no desempenho do teste de 1RM no<br />

<strong>exercício</strong> supino reto, com diferentes tipos de aquecimento<br />

aplicados. A partir disto, analisou-se que tanto no aquecimento<br />

específi co como no alongamento através do método FNP,<br />

a carga máxima manteve-se a mesma em ambos os testes. Se<br />

não ocorre redução de desempenho no teste de 1RM, sugerese<br />

que o teste seja realizado conforme o objetivo, métodos<br />

e adaptação do sujeito. Os nossos achados contrapõem o<br />

estudo supracitado, talvez devido a utilizarmos o teste de<br />

10RM e também pelo volume total do aquecimento através<br />

do alongamento ser maior.<br />

Achour [4] comenta que não se poderia demonstrar o<br />

potencial de força se o músculo não conseguir uma amplitude<br />

de movimento adequado, mas cita, também, que<br />

o alongamento estático antes dos <strong>exercício</strong>s de velocidade<br />

poderia interferir de maneira negativa, pois, as mensagens<br />

motoras poderiam ser transmitidas lentamente, por causa de<br />

deformações dos componentes plásticos musculares. Muito<br />

tempo de alongamento possibilita o relaxamento das fi bras<br />

musculares e ocasiona redução no tônus muscular e ativação<br />

do sistema parassimpático [16].<br />

Outros estudos também especulam os mecanismos fi -<br />

siológicos que possivelmente causam este efeito, um destes<br />

apresenta que o decréscimo na ativação das unidades motoras<br />

pode ser o responsável pela queda na capacidade da força<br />

máxima após <strong>exercício</strong>s de alongamento [10]. Outros estudos<br />

mostraram que o método estático de TF com tempo de<br />

duração entre 15 a 30 segundos por grupamento muscular<br />

está relacionado com a redução da ação do recrutamento das<br />

unidades motoras [17-19]. Essa perspectiva também é indicada<br />

por Behm et al. [11] que verifi cou a redução na ativação<br />

11<br />

do músculo em até 2,8% com verifi cação por eletromiografi a.<br />

Entretanto, parece não existir um consenso na literatura sobre<br />

o tempo ideal de alongamento para que não ocorra a redução<br />

da força muscular [20].<br />

No estudo de Wilson et al. [21] é relatado que um sistema<br />

músculo-tendão mais maleável passaria por um rápido período<br />

de diminuição de comprimento, com ausência de sobrecarga,<br />

até que os componentes elásticos do sistema fossem ajustados<br />

o sufi ciente para a transmissão da força, colocando o componente<br />

contrátil numa posição menos favorável em termos de<br />

produção de força nas curvas de força-comprimento e forçavelocidade.<br />

Entretanto, Kokkonen et al. [12] observaram que<br />

o Órgão Tendinoso de Golgi gera uma inibição autogênica<br />

ou refl exa nos músculos alongados e seus sinergistas. Assim, é<br />

acionado, o receptor de dor nos músculos e tendão articular.<br />

Um outro fator que gera a diminuição do tempo de contração<br />

é a inibição do potencial de ação.<br />

A análise do estudo feito, através da resposta aguda, correlacionou<br />

diminuição no número de repetições, que mostrou<br />

ser signifi cativa. Se observarmos, através do efeito crônico, o<br />

problema poderia ser mais relevante, ou seja, concordando<br />

que um programa de treinamento pode estar dividido em<br />

até quatro <strong>exercício</strong>s, com três a quatro séries. Para um determinado<br />

grupo muscular, poder-se-ia prever um défi cit de<br />

repetições, e, se analisarmos que esse grupo muscular será<br />

trabalhado, pelo menos, duas vezes por semana, somando-se<br />

oito vezes por mês, observaremos, assim, um défi cit maior<br />

ainda de repetições, o que poderia fazer uma grande diferença<br />

e signifi cância no objetivo a ser alcançado no fi nal do<br />

programa de treinamento.<br />

É claro que somente estamos hipotetizando os resultados,<br />

o que não seria totalmente correto, pois, o nosso estudo foi<br />

feito com apenas um grupo muscular, e que, talvez, essa<br />

diferença encontrada no estudo, não viria a prejudicar todo<br />

o programa de treinamento. Abriria-se, assim, a necessidade<br />

de um estudo com os demais grupos musculares na intenção<br />

de novas respostas para a busca de uma melhor prescrição de<br />

um programa de treinamento e otimização dos resultados a<br />

serem alcançados.<br />

Conclusão<br />

De acordo com os resultados obtidos no estudo, podemos<br />

concluir que <strong>exercício</strong>s de alongamento estáticos, executados<br />

antes do teste de 10RM, na máquina de supino reto, provocam<br />

queda no número de repetições máximas. Por ocasionar<br />

essa diminuição, sugere-se que os <strong>exercício</strong>s de alongamento<br />

estático sejam dispensados, quando posteriormente a atividade<br />

envolvida venha requerer grande produção de força, como por<br />

exemplo, em um teste de força máximo. Deve-se, também,<br />

observar qual o objetivo que se está buscando ao realizar o<br />

alongamento. Contudo, é observada a perda de força ou<br />

aumento da possibilidade de lesões durante o levantamento<br />

de peso máximo, quando precedido de <strong>exercício</strong>s de alonga-


12<br />

mento para desenvolver a fl exibilidade [16]. Sugere-se que<br />

mais estudos devem ser encaminhados para satisfazer as varias<br />

possibilidades metodológicas tanto para o treinamento de força<br />

como para o treino da fl exibilidade e, ainda, em diferentes<br />

áreas musculares, tentando, assim, responder as lacunas que<br />

ainda permanecem na literatura científi ca.<br />

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is velocity-specifi c. J Strength Cond Res 2001;15:241-6.<br />

14. Simão R, Senna G, Nassif L, Leitão A, Arruda R, Priore M,<br />

Maior AS, Polito M. Infl uencias dos diferentes protocolos de<br />

aquecimento na capacidade de desenvolver carga máxima no<br />

teste de 1RM. Fitness & Performance J 2004;3:261-5.<br />

15. Simão R, Giacomini MB, Dornelles TS, Marramom MGF, Viveiros<br />

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no teste de 1RM. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício<br />

2003;2:134-40.<br />

16. Achour Junior A. Exercícios de alongamentos anatomia e fi siologia.<br />

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17. Shrier I, Gossal K. Myths and truths of stretching. Phys Sports<br />

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18. Borms J. Optimal duration of static stretching exercise for improvement<br />

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relationship to eccentric, isometric, and concentric performance.<br />

J Appl Physiol 1994;76:2714-88.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Análise da creatina quinase versus escalas de<br />

percepção subjetiva de dor para monitoramento do<br />

tempo de recuperação em idosos fisicamente ativos<br />

Creatine kinase analysis versus rating of perceived exertion scale to<br />

determine time of recuperation in physically active elderly<br />

Cláudio Lauria Christovam*, Márcia Baptista Veiga*, Francisco Navarro**<br />

*Curso de pós-graduação de musculação e condicionamento físico, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas<br />

– FMU, **Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU<br />

Resumo<br />

O objetivo deste estudo foi analisar os níveis de creatina quinase<br />

versus escala de percepção de dor, para determinar o tempo<br />

de recuperação de um programa proposto para idosos. A amostra<br />

foi composta por 7 mulheres, faixa etária de 58,57 ± 11,72 (anos).<br />

Os <strong>exercício</strong>s foram constituídos por 4 séries de 12-6 reps. 60 a<br />

90% (1RM) para os <strong>exercício</strong>s: press reto, press ombro, leg press<br />

45º, cadeira extensora. As amostras sangüíneas foram coletadas,<br />

antes, após 24, 48, 72, e 96 h. Os resultados demonstram que o<br />

pico de dor relatado na escala não é coerente como o pico de dor<br />

apresentado pela creatina quinase. Comparando o período de 24<br />

versus 48 horas, houve uma resposta similar entre a concentração<br />

de creatine quinase (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%)<br />

e a percepção da dor (4,57 / 4,14, queda de 9%). Entretanto, no<br />

pós-<strong>exercício</strong> versus 24 horas, observamos um aumento da concentração<br />

de creatine quinase (218,3 ± 39,0 / 724,4 ± 281,8, alta de<br />

232%) e uma diminuição da percepção da dor (6,14 / 4,57 queda<br />

de 26%). Nas 48 versus 72 horas, o grupo continuou exibindo<br />

queda da creatine quinase (703,0 ± 113,6 / 550,9 ± 229,8 queda<br />

de 22%) e da percepção da dor (4,14 / 1,5 queda de 64%). Contudo,<br />

no pós-<strong>exercício</strong> versus 48 horas a recuperação é semelhante<br />

entre os 2 parâmetros. Sendo assim, após 72 horas, observa-se um<br />

aumento, porém não signifi cativo, da creatine quinase em relação<br />

à percepção da dor. A recuperação foi total em 96 horas, tanto na<br />

análise da creatina quinase como na escala de dor. Assim, podemos<br />

assumir que a escala de dor pode ser efetiva para monitorar o tempo<br />

de recuperação em idosos ativos.<br />

Palavras-chave: envelhecimento, creatina quinase, <strong>exercício</strong>s com<br />

pesos.<br />

13<br />

Abstract<br />

Th e aim of this study was to analyze the rates of creatine kinase<br />

versus perceived exertion scale to determine the time of recuperation<br />

of a program proposed to elderly people. Sample was composed by 7<br />

women, age group 58.57 ± 11.72 (years). Th e exercises were divided<br />

in 4 sets of 12-6 reps. 60 to 90% 1RM for the exercises: bench press,<br />

shoulder press, leg press 45°, and knee extension. Blood samples<br />

were collected, before, after, 24, 48, 72, and 96 hours. Th e results<br />

showed that the peak pain reported in the scales is not coherent as<br />

the peak of pain showed by the creatine kinase. When the period of<br />

24 versus 48 hours were compared, it was noticed a similar response<br />

between the concentration of creatine kinase (724.4 ± 281.8 to<br />

703.0 ± 113.6, a decrease of 3%) and pain perception (4,57 to 4,14,<br />

a decrease of 9%). However, in the post-exercise period versus 24<br />

hours period, was observed an increasing of creatine kinase (218.3<br />

± 39.0 / 724.4 ± 281.8, an increase of 232%) and a decreasing of<br />

pain perception (6.14 / 4.57 a decrease of 26%). In the 48 versus 72<br />

hours, the group still showed a decrease of dreatine kinase (703.0 ±<br />

113.6/ 550,9 ± 229,8, decrease of 22%) and pain perception (4.14<br />

/ 1.5, a decrease of 64%). However, in the post-exercise period<br />

versus 48 hours, the graphics exhibited a similar recuperation with<br />

the period previously mentioned. 72 hours after we can see an increase,<br />

but not so signifi cant, of creatine kinase compared to pain<br />

perception. Th e recuperation was complete in 96 hours, both in<br />

the creatine kinase analysis and pain scale. According to it, we can<br />

assume that the pain scale can be eff ective to follow up the recovery<br />

time in elderly people.<br />

Key-words: elderly, creatine kinase, weight exercises.<br />

Recebido 18 de outubro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Cláudio Lauria Christovam, Rua Rui de Moraes Apocalipse, 326/124 Bl 11, 02842-260 São Paulo<br />

SP, Tel: (11) 3921-7956, E-mail: clauchris00@yahoo.com.br


14<br />

Introdução<br />

É consenso na literatura que a prática da atividade física<br />

em idosos parece contribuir para prevenir ou minimizar as<br />

alterações provocadas pelo envelhecimento possibilitando ao<br />

idoso manter uma melhor qualidade de vida. Segundo dados<br />

do Censo 2000 [1], o crescimento absoluto e relativo da população<br />

idosa é um fenômeno mundial. Dados do instituto<br />

indicam que, em 1950, o número de idosos no mundo era<br />

de 204 milhões, quase cinco décadas depois, em 1998, este<br />

número alcançava 579 milhões de pessoas. Estima-se que em<br />

2050 este número possa chegar a 1.900 milhões de pessoas.<br />

Seguindo as projeções, o número de idosos com 100 anos ou<br />

mais aumentará 15 vezes, de aproximadamente 145 000 pessoas<br />

em 1999 para 2,2 milhões em 2050. No Brasil, a população<br />

idosa de 60 anos ou mais era de 14.536.029 de pessoas,<br />

contra 10.722.705 em 1991 [1]. Neste período, o número de<br />

idosos aumentou para quase 4 milhões de pessoas.<br />

Gráfi co 1 - População residente de 60 anos ou mais de idade, por<br />

grupos de idade - Brasil - 1991/2000.<br />

Fontes: Censo demográfico 1991: resultado do universo: micro dados.<br />

Rio de Janeiro: IBGE, 2002.21<br />

CD-ROM; IBGE, Censo Demográfico 2000.<br />

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Entretanto, com relação ao sexo, este aumento é bastante<br />

diferenciado entre homens e mulheres idosas, sendo bem<br />

maior o número de mulheres. De acordo com o censo, as<br />

mulheres idosas, em 1991, correspondiam a 54% da população,<br />

passando para 55,1% em 2000. Tal diferença é explicada<br />

pelos diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, haja<br />

vista que, em média, as mulheres vivem oito anos mais que<br />

os homens.<br />

Contudo, este aumento na expectativa de vida pode ter<br />

pouca signifi cância, a menos que esteja associado a uma expectativa<br />

de vida ativa e funcional [2,3]. Porém, observa-se<br />

também que o processo de envelhecimento é acompanhado<br />

de uma série de alterações fi siológicas e funcionais como:<br />

• Alterações antropométricas - diminuição da estatura [4,5],<br />

com o transcorrer dos anos, alterações na composição corporal<br />

[6]. Segundo Okuma [7], estas alterações provocam<br />

um incremento do peso corporal, que está associado a um<br />

aumento de doenças crônico-degenerativas como: hipertensão,<br />

obesidade, doenças coronarianas, dislipidemias,<br />

diabetes mellitus tipo 2.<br />

• Alterações cardiovasculares - redução na relação entre<br />

capilares e fi bras musculares, diminuição na elasticidade e<br />

distensibilidade das artérias e principais vasos sangüíneos,<br />

conseqüentemente há um aumento da pressão sangüínea<br />

durante o esforço e no repouso, diminuição da potência<br />

aeróbica (VO 2max ) que, em média, declina 1% ao ano (10%<br />

por década) [5,8-10].<br />

• Alterações articulares - diminuição do tecido colágeno,<br />

componente primário que forma os ligamentos e tendões,<br />

tornando-o rígido e reduzindo a capacidade de elasticidade<br />

[7,11-13].<br />

• Alterações ósseas - diminuição da densidade mineral óssea<br />

em ambos os sexos, menor pico de massa óssea em mulheres,<br />

ocasionando assim o surgimento da osteoporose<br />

[14-16].<br />

• Alterações musculares - com perda progressiva de unidades<br />

motoras tipo II, redução na velocidade de condução nervosa<br />

[17] e diminuição da massa corporal magra (sarcopenia)<br />

[6], devido à redução no número e tamanho das fi bras<br />

musculares [18-20], diminuição da produção de força e<br />

velocidade contrátil [21,22], e capacidade de geração de potência<br />

com a idade [23] e, o mais importante, diminuição<br />

na quantidade de <strong>exercício</strong>s físicos [3, 12,13,16, 24-29].<br />

Porém, tenta-se cada vez mais procurar soluções para tentar<br />

minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas pelo processo<br />

de envelhecimento. Desta forma, alguns autores [2,3,6,12,<br />

13,19] ressaltam que a atividade física regular mantém os níveis<br />

de aptidão física desta população, diminuindo a taxa de mortalidade<br />

e morbidade. De acordo com Nóbrega [9], a capacidade<br />

de adaptação ao <strong>exercício</strong> no idoso, ou seja, a treinabilidade não<br />

difere da capacidade de um indivíduo jovem-adulto. Contudo,<br />

verifi ca-se, nos últimos anos, um crescente aumento de evidências<br />

científi cas mostrando que a atividade física sistematizada,


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

mais precisamente <strong>exercício</strong>s contra-resistidos, pode produzir<br />

inúmeros benefícios mesmo em idosos.<br />

O profi ssional da área de Educação Física deve ter conhecimento<br />

das características da população que irá trabalhar,<br />

para prescrever de forma adequada o programa de <strong>exercício</strong><br />

físico para esta população, respeitando um dos princípios<br />

do treinamento, que é a individualidade biológica dos seus<br />

alunos. Para Weineck e Monteiro [30,31], a prescrição e<br />

o controle do programa de <strong>exercício</strong> baseiam-se na relação<br />

entre a intensidade do esforço aplicado, duração e período<br />

de recuperação.<br />

Dentre os indicadores fi siológicos mais utilizados por<br />

profi ssionais de Educação Física, para o monitoramento e<br />

controle da intensidade do esforço, estão a freqüência cardíaca<br />

e a percepção subjetiva de esforço, sendo o último o mais<br />

aplicado em <strong>exercício</strong>s contra-resistidos [35-39], respeitando,<br />

assim, o período de recuperação adequado para que ocorra<br />

a adaptação biopositiva (super-compensação) e aumento da<br />

capacidade física geral.<br />

Alguns estudos recentes [32,33] têm utilizado marcadores<br />

bioquímicos para detectar danos na estrutura muscular como,<br />

por exemplo, aumento no número circulante de leucócitos<br />

e citosinas, níveis elevados de fator-α de necrose tumoral<br />

(TNF-α), interleucina–6 (IL-6), IL-6 mRNA, contagem<br />

plasmática de granulócitos, aumento na concentração sangüínea<br />

de creatina quinase (CK), proteína C reativa (PCR),<br />

ou aumento na concentração de prostaglandina (PGE2).<br />

Dentre as citadas, a creatina kinase (CK) é considerada um<br />

dos melhores indicadores de lesão da célula muscular, uma<br />

vez que esta substância é encontrada no tecido muscular<br />

esquelético e cardíaco [10].<br />

Devemos considerando as necessidades e difi culdades decorrentes<br />

destes métodos, que nem sempre podemos realizar,<br />

para monitoramento e controle do programa de <strong>exercício</strong>,<br />

devido ao seu alto custo, difi culdade na coleta de dados,<br />

sendo inacessível para a grande maioria destes profi ssionais.<br />

Observa-se, nos últimos anos, o surgimento de alguns trabalhos<br />

na literatura [34-39], sugerindo o uso da Escala de<br />

Percepção Subjetiva de Dor e Esforço para monitoramento<br />

da intensidade do esforço na musculação, criada por Borg &<br />

Dahlstron no fi nal da década de 50. Considerando a Percepção<br />

Subjetiva de Dor e Esforço um indicador para a obtenção<br />

do grau de esforço físico, ela se torna um método confi ável,<br />

efi ciente e importante para predizer o grau de esforço que o<br />

indivíduo está realizando em determinada atividade física,<br />

sendo um indicador útil, na prescrição e monitoramento da<br />

atividade física com baixo custo, fácil aplicabilidade, pouco<br />

conhecimento específi co e facilidade na rapidez da coleta de<br />

dados. No entanto, o presente estudo assumirá a hipótese<br />

de analisar o comportamento de um método bioquímico<br />

direto [creatina quinase (CK)], versus um método indireto<br />

[escala de percepção subjetiva de dor e esforço] como forma<br />

de predizer o tempo de recuperação adequado em idosos<br />

fi sicamente ativos.<br />

Objetivo<br />

15<br />

Este estudo tem como objetivo verifi car a validade de um<br />

método bioquímico direto utilizado para detectar danos na<br />

estrutura muscular (CK), versus um método indireto (Escala<br />

de Percepção Subjetiva de Dor e Esforço), para a determinação<br />

do tempo de recuperação do programa de treinamento<br />

proposto para idosos fi sicamente ativos.<br />

Justificativa<br />

Este trabalho foi motivado pela observação de que a<br />

prática da atividade física no idoso parece contribuir para a<br />

prevenção e aumento da expectativa de vida, e que grande<br />

porcentagem de pessoas idosas possui alguma difi culdade<br />

em realizar atividades do cotidiano, decorrente das alterações<br />

fi siológicas ocorridas com o passar dos anos, levando<br />

à incapacidade em realizar as atividades mais específi cas da<br />

vida diária. Nesta população, o treinamento contra-resistido,<br />

mais especifi camente o treinamento de força, tem um papel<br />

fundamental para a melhora da capacidade física geral, sendo<br />

uma das principais variáveis da aptidão física relacionada<br />

com a saúde, segundo o Colégio Americano de Medicina<br />

do Esporte (ACSM). Espera-se com o presente estudo<br />

contribuir com a área de Educação Física, por considerar<br />

de fundamental importância que o professor tenha parâmetros<br />

válidos, confi áveis, efi cientes e de fácil aplicabilidade<br />

na prescrição e controle da intensidade do esforço, para o<br />

monitoramento e predição do grau de esforço físico que<br />

este idoso está realizando em determinada atividade física,<br />

respeitando, assim, o período adequado de recuperação e<br />

evitando a adaptação bionegativa. Este período destinado à<br />

recuperação é muito prolongado, não havendo melhora da<br />

aptidão física ou o período de recuperação é insufi ciente,<br />

ocorrendo o supertreinamento. É tema, portanto, de importante<br />

aplicação para futuros profi ssionais interessados<br />

em realizar trabalhos voltados para esta população.<br />

Material e método<br />

Os critérios utilizados para selecionar a amostra foram: ser<br />

saudável, ou seja, não apresentar nenhum tipo de limitação<br />

neuromotora ou doença crônico-degenerativa como, por<br />

exemplo, doença cardíaca, diabetes mellitus insulino-dependente,<br />

hipertensão arterial, osteoporose entre outras condições<br />

crônicas. Todas as voluntárias assinaram um termo de<br />

Consentimento Livre e Esclarecido para utilização dos dados<br />

levantados durante o estudo. As normas a serem seguidas pela<br />

pesquisa foram aprovadas pelo Comitê de Ética institucional.<br />

Todas foram informadas dos objetivos deste estudo assim<br />

como os benefícios e possíveis riscos da pesquisa à saúde e que<br />

poderiam desistir a qualquer momento do experimento.<br />

A amostra foi constituída por 07 mulheres idosas saudáveis<br />

e fi sicamente ativas, com faixa etária de 47 a 73 anos,


16<br />

matriculadas no Instituto Márcia Veiga, residentes no bairro<br />

de Santana, estado de São Paulo.<br />

Os equipamentos utilizados para a obtenção de dados<br />

foram: balança marca Welmy, modelo 110 nº 62085, ano<br />

de fabricação 2003, peso mínimo 2 kg, peso máximo 150<br />

kg (com precisão de 100 gr). Fita métrica modelo Sanny,<br />

campo de uso 2 m, resolução em milímetros, tolerância ±<br />

0,10 mm em 1 m. Estadiômetro modelo Sanny, campo de<br />

uso de 0,80 até 2,20 m, resolução em milímetros, tolerância:<br />

± 2 mm em 2,20 m afi xado à parede. Adipômetro científi co<br />

marca Cescorf precisão de 0,1 mm, dimensões 286 mm x<br />

165 mm, peso 290 gr, para a determinação da espessura do<br />

tecido subcutâneo das seguintes dobras: peitoral, bíceps,<br />

tríceps, axilar média, supra- ilíaca, abdômen, subescapular,<br />

coxa, panturrilha.<br />

As características do grupo eram: idade 58,57 ± 11,72<br />

anos; altura 154,91 ± 3,68 cm; peso 59,64 ± 5,85 kg; índice<br />

de massa corporal 25,03 ± 3,10 (IMC kg/m 2 ); (%) de gordura<br />

31,05% ± 0,032.<br />

As medidas de 1RM foram conduzidas usando o equipamento<br />

de máquinas de alavancas convergentes da Gervasports<br />

fi tness equipment. Máquina de alavanca press reto 1RM 32 ±<br />

3,83 kg; máquina de alavanca press ombro 1RM 24 ± 3,44<br />

kg; cadeira extensora disco convergentes 1RM 40 ± 6,45<br />

kg; leg press 45º disco convergentes 1RM 121 ± 28,93 kg.<br />

Sendo as mesmas máquinas usadas para a intervenção do<br />

treinamento.<br />

A amostra foi composta de indivíduos ativos, sendo<br />

adotado como critério de treinamento os indivíduos que<br />

estivessem praticando treinamento resistido por pelo menos<br />

duas (2) vezes por semana por um período de seis (6) meses<br />

sem interrupção.<br />

O grupo foi instruído a não participar de nenhum outro<br />

tipo de <strong>exercício</strong> físico intenso prévio à coleta por 24 horas,<br />

e nas próximas 96 horas após o teste. Segundo Picarelli et<br />

al. [40], cada integrante recebeu uma lista com as seguintes<br />

recomendações: não ingerir cafeína, nicotina, álcool, anfotericina<br />

B, ampicilina, anticoagulantes, aspirina, colchicina,<br />

captopril, ácido aminocapróico, clofi brato, codeína, dexametasona,<br />

digoxina, furosemida, glutetimida, guanetidina,<br />

halotano, heroína, imipramina, carbonato de lítio, lovastatina,<br />

lidocaína, meperidina, morfi na, propranolol, fenobarbital e<br />

succinilcolina por no mínimo 24 horas antes do teste, e injeções<br />

intramusculares até uma hora antes da coleta podendo<br />

elevar os níveis de CPK.<br />

Não alterarem seus hábitos cotidianos, durante a realização<br />

do estudo. Todos os integrantes do grupo realizaram o<br />

protocolo de treinamento no mesmo período do dia, ou seja,<br />

das 8:00 às 9:00 horas da manhã e as amostras sangüíneas<br />

foram coletadas em cinco (5) dias, ou seja, uma antes e uma<br />

após o esforço, e 24 horas, 48 horas 72 horas e 96 horas<br />

depois, o horário da coleta foi defi nido entre 9:00 e 10:00<br />

horas da manhã.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Protocolo de treinamento<br />

O protocolo de <strong>exercício</strong>s foi constituído de um programa<br />

agudo de <strong>exercício</strong>s com pesos livres, com duração de 60<br />

minutos, no qual o grupo realizou <strong>exercício</strong>s de contrações<br />

isotônicas (excêntricas/concêntricas) constituídos da técnica<br />

de regressão de repetições, ou seja, quatro (4) séries de 12, 10,<br />

8 e 6 repetições com uma sobrecarga equivalente a 60, 70,<br />

80 e 90% 1RM para os <strong>exercício</strong>s: press reto, press ombro,<br />

leg press 45º, cadeira extensora com repouso passivo de 120<br />

segundos interséries.<br />

Antes da sessão o grupo realizou, como forma de aquecimento,<br />

<strong>exercício</strong>s de alongamento para os grupos musculares<br />

específi cos e, imediatamente após, 1 série de 10 repetições<br />

com intensidade de 40% 1RM. Foi recomendado ao grupo<br />

que realizasse a inspiração antes de realizar o movimento; a<br />

expiração durante a fase positiva do movimento e novamente<br />

a inspiração ao retornar o peso à posição inicial, evitando com<br />

isto a manobra de Valsalva.<br />

O teste de 1RM foi empregado como medida não invasiva<br />

de força muscular, sendo constituído de <strong>exercício</strong>s de alongamento<br />

específi cos para os grupos musculares envolvidos. Após<br />

alongamento, foi realizada uma série de 10 repetições a 40%<br />

de 1RM para os respectivos grupos musculares como forma<br />

de aquecimento. Em seguida ao teste iniciado, foi aumentada<br />

gradativamente a sobrecarga, nunca superior a 10%, até que<br />

os indivíduos conseguissem alcançar uma repetição com o<br />

máximo de peso possível. Também foi respeitado um período<br />

mínimo de recuperação de 3 a 5 minutos entre as tentativas,<br />

mas o número de tentativas para alcançar 1RM não poderia<br />

ultrapassar 3 a 5 tentativas.<br />

Resultados<br />

O Gráfi co 1-A lista, separadamente, os resultados do<br />

desvio padrão, obtidos através da concentração plasmática<br />

de creatina quinase e os Gráfi cos 1-B e 1-E listam os dados<br />

das escalas de percepção subjetiva de dor e esforço, do grupo<br />

experimental, através do percentual de diminuição entre os<br />

períodos. As correlações (r) neste período variaram entre<br />

0,56 a 0,96.<br />

Em especial, ao analisarmos o gráfi co da concentração<br />

plasmática de creatina quinase com os gráfi cos das escalas<br />

de percepção subjetiva de dor e esforço percebemos que<br />

o maior pico de dor relatado pelo grupo experimental no<br />

Gráfi co 1-A foi 24 horas após o <strong>exercício</strong>. Diferente do pico<br />

de dor, relatado pelo grupo apresentado nos Gráfi cos 1-B e<br />

1-E que foi logo após o <strong>exercício</strong>. Contudo, isto é explicado<br />

pelas alterações decorrentes do processo de envelhecimento<br />

[8,25,41]; fadiga muscular localizada [42] e o mecanismo de<br />

retro-alimentação positiva feedback-feedforward [43].<br />

No entanto, ao analisarmos somente o período de 24 versus<br />

48 horas notamos que os Gráfi cos 1-A e 1-B apresentaram<br />

resultados signifi cativamente similares de recuperação: Gráfi co


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

1-A (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%), Gráfi co<br />

1-B (média da PSD 4,57 / 4,14, queda de 9%). Notamos que<br />

o Gráfi co 1-E foi o único a relatar um percentual diferente<br />

de recuperação (média da PSE 5,14 / 5,86, alta de 14%) em<br />

relação aos demais gráfi cos no mesmo período de tempo.<br />

Por outro lado, analisando o período de 48 versus 72<br />

horas, o grupo experimental apresentou uma recuperação<br />

mais acentuada. Sendo esta, exposta pelo Gráfi co 1-A (703,0<br />

± 113,6 / 550,9 ± 229,8, queda de 22%); Gráfi co 1-B (média<br />

da PSD 4,14 / 1,5, queda de 64%); e Gráfi co 1-E, (média da<br />

PSE 5,86 / 2,00, queda de 66%). Já ao analisarmos o período<br />

de 72 horas, observamos um ligeiro aumento, porém não<br />

signifi cativo da concentração plasmática de creatina quinase<br />

de (550,9 ± 229,8 / 580,2 ± 275,1, alta de 5%). Para Toft<br />

[44] este aumento pode estar relacionado com mecanismos<br />

de reparo prejudicados para o dano muscular induzido pelo<br />

<strong>exercício</strong>, já que o processo de envelhecimento apresenta<br />

também níveis aumentados de marcadores bioquímicos de<br />

lesão muscular em repouso.<br />

Gráfi co 1-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK)<br />

apresentada pelo grupo vs. diminuição entre períodos. Barra azul<br />

atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha percentual<br />

de diminuição entre os períodos.<br />

Gráfi co 1-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição<br />

entre período. Conforme a escala de percepção de dor (categoryratio-CR10)<br />

de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala<br />

de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição entre<br />

os períodos.<br />

17<br />

Gráfi co 1-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição<br />

entre período. Conforme a escala de percepção de esforço (OMNI<br />

- Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela<br />

atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual<br />

de diminuição entre os períodos.<br />

Desta forma, ao observarmos as correlações (r) neste período,<br />

elas variaram entre 0,75 a 0,96. Como já era esperado<br />

que neste período o valor de (r) tivesse uma correlação maior,<br />

comparado com o período anterior.<br />

Contudo, ao examinarmos o percentual de diminuição<br />

tempo dependente no gráfi co 2-A versus os gráfi cos 2-B<br />

e 2-E, verifi camos que o gráfi co 2-A relata um aumento<br />

no pós-<strong>exercício</strong> versus 24 horas de (218,3 ± 39,0/724,4<br />

± 281,8, alta de 232%), sendo divergente dos dados apresentados<br />

nos demais gráfi cos que mostram uma tendência<br />

à recuperação do grupo experimental. Gráfi co 2-B (média<br />

da PSD 6,14/4,57, queda de 26%), gráfi co 2-E, (média da<br />

PSE 7,00/5,14, queda de 27%). Nota-se um dado relevante<br />

entre os gráfi cos 2-B e 2-E que apresentam um percentual<br />

de queda similar.<br />

No entanto, ao examinarmos os valores do pós-<strong>exercício</strong><br />

versus 48 horas, os gráficos apresentaram diferentes<br />

percentuais de queda, onde o grupo experimental<br />

apresentou no gráfico 2-A (218,3 ± 39,0/703,0 ± 113,6,<br />

queda de 222%), gráfico 2-B (média da PSD 6,14/4,14,<br />

queda de 33%), gráfico 2-E (média da PSE 7,00/5,86,<br />

queda de 16%).<br />

Entretanto, após as 48 horas, alguns gráfi cos relatam<br />

um comportamento semelhante de recuperação, onde o<br />

gráfi co 2-A apresenta (218,3 ± 39,0/550,9 ± 229,8, queda<br />

de 152%), gráfi co 2-B (média da PSD 6,14/1,5, queda de<br />

76%), gráfi co 2-E, (média da PSE 7,00/2,00, queda de<br />

71%). Mostrando com isto uma total recuperação do grupo<br />

experimental através das escalas testadas, de 100% após 96<br />

horas. Das análises feitas direta e indiretamente, observamos<br />

que houve uma tendência à recuperação do grupo em todas<br />

as escalas testadas.


18<br />

Gráfi co 2-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK)<br />

apresentada pelo grupo vs. diminuição tempo dependente. Barra<br />

azul atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha<br />

percentual de diminuição tempo dependente.<br />

Gráfi co 2-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição<br />

tempo dependente, conforme a escala de percepção de dor (categoryratio-CR10)<br />

de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala<br />

de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição tempo<br />

dependente.<br />

Gráfi co 2-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição<br />

tempo dependente, conforme a escala de percepção de esforço (OMNI<br />

- Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela<br />

atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual<br />

de diminuição tempo dependente.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Discussão<br />

Os resultados deste estudo demonstram que o maior pico<br />

de dor relatado pelo grupo experimental, através da análise<br />

da escala de percepção de dor, não é coerente como o pico de<br />

dor relatado pela escala da creatina quinase (CK). Entretanto,<br />

é importante notar que houve uma recuperação do grupo<br />

experimental tanto na escala de dor e esforço testada como<br />

na análise da creatina quinase (CK).<br />

Baseado nas informações citadas acima, observa-se que o<br />

processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de<br />

declínios ao longo dos anos, e que estes declínios ocorrem em<br />

todos os indivíduos, porém nem todas as variáveis declinam<br />

em um mesmo ritmo.<br />

Conforme relatado por Heath, Nóbrega e McArdle<br />

[8,9,41], à medida que envelhecemos há um menor fl uxo<br />

sangüíneo aos músculos ativos e uma redução na relação<br />

entre capilares e fi bras musculares, o qual limita o transporte<br />

de oxigênio e nutrientes aos músculos em atividade,<br />

causando um aumento da resistência vascular periférica.<br />

Sherphar [25] acrescenta que a diminuição no transporte<br />

de oxigênio pode não preencher a demanda muscular<br />

durante um trabalho muscular: “Se a oferta de oxigênio é<br />

insufi ciente para preencher a demanda metabólica, o trabalho<br />

deverá ser realizado anaerobicamente e o indivíduo<br />

entrará em fadiga”.<br />

Podemos verifi car em estudo realizado por Frontera et al.<br />

[20] uma diferença entre as fi bras, onde as fi bras do tipo II<br />

sofrem alterações na área de secção transversa e as fi bras do<br />

tipo I sofrem uma redução na capilarização, comprometendo,<br />

assim, a resistência do músculo. Sabe-se que as fi bras do tipo<br />

I têm uma elevada relação capilar/fi bra muscular quando<br />

comparadas com as fi bras do tipo II.<br />

Com isto, podemos supor que mesmo o grupo experimental<br />

sendo recreacionalmente treinado, associado às alterações<br />

decorrente do processo de envelhecimento, possa ter<br />

confundido o pico de dor relatado, logo após o treinamento,<br />

com a fadiga muscular localizada ou dor muscular aguda<br />

do treinamento, que pode ter sido causada por: depleção<br />

das reservas de ATP-CP, depleção das reservas de glicogênio<br />

muscular pelo acúmulo de ácido lático, infl uência dos íons de<br />

cálcio ou hipóxia tecidual (falta de oxigenação da musculatura)<br />

e não a dor muscular crônica do treinamento, ou seja, a dor<br />

muscular tardia.<br />

A hipótese da fadiga muscular localizada é confi rmada<br />

por Pincivero et al. [42] que ressalta que a infl uência da<br />

fadiga muscular pode fornecer um escore maior do esforço<br />

percebido em dado nível de força com contrações musculares<br />

mais prolongadas. Natal et al. [45] confi rmam este dado, pois,<br />

segundo os autores, a fadiga pode alterar o bom funcionamento<br />

muscular.<br />

Uma outra hipótese a ser considerada seria o mecanismo<br />

de retro-alimentação positiva feedback-feedforward proposto<br />

por Cafarelli [43]. Segundo o autor, uma cópia do comando


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

gerado no córtex motor é transmitido simultaneamente<br />

do córtex somatosensório fornecendo uma origem central<br />

do esforço percebido. Entretanto, a infl uência da fadiga<br />

muscular pode ter fornecido uma falha no nervo motor na<br />

junção neuromuscular, onde este pode apresentar um escore<br />

signifi cativamente maior de esforço percebido.<br />

Com relação a este dado, sabemos também que o processo<br />

de envelhecimento é acompanhado por alterações no processo<br />

neurogênico. Segundo Lexel et al. [17], após os 60 anos, os<br />

músculos passam por um processo contínuo de desnervação<br />

e reinervação devido a uma redução no funcionamento das<br />

unidades motoras e perda de neurônios motores alfa da medula<br />

espinhal.<br />

No entanto, a literatura apresenta poucos estudos com<br />

relação aos mecanismos de reparo muscular e envelhecimento.<br />

Dos estudos analisados na literatura consultada, nota-se que<br />

não foram encontradas diferenças signifi cativas em resposta<br />

ao aumento no número de leucócitos e citosinas circulantes<br />

em idosos e jovens, isto é, constatado através de um estudo<br />

realizado por Toft [44], em 10 indivíduos jovens e 10 indivíduos<br />

idosos, fi sicamente ativos, com idade média de 24 e 69<br />

anos respectivamente, que foram submetidos a um protocolo<br />

de treinamento excêntrico de 60 min em ciclo ergômetro.<br />

Foram obtidas amostras sangüíneas de IL-6, TNF-α, sTNF-<br />

R1, IL-1ra, TGF-b1 e creatina quinase (CK), imediatamente<br />

após o <strong>exercício</strong> e a cada hora seguindo 4 horas e 1, 2 e 5 dias<br />

após o <strong>exercício</strong>. Das amostras realizadas pelo estudo, somente<br />

analisamos a creatina quinase (CK). O estudo mostrou um<br />

aumento da creatina quinase (CK) para ambos os grupos,<br />

chegando a um pico 5 dias após o <strong>exercício</strong>, entretanto o<br />

aumento mais pronunciado foi nos jovens.<br />

Por outro lado, Stupka et al. [32] estudaram os efeitos do<br />

<strong>exercício</strong> excêntrico em 8 homens e 8 mulheres utilizando<br />

<strong>exercício</strong>s de leg press e extensão de joelho unilateral. As<br />

amostras sangüíneas foram coletadas pré-<strong>exercício</strong> 24, 48<br />

horas e 6 dias após o treinamento e uma biópsia muscular no<br />

músculo vasto lateral da perna <strong>exercício</strong> versus controle após<br />

48 horas para avaliar o dano muscular. Os marcadores bioquímicos<br />

utilizados neste estudo foram contagem plasmática<br />

de granulócitos pré e 48 horas após o <strong>exercício</strong> e atividade da<br />

creatina quinase (CK). Os autores constataram que a contagem<br />

plasmática de granulócitos aumentou para os homens,<br />

e não mudou para as mulheres em 48 após o <strong>exercício</strong>. A<br />

atividade da creatina quinase (CK) aumentou para ambos os<br />

grupos em 48 horas e 6 dias, porém as mulheres apresentaram<br />

valores mais baixos comparados com os homens. Não houve<br />

diferenças signifi cativas na área de desordem nos danos miofi<br />

brilares focal e extensivo entre os grupos através da biópsia<br />

muscular. Com base nestes dados, os autores destacaram<br />

que esta resposta apresentada pelas mulheres poderia estar<br />

relacionada com as propriedades antioxidantes do hormônio<br />

17b-estradiol.<br />

Baseado nas informações citadas acima, nota-se que o pico<br />

de creatina quinase (CK) apresentado nos estudos de Toft [44]<br />

19<br />

foi 5 dias após o <strong>exercício</strong>, e no trabalho de Stupka et al. [32]<br />

foi 6 dias após o <strong>exercício</strong>. Divergente do pico alcançado no<br />

presente estudo que ocorreu 24 horas após o <strong>exercício</strong>. Além<br />

disso, Toft [44] cita, em seu estudo, que a idade pode estar<br />

associada com mecanismos de reparo prejudicados para o<br />

dano muscular induzido pelo <strong>exercício</strong>; que o processo de<br />

envelhecimento apresenta níveis aumentados de marcadores<br />

bioquímicos de lesão muscular aumentados em repouso<br />

como, por exemplo, IL-6, TNF e sTNF-R1, concentração<br />

de neutrófi los mais alta e que as células mononucleares nos<br />

idosos têm uma capacidade prejudicada em produzir citosinas<br />

pró-infl amatórias.<br />

Em contrapartida, observa-se que o <strong>exercício</strong> intenso<br />

comparado ao <strong>exercício</strong> moderado induz a um aumento nos<br />

níveis de citocina e interleucina, e não apenas estes marcadores<br />

bioquímicos. Segundo Pedersen [46], as concentrações<br />

de TNF-α, Il-6, IL-1 e IL-1ra aumentam em resposta ao<br />

<strong>exercício</strong> vigoroso. Desta forma, o autor menciona que o<br />

treinamento regular promove uma resistência às infecções do<br />

aparelho respiratório superior. De acordo com a teoria imune<br />

é esperado que o <strong>exercício</strong> moderado aumente a resistência<br />

às infecções, ao passo que o <strong>exercício</strong> vigoroso está ligado ao<br />

aumento de infecções de vias aéreas superiores, enfraquecimento<br />

do sistema imune e infl amação aumentada.<br />

Conclusão<br />

Concluímos que houve uma tendência à recuperação<br />

do grupo tanto na análise da creatina quinase (CK) como<br />

nas respectivas escalas testadas. Assim, podemos assumir que<br />

as escalas testadas podem ser usadas como uma ferramenta<br />

válida para prescrever o tempo de recuperação em idosos<br />

fi sicamente ativos.<br />

Consideramos de vital importância, a participação de idosos<br />

em programas regulares de atividade física, principalmente<br />

em <strong>exercício</strong>s com peso, reduzindo, assim, a progressão de<br />

doenças crônico-degenerativas evitando o sedentarismo.<br />

Entretanto, de acordo com a teoria imune, é esperado que<br />

os <strong>exercício</strong>s realizados, de forma moderada, aumentem não<br />

só a resistência às infecções do aparelho respiratório superior,<br />

mas tentem minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas<br />

pelo processo de envelhecimento.<br />

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22<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Relação entre obesidade e hábitos de vida<br />

em escolares da rede pública e privada da cidade<br />

de Santa Rosa - RS<br />

Relationship between students life habits and obesity in public and<br />

private schools of Santa Rosa - RS<br />

Warley Gomes de Carvalho*, Telmo Tomasi*, Ricardo Silva Dable*, Francisco Luciano Pontes Junior**,<br />

Marcos Doederlein Polito***<br />

*Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, ** Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama<br />

Filho, UNIFMU, ***Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, Universidade Estadual de Londrina – Departamento<br />

de Educação Física<br />

Resumo<br />

O objetivo do presente estudo foi relacionar os hábitos de vida<br />

de escolares com a obesidade. Participaram 314 adolescentes e préadolescentes,<br />

com idades entre 10 e 17 anos, sendo 156 do sexo<br />

feminino e 158 do sexo masculino, matriculados no ensino fundamental<br />

em escolares de quatro escolas de Santa Rosa (RS) sendo duas<br />

da rede pública e duas da rede privada. A pesquisa utilizou como<br />

instrumentos a medida do índice de massa corporal (IMC) e um<br />

questionário estruturado sobre hábitos de vida. Para a realização dos<br />

cálculos estatísticos, foi utilizado o teste qui-quadrado, para testar<br />

a distribuição de freqüências. Do total de alunos, 231 (73,6%)<br />

foram classifi cados como tendo IMC normal e 83 (26,4%) como<br />

tendo IMC apresentando sobrepeso. Não foi encontrada diferença<br />

estatisticamente signifi cante entre as escolas em relação a ver TV (p<br />

= 0,37), lazer fora de casa (p = 0,46) e IMC (p = 0,14). Por outro<br />

lado, encontrou-se diferença estatisticamente signifi cante entre as<br />

escolas no tempo destinado ao videogame (p = 0,02) e à prática de<br />

atividades físicas sistematizadas (p = 0,01), sendo maior nas escoladas<br />

da rede privada. Considerada isoladamente, a prática de atividades<br />

físicas pelos alunos das escolas particulares não é um fator sufi ciente<br />

de controle do sobrepeso ou da obesidade.<br />

Palavras-chave: sobrepeso, atividade física, sedentarismo.<br />

Abstract<br />

Th e purpose of the present study was to relate students life habits<br />

to obesity. Th e sample was composed by 314 adolescents and preadolescents,<br />

10 to 17 years old, with 156 females and 158 males,<br />

enrolled on elementary education in four schools in Santa Rosa, RS<br />

– two public and two private schools. Research methods included<br />

the use of Body Mass Index (BMI) and a structured questionnaire<br />

about life habits. Chi-square test was used to check frequencies<br />

distribution. Over the whole sample, 231 students (73.6%) showed<br />

normal values of BMI and 83 (26.4%) showed a BMI classifi cation<br />

of overweight. Th ere were no statistical diff erences between schools<br />

in regard to TV viewing (p = 0.37), outside home leisure (p = 0.46)<br />

and BMI (p = 0.14). On the other hand, there were signifi cant<br />

diff erences between schools when comparing time dedicated to<br />

videogame (p = 0.02) and to systematic physical activities (p = 0.01),<br />

with private school showing higher scores. Considered separately,<br />

physical activity practice carried out by private school students is<br />

not a suffi cient controle parameter of overweight or obesity.<br />

Key-words: overweight, physical activity, sedentary.<br />

Recebido em 20 de setembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Warley Gomes de Carvalho, Rua das Petúnias, 227, Ouro Verde 98900-000 Santa Rosa RS, E-mail:<br />

warleygomes@yahoo.com.br


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Introdução<br />

Atualmente, o número de crianças e adolescentes obesos<br />

aumentou consideravelmente. Nos Estados Unidos, por<br />

exemplo, ocorreu um aumento signifi cativo do peso corporal<br />

das crianças principalmente após os anos 80 [1,2]. Esse<br />

dado é preocupante, pois é sabido que a maioria dos jovens<br />

obesos tende a permanecer assim na fase adulta [3,4]. Estudos<br />

da Haward Growth evidenciaram que 52% dos indivíduos<br />

que apresentavam excesso de peso, quando adolescentes,<br />

permaneceram neste estado 55 anos após o estudo [5,6].<br />

Além disso, evidências apontam que 60% das crianças com<br />

sobrepeso têm ao menos um fator de risco adicional para<br />

doenças cardiovasculares e mais de 20% têm dois ou mais<br />

fatores de risco [7].<br />

No Brasil, comparando os dados do Estudo Nacional<br />

da Defesa Familiar, realizado em 1974-75, com os dados<br />

de Pesquisas sobre Padrões de Vida, realizadas em 1996-<br />

97, somente nas regiões sudeste e nordeste verifi cou-se um<br />

aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1%<br />

para 13,9% em crianças e adolescentes com idades entre 6 e<br />

18 anos [8]. Outros dados referentes às crianças brasileiras,<br />

levantados, em 1989, pelo Instituto Nacional de Alimentação<br />

e Nutrição e pelo Programa Nacional de Saúde e Nutrição,<br />

apontam que cerca de um milhão e meio de crianças são obesas,<br />

com mais prevalência nas meninas e nas áreas de maior<br />

desenvolvimento [9].<br />

A obesidade em crianças e adultos não decorre somente<br />

em função da ingestão excessiva de nutrientes, mas também<br />

pelo decréscimo na atividade física [7,9]. Um estudo verifi cou<br />

um aumento no índice de massa corporal (IMC) em meninas<br />

e meninos que destinavam muito tempo à televisão e ao videogame,<br />

além de não possuírem o hábito regular de praticar<br />

atividades físicas [10]. Dessa forma, o lazer sedentário pode<br />

ser relevante para aumentar as chances de obesidade infantil.<br />

No entanto, ainda é preciso mais investimento da pesquisa<br />

nos fatores que podem ser intervenientes na obesidade de<br />

crianças e jovens, principalmente quanto se verifi ca a relação<br />

com o esforço físico.<br />

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo verifi -<br />

car os escolares da rede pública e privada da cidade de Santa<br />

Rosa, relacionando os hábitos de vida com a obesidade.<br />

Materiais e métodos<br />

A amostra do estudo constou de 314 adolescentes e préadolescentes<br />

com idades entre 10 e 17 anos, de ambos os<br />

sexos, matriculados no ensino fundamental de quatro escolas<br />

da cidade de Santa Rosa (RS), sendo duas da rede pública e<br />

duas da rede privada (Tabela I).<br />

Tabela I - Distribuição da amostra.<br />

Escola Escola Total<br />

pública privada<br />

Masculino 73 (42,7%) 85 (59,4%) 158 (49,7%)<br />

Feminino 98 (57,3%) 58 (40,6%) 156 (50,3%)<br />

Total 171 (54,5%) 143 (45,5%)<br />

23<br />

A escolha das escolas deu-se de forma aleatória. Foram<br />

selecionados, nas escolas, alunos que freqüentavam o ensino<br />

fundamental e tinham idades entre 10 e 17 anos. O pesquisador<br />

visitou todas as turmas selecionadas, para explicar os<br />

objetivos e procedimentos da pesquisa. Em seguida, entregou<br />

aos alunos termo de autorização para assinatura do responsável,<br />

permitindo sua participação na pesquisa.<br />

Inicialmente, foi entregue um questionário sobre hábitos<br />

de vida, validado pelo Projeto Desporto da Universidade<br />

Federal do Rio Grande do Sul. O questionário foi composto<br />

por questões de múltipla escolha, divididas em 5 categorias:<br />

indicadores sócio-econômicos, indicadores de hábitos de vida,<br />

indicadores da cultura esportiva, indicadores de atividades<br />

culturais e indicadores de prática esportiva sistematizada. Na<br />

presente pesquisa, foram utilizados apenas os dados referentes<br />

aos indicadores de hábitos de vida, de cultura esportiva e<br />

prática esportiva sistematizada.<br />

No dia seguinte, após a entrega dos questionários, foram<br />

realizadas as medidas de peso e altura, através de uma balança<br />

com estadiômetro (Welmy®, Brasil) com precisão de 1 g e 1<br />

cm, respectivamente. Todas as medidas foram feitas com os<br />

adolescentes descalços e com o mínimo de roupa possível. A<br />

aferição da altura deu-se com os mesmos em posição anatômica,<br />

com calcanhares unidos, e cabeça erguida. A pesagem<br />

e medição dos adolescentes foram realizadas pelo próprio<br />

pesquisador. Para classifi cação do IMC, foram criadas três<br />

categorias: peso normal, sobrepeso e obesidade, utilizando<br />

para classifi cação o IMC por idade [11].<br />

Para análise dos questionários foram criadas as seguintes<br />

categorias: lazer doméstico, lazer fora de casa e prática<br />

sistematizada de <strong>exercício</strong>s (PSE). Dentro da categoria lazer<br />

doméstico, foi criada uma subcategoria, dividindo-a em<br />

assistir TV e jogar videogame. Para quantifi car os valores foi<br />

criada uma escala de 1 a 3 na categoria lazer doméstico, onde<br />

1 correspondia a resposta Nunca, 2 a resposta Muito Pouco<br />

e 3 a resposta Muitas Vezes; a categoria lazer fora de casa, foi<br />

divida em Ativo e Pouco Ativo e a categoria PSE foi dividida<br />

em Praticante e Não Praticante.<br />

Para a realização dos cálculos estatísticos, foi utilizado o<br />

teste qui-quadrado, para testar a distribuição de freqüências<br />

em relação ao tipo de escola e presença de obesidade em<br />

relação ao sexo, idade, peso, altura, IMC, prática de atividades<br />

físicas de lazer, atividades físicas sistematizadas e tempo<br />

destinado à TV e ao videogame. O valor do IMC entre as<br />

escolas e o sexo foi analisado pela ANOVA de duas entradas.<br />

Os dados foram considerados estatisticamente signifi cantes<br />

para p < 0,05.


24<br />

Resultados<br />

Na Tabela II, observam-se os valores e a classifi cação do<br />

IMC dos alunos das escolas públicas e particulares. Não foram<br />

identifi cadas diferenças entre os valores do IMC quando<br />

comparadas as escolas e os sexos.<br />

Tabela II - Classifi cação do IMC da amostra das escolas públicas<br />

e particulares.<br />

Escolas Sexo Sujeitos IMC IMC so-<br />

normal brepeso<br />

Públicas Feminino 98 74 24<br />

Masculino 73 46 27<br />

Particulares Feminino 58 50 8<br />

Masculino 85 61 24<br />

Total<br />

IMC: índice de massa corporal<br />

314 231 83<br />

A Tabela III mostra as respostas dos adolescentes das escolas<br />

públicas e particulares em relação às variáveis. Para isso, foram<br />

comparadas as respostas dos adolescentes de ambas as escolas com<br />

as variáveis: lazer doméstico (ver TV, jogar videogame), lazer fora<br />

de casa, PSE e IMC. Não foi encontrada diferença estatisticamente<br />

signifi cante entre as escolas em relação a ver TV, lazer fora de<br />

casa e IMC. Encontrou-se diferença estatisticamente signifi cante<br />

entre as escolas, no que diz respeito à quantidade de vezes em<br />

que os alunos jogam videogame e a PSE, sendo que, em ambas,<br />

há predomínio dos alunos das escolas particulares.<br />

Tabela III - Respostas dos adolescentes das escolas públicas e particulares<br />

versus as variáveis estudadas.<br />

Variáveis comparadas DF Valor* p<br />

Escolas X ver TV 2 1,9819 0,3712<br />

Escolas x jogar videogame 2 7,7158 0,0211<br />

Escolas x lazer fora de casa 2 210,2625 0,4554<br />

Escolas x PSE 1 6,6032 0,0102<br />

Escolas x IMC<br />

*Valor teste Qui-quadrado<br />

1 2,2209 0,1362<br />

PSE: prática sistematizada de <strong>exercício</strong>s; IMC: índice de massa corporal;<br />

DF: desvio de freqüência.<br />

A Tabela IV apresenta as diferenças entre os sexos em relação<br />

às variáveis, sendo as respostas analisadas separadamente<br />

por rede de ensino. Analisou-se dentro das escolas, a relação<br />

do sexo com as variáveis já citadas. Nas escolas públicas não<br />

se verifi cou diferença estatisticamente signifi cante entre as<br />

respostas de ambos os sexos nas variáveis ver TV, PSE e IMC.<br />

As variáveis jogar videogame e lazer fora de casa são muito<br />

mais praticadas pelo sexo masculino. Nas escolas particulares<br />

houve diferença estatisticamente signifi cativa, nas variáveis jogar<br />

videogame, PSE com maior freqüência no sexo masculino,<br />

e IMC com valores mais altos também nesse sexo. Não foi<br />

encontrada diferença estatisticamente signifi cante em relação<br />

às demais variáveis nas escolas particulares.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Tabela IV - Comparação entre os sexos e as variáveis estudadas em<br />

relação às escolas.<br />

Variáveis<br />

comparadas<br />

Sexo x ver<br />

TV<br />

Sexo x jogar<br />

vídeo-game<br />

Sexo x lazer<br />

fora de casa<br />

Escolas Públicas Escolas Particulares<br />

DF Valor* p DF Valor* p<br />

2 0,8371 0,6580 2 1,7100 0,4253<br />

2 17,5888 0,0002 2 31,5023 0,0001<br />

1 6,4990 0,0108 1 0,2089 0,6476<br />

Sexo x PSE 1 1,7009 0,1922 1 6,0537 0,0139<br />

Sexo x IMC 1 3,1216 0,0773 1 4,1398 0,0419<br />

*Valor Teste Qui-quadrado<br />

PSE: prática sistematizada de <strong>exercício</strong>s; IMC: índice de massa corporal;<br />

DF: desvio de freqüência.<br />

Na Tabela V é possível visualizar as respostas dos indivíduos<br />

de cada sexo separadamente, comparando a rede de ensino a<br />

qual pertencem em relação às variáveis estudadas. Para verifi car<br />

diferenças nas respostas de cada sexo entre as escolas, comparouse<br />

as respostas do sexo masculino e feminino separadamente, em<br />

relação às variáveis, dentro de cada escola. No sexo feminino,<br />

não se encontrou diferença estatisticamente signifi cante nas<br />

respostas entre as escolas. Já no sexo masculino, houve diferença<br />

signifi cativa estatisticamente em relação às variáveis uso de<br />

videogame e PSE, com predomínio dos meninos das escolas<br />

particulares, e lazer fora de casa, com predomínio dos meninos<br />

das escolas públicas. Não se encontrou diferença signifi cante<br />

nas respostas relacionadas às demais variáveis.<br />

Tabela V - Comparação entre os sexos das escolas públicas e particulares<br />

em relação às variáveis estudadas.<br />

Variáveis<br />

comparadas<br />

Escolas X<br />

ver TV<br />

Escolas x<br />

jogar vídeo-game<br />

Escolas x<br />

lazer fora<br />

de casa<br />

Escolas x<br />

PSE<br />

Escolas x<br />

IMC<br />

Sexo feminino Sexo masculino<br />

DF Valor* p DF Valor* p<br />

2 1,9807 0,3714 1 0,4000 0,5271<br />

2 0,2684 0,8744 2 6,1654 0,0458<br />

2 101,7678 0,4507 2 117,3306 0,0281<br />

1 0,7726 0,3794 1 5,0172 0,0251<br />

1 2,5569 0,1098 1 1,3758 0,2408<br />

*Valor Teste Qui-quadrado<br />

PSE: prática sistematizada de <strong>exercício</strong>s; IMC: índice de massa corporal;<br />

DF: desvio de freqüência.<br />

Já a Tabela IV mostra o resultado do cruzamento do<br />

IMC com as variáveis ver TV, uso de videogame, lazer fora


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

de casa e PSE. Não foi visualizada diferença estatisticamente<br />

signifi cante em nenhum destes cruzamentos.<br />

Tabela VI - Comparação do IMC em relação às variáveis estudadas.<br />

Variáveis comparadas DF Valor* p<br />

IMC X ver TV 2 2,2634 0,3225<br />

IMC x jogar vídeo-game 2 1,5398 0,4631<br />

IMC x lazer fora de casa 1 3,4092 3,4092<br />

IMC x PSE<br />

*Valor Teste Qui-quadrado<br />

1 1,0085 0,3153<br />

PSE: prática sistematizada de <strong>exercício</strong>s; IMC: índice de massa corporal;<br />

DF: desvio de freqüência.<br />

Discussão<br />

Os resultados encontrados no presente estudo corroboram<br />

os resultados de outras pesquisas feitas em outras regiões do<br />

país. Os valores referentes ao número de crianças com sobrepeso<br />

foram semelhantes ao estudo de Balaban e Silva [12],<br />

em que a prevalência de sobrepeso observada entre alunos da<br />

mesma faixa etária em Recife foi de 26,2%, o que concorda<br />

com o valor encontrado nesse estudo (26,4%).<br />

Quando foram comparadas as respostas dos adolescentes<br />

de ambas as escolas foram encontradas diferenças signifi cativas<br />

no tempo destinado a jogar videogame e a PSE, ambos com<br />

predomínio dos alunos das escolas particulares. Tal fato pode<br />

se dar devido ao maior poder aquisitivo desses alunos, que<br />

possibilita um maior acesso a jogos eletrônicos e a um maior<br />

número de atividades físicas, que podem ser oferecidas pelas<br />

próprias escolas particulares. O fato de muitos estudantes<br />

destinarem grande parte de seu tempo a jogar videogame é<br />

preocupante, pois estudos realizados por Berkey et al. [10]<br />

mostram que o tempo gasto em assistir TV e jogar videogame<br />

contribui para uma diminuição dos gastos calóricos diários.<br />

No entanto, é possível que o fato de estes mesmos estudantes<br />

realizarem uma PSE maior que os seus pares das escolas públicas<br />

equilibre o gasto calórico dos mesmos, tanto que não<br />

houve diferença estatisticamente signifi cante entre o IMC.<br />

No presente estudo, observou-se que nas escolas públicas<br />

não foi encontrada diferença signifi cativa entre os sexos no<br />

tempo destinado a ver TV. Porém, ao analisar os dados, observa-se<br />

que nas escolas públicas 65,5% dos estudantes assistiam<br />

televisão por um razoável período de tempo. Estudo realizado<br />

por Faith et al. [13] mostrou que o tempo gasto assistindo<br />

televisão está relacionado com a prevalência de obesidade.<br />

Tal estudo mostrou que as crianças que assistem menos de 1<br />

h diária de televisão possuem 10% de chance de se tornarem<br />

obesas, enquanto que o hábito de assistir TV por 3, 4 ou mais<br />

de 5 h diárias está associado a uma prevalência de obesidade<br />

de 25%, 27% e 35% respectivamente. Dietz e Gortmaker<br />

[14] também demonstraram uma relação casual entre TV<br />

e obesidade em adolescentes de 12-17 anos. Segundo esses<br />

autores, a prevalência de obesidade aumenta cerca de 2% a<br />

25<br />

cada hora adicional destinada à TV. Gortmaker et al. [15]<br />

demonstraram correlação entre o tempo gasto assistindo TV<br />

e obesidade, sugerindo que o risco de sobrepeso aumenta 4,6<br />

vezes em adolescentes de 10-15 anos que assistem mais de<br />

5 h/dia, comparados aos que assistem por até 2 h/dia. Ross<br />

[16] também encontrou correlação entre o tempo destinado<br />

a ver televisão e obesidade. Esse autor comenta que crianças<br />

entre 8-16 anos que assistem 4 h ou mais de televisão por dia<br />

tiveram um índice mais elevado de IMC em relação às que<br />

assistiam menos de 2 h/dia.<br />

No presente estudo, nas escolas públicas, foi encontrada<br />

diferença signifi cativa quanto ao tempo destinado a jogar<br />

videogame em relação aos sexos, sendo que os estudantes do<br />

sexo masculino passam maior tempo realizando essa atividade.<br />

Foi verifi cado que 15,2% jogavam muito videogame, sendo<br />

65,4% do sexo masculino. Esse fato pode se dar devido ao<br />

maior interesse pelos alunos do sexo masculino por jogos eletrônicos.<br />

Quanto ao lazer fora de casa, também foi encontrada<br />

diferença signifi cativa, sendo mais prevalente nos meninos.<br />

Berkey et al. [10], em estudo longitudinal, realizado nos Estados<br />

Unidos, com aproximadamente dez mil adolescentes,<br />

também verifi caram que as meninas possuíam hábitos menos<br />

ativos que os meninos.<br />

Nas escolas particulares, houve diferença signifi cante nas<br />

variáveis jogar videogame, PSE e IMC, com maior ocorrência<br />

no sexo masculino. Esses dados vão ao encontro dos achados<br />

de Giugliano e Carneiro [9]. Tais autores constataram que<br />

63,8% dos meninos mostraram praticar mais <strong>exercício</strong>s,<br />

contra 43,5% das meninas. No presente estudo, a maior<br />

prevalência de sobrepeso, no sexo masculino, concorda com a<br />

pesquisa realizada por Silva e Malina [17]. Nesse experimento,<br />

meninos também apresentaram maior índice de sobrepeso<br />

que as meninas. Segundo os autores, a maior prevalência<br />

de sobrepeso entre estudantes do sexo masculino do ensino<br />

particular, pode estar relacionado com um maior acesso à<br />

alimentação, refl exo de poder aquisitivo mais alto desses estudantes.<br />

Contudo, a menor prevalência de sobrepeso entre as<br />

estudantes do sexo feminino das escolas particulares poderia<br />

ser explicada pela utilização de dietas de emagrecimento,<br />

relativamente comum nesta faixa etária, embora não tenha<br />

sido motivo de análise no presente estudo.<br />

Em nossos resultados, o predomínio de sobrepeso entre<br />

os estudantes do sexo masculino das escolas particulares pode<br />

estar ligado ao tempo destinado a jogar videogame. Porém,<br />

a dúvida em relação a tal afi rmação ainda persiste, pois os<br />

estudantes também possuíram PSE maior que seus pares do<br />

sexo feminino.<br />

Quando comparamos as respostas separadamente entre as<br />

escolas de cada sexo, não foram encontradas diferenças signifi -<br />

cantes entre as respostas do sexo feminino, nem nos valores de<br />

IMC. Esse último dado vai contra os resultados encontrados<br />

no estudo de Farias Junior e Lopes [18], em que o índice de<br />

sobrepeso foi maior nas estudantes que pertenciam a escolas<br />

públicas. No entanto, embora não tenha sido encontrada


26<br />

diferença signifi cante no presente estudo, observou-se que<br />

13,9% das estudantes das escolas particulares apresentam<br />

sobrepeso, contra 24,5% das escolas públicas.<br />

Entre as escolas, o uso de vídeo game e a PSE podem estar<br />

relacionados ao maior poder aquisitivo dos alunos das escolas<br />

particulares, e ao fato de as escolas particulares oferecerem um<br />

maior número de atividades voltadas à prática de <strong>exercício</strong>s,<br />

respectivamente. Já na variável lazer fora de casa, também<br />

houve uma diferença estatisticamente signifi cante, sendo os<br />

meninos das escolas públicas os que possuem uma forma mais<br />

ativa nessa categoria. Provavelmente, o fato de os alunos das<br />

escolas públicas possuírem uma forma mais ativa de lazer fora<br />

de casa origina-se na falta de oportunidade em freqüentar<br />

clubes e o baixo número de atividades proporcionadas pelas<br />

escolas públicas.<br />

Quando houve o cruzamento do IMC com as demais<br />

variáveis, não foram encontrados valores signifi cativos. Este<br />

resultado mostra o quão difícil é estabelecer uma metodologia<br />

que torne possível relacionar a obesidade com os hábitos de<br />

vida, embora haja um consenso comum entre pesquisadores<br />

desta área no que diz respeito à existência dessa relação. Embora<br />

não tenha sido comprovada relação nesta pesquisa, isso<br />

não exclui alguns casos, no qual os hábitos de vida aparentam<br />

ser os responsáveis pela ocorrência de sobrepeso e obesidade.<br />

Este resultado sugere que a obesidade e o sobrepeso são uma<br />

soma de fatores que se correlacionam e, por esse motivo, são<br />

necessários estudos mais aprofundados que abordem todos<br />

esses fatores. No entanto, algumas limitações merecem destaques,<br />

como a ausência de controle sobre o hábito alimentar.<br />

Conclusão<br />

Os resultados obtidos indicaram que a prática de atividades<br />

físicas pelos alunos das escolas particulares não afetou seus<br />

níveis de sobrepeso ou obesidade. Essas condições parecem<br />

decorrer de um somatório de fatores que se correlacionam.<br />

Por isso, são necessários estudos mais aprofundados que<br />

os abordem em conjunto. No entanto, algumas variáveis<br />

potencialmente intervenientes merecem destaque, como a<br />

infl uência dos hábitos alimentares, que devem ser objeto de<br />

controle para delimitação dos efeitos da prática de atividades<br />

físicas no perfi l antropométrico dos escolares.<br />

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

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Rev Bras Ciênc Mov 2003;11:75-81.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Efeito da vibração mecânica nos resultados<br />

de testes de 1RM no <strong>exercício</strong> supino horizontal<br />

em adultos treinados<br />

Effect of mechanical vibration on the results of 1RM tests performed<br />

on bench press by trained adults<br />

Rafael T. Teixeira*, Natasha A. Lama * , João Pedro S. W. Castro**, Walace D. Monteiro***<br />

*Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), **Laboratório<br />

de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Escola de Educação Física<br />

e Desportos – Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-UFRJ), ***Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde,<br />

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física, Universidade<br />

Salgado de Oliveira (UNIVERSO)<br />

Resumo<br />

A possibilidade do uso da vibração como intervenção em <strong>exercício</strong>s<br />

é uma idéia relativamente recente. O objetivo do presente<br />

estudo foi avaliar o efeito do emprego da estimulação mecânica<br />

vibratória (EMV) no resultado do teste de 1RM no <strong>exercício</strong> supino<br />

horizontal em indivíduos treinados. Participaram do estudo<br />

14 homens com idades entre 20 e 30 anos (25,5 ± 2,6 anos), experientes<br />

no treinamento de força a pelo menos um ano. Antes do<br />

início do protocolo experimental os voluntários foram submetidos<br />

a um período de familiarização ao teste de 1RM. A coleta de dados<br />

foi realizada em quatro dias não consecutivos, nos quais dois dias<br />

destinaram-se a condução dos testes com vibração e dois aos testes<br />

sem vibração. A ordem de entrada dos sujeitos nos procedimentos<br />

foi alternada. A EMV foi realizada em uma plataforma vibratória<br />

durante um período de 20 segundos. Os parâmetros de vibração<br />

utilizados foram: 40 Hz de freqüência e 4-6 mm de amplitude. Em<br />

cada dia de teste realizaram-se três tentativas para verifi car a carga<br />

máxima obtida para 1RM. O maior valor apontado para cada pro-<br />

27<br />

cedimento foi usado para efeito de comparação das cargas obtidas<br />

com e sem vibração. A análise dos resultados foi feita através do<br />

teste t, adotando-se um nível de signifi cância de p < 0,05. Os resultados<br />

indicaram diferenças signifi cativas para os valores das cargas<br />

obtidas nos testes de 1RM precedidos da EMV (127,6 ± 15,3 kg e<br />

130,5 ± 15,4 kg com EMV). No entanto, o signifi cado real dessa<br />

diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o delta a ela<br />

associado não ultrapassou o erro técnico da medida. Em conclusão,<br />

ao menos no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego<br />

da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos testes de<br />

1RM no <strong>exercício</strong> supino horizontal em indivíduos experientes no<br />

treinamento de força. Em virtude das limitações impostas pela pouca<br />

variação da carga de 1RM, que no presente estudo permaneceu<br />

nos limites do erro da medida, novos estudos são necessários para<br />

ratifi cação desses resultados.<br />

Palavras-chaves: vibração mecânica, teste de 1RM, avaliação da<br />

força.<br />

Recebido em 5 de dezembro de 2006; aceito em 12 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Walace Monteiro, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do<br />

Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, Sala 8133, Bloco F, Maracanã, 20599-900 Rio de Janeiro RJ,<br />

E-mail: wdm@uerj.br


28<br />

Abstract<br />

Th e possibility of using vibration as an exercise intervention is<br />

a relatively recent idea. Th e purpose of the study was to evaluate<br />

the eff ect of the use of vibration based on results of 1RM tests<br />

performed on bench press by trained men. Fourteen subjects (25.5<br />

± 2,6 years-old) engaged in strength training for at least one year<br />

participated the study. Data was assessed in four diff erent days and<br />

two procedures were used: 1) tests preceded by vibration; 2) tests<br />

not preceded by vibration. Th e order of entrance of the individuals<br />

was alternated. Th e duration of the mechanical vibration stimulus<br />

was 20 seconds. Th e other parameters of vibration were 40 Hz of<br />

frequency and 4-6 mm of amplitude. Th e mechanical vibratory stimulation<br />

(MVS) was associated with the arm’s fl exion movement.<br />

Introdução<br />

A possibilidade do uso da estimulação mecânica vibratória<br />

(EMV) como intervenção em <strong>exercício</strong>s é uma idéia<br />

relativamente recente. Essa forma de intervenção vem sendo<br />

aplicada a atletas e não atletas, como proposta de se obter<br />

ganhos de força [1,2], potência [3,4], fl exibilidade [5,6],<br />

equilíbrio [7,8]. Além disso, a literatura tem demonstrado<br />

resultados promissores quanto à aplicação da EMV em idosos<br />

para aumentar a força, melhorar as habilidades funcionais e<br />

até mesmo aumentar a densidade mineral óssea [9].<br />

Estudos conduzidos por Armstrong et al. [10] já demonstravam<br />

aumentos na força de preensão manual quando a<br />

vibração era aplicada em homens saudáveis. Posteriormente,<br />

Bongiovanni e Hagbarth [11] aplicaram a vibração sobre<br />

os músculos e os tendões que fazem a dorsofl exão do tornozelo,<br />

encontrando aumentos na força de contração em<br />

esforços moderados. Mais recentemente, Roelants et al. [12]<br />

aplicaram, em uma amostra homogênea de 48 estudantes<br />

femininas destreinadas, <strong>exercício</strong>s de vibração que duraram<br />

até 20 minutos por sessão, obtendo ganhos signifi cativos<br />

na força isométrica de pernas. Dados interessantes também<br />

foram reportados pelo mesmo grupo de pesquisadores que<br />

verifi caram aumento signifi cativo na ativação dos músculos<br />

da coxa durante o treinamento sob vibração mecânica, através<br />

de eletromiografi a de superfície [12].<br />

Em adição aos aumentos na força, outros benefícios também<br />

têm sido constatados mediante o emprego da vibração.<br />

Por exemplo, ganhos na densidade mineral óssea foram<br />

observados por Verschueren et al. [9]. Esses pesquisadores<br />

compararam os efeitos do treinamento de vibração com o<br />

treinamento contra-resistência convencional, verifi cando<br />

ganhos signifi cativos na densidade óssea do quadril em mulheres<br />

pós-menopáusicas a favor do treinamento aplicado<br />

com auxílio da vibração. Resultados positivos também foram<br />

observados nos ganhos de equilíbrio e fl exibilidade mediante<br />

aplicação do treinamento com vibração [7,13].<br />

Apesar dos efeitos da vibração terem sido estudados em<br />

diversos contextos, até o presente momento, não foram<br />

investigados seus efeitos nos resultados dos testes específi cos<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Previous to the tests, the subjects executed 3 series of warm-up<br />

on the bench press. Th ree attempts were allowed to obtain the<br />

maximal workload. A 3 minutes interval was fi xed between the<br />

attempts. Th e highest value in both procedures was adapted to<br />

compare the 1RM with and without vibration, by means of the<br />

t-test (p < 0, 05). Th e results showed signifi cant diff erences for<br />

the tests without and with vibration, respectively (127,6 ± 15,3<br />

e 130,5 ± 15,42). In conclusion, the use of vibration may aff ect<br />

positively the results of 1RM tests performed on the bench press<br />

by trained subjects. Future studies should investigate the infl uence<br />

of vibration on results of 1RM tests in diff erent samples and<br />

muscular groups.<br />

Key-words: mechanical vibration, 1RM test, assessment of strength.<br />

de força. É possível que as cargas obtidas em testes de uma<br />

ou mais repetições máximas sejam afetadas pela aplicação da<br />

vibração. Em caso positivo, a vibração mecânica poderia ser<br />

usada para potencializar o desempenho agudo na força em<br />

atividades que requeiram dado número de repetições máximas.<br />

Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o<br />

efeito do emprego da EMV no resultado do teste de 1RM no<br />

<strong>exercício</strong> supino horizontal em homens treinados.<br />

Materiais e métodos<br />

Amostra<br />

Participaram do estudo 14 homens com idade entre<br />

20 e 30 anos (idade = 25,5 ± 2,6 anos, massa corporal =<br />

73,6 ± 9,5 kg, estatura = 173,5 ± 8,1 cm). Todos tinham<br />

experiência em treinamento de força por pelo menos um<br />

ano. Praticavam atividade física no mínimo três vezes por<br />

semana. Antes da coleta de dados, os voluntários responderam<br />

o questionário PAR-Q, anamnese direcionada à<br />

identifi cação das atividades físicas realizadas e assinaram<br />

um termo de consentimento pós-informado, conforme<br />

resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram<br />

excluídos do estudo os indivíduos que apresentassem problemas<br />

ósteomioarticulares que pudessem infl uenciar na<br />

realização dos <strong>exercício</strong>s propostos.<br />

Protocolo experimental<br />

O teste de 1RM foi realizado no <strong>exercício</strong> supino horizontal<br />

no aparelho Smith (Cybex® Strength System). Antes de<br />

cada teste, foram realizadas três séries de aquecimento no<br />

supino horizontal: 15 repetições a 20% da RM estimada no<br />

período de aplicação do estudo piloto, 8 repetições a 50% e<br />

3 repetições a 70%, sem intervalos entre as séries. (Adaptado<br />

de Weir, Wagner, Housh [14]). No estudo piloto os indivíduos<br />

foram submetidos a um período de familiarização<br />

ao teste de 1RM 1-2 semanas antes do início do protocolo<br />

experimental. Após o aquecimento, foi dado intervalo de


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

um minuto e meio antes do início do teste. Três tentativas<br />

foram estabelecidas como o número máximo para obtenção<br />

da carga [15]. Todos os pesos utilizados no estudo foram<br />

previamente aferidos em balança de precisão (Filizola ® -<br />

Personal). Os intervalos entre as tentativas do teste de 1RM<br />

foram fi xados em 3 minutos.<br />

Visando reduzir a margem de erro no teste de 1RM, foram<br />

adotadas as estratégias descritas por Monteiro et al. [16]. Instruções<br />

padronizadas foram fornecidas antes do teste, de modo<br />

que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolvia<br />

a coleta de dados. Os avaliadores motivaram os participantes<br />

através de estímulos verbais ao longo de todo o teste.<br />

Foram defi nidas as seguintes etapas de execução do <strong>exercício</strong>:<br />

posição inicial e desenvolvimento, esta última compreendendo<br />

as fases excêntrica e concêntrica da contração. Essas<br />

etapas são descritas a seguir: a) posição inicial: em decúbito<br />

dorsal, com os braços elevados e paralelos em extensão completa<br />

dos cotovelos e sustentando a barra com afastamento da<br />

pegada lateralmente a linha dos ombros, tronco em 90 graus<br />

com o braço, joelhos e quadris semifl exionados, com os pés<br />

sobre o apoio no próprio aparelho; b) desenvolvimento, fase<br />

excêntrica: descer com a barra até uma angulação de 90° entre<br />

braço e antebraço; fase concêntrica: realizou-se a extensão<br />

completa dos cotovelos e fl exão horizontal dos ombros.<br />

Cada teste de 1RM foi realizado com 48 horas de intervalo,<br />

totalizando 4 dias de coleta. Nesses dias foram adotados<br />

dois procedimentos: 1) testes com vibração; 2) testes sem<br />

vibração. A ordem de entrada dos sujeitos no primeiro procedimento<br />

de teste foi alternada. O maior valor apontado em<br />

cada procedimento foi usado para efeito de comparação das<br />

cargas obtidas com e sem vibração. Em caso de diferenças<br />

maiores que 5% entre os testes, os sujeitos deveriam realizar<br />

um novo teste [16]. Para evitar interferências nos resultados<br />

obtidos, não foi permitida a realização de <strong>exercício</strong>s de força<br />

para musculatura motora primária envolvida no supino horizontal<br />

nos intervalos entre os testes de RM.<br />

Estimulação mecânica vibratória<br />

O estímulo de vibração mecânica foi realizado na plataforma<br />

vibratória Power Plate – Next Generation (Power Plate<br />

®) durante 20 segundos. Os parâmetros de vibração utilizados<br />

foram: 40 Hz de freqüência e amplitude de 4-6 mm. A EMV<br />

foi associada ao movimento de fl exão de braços.<br />

A posição inicial para execução do <strong>exercício</strong> na plataforma<br />

foi em decúbito ventral, com as mãos apoiadas na plataforma<br />

paralelamente, tendo um afastamento lateral a partir da linha<br />

dos ombros, cotovelos estendidos, quadris fl exionados (90º<br />

entre tronco e coxa), joelhos fl exionados (90º entre coxa e<br />

perna) apoiados em um step; (Figura 1). Os indivíduos foram<br />

estimulados a realizar fl exões dos cotovelos até 90º (Figura 2)<br />

e retornar à posição inicial nos 20 segundos de EMV. O teste<br />

de RM foi realizado 1 minuto após o EMV.<br />

29<br />

Figura 1 - Posição inicial da execução do <strong>exercício</strong> na plataforma.<br />

Figura 2 - Desenvolvimento da execução do <strong>exercício</strong> na plataforma.<br />

Tratamento estatístico<br />

Para determinar o erro técnico da medida de 1RM na<br />

amostra, adotou-se a equação proposta por Hopkins [17].<br />

Para verifi car as diferenças nas cargas dos testes de 1RM nos<br />

procedimentos investigados, foi aplicado o teste t pareado,<br />

tendo sido adotado um nível de signifi cância de 5%. Todos<br />

os cálculos foram realizados através do programa Graphpad<br />

Prizma® (New York, EUA).<br />

Resultados<br />

O erro técnico da medida, determinado nas situações com<br />

e sem vibração mecânica, foi de 2 kg. A Figura 3 ilustra os<br />

dados referentes aos valores das cargas obtidas nos testes de<br />

1RM. Como se constata, os valores exibidos após a exposição à<br />

vibração foram signifi cativamente diferentes daqueles obtidos<br />

sem vibração, mas a variação entre eles situou-se dentro dos<br />

limites do erro da medida.


30<br />

Figura 3 - Valores referentes à média e erro padrão da medida de<br />

1RM obtidos com e sem o emprego da EMV.<br />

* diferença significativa (p < 0,05)<br />

Discussão<br />

Antes de iniciar a discussão dos dados obtidos no presente<br />

estudo, cabe destacar uma limitação que pode ter infl uenciado<br />

nos resultados. O teste de 1RM não foi realizado várias vezes<br />

para identifi car a maior carga obtida no <strong>exercício</strong> estudado.<br />

Desta forma, não se pode ter certeza que os valores obtidos<br />

não seriam maiores, ou mesmo mais reprodutíveis, caso novas<br />

tentativas fossem aplicadas. Apesar disso, nas duas tentativas<br />

conduzidas para obter a carga para 1RM com e sem EMV,<br />

não foram verifi cadas diferenças superiores a 5%. Na maior<br />

parte dos indivíduos estudados, inclusive, a carga foi a mesma,<br />

ou não variou em mais de 2% nos diferentes tentativas para<br />

obter 1RM nos testes. Apesar de alguns autores preconizarem<br />

que os testes de força devam ser aplicados por ao menos três<br />

vezes para serem identifi cadas a reprodutibilidade das cargas<br />

[15], tal aspecto pode variar bastante. Por exemplo, aspectos<br />

como a familiaridade do movimento, o grau de complexidade<br />

do <strong>exercício</strong> executado, o grupo muscular envolvido e o nível<br />

de treinamento do praticante podem afetar a reprodutibilidade<br />

dos testes de força. No presente estudo, os indivíduos<br />

tinham experiência no treinamento de força de pelo menos<br />

um ano, assim como familiaridade prévia no <strong>exercício</strong> escolhido.<br />

Talvez, por isso, os resultados do teste e reteste tenham<br />

sido próximos.<br />

Para organizar a discussão dos resultados optou-se por<br />

dividir o texto a seguir em duas vertentes. A primeira justifi ca<br />

as variáveis de vibração empregadas no estudo, enquanto a<br />

segunda discute os resultados propriamente obtidos. Quanto<br />

ao tempo de aplicação do estímulo vibratório, a literatura<br />

destaca que uma longa exposição à vibração pode reduzir<br />

a capacidade de geração de força do músculo [18]. Nesse<br />

estudo, os autores verifi caram que aproximadamente cinco<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

minutos de exposição à vibração seriam sufi cientes para<br />

induzir a fadiga. No que diz respeito à aplicação de testes de<br />

1RM, esse tempo seria inviável, tornando o procedimento<br />

pouco prático e demorado, além das possibilidades de<br />

fadiga serem aumentadas, interferindo negativamente nos<br />

resultados dos testes.<br />

Por outro lado, uma curta exposição à vibração seria capaz<br />

de aumentar o subseqüente esforço de contração voluntária.<br />

Por exemplo, Torvinen et al. [7] avaliaram o desempenho<br />

muscular de 16 indivíduos destreinados, após submetê-los<br />

a quatro minutos de estímulo de vibração. Os autores verifi<br />

caram um aumento signifi cativo (p = 0,02) na força de<br />

extensão isométrica de membros inferiores. O mesmo não<br />

ocorreu quando os indivíduos receberam um falso estímulo<br />

vibratório. Considerando que não existem estudos que<br />

apontaram o tempo ótimo de exposição à vibração sem que<br />

seja instalada a fadiga, optou-se por utilizar um tempo de<br />

aplicação do estímulo vibratório de 20 segundos. Contudo,<br />

não se sabe até que ponto outros tempos de estímulo poderiam<br />

repercutir positiva ou negativamente nos resultados dos<br />

testes de 1RM. Uma estratégia para estudos futuros do efeito<br />

da vibração em testes ou no treinamento de força reside na<br />

investigação de diferentes tempos de aplicação do estímulo nos<br />

resultados. Nesse sentido, parece-nos interessante investigar<br />

a infl uência de tempos de aplicação do estímulo a partir de<br />

20 segundos.<br />

Outro aspecto a ser discutido diz respeito ao tempo de intervalo<br />

entre a aplicação do estímulo e o início do teste. Alguns<br />

investigadores destacam que os benefícios obtidos mediante<br />

aplicação da vibração podem desaparecer após um período<br />

longo de intervalo [7]. No presente estudo, para eliminar o<br />

possível efeito da redução das respostas neurofi siológicas da<br />

vibração, optou-se por realizar o teste de 1RM imediatamente<br />

após a aplicação do estímulo vibratório.<br />

Os parâmetros vibracionais de freqüência e amplitude<br />

também podem infl uenciar nos resultados obtidos com o<br />

TVM. Segundo a literatura, essa faixa pode variar de 15 a 44<br />

Hz para freqüência e de 3 a 10 mm para a amplitude [19].<br />

Nesse estudo optou-se por usar uma freqüência de 40 Hz e<br />

uma amplitude de 4 a 6 mm, dentro da faixa citada.<br />

Os resultados do presente estudo indicaram um aumento<br />

agudo signifi cativo na carga avaliada pelo teste de 1RM,<br />

quando precedido da EMV. No entanto, o signifi cado real<br />

dessa diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o<br />

delta a ela associado não ultrapassou o erro técnico da medida.<br />

Em outras palavras, o fato de haver diferença estatística não<br />

signifi ca que a EMV aumentou realmente a carga máxima<br />

dos sujeitos, se a hipótese de erro de medida é levada em<br />

conta. De qualquer forma, nota-se que, dos 14 indivíduos<br />

investigados, apenas um obteve diminuição do resultado no<br />

teste de 1RM, quando precedido de EMV. Dois indivíduos<br />

não apresentaram diferenças nos resultados, enquanto os<br />

demais obtiveram aumentos nas cargas do teste, variando<br />

numa faixa de 2 a 8 kg.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Esses dados sugerem que a aplicação do estímulo vibratório<br />

pode vir a ser uma estratégia útil para maximizar<br />

os resultados obtidos em testes de força. É possível, ainda,<br />

que as informações obtidas no presente estudo possam ser<br />

extrapoladas para situações de treinamento: já que houve<br />

infl uência do emprego da EMV nos resultados dos testes<br />

de 1RM, em situações envolvendo várias repetições, como<br />

em uma sessão habitual de treinamento, o mesmo pode<br />

ocorrer. Estudos adicionais são necessários para confi rmar<br />

essa possibilidade.<br />

Embora não existam informações consistentes sobre os<br />

mecanismos fi siológicos responsáveis pelo aumento agudo da<br />

força muscular depois da EMV, acredita-se que possam estar<br />

relacionados a um aumento no sincronismo de unidades motoras,<br />

ou ainda, com um aumento da sensibilidade do refl exo<br />

de estiramento. Além disso, a vibração parece inibir a ativação<br />

dos músculos antagonistas através de neurônios inibitórios Ia<br />

[19]. Estudos mais recentes têm demonstrado que a vibração<br />

produz uma maior coativação agonista-antagonista tanto<br />

durante [20,21] quanto depois de aplicada [22].<br />

É também importante considerar a infl uência da estimulação<br />

vibratória no comando motor central, particularmente nas<br />

unidades motoras mais rápidas [23], para o que concorreria<br />

uma intensifi cação do estado excitatório da área somatosensória.<br />

Essa excitação, somada a um aumento do refl exo de<br />

estiramento, obtidos com o TVM, poderiam gerar maiores<br />

níveis de força [19]. Apesar de existirem hipóteses sobre os<br />

possíveis mecanismos que atuariam no aumento da força mediante<br />

a aplicação da EMV, estudos futuros ainda devem ser<br />

conduzidos para aprofundar o conhecimento atual. Contudo,<br />

os dados do presente estudo apontam para uma promissora<br />

aplicação da vibração mecânica no treinamento de força.<br />

Em função dos dados obtidos e dentro das limitações<br />

que nortearam o estudo, foi possível concluir que ao menos<br />

no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego<br />

da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos<br />

testes de 1RM no <strong>exercício</strong> supino horizontal em indivíduos<br />

experientes no treinamento de força. Em virtude das<br />

limitações impostas pela pouca variação da carga de 1RM,<br />

que no presente estudo permaneceu nos limites do erro da<br />

medida, novos estudos são necessários para ratifi cação desses<br />

resultados. Além disso, seriam desejáveis investigações para<br />

verifi car a infl uência da vibração mecânica nos resultados de<br />

testes de força muscular envolvendo metodologias de aplicação<br />

e <strong>exercício</strong>s diversos, assim como diferentes formas de<br />

manifestações da força em populações variadas.<br />

Conclusão<br />

Apesar dos dados do presente estudo serem iniciais,<br />

nossos resultados apontam para um possível efeito positivo<br />

do emprego da EMV sobre o desempenho dos testes de<br />

força. Caso isso realmente seja confi rmado, é possível que a<br />

EMV possa ser aplicada em sessões habituais de treinamento<br />

31<br />

contra-resistência como forma de potencializar os resultados<br />

dos intervalos entre séries. Como essas sessões geralmente<br />

envolvem a realização de repetições máximas, a utilização<br />

da EMV durante a recuperação entre as séries de <strong>exercício</strong>s<br />

poderia se constituir em uma estratégia útil para maximizar as<br />

cargas suportadas nas séries seguintes. Esta é uma lacuna que<br />

merece ser investigada pelo seu potencial prático de aplicação<br />

no treinamento.<br />

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exercise as compared to exhaustion by squatting exercise. Clin<br />

Physiol Funct Imaging 2003;23(2)81-86.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Comparação de valores de testes de força externa<br />

máxima do quadríceps femoral<br />

Correlation of values from tests of maximal external<br />

forces of quadriceps femoral<br />

Ricardo Barreto Teixeira*, Révisson Esteves da Silva**, Mônica de Oliveira Melo***, Marcelo La Torre***, Éverton Vogt****,<br />

Cláudia Tarragô Candotti*****<br />

*Graduado Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, **Graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos -<br />

UNISINOS, ***Mestrando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - URFGS, ****Graduando na Universidade do Vale do<br />

Rio dos Sinos - UNISINOS, *****Professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS<br />

Resumo<br />

O objetivo deste estudo foi comparar os valores de força máxima<br />

obtidos com os testes de Contração Voluntária Máxima Isométrica<br />

(CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM) com os valores de<br />

força máxima preditos pelo teste de Carga por Repetições Máximas<br />

(CRM) durante o movimento de extensão de joelho. Dez indivíduos<br />

do sexo masculino realizaram os testes CVMI, 1RM e CRM uma<br />

única vez. Os valores de força foram submetidos a uma análise de<br />

variância Oneway para verifi car as diferenças entre os testes. Os<br />

resultados demonstraram que não existe diferença signifi cativa (p<br />

= 0,273) entre os valores de força, sugerindo que o teste de CRM<br />

é adequado para estimar a força máxima externa do quadríceps<br />

femoral, podendo substituir os testes de 1RM e de CVMI, em<br />

situações em que estes não são apropriados, como por exemplo,<br />

nos protocolos de fadiga muscular localizada em indivíduos com<br />

dor muscular.<br />

Palavras-chave: força, predição, quadríceps femoral, testes<br />

máximos.<br />

33<br />

Abstract<br />

Th e purpose of this study was to compare the maximal force<br />

values obtained during the Maximal Voluntary Isometric Contraction<br />

(MVIC) and single Maximal Repetition (1MR) tests and the<br />

maximal forces predicted by the Maximal Repetition Loads (MRL)<br />

test for the knee extension movement. Ten males performed the<br />

aforementioned tests. One-way ANOVA was used to compare the<br />

maximal force values obtained with the three tests. Th e fi ndings<br />

show that there was no signifi cant diff erence (p = 0.273) between the<br />

force values, suggesting that the MRL test is suitable for estimating<br />

the maximal external force obtained during the contraction of the<br />

femoris quadriceps, and, as such it can be used in situations where<br />

the 1MR and MVIC tests are inappropriate.<br />

Key-words: force, prediction, femoris quadriceps, maximal tests.<br />

Recebido em 31 de agosto de 2007; aceito em 18 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Cláudia Tarragô Candotti, Rua Fernando Osório, 1887, 91720-330 Porto Alegre RS, Tel: (51) 3019-<br />

3493, E-mail: candotti@unisinos.br


34<br />

Introdução<br />

Diagnósticos de dor lombar estão sendo realizados a partir<br />

de protocolos de fadiga muscular localizada, monitorando<br />

o comportamento neuromuscular dos músculos extensores<br />

lombares [1]. Nestes protocolos de fadiga, os indivíduos<br />

são submetidos a contrações isométricas sustentadas em<br />

diferentes níveis de intensidades, determinados a partir dos<br />

valores obtidos durante uma contração voluntária máxima<br />

isométrica (CVMI). Entretanto, alguns estudos já têm referenciado<br />

que utilizar a CVMI como ponto de referência na<br />

execução destes protocolos de fadiga pode não ser uma boa<br />

opção, uma vez que a performance neste tipo de teste está<br />

relacionada à prática anterior do mesmo, bem como com<br />

a motivação para alcançar seu esforço máximo [2]. Outro<br />

obstáculo ao se utilizar a CVM como ponto de referência<br />

para execução de protocolo de fadiga está na questão da<br />

avaliação de indivíduos com dor muscular. Nestes casos,<br />

mais raramente do que em pessoas sem dor, a CVM real é<br />

alcançada. A possível explicação para isto reside no fato de<br />

que indivíduos com dor tendem a não realizar o seu máximo<br />

de esforço como uma maneira de proteção da dor [3,4].<br />

Estudos têm mostrado que indivíduos sem dor chegam a<br />

realizar em média 30% mais força do que indivíduos com<br />

dor lombar [3].<br />

Nesse sentido, pensa-se que se ao invés de submeter<br />

os indivíduos com dor a um teste máximo, (CVMI) para<br />

obter o percentual de força para a contração isométrica no<br />

protocolo de fadiga, um teste com carga submáxima fosse<br />

utilizado, os valores de força obtidos de sua predição fi cariam<br />

mais próximos da real capacidade destes indivíduos.<br />

No âmbito do treinamento físico, mais especifi camente na<br />

musculação, o teste de repetição máxima (1RM) corresponde<br />

à carga máxima mobilizada pelo indivíduo. Em situações<br />

em que os indivíduos não devem ser submetidos a este teste<br />

máximo, por exemplo, indivíduos idosos ou iniciantes<br />

no treinamento, um teste de carga por repetição máxima<br />

(CRM) tem sido proposto [5,6]. Desse modo, a carga máxima<br />

que um indivíduo poderia executar, durante o teste de<br />

1RM, passa a ser obtida utilizando tabelas de predição que<br />

demonstram a evolução da relação entre volume (repetição)<br />

e intensidade (carga). O resultado desta predição levará a<br />

intensidade referente a 1RM.<br />

Considerando que se o resultado de força máxima, predito<br />

por este teste CRM, não seja diferente signifi cativamente<br />

do valor de força obtido em uma CVMI, especula-se que os<br />

testes CRM poderiam ser utilizados para mensurar os valores<br />

de força que serviriam de referência nos protocolos de fadiga<br />

muscular localizada. Se esta especulação for verdadeira, a avaliação<br />

neuromuscular de indivíduos, principalmente aqueles<br />

que apresentam dores no segmento mobilizado, poderá ser<br />

benefi ciada e seu diagnóstico apresentará maior precisão.<br />

Com a intenção de subsidiar conhecimentos básicos sobre<br />

a utilização do teste de carga por repetição máxima para<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

predizer valores máximos de força, este estudo foi conduzido<br />

com o objetivo de comparar os valores de força máxima<br />

obtidos durante os testes de Contração Voluntária Máxima<br />

Isométrica (CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM)<br />

com os valores de força máxima preditos pelo teste de Carga<br />

por Repetições Máximas (CRM) durante o movimento de<br />

extensão de joelho.<br />

Material e métodos<br />

Amostra<br />

A amostra foi intencional, composta por 10 indivíduos,<br />

do sexo masculino, ativos fi sicamente. As médias e desvios<br />

padrão da idade, massa corporal e estatura foram 23,6 ±<br />

2,3 anos; 76,3 ± 10,5 kg; 177,8 ± 6,9 cm, respectivamente.<br />

Todos os indivíduos assinaram um termo de consentimento<br />

para a participação no estudo e receberam informações dos<br />

procedimentos de avaliação, bem como de que poderiam<br />

deixar de participar da pesquisa em qualquer momento, se<br />

assim desejassem.<br />

Procedimentos de aquisição dos dados<br />

Todos os indivíduos foram submetidos a três protocolos de<br />

avaliação: 1) CRM; 2) 1RM e 3) CVMI. Todos os testes foram<br />

conduzidos por um único avaliador, em um único dia.<br />

Teste CRM: Consistiu na realização de um número máximo<br />

de repetições com uma carga submáxima, determinada<br />

subjetivamente, a partir da experiência do avaliador, para<br />

musculatura do quadríceps femoral direito. O indivíduo não<br />

poderia ultrapassar quinze repetições. Caso isto ocorresse, após<br />

um intervalo de cinco minutos, outra carga submáxima era<br />

determinada e o teste repetido. Para a realização deste teste,<br />

o indivíduo foi posicionado sentado na cadeira extensora<br />

(Sculptor), tendo suas coxas, quadril e tronco (abaixo da<br />

região axilar) presos à cadeira com faixas de velcro, visando<br />

estabilizar sua postura, mantendo 110° de fl exão do tronco<br />

com a articulação coxo-femoral. O indivíduo permanecia com<br />

os braços cruzados à frente do peito (Figura 1).<br />

Para controlar a velocidade de execução do movimento,<br />

um ritmo sonoro foi fornecido ao indivíduo, mediante fone<br />

de ouvido, sendo a velocidade correspondente a 72 0 /s, ou<br />

seja, o tempo total de uma repetição era de aproximadamente<br />

2,5 segundos.<br />

Teste de 1RM: Consistiu na realização de uma única repetição<br />

com uma carga máxima determinada subjetivamente,<br />

também pela experiência do avaliador, para a musculatura<br />

do quadríceps femoral direito. Caso o indivíduo conseguisse<br />

realizar mais que uma repetição, o teste era suspenso e<br />

após um intervalo de cinco minutos, outra carga máxima<br />

era determinada e o teste repetido. Para a realização deste<br />

teste, a fi xação do indivíduo foi a mesma do teste CRM<br />

(Figura 1).


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Figura 1 - Posicionamento do indivíduo durante a realização dos<br />

testes de CRM e 1 RM na cadeira extensora.<br />

Teste de CVMI: Consistiu na realização de apenas uma<br />

contração voluntária isométrica máxima do quadríceps femoral<br />

direito, com duração de sete segundos. Para a realização<br />

deste teste o indivíduo foi posicionado sentado em um banco<br />

com as costas apoiadas, joelhos fl etidos a 90 0 , tendo suas coxas<br />

presas ao banco com faixas de velcro, visando estabilizar<br />

sua postura (Figura 2). Seu tornozelo direito foi preso a uma<br />

cinta de couro, na qual estava acoplada uma célula de carga,<br />

que por sua vez, estava presa a um suporte fi xo, limitando o<br />

movimento de extensão do joelho. Era então solicitado que<br />

os indivíduos realizassem a tentativa de extensão do joelho,<br />

realizando a maior força isométrica possível.<br />

Figura 2 - a) Posicionamento do indivíduo durante a realização do<br />

teste de CVMI e b) posicionamento da célula de carga.<br />

Para a aquisição dos sinais de força durante a CVMI, foi<br />

utilizada uma célula de carga de 1000N (EMG System do<br />

Brasil Ltda, São José dos Campos), conectada a um computador<br />

Pentium 200 MHz com 64 Mb RAM, dotado de um<br />

conversor A/D (EMG System do Brasil Ltda, São José dos<br />

Campos). A aquisição dos sinais de força foi realizada com<br />

o software AqDados (Lynx Tecnologia Eletrônica Ltda, São<br />

Paulo). A taxa de amostragem foi de 500 Hz. Foi registrado o<br />

maior valor de força obtido na CVMI de cada indivíduo.<br />

Procedimentos de análise<br />

35<br />

Considerando que a coluna de pesos da cadeira extensora<br />

fornece a carga externa de trabalho e que o objetivo deste<br />

estudo era comparar valores de força externa realizada pelos<br />

extensores do joelho, utilizou-se a técnica do modelo de<br />

segmentos articulados para a obtenção dos valores de força<br />

máxima obtida durante o teste de 1RM. A Figura 3 apresenta<br />

um diagrama de corpo livre da cadeira extensora, a partir do<br />

qual, utilizando o modelo de segmento articulado, calculouse<br />

a força externa máxima durante a extensão do joelho no<br />

teste de 1RM.<br />

Figura 3 - Diagrama de corpo livre da cadeira extensora<br />

⊥ A d corresponde à distância entre o eixo da roldana as-<br />

1<br />

simétrica até a linha de ação da força de resistência oferecida<br />

⊥<br />

pelo aparelho (F ) que passa pela roldana simétrica. A d a 2<br />

corresponde à distancia entre o eixo da roldana assimétrica<br />

até a linha de ação da força realizada pelo indivíduo (FM),<br />

localizada no ponto de contato do tornozelo com o aparelho.<br />

⊥ ⊥ A d era fi xa e corresponde a 26 cm e a d2 variava conforme<br />

1<br />

o comprimento da perna do indivíduo, determinada pela<br />

regulagem do aparelho.<br />

⊥ De posse da d e da carga fornecida pelo aparelho,<br />

1<br />

calculou-se o torque do aparelho (T ). A partir da equação<br />

a<br />

de equilíbrio dos torques, onde o somatório do torque do<br />

aparelho (da cadeira extensora) e do torque extensor (dos<br />

músculos extensores do joelho) é igual a zero (equação 1) e<br />

⊥ conhecendo-se a d calculou-se a força máxima (FM) exercida<br />

2<br />

pelo indivíduo durante o teste de 1RM (equação 2).<br />

T = T<br />

(equação 1)<br />

a<br />

e<br />

Ta<br />

FM =<br />

(equação 2)<br />

⊥<br />

onde: d2<br />

T = torque do aparelho (kgfcm)<br />

a<br />

Te = torque extensor (kgfcm)<br />

=<br />

FM força realizada pelo indivíduo (kgf)


36<br />

d = distância perpendicular entre o eixo da roldana<br />

⊥<br />

2<br />

assimétrica até a linha de ação da FM (cm)<br />

Os valores de força máxima externa predita, obtidos no<br />

teste de CRM, também corrigidos pelas equações 1 e 2,<br />

foram obtidos por uma equação de predição (equação 3),<br />

amplamente referenciada na literatura [7].<br />

100%<br />

⋅ FM<br />

Fmp = (equação 3)<br />

onde: I%<br />

Fmp = força máxima externa predita (kgf)<br />

FM = força realizada pelo indivíduo (kgf)<br />

I % = porcentagem de intensidade, classifi cada<br />

conforme o número de repetições executadas pelo<br />

indivíduo<br />

O processamento dos sinais de força obtidos no teste de<br />

CVMI foi realizado utilizando-se o software AqAnalysis (Lynx<br />

Tecnologia Eletrônica Ltda, São Paulo). Foram analisados os<br />

três segundos centrais dos sete segundos registrados no teste<br />

de CVMI, sendo realizada a média da força neste período de<br />

três segundos.<br />

Tratamento estatístico<br />

Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS 10.0.<br />

Inicialmente foi verifi cada e confi rmada a equivalência das<br />

variâncias (teste de Levene) e normalidade dos dados (Shapiro-<br />

Wilk). Os valores de força externa máxima, obtidos nos testes<br />

de 1RM e CVMI e os valores de força externa máxima predita,<br />

obtida no teste de CRM, foram submetidos a uma análise<br />

de variância de um fator e ao teste post hoc de Bonferroni,<br />

que possibilitou identifi car as diferenças entre eles. O nível<br />

de signifi cância adotado foi 0,01.<br />

Resultados e discussão<br />

A Tabela I apresenta os valores médios da força externa<br />

máxima mensurada, nos testes de 1RM e CVMI e predita no<br />

teste de CRM. Os resultados demonstraram que não houve<br />

diferença signifi cativa (p = 0,273) entre os valores de força<br />

externa máxima obtidos nos três testes.<br />

Tabela I - Valores médios, máximos, mínimos e desvio padrão (dp)<br />

da força externa máxima (kgf) obtida nos testes 1RM, CVMI e<br />

CRM.<br />

Testes Média dp Máximos Mínimos<br />

1RM 51,1 4,9 60,4 43,9<br />

CVMI 48,4 8,8 63,8 40,0<br />

CRM 51,0 5,4 59,0 42,2<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Os resultados demonstraram que qualquer um dos três<br />

testes pode ser utilizado para determinação da força máxima,<br />

mesmo que o teste de CVMI tenha apresentado valores de força<br />

5,5% menores que os testes de 1RM e CRM. Inicialmente,<br />

esta diferença poderia indicar uma interferência negativa na<br />

performance em testes de fadiga, uma vez que o parâmetro<br />

mais comumente utilizado para estabelecer o percentual da<br />

contração durante o protocolo de fadiga muscular localizada é<br />

oriundo de testes de CVMI [7]. No entanto, como indivíduos<br />

com dor muscular tendem a fazer 30% menos força em testes<br />

de CVMI [3,4], entende-se que o teste de CRM, com uma<br />

diferença de 5,5%, ainda corresponda a uma alternativa viável<br />

para substituir o teste de CVMI.<br />

Contudo, entende-se que a substituição do procedimento<br />

de CVMI pelo CRM em indivíduos com dor deve ser vista<br />

com cautela, uma vez que o presente estudo foi conduzido<br />

com indivíduos sem relato de dor muscular. Assim, alguma<br />

ressalva deve ser feita a proposta de que através do teste de<br />

CRM pode-se chegar a um valor de força máxima razoável,<br />

em se tratando de indivíduos com dor.<br />

Os menores valores de força máxima externa, obtidos<br />

no teste de CVMI em relação aos testes de 1RM (diferença<br />

média de 2,7 kgf), são contraditórios à literatura, uma vez<br />

que contrações isométricas máximas tendem a gerar forças<br />

sempre maiores que as contrações dinâmicas máximas, pois<br />

uma força máxima somente pode ser desenvolvida se a carga<br />

e a capacidade de contração do músculo estiverem em equilíbrio<br />

[8]. Especula-se que estes resultados estejam relacionados<br />

com a variação do grau de inclinação do tronco nas posturas<br />

testadas. Nos testes dinâmicos os indivíduos mantinham 110°<br />

de fl exão do tronco com a articulação coxo-femoral, enquanto<br />

que nos testes da CVMI, o tronco estava restrito a 90° de<br />

fl exão. Esta diferença, nas posturas pode ter acarretado uma<br />

desvantagem fi siológica no momento da execução do teste da<br />

CVMI já que em 90° de fl exão de tronco, o reto femoral se<br />

encontra menos estirado do que em 110°, com menor possibilidade<br />

de desenvolver sua máxima força, provavelmente<br />

devido a menor contribuição da energia armazenada nos<br />

componentes elásticos [9].<br />

Outro fator bastante importante, que pode ter interferido<br />

na diferença entre CVMI e o teste de 1RM, é a familiarização<br />

com o próprio procedimento do teste, visto que os indivíduos<br />

que participaram do estudo já possuíam algum tipo de experiência<br />

com protocolos dinâmicos e praticamente nenhum<br />

contato com a realização da CVMI e seus aparatos. Um<br />

estudo com pré-púberes salienta a familiarização do teste de<br />

1RM como fator que infl uenciaria diretamente no resultado<br />

do protocolo [10]. Assim, provavelmente o mesmo possa ser<br />

afi rmado para protocolos isométricos.<br />

Quanto ao teste de CRM, considera-se que a equação de<br />

predição utilizada no presente estudo mostrou-se adequada,<br />

pois os valores fornecidos por esta equação não diferiram<br />

signifi cativamente dos valores da 1RM. Nesse sentido, sugere-se<br />

a utilização da predição para grupos de pessoas que


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

não apresentam as condições ideais para a realização de uma<br />

CVM, seja isométrica ou dinâmica, mesmo que a predição<br />

não apresente um resultado tão exato quanto a estimação de<br />

cargas menores pela 1RM [6].<br />

Em suma, os resultados sugerem que indivíduos saudáveis,<br />

sem dor muscular no quadríceps femoral ou na articulação<br />

do joelho, independentemente do protocolo a que sejam<br />

submetidos (1RM, CVMI, CRM) tendem a apresentar resultados<br />

de força máxima externa semelhante. No entanto,<br />

conhecendo-se as diversas variáveis que infl uenciam nos testes<br />

dinâmicos como velocidade do movimento, ângulo articular<br />

e condições ambientais [10], entende-se que mais estudos<br />

devem ser realizados para possibilitar maior compreensão dos<br />

valores máximos de força em situações dinâmicas.<br />

Não obstante, os presentes resultados estimulam o uso<br />

do teste CRM como referencial de força em protocolos de<br />

fadiga muscular localizada, substituindo os testes de CVMI,<br />

principalmente em condições não dolorosas.<br />

Conclusão<br />

Os resultados deste estudo, nas condições experimentais<br />

utilizadas, demonstraram que não existe diferença signifi cativa<br />

para os valores de força externa máxima, realizada pelo<br />

quadríceps femoral, entre os testes de CVMI, 1RM e CRM.<br />

Além disto, os resultados permitem inferir que seria possível<br />

utilizar o teste de CRM como um parâmetro de referência no<br />

lugar CVMI, em estudos de fadiga muscular localizada. No<br />

entanto, entende-se necessário a realização de novos estudos<br />

que, além de preocuparem-se com a questão da familiarização<br />

dos testes, envolvam uma maior quantidade de indivíduos e<br />

outros grupamentos musculares.<br />

Referências<br />

37<br />

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meninos e meninas em diferentes estágios de maturidade. Rev<br />

Paul Educ Fís 2002;16(1):35-42.


38<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Adolescentes atletas competitivas femininas<br />

de handebol: um estudo de caracterização<br />

Competitive adolescents’ female athletes of handball:<br />

a characterization study<br />

Alessandra Graton*, Ana Beatriz Santos Guiesser*, Mariana de Moraes Escardin*, Nathalie Puppin Tardivo*,<br />

Renata Furlan Viebig**<br />

*Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, **Nutricionista, Doutoranda em Medicina Preventiva pela Faculdade de<br />

Medicina da USP, Docente do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Universitário São Camilo<br />

Resumo<br />

Introdução: Jovens atletas, praticantes de handebol, que possuam<br />

hábitos alimentares inadequados podem ter prejuízos no desempenho<br />

atlético e aumentar os riscos de lesões. Objetivo: Analisar<br />

padrões alimentares e características pessoais de adolescentes do<br />

gênero feminino, atletas competitivas de handebol de um clube<br />

de campo de São Bernardo do Campo, São Paulo. Material e métodos:<br />

Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram 109<br />

atletas competitivas de handebol feminino, com idade entre 10 e<br />

19 anos, que realizam treinamento no clube MESC. A avaliação<br />

nutricional foi realizada através da aplicação de anamnese alimentar<br />

e questionário de freqüência alimentar. Os dados foram transcritos<br />

para uma base de dados do programa MS Excel® e foram analisados<br />

segundo distribuições percentuais e medidas de variância. Resultados:<br />

As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5 anos (DP<br />

= 2,3). A avaliação dietética mostrou que a maioria das jogadoras<br />

realizava somente 3 refeições diárias. O questionário de freqüência<br />

alimentar mostrou que os alimentos mais consumidos diariamente<br />

foram o arroz (67,9%) e o feijão (29,4%) e os menos consumidos,<br />

foram as massas (1,8%) e cereal matinal (1,8%) Conclusão: A prática<br />

alimentar das atletas adolescentes, necessita de modifi cações a fi m de<br />

um melhor desempenho no esporte e na manutenção da saúde.<br />

Palavras-chave: atletas femininas, adolescentes, comportamento<br />

alimentar.<br />

Abstract<br />

Introduction: Young women, handball players, with inadequate<br />

feeding habits may have decreasing athletic performance and increasing<br />

risks of injuries and infections. Objective: To analyze standard<br />

feeding habits and personal characteristics of female adolescents,<br />

competitive handball players, of a club in São Bernardo do Campo,<br />

São Paulo. Material and methods: 109 competitive handball players,<br />

between 10 and 19 years, trained at Club MESC, participated<br />

of this transversal study. Nutritional assessment was carried out<br />

through the application of a dietary anamnese and a food frequency<br />

questionnaire. Data were transferred to MS Excel® database and<br />

were analyzed according to percentage distributions and measures<br />

of variance. Results: Th e athletes average age was 14.5 years (DP<br />

= 2.3). Th e dietary evaluation showed that most athletes usually<br />

ate only 3 meals daily. Th e food frequency questionnaire showed<br />

that athletes daily food consumption was rice (67,9%) and beans<br />

(29,4%) and past consumption dropped to 1.8% and morning<br />

cereals to 1.8%. Conclusion: Dietary intake by adolescent athletes<br />

needs to change in order to obtain better results in handball and<br />

promote health maintenance.<br />

Key-words: female athletes, adolescents, feeding behavior.<br />

Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Nathalie Puppin Tardivo, Rua Siqueira Campos, 347, 09810-460 São Bernardo do Campo SP, Tel:<br />

(11) 41097209, Email: ntardivo@yahoo.com.br


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Introdução<br />

O Handebol é uma modalidade esportiva cuja origem<br />

remonta da Alemanha, onde era praticado por estudantes nas<br />

escolas, já na década de 1890 [1]. Após a I Guerra Mundial,<br />

imigrantes alemães vieram para o Brasil trazendo sua cultura,<br />

tradição folclórica e as atividades recreativas e esportivas por<br />

eles praticadas, dentre as quais o então Handebol de Campo.<br />

O Handebol de Salão somente foi ofi cializado no Brasil em<br />

1954, quando a Federação Paulista de Handebol instituiu o<br />

I Torneio Aberto de Handebol [2].<br />

Essa modalidade esteve presente pela primeira vez nas<br />

Olimpíadas de Munique, em 1972. A competição envolvia<br />

dezesseis times masculinos, sendo que os times femininos iniciaram<br />

sua história olímpica em Montreal, Canadá, no ano de<br />

1976, quando seis times participaram da competição [2].<br />

O Handebol é um esporte que envolve uma combinação de<br />

movimentos constantes durante o jogo como: paradas bruscas,<br />

viradas, saltos, arremessos. Dessa forma, pode ser considerado<br />

um esporte intermitente, pois o jogador usa na maior parte do<br />

tempo os sistemas de obtenção de energia ATP-CP e glicólise<br />

anaeróbia para manter o funcionamento muscular, e somente<br />

20% da energia provém do sistema glicólise aeróbio [1].<br />

A prática de <strong>exercício</strong>s físicos, como o Handebol, é<br />

aconselhável para crianças e adolescentes. Por outro lado, os<br />

períodos da infância e adolescência são muito importantes<br />

do ponto de vista nutricional, pois nessas fases há grande<br />

desenvolvimento e crescimento dos indivíduos. Há maior<br />

demanda de substâncias nutritivas, interferindo na ingestão<br />

alimentar e aumentando as necessidades de nutrientes<br />

específi cos. A inadequação da alimentação frente à prática<br />

esportiva pode retardar o crescimento e o processo de maturação<br />

sexual [3,4].<br />

Assim, quando crianças e adolescentes praticam atividade<br />

física regularmente em nível competitivo, há a necessidade de<br />

um maior cuidado com a alimentação a fi m de suprir todas as<br />

necessidades energéticas e nutricionais que estão aumentadas<br />

devido ao esporte [3].<br />

No entanto, alguns aspectos devem ser considerados,<br />

especialmente no caso da população fi sicamente ativa do gênero<br />

feminino. Atletas femininas podem desenvolver padrões<br />

alimentares anormais, que normalmente são associados com<br />

disfunção menstrual e a subseqüente diminuição da densidade<br />

mineral óssea [5].<br />

Desordens alimentares podem resultar em conseqüências<br />

adversas à saúde, com o risco da morbimortalidade e a mortalidade<br />

aumentar conforme a severidade do comportamento<br />

aumenta [5].<br />

A má nutrição destas atletas a longo prazo pode colaborar<br />

na manifestação de sérias desordens, como: osteopenia,<br />

anemias e síndromes de defi ciência de vitaminas, minerais,<br />

aminoácidos essenciais, e elementos traço [6].<br />

No caso de jovens atletas mulheres, hábitos alimentares<br />

inadequados e comportamentos característicos das desordens<br />

39<br />

alimentares podem danifi car o desempenho atlético e aumentar<br />

os riscos de lesões e infecções [5,7,8].<br />

O presente estudo teve por objetivo analisar os padrões<br />

alimentares de adolescentes do gênero feminino, atletas<br />

competitivas de Handebol, de um clube do município de<br />

São Bernardo do Campo, São Paulo.<br />

Material e métodos<br />

Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram<br />

109 atletas competitivas de Handebol feminino, com idade<br />

entre 10 e 19 anos, que realizam treinamento no Clube de<br />

Campo Movimento de Expansão Católica (MESC), localizado<br />

no Município de São Bernardo do Campo – São Paulo.<br />

Estas atletas eram subdivididas conforme a faixa etária em<br />

5 categorias, sendo: Mirim (n = 20); Infantil (n = 25); Cadete<br />

(n = 42); Juvenil (n = 13); Júnior (n = 9).<br />

Todas as jovens foram convidadas a participar do presente<br />

estudo, sendo que os termos de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

foram encaminhados aos seus pais ou responsáveis<br />

para que as autorizassem a participar do estudo. Após a devolução<br />

do Termo de Consentimento foi procedida a avaliação<br />

nutricional das atletas, que constituiu da aplicação de uma<br />

anamnese nutricional.<br />

A anamnese aplicada consistia de 8 partes:<br />

1) características pessoais: foram coletadas variáveis como:<br />

nome, idade, data de nascimento, local de moradia, telefone<br />

para contato;<br />

2) dados sócio-econômicos e culturais: escolaridade, se a escola<br />

era particular ou pública, com quem morava, qual a ocupação<br />

dos responsáveis, se fazia algum outro curso;<br />

3) práticas da atividade física: tempo de prática, categoria,<br />

motivo da prática, existência de algum fato que impedisse<br />

a prática do <strong>exercício</strong>;<br />

4) imagem corporal: satisfação corporal e se não o que gostaria<br />

de alterar;<br />

5) menstruação: a idade da primeira menstruação, se o ciclo<br />

era regular, a duração e freqüência do mesmo;<br />

6) consumo de suplementos: se utilizava e qual o tipo, quantidade,<br />

freqüência, fi nalidade e satisfação;<br />

7) hábitos alimentares: o número de refeições diárias, quais<br />

eram essas refeições, quais delas eram realizadas em casa,<br />

e o que era consumido no período em que estavam em<br />

treinamento no clube.<br />

8) questionário de freqüência alimentar: composto por 21 itens<br />

e 6 opções de resposta para quantifi car a freqüência dos<br />

alimentos descritos, as quais variavam de uma vez por dia<br />

até nunca.<br />

Os dados foram transcritos para uma base de dados com<br />

o auxílio do Programa MS Excel e foram analisados segundo<br />

percentuais e medidas de variância.<br />

O presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa<br />

maior, intitulado “Avaliação Nutricional de Desportistas e<br />

Atletas de Clubes e Academias da Região Metropolitana de São


40<br />

Paulo”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COEP<br />

do Centro Universitário São Camilo, sob o número 047/05.<br />

Resultados<br />

Caracterização da amostra<br />

As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5<br />

anos (DP = 2,3), que praticavam handebol entre 2 a 5 anos<br />

(44,0%) e treinavam em média três horas por dia, com freqüência<br />

de três vezes por semana.<br />

Das 109 atletas, 50 cursavam o Ensino Fundamental<br />

(45,9%), 48 cursavam o Ensino Médio (44,0%), 3 possuíam<br />

o Ensino Médio completo (2,8%), 1 possuía Curso Técnico<br />

completo (0,9%) e 7 cursavam o Ensino Superior (6,4%).<br />

A maioria das atletas estudava em instituições particulares<br />

(60,6%).<br />

As atletas, em sua maioria, praticavam o esporte visando<br />

a competição (53,2%) (Gráfi co 1).<br />

Gráfi co 1 - Motivos para a prática do Handebol citados pelas atletas.<br />

São Bernardo de Campo, 2007.<br />

O Gráfi co 2 apresenta os motivos de impedimento da<br />

prática do <strong>exercício</strong>, relatados pelas atletas estudadas. Observa-se<br />

que 5,5% já sofreram episódios de desmaios durante<br />

o período do treino e 7,3% manifestaram fraqueza. Porém,<br />

78% nunca precisaram interromper a prática do <strong>exercício</strong> por<br />

nenhum dos motivos citados.<br />

Gráfi co 2 - Resultados dos motivos relacionados ao impedimento<br />

da prática do <strong>exercício</strong>. São Bernardo do Campo, 2007.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Da totalidade das atletas estudadas, 20 (18,4%) não menstruavam,<br />

sendo que dentre as que menstruavam (66,1%),<br />

a idade média da menarca ocorreu entre os 11 e 12 anos,<br />

representando 66,05% da amostra total. Apresentavam irregularidades<br />

menstruais 44% das atletas.<br />

Relacionando-se a idade das atletas com a satisfação com<br />

sua imagem corporal, observou-se que as adolescentes com<br />

idade entre 12 e 13 anos (58,3%) apresentaram-se mais satisfeitas<br />

em relação às outras atletas (Tabela I).<br />

Tabela I - Análise da satisfação corporal segundo estágio de vida das<br />

atletas adolescentes de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.<br />

Estágio de vida<br />

Satisfação com a imagem<br />

corporal<br />

SIM NÃO<br />

n % n %<br />

10 e 11 anos (n = 19) 9 47,7 10 52,6<br />

12 e 13 anos (n = 24) 14 58,3 10 41,7<br />

14 e 15 anos (n = 43) 21 48,8 22 51,2<br />

16 e 17 anos (n = 12) 5 41,7 7 58,3<br />

18 e 19 anos (n = 11) 3 27,3 8 72,7<br />

Total (n = 109) 52 47,7 57 52,3<br />

Nenhuma atleta referiu fazer uso de algum tipo de suplemento<br />

alimentar ou medicamento durante o período do<br />

estudo.<br />

Avaliação dietética<br />

A avaliação dietética foi realizada através da anamnese<br />

alimentar e questionário de freqüência alimentar.<br />

Em relação ao número de refeições diárias realizadas pelas<br />

atletas, observa-se que a maioria das meninas realizava 3<br />

refeições por dia (43,1%) (Gráfi co 2).<br />

Observou-se que a refeição mais realizada pelas atletas<br />

de handebol foi o almoço (88,2%) e que a combinação de<br />

refeições mais referida foi desjejum, almoço e jantar (32%),<br />

sendo estas realizadas em casa pela maioria das atletas.<br />

Gráfi co 3 - Número de refeições diárias realizadas pelas atletas.<br />

São Bernardo do Campo, 2007.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Quando questionadas sobre os alimentos consumidos no<br />

clube, antes ou após os treinos, as atletas relataram preferência<br />

pelo consumo de salgados de lanchonete (pão de queijo, pão<br />

de batata, coxinha) (22,0%) e suco natural (12,8%).<br />

A partir do questionário de freqüência alimentar, estimou-se<br />

o consumo de alguns itens alimentares da população<br />

estudada. Dentre os alimentos mais consumidos diariamente<br />

referidos pelas atletas, destacaram-se o arroz (67,9%) e o feijão<br />

(29,4%) (Gráfi co 3).<br />

Os alimentos menos consumidos diariamente foram:<br />

batata (0,9%), massas (1,8%), cereal matinal (1,8%), ovo<br />

(3,7%) e frituras (3,67%) (Gráfi co 3). Nenhuma atleta relatou<br />

consumir fast-food diariamente.<br />

Observou-se também que, dentre os líquidos avaliados,<br />

o consumo de água (95,4%) teve maior destaque em relação<br />

ao de refrigerantes (12,8%).<br />

Discussão<br />

Em geral, as atletas do presente estudo eram estudantes,<br />

com idade média de 14,5 anos e praticavam o esporte entre<br />

2 e 5 anos, por motivo de competição.<br />

Dentre as atletas que menstruavam, a idade média de<br />

menarca foi 11,5 anos (DP = 1,1), representando 66,1% da<br />

amostra total. Resultados semelhantes foram encontrados<br />

no estudo de Oliveira et al. [9], no qual a idade da menarca<br />

de atletas de diferentes modalidades, entre elas o Handebol,<br />

foi de 12,2 (DP = 1,1). Nos Estados Unidos, a média de<br />

idade em que ocorre a menarca é de 12,8 anos e no Brasil é<br />

de 12,2 anos [4].<br />

Disfunções menstruais são mais comuns em meninas<br />

atletas do que em meninas sedentárias. Atletas que começam<br />

a treinar antes da menarca ocorrer podem ter a experiência<br />

menstrual atrasada e aumentar a incidência de disfunções<br />

41<br />

menstruais, quando comparadas a atletas que começam a<br />

treinar após a menarca ter ocorrido [5].<br />

O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde<br />

a um corpo magro sem, contudo, considerar aspectos<br />

relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas<br />

da população [9].<br />

No presente estudo, observou-se que 52,3% das atletas<br />

não estavam satisfeitas com a imagem corporal. Este resultado<br />

também foi verifi cado no estudo de Vilela et al. [10], que<br />

avaliou a satisfação da imagem corporal em alunos de Minas<br />

Gerais, onde verifi cou que 59% estavam insatisfeitos, sendo<br />

que 51% queriam ser mais magros, com predominância do<br />

sexo feminino.<br />

Segundo Viebig et al. [11], em um estudo realizado com<br />

ginastas rítmicas adolescentes, 53,8% relataram que estavam<br />

satisfeitas com seu corpo, 7,7% estavam bastante satisfeitas,<br />

15,4% não estavam muito satisfeitas e 23,1% não estavam<br />

satisfeitas, resultados opostos ao do presente estudo.<br />

Em relação à alimentação das atletas adolescentes de<br />

Handebol, constatou-se que a maioria delas realizava 3<br />

refeições diárias, o equivalente a 43,1%. Cardoso et al.<br />

[12], através de um estudo com jovens atletas masculinos<br />

de basquetebol, relataram que 70% da população estudada<br />

realizavam de 2 a 4 refeições diárias e apenas 30% realizavam<br />

de 4 a 6 refeições diárias; resultados semelhantes ao do<br />

presente estudo.<br />

Outros resultados equivalentes foram encontrados no<br />

estudo de Ribeiro e Soares [13], feito com nadadores, no qual<br />

mais de 50% das atletas estudadas realizavam diariamente<br />

quatro refeições: desjejum, almoço, lanche e jantar. A ceia foi<br />

a refeição menos referenciada pela população estudada.<br />

No presente estudo, a ceia também foi a refeição menos<br />

mencionada, sendo a combinação de desjejum, almoço e<br />

jantar as refeições mais realizadas pelas atletas.<br />

Gráfi co 4 - Freqüência de consumo diário de alguns itens alimentares pelas atletas de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.


42<br />

No estudo de Camiña e Kazapi [14], apenas 6,5% dos<br />

atletas de voleibol estudados relataram realizar 6 refeições<br />

diárias. Valores inferiores foram encontrados no presente<br />

estudo (3,7%).<br />

Segundo Kazapi e Tramonte [15], as necessidades energéticas<br />

devem fi car distribuídas em 6 refeições diárias para<br />

que sejam evitados jejuns prolongados ou o estômago “muito<br />

cheio”, situações que difi cultam o treinamento.<br />

A respeito da distribuição das refeições em relação aos<br />

treinamentos, Camiña e Kazapi [14] mostram que 90,4%<br />

dos entrevistados alimentavam-se antes dos <strong>exercício</strong>s; 85,1%<br />

não se alimentavam durante o <strong>exercício</strong> e que 95,7% se alimentavam<br />

após os treinamentos.<br />

No presente estudo, quando questionadas sobre quais<br />

alimentos eram consumidos no clube antes e/ou após os<br />

treinos, dentre as 19 opções de combinações de alimentos, os<br />

salgados de lanchonete foram a predominante, com 22,0%<br />

da preferência das atletas.<br />

Analisando-se a freqüência alimentar diária do nosso estudo,<br />

notou-se, no geral, um baixo consumo de batata (0,9%),<br />

massas e cereal matinal (1,8%) e um alto consumo de arroz<br />

branco (67,9%), feijão (29,4%) e frutas (25,7%).<br />

No estudo de Silva et al. [16], realizado com adolescentes<br />

jogadores de basquete, resultados semelhantes foram encontrados,<br />

como baixo consumo de fast-food (19,4%) e o alto<br />

consumo de frutas (51,6%).<br />

Com relação ao consumo de líquidos, a água apresentouse<br />

com 95,41% da preferência das atletas como hidratante<br />

no <strong>exercício</strong>.<br />

Conclusão<br />

Pode-se concluir, por meio do presente estudo, que as<br />

atletas femininas de Handebol permaneciam por períodos<br />

longos sem se alimentar, devido à maioria delas realizarem<br />

apenas 3 refeições diárias.<br />

As práticas alimentares das atletas adolescentes necessitam<br />

de modifi cações qualitativas e quantitativas, a fi m de promover<br />

um melhor desempenho no esporte e a manutenção<br />

da saúde.<br />

É importante que um estudo posterior seja realizado com<br />

esta população para a análise quantitativa da dieta e determinação<br />

do estado nutricional das atletas.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

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2007 Fev 1]. Disponível em: URL: http://www.brasilhandebol.<br />

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Nutrição Profi ssional 2005; 1: 25-30.<br />

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para a saúde. Rev Bras Med Esporte 2003;9:43-55.<br />

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alimentar e imagem corporal em atletas. Rev Bras Med Esporte<br />

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11. Viebig RF, Takara CH, Lopes DA, Francisco TF. Estudo antropométrico<br />

de ginastas rítmicas adolescentes. Revista Digital<br />

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12. Cardoso CM, Rodrigues MP, Silva MB, Viebig RF. Hábitos<br />

alimentares de crianças e adolescentes integrantes de uma escola<br />

de basquete em um clube esportivo na zona Norte de São Paulo.<br />

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16. Silva MB, Barqueto JRO, Guida GC, Viebig RF. Características<br />

nutricionais de uma equipe masculina competitiva de jogadores<br />

de basquete adolescentes. Ação & Movimento 2005;2(3):137-<br />

44.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Impacto do treinamento físico periodizado sobre<br />

a aptidão física em jogadores de futsal masculino<br />

na categoria sub-20<br />

Impact of periodized physical training on physical fitness in under-20<br />

male futsal players<br />

Narciso Luiz Andrade*, Luís Paulo Gomes Mascarenhas**, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha***<br />

*Educação Física, UNC de Caçador SC, técnico da seleção de futsal sub 20, Prefeitura Municipal de Caçador SC, **Fisiologia<br />

da Performance pela UFPR, Universidade do Contestado de União da Vitória SC, ***Especialista em Fisiologia do Exercício pela<br />

UFPR, Universidade do Contestado de Caçador SC<br />

Resumo<br />

O objetivo da pesquisa foi avaliar o impacto do treinamento<br />

físico periodizado sobre a aptidão física em atletas de futsal na categoria<br />

sub-20 da cidade de Caçador - SC. Nove atletas (17,11 ± 0,78<br />

anos) foram escolhidos para o estudo e submetidos a um programa<br />

de treinamento físico periodizado. As médias antropométricas e<br />

dos indicadores da composição corporal foram obtidas somente<br />

no período pós-teste, demonstrando os resultados no percentual<br />

de gordura (13,18%), massa magra (53,46 kg), massa gorda (8,53<br />

kg). O teste “t” pareado revelou diferença estatisticamente signifi -<br />

cativa (p < 0,05) nas variáveis VO 2máx (31,94%), potência (2,67%),<br />

resistência muscular localizada do abdominal (23,14%) e fl exão de<br />

braço (32,14%). A fl exibilidade não sofreu mudança signifi cativa do<br />

período pré para o pós-experimento (p > 0,05). Os achados sugerem<br />

que o treinamento periodizado tem efeito signifi cativo na aptidão<br />

física de atletas de futsal, mas em contrapartida, a fl exibilidade não se<br />

alterou, principalmente, devido ao trabalho não-específi co realizado<br />

para melhorar os níveis de fl exibilidade dos atletas.<br />

Palavras-chave: aptidão física, treinamento periodizado, futsal.<br />

43<br />

Abstract<br />

Th e aim of the research was to evaluate the impact of a periodized<br />

physical training schedule on Under-20 (U-20) futsal athletes physical<br />

fi tness, from Caçador city, Santa Catarina State. Nine athletes<br />

(17.11 ± 0.78 years) chosen to participate in the study underwent<br />

a periodized program of physical training. Anthropometric averages<br />

and body composition indexes were obtained only in post-test<br />

opportunity, showing the following results: body fat - 13.18%, lean<br />

mass - 53,46 kg, fat mass - 8,53 kg. Results revealed signifi cant statistically<br />

diff erence (p < 0.05) in VO 2máx. (31.94%), power (2.67%),<br />

abdominal localized muscular resistance (23.14%) and push-ups<br />

(32.14%), from pre- to post-tests. Flexibility showed similar results<br />

from pre- to post tests (p > 0.05). Th ese fi ndings suggest that periodized<br />

training has signifi cant eff ect upon physical fi tness of futsal<br />

athletes. On the other hand, fl exibility was not improved, mainly<br />

due to the lack of specifi city of the work carried out, in regard to<br />

this variable, with the athletes.<br />

Key-words: physical fitness, periodized training, futsal.<br />

Recebido em 12 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha, Av. Santa Catarina, 581, 89500-000 Caçador SC, E-mail: regis_<br />

rodrigo@terra.com.br


44<br />

Introdução<br />

O futsal é uma das modalidades esportivas mais rápidas e<br />

que exige força, potência, velocidade, resistência e fl exibilidade<br />

de seus praticantes. A cada ano esta modalidade torna-se<br />

cada vez mais competitiva e é de fundamental importância<br />

desenvolver as valências físicas para aumentar o rendimento<br />

individual e coletivo dos atletas.<br />

Como o futebol, o futsal é uma modalidade desportiva<br />

caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada<br />

e de periodicidade aleatória [1]. Devido à especifi cidade do<br />

esporte, o programa de treinamento exige esforços de grande<br />

intensidade e curta duração, reações e ações rápidas aos mais<br />

diferentes estímulos e métodos de treinamento específi cos<br />

para alcançar os resultados desejados.<br />

Na literatura há uma importante diferenciação na aptidão<br />

física. De acordo com Caspersen et al. [2], a aptidão física<br />

possui elementos relacionados à saúde e ao desempenho. A<br />

interação entre os componentes de aptidão física relacionado<br />

à saúde e atividade física está voltada para as capacidades de<br />

resistência cardiorespiratória, força, resistência muscular,<br />

fl exibilidade e composição corporal. A aptidão relacionada<br />

ao desempenho, sendo que cada esporte tem exigências<br />

específi cas, compreende a velocidade, potência, agilidade,<br />

equilíbrio, coordenação e tempo de reação, sendo estes componentes<br />

importantes para a performance motora dos atletas<br />

de futsal [3-5].<br />

A avaliação da aptidão física é um estudo minucioso do<br />

esporte específi co e extremamente importante para elaborar<br />

programas de treinamento que desenvolvam toda a capacidade<br />

dos atletas, diagnosticando variáveis determinantes para a<br />

modalidade, bem como para cada atleta de acordo com sua<br />

função [6,7]. A determinação de padrões referenciais de atletas<br />

em geral e, posteriormente, padrões específi cos, representará<br />

um aspecto importante no processo de desenvolvimento da<br />

aptidão física [8].<br />

O crescente desenvolvimento da “ciência” do esporte proporciona<br />

a cada dia novos métodos e maneiras de treinamento<br />

físico, técnico, tático e psicológico [9]. Cada capacidade<br />

ou aptidão física deve ser aprimorada ao máximo para que<br />

ocorra o desenvolvimento do rendimento dos atletas, sempre<br />

buscando de forma positiva melhorar a habilidade e proteger<br />

contra possíveis lesões.<br />

Para organizar, estruturar e desenvolver a condição física de<br />

qualquer atleta exige-se, no mínimo, um bom conhecimento<br />

dos fundamentos metodológicos referentes à teoria do treinamento<br />

esportivo, e é desta forma que o treinamento esportivo<br />

recebe destaque. O planejamento e organização das cargas<br />

(intensidade, freqüência e duração) bem como os períodos<br />

de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que<br />

devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades<br />

físicas [10]. No caso do futsal, devido a sua complexidade e<br />

particularidades, o processo de estruturação do treinamento<br />

se faz necessário.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Desta forma, o presente estudo analisou o impacto do<br />

treinamento físico periodizado sobre a aptidão física de jogadores<br />

de futsal masculino na categoria sub-20 do município<br />

de Caçador no estado de Santa Catarina.<br />

Materiais e métodos<br />

População e amostra<br />

Participaram do presente estudo 9 jogadores de futsal, do<br />

sexo masculino, com idade entre 16 a 18 anos da categoria<br />

sub-20 do município de Caçador. Após tomar ciência dos<br />

objetivos do estudo e de seus possíveis benefícios e riscos, os<br />

sujeitos concordaram e assinaram um termo de consentimento<br />

livre e esclarecido para a realização da pesquisa. Nenhum dos<br />

participantes fez a utilização de medicamentos ou substâncias<br />

farmacológicas nos meses de intervenção, nem apresentou<br />

problemas de saúde ou contusão que poderia excluí-lo do<br />

estudo.<br />

Antropometria e composição corporal<br />

A massa corporal foi obtida por meio de uma balança Filizola,<br />

com precisão de 100 g e todos os atletas foram avaliados<br />

descalços, vestindo apenas um calção e camiseta. A estatura<br />

foi medida através de um estadiômetro com a cabeça ereta<br />

observando-se o plano de Frankfurt e com tornozelos unidos<br />

na posição anatômica. A composição corporal foi avaliada<br />

pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo, foram<br />

tomadas em cada ponto 4 medidas, em seqüência rotacional,<br />

do lado direito do corpo, sendo registrado o valor mediano.<br />

As seguintes dobras cutâneas foram aferidas: subescapular,<br />

abdômen, tríceps e axilar média. Para a equação de predição do<br />

percentual de gordura (%GC), foi utilizada a equação [11].<br />

Todas as medidas foram avaliadas por apenas um avaliador,<br />

com um adipômetro cientifi co Cescorf, com pressão<br />

constante de 10 g/mm 2 na superfície de contato e precisão<br />

de 0,1 mm. O coefi ciente teste-reteste excedeu 0,95 para<br />

cada um dos pontos anatômicos com erro de medida de, no<br />

máximo ± 1,0 mm.<br />

Avaliação da aptidão física<br />

Adotou-se os testes propostos por Pitanga [12] para<br />

determinar a aptidão física dos atletas, e foram realizados na<br />

seqüência abaixo descritas:<br />

1. Teste de Corrida de 2400 m (cooper) para avaliar o VO 2máx<br />

– o teste foi realizado na Pista Olímpica de atletismo do<br />

município de Caçador e antes do teste os atletas foram<br />

familiarizados com a pista andando sobre a mesma. Após<br />

a familiarização os atletas fi zeram o aquecimento e alongamento,<br />

iniciando o teste, que consistiu em percorrer a<br />

maior distância possível no tempo de 12 minutos e ao fi nal<br />

do teste registrou-se a distância percorrida em metros. Para


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

calcular o VO 2máx utilizou-se à equação de Cooper [13].<br />

2. Teste de Força Explosiva de Membros Inferiores (salto<br />

horizontal) – realizou-se o teste na quadra esportiva da<br />

Universidade do Contestado (UNC) utilizando uma<br />

trena e uma linha traçada no solo. Os atletas colocaramse<br />

imediatamente atrás da linha, com os pés paralelos,<br />

ligeiramente afastados, joelhos semifl exionados, tronco<br />

ligeiramente projetado à frente e logo após o sinal os atletas<br />

saltaram a maior distância possível. Foram realizadas<br />

duas tentativas, registrando-se em centímetros, com uma<br />

decimal, a partir da linha traçada no solo até o calcanhar<br />

mais próximo desta, o melhor resultado.<br />

3. Teste de Flexibilidade (sentar e alcançar) – o teste foi<br />

realizado com o Banco de Wells e antes do teste os atletas<br />

realizaram um aquecimento e alongamento individual.<br />

Foram avaliados descalços, de frente para a base do banco,<br />

com as pernas estendidas e unidas, sem fl exionar os joelhos<br />

e sem utilizar movimentos de balanço. Cada atleta realizou<br />

duas tentativas e o resultado foi medido a partir da posição<br />

mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com<br />

as pontas dos dedos, registrando o melhor resultado entre<br />

as duas execuções com anotação em uma casa decimal.<br />

4. Teste de Força-Resistência (abdominal) – os atletas posicionaram-se<br />

em decúbito dorsal como os joelhos fl exionados<br />

a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax,<br />

ao sinal os atletas iniciaram os movimentos de fl exão do<br />

tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a<br />

posição inicial. O resultado foi expresso pelo número de<br />

movimentos completos em 1 minuto.<br />

45<br />

5. Teste de Força-Resistência (fl exão de braços) – os atletas<br />

realizaram o teste no piso do centro esportivo da UNC,<br />

na posição em decúbito ventral, com as mãos e pontas<br />

dos dedos apoiados no solo, fl exionando e estendendo os<br />

braços, mantendo o alinhamento do tronco e das pernas.<br />

O resultado foi obtido pelo número máximo de repetições<br />

completas dos atletas.<br />

Programa de treinamento<br />

O programa de treinamento teve a duração de 16 semanas<br />

e foi dividido em 16 microciclos e 4 mesociclos. Os mesociclos<br />

estão descritos da seguinte forma:<br />

1º Mesociclo - 1 a 4 semanas – Período de preparação<br />

geral. Princípio de adaptação e método de duração de volume<br />

e intensidade crescente;<br />

2º Mesociclo - 5 a 8 semanas - Período de preparação<br />

específi ca, com o princípio de multilateralidade e método<br />

de duração com volume e intensidade crescente provocando<br />

uma adaptação fi siológica e melhorando as capacidades físicas<br />

dos atletas;<br />

3º Mesociclo - 9 a 12 semanas - Período de preparação<br />

específi ca. Princípio da sobrecarga, método de duração intervalado<br />

e repetição, com o objetivo de aumentar a capacidade<br />

física e psíquica do atleta;<br />

4º Mesociclo - 13 a 16 semanas - Período de auto-rendimento.<br />

Princípio da continuidade com o método de duração<br />

com o aumento do volume e intensidade.<br />

Unidade de treino 1º Mesociclo<br />

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom<br />

1 Avaliação Física Avaliação Física Aeróbio Força Técnico Repouso Repouso<br />

2 Aeróbio Técnico Força Técnico Aeróbio Repouso Repouso<br />

3 Aeróbio Força Técnico Aeróbio Força Repouso Repouso<br />

4 Velocidade Aeróbio Técnico Força Aeróbio Repouso Repouso<br />

Unidade de treino 2º Mesociclo<br />

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom<br />

5 Força Aeróbio Técnico Velocidade Aeróbio Repouso Repouso<br />

6 Força Velocidade Técnico Aeróbio Velocidade Repouso Repouso<br />

7 Aeróbio Força Técnico Aeróbio Força Repouso Repouso<br />

8 Velocidade Aeróbio Força Técnico Força Repouso Repouso<br />

Unidade de treino 3º Mesociclo<br />

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom<br />

9 Aeróbio Técnico-Tático Manutenção<br />

Força<br />

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso<br />

10 Aeróbio Técnico e Tático Manutenção<br />

Força<br />

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso<br />

11 Aeróbio Técnico e Tático Manutenção<br />

Força<br />

Técnico e Tático Aeróbio Repouso Repouso<br />

12 Avaliação 2 Avaliação 2 Técnico e tático Manutenção<br />

força<br />

Técnico e Tático Repouso Repouso


46<br />

Unidade de treino 4º Mesociclo<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom<br />

13 Avaliação Física Avaliação Física Força Técnico Técnico e tático Repouso Repouso<br />

14 Técnico Técnico Força Técnico Técnico e tático Repouso Repouso<br />

15 Técnico Técnico Força Técnico Amistoso Repouso Repouso<br />

16 Técnico Técnico Força Técnico Técnico Repouso Repouso<br />

Análise estatística<br />

Para a caracterização da amostra, a análise descritiva<br />

(média, desvio padrão) foi utilizada, aplicou-se o teste de<br />

normalidade em todas as variáveis e para as mudanças que<br />

ocorreram nos períodos pré e pós-experimento, o teste “t”<br />

de Student para amostras pareadas foi empregado. O nível<br />

de signifi cância adotado para todas as comparações foi de<br />

p < 0,05, todos os dados foram conduzidos pelo programa<br />

SPSS 10.0.<br />

Resultados<br />

A análise descritiva do perfi l antropométrico dos indicadores<br />

da composição corporal são apresentados na Tabela I<br />

somente no período pós-treinamento como caracterização<br />

da amostra.<br />

Tabela I - Perfi l antropométrico dos indicadores da composição<br />

corporal no período pós-teste dos jogadores de futsal.<br />

Média Desvio Padrão<br />

Idade (anos) 17,11 ± 0,78<br />

Altura (mt) 1,70 ± 3,68<br />

Peso (kg) 62,83 ± 7,39<br />

Massa magra (kg) 53,46 ± 4,06<br />

Massa gorda (kg) 8,53 ± 5,41<br />

Gordura (%) 13,18 ± 7,39<br />

A Tabela II apresenta as modifi cações ocorridas entre os<br />

períodos pré e pós-treinamento expressas em valores percentuais<br />

(Δ%). Os resultados obtidos demonstraram diferença<br />

signifi cativa do período pré para o pós-treinamento, ocorrendo<br />

um aumento no VO 2máx. , potência, resistência muscular<br />

localizada abdominal e fl exão de braço, entretanto na variável<br />

fl exibilidade não houve diferença signifi cativa entre os dois<br />

momentos da avaliação.<br />

Discussão<br />

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que o<br />

treinamento físico periodizado melhorou a aptidão física dos<br />

jogadores de futsal, resultados estes que são muito parecidos<br />

com outros estudos encontrados na literatura [9,14,15], todavia,<br />

a fl exibilidade não se alterou, possivelmente pela falta<br />

de treinamento específi co dos atletas.<br />

Cyrino et al. [15] avaliaram o efeito de 24 semanas de<br />

treinamento de futsal sobre a composição corporal e desempenho<br />

motor em atletas juvenis (16,87 ± 0,83 anos). Os<br />

resultados revelaram somente mudança nos indicadores da<br />

potência muscular/força (impulsão horizontal) e agilidade<br />

(shuttle run) e na massa magra dos atletas, resultado parecido<br />

encontrado nesta pesquisa na variável potência, todavia, os<br />

resultados diferiram para resistência muscular localizada do<br />

abdominal.<br />

Outro estudo realizado por Helgerud et al. [14] avaliou<br />

as respostas fi siológicas de 8 semanas de treinamento aeróbio<br />

(método intervalado) em 19 jogadores de futebol júnior (18<br />

± 0,8 anos), sobre o VO 2máx. , limiar anaeróbio (LA), sprint<br />

e economia da corrida. O estudo apresentou diferenças<br />

estatísticas entre pré e pós-teste para as variáveis de VO 2máx.,<br />

LA, economia de corrida e no sprint. Da mesma forma que<br />

o presente estudo encontrou diferenças signifi cativas após a<br />

intervenção para o VO 2máx .<br />

Pontes et al. pesquisaram a resposta de 16 semanas<br />

de treinamento em futebolistas (29 a 48 anos), 3 sessões<br />

semanais em dias alternados, com 60 minutos de duração.<br />

O programa de treinamento foi composto de <strong>exercício</strong>s<br />

aeróbios (corridas e trotes), <strong>exercício</strong>s anaeróbios (saltos,<br />

chute com bolas, corridas rápidas de 50 a 100 mt) e <strong>exercício</strong>s<br />

de fl exibilidade (alongamentos ativos e passivos, 10<br />

a 30 segundos). Encontrando resultado signifi cativo entre<br />

o período pré para o pós-experimento apenas no teste de<br />

fl exibilidade (30,1 cm para 33 cm). Este achado difere do<br />

Tabela II - Comportamento da aptidão física dos jogadores de futsal masculino do período pré para o pós-treinamento.<br />

Pré-teste Pós-teste ∆% T P<br />

** VO (ml/kg:min.) 2máx<br />

37,89 ± 4,60 49,44 ± 4,83 31,94 ± 19,64 -5,941 0,000<br />

Potência** (mt) 2,11 ± 0,17 2,16 ± 0,17 2,67 ± 1,87 -4,336 0,002<br />

Abdominal** (rml) 40,00 ± 7,31 49,33 ± 11,47 23,14 ± 17,91 -4,063 0,004<br />

Flexão de braço** (rml) 22,44 ± 8,58 29,66 ± 12,30 32,14 ± 30 -3,517 0,008<br />

Flexibilidade (cm) 29,55 ± 5,83 30,12 ± 6,60 1,55 ± 3,77 -1,563 0,157<br />

**Efeito significativo do período pré para o pós-treinamento (p < 0,05).


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

obtido nesta pesquisa, uma vez que a fl exibilidade não<br />

apresentou resultado signifi cativo, porém, esta diferença<br />

pode ser em decorrência da amostra do estudo de Pontes et<br />

al. [9] não ser de atletas.<br />

Se compararmos o resultado da fl exibilidade e abdominal<br />

desta pesquisa com o estudo de Guedes et al.<br />

[16] que avaliou o crescimento e desempenho motor de<br />

crianças e adolescentes de 7 a 17 anos e de ambos os sexos<br />

da cidade de Londrina (PR), podemos considerar que há<br />

diferenças somente nos resultados do teste de abdominal.<br />

Na fl exibilidade, a média dos adolescentes não atletas foi<br />

de 29,20 cm e na variável abdominal 37,48 repetições, em<br />

contrapartida a média da fl exibilidade deste experimento<br />

com adolescentes atletas foi de 29,55 cm no início do<br />

teste e após teste de 30,12 cm e na variável abdominal de<br />

40,00 para 49,33 repetições, portanto, podemos enfatizar<br />

que os níveis de fl exibilidade não foram diferentes entre<br />

os adolescentes atletas e não atletas.<br />

O percentual de gordura (13,18%) encontrado nesta<br />

pesquisa, no período pós-experimento, foi relativamente<br />

diferente com relação ao estudo de Tenroller [17], que<br />

pesquisou a influência do treinamento físico, durante<br />

3 meses, em 18 atletas juvenis masculino de futsal (17<br />

a 19 anos) da ULBRA, obtendo os resultados de 12%<br />

na gordura corporal no pós-teste. Não existem dados<br />

na literatura que possam padronizar os níveis ótimos de<br />

percentual de gordura para atletas de futsal masculino<br />

ou feminino, sendo assim, estes valores encontrados em<br />

ambas as pesquisas podem variar de acordo com o fenótipo<br />

de cada atleta.<br />

Com o intuito de avançar os conhecimentos sobre o<br />

futsal e treinamento físico periodizado específi co para cada<br />

modalidade esportiva, e para que estudos subseqüentes<br />

utilizem as informações expressas aqui, as limitações precisam<br />

ser apontadas. No presente estudo, uma limitação<br />

apresentada foi o fato de não se ter utilizado um método<br />

específi co para desenvolver a fl exibilidade, já que na literatura<br />

esta variável tem importância fundamental na melhora<br />

do rendimento, e também a utilização de mais de um teste<br />

para a avaliação, pois não se dispõem de um teste que proporcione<br />

valores representativos dos níveis de fl exibilidade<br />

geral sugerindo assim futuras pesquisas que englobem a<br />

avaliação e o treinamento específi co da fl exibilidade. Outra<br />

limitação importante foi a não obtenção dos valores da<br />

composição corporal no período pré-experimento, pois o<br />

treinamento físico tem uma infl uência sobre esta variável,<br />

desta forma estudos devem ser feitos para determinar padrões<br />

de referência aos atletas tanto masculino quanto feminino<br />

da modalidade de futsal. A determinação de referências e<br />

testes específi cos para a modalidade de futsal nos conduzirá<br />

a elaborar métodos e metodologias de treinamento para o<br />

aperfeiçoamento e desempenho máximo, tanto individual<br />

quanto coletivo dos atletas.<br />

Conclusão<br />

47<br />

A utilização das variáveis fi siológicas tem obtido merecido<br />

destaque no que diz respeito ao aprimoramento e desenvolvimento<br />

da performance dos atletas dentre os mais diferentes<br />

tipos de esporte, apesar de considerarmos que os determinantes<br />

do desempenho esportivo são complexos e envolvem uma<br />

série de fatores bioquímicos, fi siológicos, genéticos, anátomomorfológicos<br />

e psicológicos. Os resultados obtidos demonstraram<br />

no período pré para o pós-treinamento, ocorrendo um<br />

aumento no VO 2máx (31,94%), potência (2,67%), resistência<br />

muscular localizada do abdominal (23,14%), resistência<br />

muscular localizada na fl exão de braço (32,14%). Na fl exibilidade<br />

não houve diferença signifi cativa entre os períodos de<br />

treinamento, fato este ocorrido principalmente devido a não<br />

utilização durante as sessões de treinamento periodizado um<br />

método específi co para desenvolver a fl exibilidade.<br />

Estes resultados permitem propor que modelos sistematizados<br />

podem ser aplicados em larga escala na preparação física<br />

de atletas com idade até 20 anos, voltados para a melhoria<br />

da aptidão física destes, resultando, possivelmente, em maior<br />

efi ciência nos jogos. Portanto, concluímos que o treinamento<br />

físico e periodizado melhora a aptidão física de atletas de futsal<br />

na categoria sub-20.<br />

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com.br/artigo/artigos.php.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Prática mental combinada ao treinamento<br />

de força como perspectiva de aumento da força<br />

máxima em homens treinados<br />

Mental practice combined to the strength training as a perspective<br />

for increasing maximum strength in trained males<br />

Sergio Eduardo de Carvalho Machado*, José Eduardo Lattari Rayol Prati**, Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho***<br />

*Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade<br />

Humana – LABIMH – UCB, **Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – UCB,***Laboratório de Métodos<br />

Computacionais em Engenharia – LAMCE- COPPE- UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH<br />

– UCB, Colégio Pedro II – UESC I – ADCPII<br />

Resumo<br />

O objetivo do estudo foi verifi car se através do uso da prática<br />

mental combinada ao treinamento de força seria possível alcançar<br />

um aumento na performance de força muscular máxima em indivíduos<br />

treinados em um período de 4 semanas. Foram selecionados<br />

28 sujeitos saudáveis, do sexo masculino, divididos em 2 grupos<br />

de 14, na faixa etária de 18 a 30 anos, mínimo de 6 meses de treinamento<br />

com pelo menos 3 sessões semanais, e sem histórico de<br />

lesão osteomioarticular. Ambos os grupos foram submetidos a um<br />

teste de 1RM, 3 vezes na semana, com um intervalo de 48 h entre<br />

os testes, sendo realizada uma média dos testes. O grupo 1 realizou<br />

treinamento de força e o grupo 2 realizou prática mental combinada<br />

ao treinamento de força, ambos 3 vezes por semana, durante 4<br />

semanas. Os resultados revelaram uma diferença signifi cativa entre<br />

os grupos, sendo p < 0,05, favorecendo o grupo que realizou prática<br />

mental combinada ao treinamento de força. Conclui-se que a prática<br />

mental parece ser uma ótima técnica adicional ao treinamento de<br />

força, que poderia ser utilizada por atletas visando o aumento de<br />

performance.<br />

Palavras-chave: prática mental, força, 1RM.<br />

49<br />

Abstract<br />

Th e aim of this study was to verify if 4 weeks of mental practice<br />

allied to strength training would be eff ective in promoting an increase<br />

in maximum strength. Twenty-eight healthful male subjects,<br />

18 to 30 years old, were selected and separated into 2 groups of 14.<br />

Th ey should have a minimum of 6 months of training, performing at<br />

least 3 sessions per week and without osteomioarticular injury. Both<br />

groups underwent a test of 1RM, 3 times a week, with 48 h interval<br />

between tests, with an average of tests being carried out. Group 1<br />

accomplished a strength training protocol and Group 2 strength<br />

training plus mental practice. Both groups trained 3 times per week,<br />

during 4 weeks. Results indicated a signifi cant diff erence between<br />

groups (p < 0.05), with Group 2 showing better performance than<br />

Group 1. Th is observation suggests that mental practice seems to be<br />

an excellent additional technique to be used with strength training<br />

in order to provide extra gains in strength performance.<br />

Key-words: mental practice, strength, 1RM.<br />

Recebido em 12 de setembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Sergio Eduardo de Carvalho Machado, Rua Professor Sabóia Ribeiro, 69/104, 22430-130 Rio de<br />

Janeiro RJ, Tel: (21) 9638 2492, E-mail: secm80@ig.com.br


50<br />

Introdução<br />

Estudos sugerem que o uso da prática mental possibilitaria<br />

melhorar a força muscular sem a realização de uma contração<br />

muscular signifi cativa [1,2]. A prática mental é defi nida como<br />

a repetição de um movimento imaginado, realizada diversas<br />

vezes com a intenção de promover aprendizagem ou aperfeiçoamento<br />

de uma habilidade motora, visto que a imaginação de<br />

um movimento corresponde a um estado dinâmico durante a<br />

representação de uma ação específi ca reativada internamente a<br />

memória de trabalho na ausência de qualquer movimento [3].<br />

Numerosos estudos mostraram [3-6] que a prática mental é<br />

uma técnica efi caz de treinamento para realçar o desempenho<br />

de habilidades motoras, quando usados em combinação com a<br />

prática física e mesmo quando usados isoladamente. Diversas<br />

pesquisas vêm examinando a efi cácia da prática mental para a<br />

aquisição de habilidades motoras. Entretanto, o mesmo não<br />

ocorre em relação ao efeito da prática mental no desempenho<br />

de força muscular.<br />

Ganhos em força isométrica têm sido observados após<br />

a utilização da prática mental. Por exemplo, Cornwall et<br />

al. [7] relataram que a realização da prática mental, através<br />

da imaginação de contrações dos músculos do quadríceps,<br />

levou a um aumento signifi cativo na força isométrica igualmente<br />

ao encontrado em voluntários do grupo controle.<br />

Similarmente, Yue and Cole [1] relataram ganhos em força<br />

isométrica após a realização de prática mental. Eles encontraram<br />

que, após 4 semanas de treinamento, os grupos que<br />

realizaram prática física, mental, e o controle aumentaram<br />

a força do músculo abdutor do quinto dedo em 30%, 22%,<br />

e 3.7%, respectivamente. Sendo sugerido que os ganhos<br />

observados, após a prática mental, poderiam ser atribuídos<br />

a mudanças neurais devido a níveis de planejamento e programação<br />

motora.<br />

Portanto, o presente estudo tem como objetivo verifi car<br />

se através da combinação da prática mental ao treinamento<br />

de força, seria possível alcançar um aumento na performance<br />

de força muscular máxima em indivíduos treinados<br />

em um período de 4 semanas. O estudo releva-se devido<br />

à carência de pesquisas investigando os efeitos da combinação<br />

do método prática mental com o treinamento de<br />

força, contribuindo dessa maneira com novas informações<br />

sobre o assunto.<br />

Materiais e métodos<br />

Amostra<br />

Foram selecionados 28 sujeitos saudáveis, sexo masculino,<br />

na faixa etária de 18 a 30 anos. Todos os sujeitos<br />

analisados eram praticantes de treinamento de força, com<br />

um lastro mínimo de 6 meses de treinamento, com prática<br />

regular de pelo menos 3 vezes por semana e sem nenhum<br />

histórico de lesão osteomioarticular. Foi realizada uma se-<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

leção aleatória, na qual os sujeitos foram divididos em dois<br />

grupos experimentais de 14 indivíduos. O grupo 1 (G1),<br />

que realizou somente o treinamento de força e o grupo 2<br />

(G2), que realizou o treinamento mental combinado ao<br />

treino de força.<br />

Foi apresentado aos referidos sujeitos, um termo de consentimento<br />

sobre a pesquisa a ser realizada, tendo sido este<br />

documento devidamente assinado por todos os envolvidos<br />

neste estudo.<br />

O presente estudo atendeu as Normas para a Realização de<br />

Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho<br />

Nacional de Saúde de 10/10/1996.<br />

Procedimentos quanto ao teste<br />

Foi realizado um teste de 1RM no supino, sendo este<br />

precedido por uma série de aquecimento (10 repetições). Os<br />

testes de 1RM foram realizados num total de 3 vezes na semana,<br />

com um intervalo de 48 h entre os testes. Foram então<br />

utilizados os valores obtidos nos pré e pós-testes. Tendo sido<br />

avaliados pelo mesmo avaliador.<br />

Procedimentos quanto ao treinamento<br />

Os treinamentos de força e de prática mental foram realizados<br />

três vezes por semana, durante quatro semanas.<br />

Treinamento de força<br />

Para o treinamento de força, foi utilizado um protocolo<br />

de 3 séries de 4 a 5RM, com 3 minutos de intervalo entre as<br />

séries com carga predita a 90% de 1RM, objetivando o desenvolvimento<br />

da força máxima de cada sujeito [8]. A partir<br />

do 7º treinamento eram acrescidos 5% do total da carga.<br />

Treinamento de prática mental<br />

Para o treinamento de prática mental combinada ao<br />

treinamento de força, os indivíduos deveriam realizar uma<br />

simulação mental do movimento do <strong>exercício</strong> supino reto<br />

(90˚). Tal simulação mental consistiu na visualização do<br />

movimento sendo realizado por si mesmo [9]. O protocolo<br />

de prática mental deveria ser realizado antes de cada série do<br />

protocolo de treinamento de força.<br />

Análise estatística<br />

A análise de dados foi realizada através de estatística descritiva,<br />

na qual se incluiu a relação de media e desvio padrão<br />

das diferenças de ganhos obtidos pelos grupos. Além disto,<br />

foi realizado um teste t pareado sobre os valores médios dos<br />

grupos, e um Teste t de Student para amostras independentes<br />

sobre os ganhos percentuais individuais, tendo como nível de<br />

signifi cância (p ≤ 0,05).


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Resultados<br />

Através da análise de dados comparando-se os valores<br />

médios, verifi cou-se que o G2 foi superior ao G1.<br />

Em relação aos grupos, tanto o treinamento de força<br />

aplicado no G1, quanto o treinamento de força associado<br />

Tabela I - Teste t pareado para o G1 e G2.<br />

51<br />

ao treinamento mental aplicado no G2 geraram melhoras<br />

signifi cativas. Tais resultados puderam ser observados quando<br />

foi aplicado o teste t pareado, comparando os resultados dos<br />

pré-testes com os resultados dos pós-testes em cada um dos<br />

grupos, conforme mostra a Tabela I.<br />

Testes Pré-teste 1RM G1 Pós-Teste 1RM G1 Pré-teste 1RM G2 Pós-Teste 1RM G2<br />

Média (kg) 86,4 ± 17,20 91,1 ± 17,84 87,1 ± 21,56 95,2 ± 22,27<br />

Variância 296,11 318,53 464,90 496,18<br />

t estatístico -10,669 -15,06<br />

p 0,00000008 0,000000001<br />

Coube verifi car se o treinamento de força associado à<br />

prática mental apresentou ganhos percentuais superiores ao<br />

treinamento de força por si só. Os percentuais de ganho usado<br />

para cada um dos indivíduos foram calculados aplicando a<br />

seguinte fórmula: % de ganho = ((teste x 100) / pré-teste) –<br />

100. Portanto, optou-se pelo teste t de Student para amostras<br />

independentes presumindo variâncias equivalentes. Através<br />

do teste t de Student verifi cou-se que a diferença encontrada<br />

nas médias dos ganhos percentuais foi signifi cativa (p =<br />

0,0001), inferindo que o treinamento de força associado ao<br />

treinamento mental promove aumentos signifi cativamente<br />

maiores na força muscular do que o treinamento de força<br />

sozinho, conforme mostra a Tabela II.<br />

Tabela II - Teste t para amostras independentes presumindo variâncias<br />

equivalentes.<br />

Ganhos % G1 Ganhos % G2<br />

Média 5,4 9,6<br />

Variância 3,50 8,89<br />

t estatístico -4,50<br />

p 0,0001<br />

Discussão<br />

O objetivo do presente estudo teve como objetivo verifi car<br />

se através do uso da prática mental associado ao treinamento<br />

de força, seria possível alcançar um aumento na performance<br />

de força muscular máxima em indivíduos treinados em um<br />

período de 4 semanas.<br />

Nossos resultados mostraram uma superioridade do grupo<br />

que realizou a prática mental combinada ao treinamento de<br />

força em relação ao que somente realizou o treinamento de<br />

força, apresentando um nível maior de produção de força.<br />

Interessante são os resultados de Inge et al. [9], indicando<br />

que o efeito do treinamento de prática mental no aumento da<br />

produção de força não se dá devido a aspectos motivacionais<br />

não específi cos do treinamento. Os resultados encontrados<br />

por Tod e Iredale [10] indicam que a prática mental poderia<br />

melhorar o desempenho durante a realização de <strong>exercício</strong>s<br />

de força em sujeitos treinados. Semelhantes são os achados<br />

de Brody et al. [11], os quais indicam que a prática mental<br />

poderia conduzir a mudanças no recrutamento de unidades<br />

motoras, na sincronização e/ou na freqüência de disparo.<br />

Portanto, a prática mental provocaria mudanças na atividade<br />

do Sistema Nervoso Central através de um forte comando central.<br />

Tal comando recrutaria unidades motoras que de alguma<br />

maneira estariam inativas e/ou levaria as unidades motoras já<br />

ativas a uma intensidade mais elevada (freqüência de disparo),<br />

conduzindo a uma maior ativação muscular. Com o mesmo<br />

raciocínio, Ranganathan et al. [12] sugeriram que a prática<br />

mental permite ao cérebro gerar fortes sinais transmitidos ao<br />

músculo, aumentando o nível de ativação, conseqüentemente<br />

levando a um aumento de força.<br />

Estudos prévios [13-15] mostraram uma relação proporcional<br />

entre a magnitude do sinal cerebral para o músculo e<br />

a força muscular voluntária em jovens saudáveis, indicando<br />

que um ótimo nível de força é uma conseqüência de uma<br />

forte atividade cerebral. Tais achados corroboram com os resultados<br />

de Dettmers et al. [16] os quais reportaram uma alta<br />

correlação entre o fl uxo sanguíneo cerebral regional verifi cado<br />

por tomografi a por emissão de positrons (TEP) e níveis de<br />

força voluntária em várias áreas motoras corticais. Da mesma<br />

maneira, Dai et al. [17] utilizando ressonância magnética<br />

funcional reportaram que em áreas motoras corticais houve<br />

uma correlação positiva entre o sinal da ressonância e os níveis<br />

de força. O aumento no fl uxo sanguíneo cerebral regional<br />

e do sinal da ressonância magnética funcional refl ete um<br />

aumento na atividade sináptica. Portanto, um elevado sinal<br />

da ressonância magnética funcional e um aumento do fl uxo<br />

sanguíneo cerebral regional em altos níveis de produção de<br />

força, indicariam uma ótima atividade neural, sugerindo um<br />

recrutamento maior de neurônios e/ou um disparo em taxas<br />

mais elevadas de neurônios já ativos [18].<br />

Conclusão<br />

Certamente, o que parece ter ocorrido, no presente estudo,<br />

foram aumentos no padrão de ativação muscular provenientes<br />

de uma forte ativação em regiões motoras corticais no grupo<br />

que realizou prática mental combinada ao treinamento de for-


52<br />

ça. Tais resultados indicam que essa ativação de áreas motoras<br />

do córtex seja uma possível base para o aumento da produção<br />

de força. Portanto, a prática mental parece ser uma ótima<br />

técnica adicional ao treinamento de força, que poderia ser<br />

utilizada por atletas, visando o aumento de performance.<br />

Sugere-se que sejam realizadas novas investigações para<br />

verifi car tais mecanismos. Portanto, equipamentos como a<br />

Eletromiografi a (EMG) e a Eletroencefalografi a quantitativo<br />

(EEGq) seriam ótimas ferramentas para tais investigações,<br />

além da utilização de protocolos com maior tempo de aplicação<br />

da prática mental.<br />

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

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between motor activity-related cortical potential and<br />

voluntary muscle activation. Exp Brain Res 2000;133(3):303-<br />

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Artigo original<br />

Efeito do treinamento com pesos de uma série<br />

versus séries múltiplas sobre a força muscular<br />

em mulheres acima de 40 anos<br />

Effects of one vs. multiple sets weight training upon<br />

muscular strength gain in women aged over 40<br />

Humberto Daiuto Petry*, Carla Cristiane da Silva*, Fábio Lera Orsatti**, Nailza Maestá***, Roberto Carlos Burini****<br />

*Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri), Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina Botucatu<br />

UNESP, ** Professor de Educação Física, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopausa, Departamento de Ginecologia e<br />

Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), **Nutricionista, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopausa,<br />

Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), ****Professor Titular, Centro de<br />

Metabolismo em Exercício e Nutrição, CeMENutri, Depto. de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu<br />

Resumo<br />

A literatura apresenta dados confl itantes sobre o número de<br />

séries necessárias para um programa de treinamento que objetiva o<br />

aumento da força e massa muscular para indivíduos idosos. Com o<br />

objetivo de investigar a diferença entre os efeitos de treinamentos<br />

de série única e séries múltiplas, foram estudados dois grupos. GS1<br />

e GS2 foram compostos por 7 indivíduos do sexo feminino em<br />

cada grupo com idade de 57 ± 11 e 50 ± 9 anos, índice de massa<br />

corporal de 26 ± 2 e 23 ± 3,8 kg/m2 e massa magra de 45,1 ± 6,5<br />

e 42,3 ± 3,5 kg, respectivamente. O GS1 realizou 1 série entre<br />

60-80% de 1RM e o GS2 realizou 3 séries entre 60-80% de 1RM<br />

para os grupamentos musculares e seus respectivos <strong>exercício</strong>s,<br />

peito (supino), coxa (mesa extensora) e bíceps (rosca direta), por<br />

oito semanas. Os resultados não deferiram entre os grupos (p ><br />

0,05), porém mostraram aumento signifi cativo (p < 0,05) na força<br />

muscular, quando comparado pré e pós treinamento (Δ = 5,9 ± 2<br />

e 7,7 ± 2,3; 2 ± 1,6 e 3,2 ± 1,1; 6,3 ± 2 e 7,2 ± 3; para GS1 e GS2<br />

e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente). A força<br />

muscular foi corrigida pela massa magra, respondendo de forma<br />

semelhante ao da força muscular (Δ = 0,13 ± 0,05 e 0,17 ± 0,01;<br />

0,04 ± 0,03 e 0,07 ± 0,03; 0,14 ± 0,06 e 0,16 ± 0,06; para GS1<br />

e GS2 e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente).<br />

Assim, o propósito do programa série única é manter e desenvolver<br />

uma quantidade de força muscular para contribuir com a saúde e<br />

não otimizar ao máximo a força muscular.<br />

Palavras-chave: treinamento com pesos, séries múltiplas, série<br />

única, mulheres.<br />

53<br />

Abstract<br />

Literature is not consensual about the appropriate number of<br />

sets of strength exercises designed for elderly people aiming strength<br />

gains and muscle hypertrophy. With the purpose to investigate<br />

the diff erence among training eff ects of single and multiple sets,<br />

two groups of 7 women, GS1 and GS2, aging 57 ± 11 and 50 ± 9<br />

years, body mass index 26 ± 2 kg/m2 and 23 ± 4 kg/m2 and fat free<br />

mass 45.1 ± 6.5 kg and 42.3 ± 3.5 kg, respectively, were studied.<br />

During 8 weeks they trained chest muscles (bench press), anterior<br />

thigh (leg extension) and biceps (arm curl). Exercise intensity was<br />

established at 60-80% of one-RM, and GS1 performed one set while<br />

GS2 performed three sets of exercises, during each training session.<br />

Results showed no diff erence between groups, but both of them<br />

had a signifi cant increase in muscular strength comparing pre- vs.<br />

post-tests (Δ = 5.9 ± 2.0 and 7.7 ± 2.3; 2.0 ± 1.6 and 3.2 ± 1.1; 6.3<br />

± 2.0 and 7.2 ± 3.0, for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and<br />

GS2, respectively). Th e same behavior was observed when analyzing<br />

the ratio muscle strength/fat free mass (Δ = 0.13 ± 0.05 and 0.17 ±<br />

0.01; 0.04 ± 0.03 and 0.07 ± 0.03; 0.14 ± 0.06 and 0.16 ± 0.06;<br />

for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and GS2, respectively).<br />

It was concluded that a single set of resistance exercises is suffi cient<br />

to maintain muscle strength and to develop muscle hypertrophy in<br />

healthy elderly women.<br />

Key-words: elderly women, weigth training, multiple set, single set.<br />

Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.<br />

Endereço para correspondência: Roberto Carlos Burini, Rua Distrito de Rubião Júnior, s/n-UNESP-FM Botucatu, 18618-970 Botucatu<br />

SP, Tel: (14) 3811-6128, E-mail: burini@fmb.unesp.br


54<br />

Introdução<br />

A expectativa de vida vem aumentando nos últimos anos,<br />

proporcionando crescimento acentuado da população mais<br />

velha, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento.<br />

O Brasil começou a mostrar o envelhecimento<br />

populacional no fi nal do século passado. Os sensos demográfi<br />

cos realizados entre os anos de 1950 e 1991 indicaram<br />

crescimento de 180% na população geral, enquanto que o<br />

número de indivíduos com idades iguais ou superiores há 65<br />

anos aumentou cerca de 460% [1].<br />

Com a sobrevida cada vez maior, existe preocupação em<br />

proporcionar qualidade de vida, na perspectiva primária da<br />

conservação da saúde. Em função das atribulações e dos compromissos<br />

do dia-a-dia o estilo de vida sedentário tem-se potencializado<br />

entre a população idosa. Uma das conseqüências<br />

deste estilo de vida assumida, associado ao envelhecimento,<br />

gera, particularmente, redução na força e massa muscular,<br />

caracterizando um quadro de sarcopenia [2,3].<br />

A sarcopenia pode avançar até o momento em que o indivíduo<br />

fi ca impossibilitado de realizar as atividades comuns da vida<br />

diária, como as tarefas domésticas, levantar-se de uma cadeira,<br />

da cama ou até mesmo ir ao banheiro a tempo [3-5].<br />

A força muscular é fator importante da capacidade física<br />

funcional de indivíduos idosos. Por conseqüência da instabilidade<br />

muscular e articular ocorre um aumento no risco de<br />

quedas e fraturas, particularmente as de quadril [6]. Sendo esta<br />

uma das causas mais importantes de lesões em pessoas idosas,<br />

o que constitui grande fator de morbidade e mortalidade [7],<br />

representando um grave problema de saúde pública.<br />

O treinamento com pesos é considerado uma intervenção<br />

promissora para reverter a perda da força e massa muscular.<br />

Durante a última década, fi caram comprovados os benefícios<br />

do treinamento com pesos para idosos. Em 1990, Fiatarone<br />

et al. [8] demonstraram que mesmo o indivíduo com mais de<br />

80 anos pode alcançar um ganho de força em período de 2<br />

meses, sendo confi rmado por outros autores [2,5,9,10].<br />

No entanto, a literatura apresenta dados confl itantes sobre<br />

o número de séries necessárias para um programa de treinamento<br />

que objetiva o aumento da força e massa muscular em<br />

pessoas mais velhas.<br />

Apesar das recomendações preconizarem 1 série [11,12],<br />

os trabalhos publicados utilizaram 3 séries [5,8-10,13] para<br />

o desenvolvimento da massa e força muscular.<br />

Isso acontece em função da escassez de pesquisas específi<br />

cas e confusão na literatura sobre a prescrição mais<br />

adequada. Exemplos bem claros são as variações e limitações<br />

nas metodologias, como o número de repetições, tempo do<br />

estudo, grupos musculares utilizados, tipos de <strong>exercício</strong>s, ações<br />

musculares, idade e sexo dos indivíduos.<br />

Portanto, o objetivo deste estudo foi determinar o efeito<br />

do volume de treinamento (1 série x 3 séries), dentro de um<br />

protocolo de <strong>exercício</strong>s com pesos sobre a força muscular de<br />

mulheres acima de 40 anos.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Materiais e métodos<br />

Indivíduos<br />

Fizeram parte deste estudo 14 indivíduos do sexo feminino,<br />

com idade de 53 ± 8 anos, residentes no município de<br />

Botucatu. Os quais fazem parte de um projeto de extensão<br />

universitária da Faculdade de Medicina de Botucatu-SP<br />

UNESP, mexa-se pró-saúde. Todos os participantes da amostra<br />

estavam afastados de programas de <strong>exercício</strong> de força supervisionados<br />

por um período de 12 meses.<br />

Critérios de inclusão<br />

Todos os indivíduos foram voluntários (assinaram um termo<br />

de consentimento livre e esclarecido) informando-os sobre<br />

os procedimentos do programa, eram ligados a A. A. Pro-Fit<br />

(Associação dos Adeptos do Exercício Físico e da Nutrição<br />

para Promoção do Desempenho Atlético e da Saúde) e participantes<br />

do programa multiprofi ssional (médico, nutricional,<br />

laboratorial e de educação física) de extensão universitária<br />

de <strong>exercício</strong>s físicos supervisionados, conduzido pelo Centro<br />

de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da<br />

Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu.<br />

Critérios de exclusão<br />

Os indivíduos foram excluídos do estudo quando no<br />

momento da avaliação médica e sangüínea apresentavam<br />

quadro de insufi ciência cardíaca grave, coronariana, respiratória,<br />

renal, hepática, doenças neurológicas ou ortopédicas<br />

incapacitantes, diabetes, hipertensão grave. Indivíduos que<br />

não freqüentaram o programa de <strong>exercício</strong>, por no mínimo<br />

3 vezes na semana, também foram excluídos do estudo.<br />

Antes de iniciar o protocolo de <strong>exercício</strong>s, todos os indivíduos<br />

deste estudo foram submetidos à avaliação antropométrica<br />

e da força muscular.<br />

Avaliação antropométrica<br />

O peso foi calculado por balança antropométrica com precisão<br />

de 0,1 kg e a estatura foi mensurada por estadiômentro<br />

preso à parede com precisão de 0,1 m. A massa corporal magra<br />

foi avaliada utilizando aparelho de Impedância Bioelétrica<br />

(BIA) seguindo algumas recomendações.<br />

O exame foi realizado em jejum, após noite de sono, e<br />

os indivíduos foram orientados a ingerirem líquidos no dia<br />

anterior ao teste de (BIA); não realizarem <strong>exercício</strong> físico ou<br />

sauna nas 8 horas que antecederam a avaliação de (BIA); não<br />

ingerirem bebida alcoólica, café e/ou diuréticos nas 12 horas<br />

antes do exame.<br />

Os valores da resistência e da reatância foram utilizados<br />

em equações específi cas de acordo com o sexo e faixa etária.<br />

Desta forma, optamos pelas equações de Segal et al. [14],


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

que levam em consideração o índice de massa corporal, peso,<br />

idade e sexo.<br />

Protocolo de avaliação da força máxima (1RM)<br />

Os indivíduos participaram de 3 sessões que antecederam<br />

55<br />

o treinamento em dias alternados com intuito de familiarização<br />

com o equipamento e as técnicas de <strong>exercício</strong>s.<br />

O protocolo de avaliação da força máxima contemplou 3<br />

grupamentos musculares, sendo um grupo muscular pequeno<br />

(bíceps) e dois grandes, um de membro inferior (quadríceps)<br />

e um superior (peitoral). O protocolo do teste começou com<br />

um aquecimento entre 5-10 repetições entre 40-60% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de educação física. Após<br />

o aquecimento foi efetuado um período de repouso de 1 minuto e relaxamento da musculatura envolvida. Em seguida foram<br />

realizadas 3-5 repetições entre 60-80% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de Educação Física. A partir de então,<br />

o peso foi aumentado consideravelmente e o indivíduo foi estimulado a vencer a resistência executando o movimento. Quando<br />

o peso era superestimado e o indivíduo incapaz de realizar o movimento, este repousava de 3-5 minutos antes da próxima tentativa<br />

com nova carga. O procedimento foi realizado até encontrar a carga equivalente a 1RM, variando entre 3-5 tentativas. A<br />

carga adotada como peso máximo, foi o último movimento<br />

completo realizado pelo indivíduo [15].<br />

Protocolo de treinamento<br />

O programa de treinamento teve duração de 8 semanas e<br />

foi realizado três vezes por semana em dias alternados, com<br />

duração aproximada de 40 a 60 minutos para GS1 (grupo<br />

com série única) e GS2 (grupo com séries múltiplas), respectivamente.<br />

O GS1 foi submetido ao TCP (treinamento com peso),<br />

que envolveu <strong>exercício</strong>s dinâmicos, executando 1 série de 8-<br />

12 repetições entre 70-80% de 1RM até a fadiga tanto para<br />

membros superiores como inferiores. O GS2 foi submetido<br />

ao TCP, com <strong>exercício</strong>s dinâmicos, executando 3 séries com<br />

12-10-8 repetições até a fadiga com carga progressiva entre<br />

70-75-80% de 1RM, respectivamente.<br />

Para os grupos musculares maiores (peito, costas e coxa)<br />

foram realizados 2 <strong>exercício</strong>s e para os menores (bíceps e tríceps)<br />

1 <strong>exercício</strong>. Os indivíduos executaram primeiramente<br />

os <strong>exercício</strong>s para grandes grupos musculares e depois para<br />

os demais. Os <strong>exercício</strong>s foram realizados na seguinte ordem:<br />

leg press, extensão dos joelhos, fl exão dos joelhos, supino,<br />

peck deck, remada, puxada alta, tríceps pulley e rosca direta.<br />

Quando os indivíduos conseguiam realizar, com facilidade,<br />

algumas repetições a mais que as estipuladas anteriormente,<br />

era adicionada nova carga, sufi ciente para o número de repetições<br />

voltar ao nível inicial, a qual variava entre 2-5%.<br />

A respiração era controlada, de forma que os indivíduos<br />

expiravam durante a ação concêntrica e inspiravam na ação<br />

excêntrica do <strong>exercício</strong>, com intuito de evitar apnéia. Foi<br />

estipulado intervalo de 1 minuto e 30 segundos a 2 minutos<br />

de descanso entre séries e <strong>exercício</strong>s. Durante as sessões de<br />

treinamento, os indivíduos foram orientados a realizarem a<br />

ação excêntrica em 2 e a ação concêntrica em 1.<br />

Análise estatística<br />

Os resultados obtidos no início e fi m do estudo foram<br />

agrupados em valores de média e desvio-padrão. O teste t de<br />

Student para amostras dependentes foi utilizado para comparar<br />

a força e massa magra no pré e pós-treinamento e para<br />

comparação entre os grupos utilizou-se análise de variância<br />

para medidas repetidas (ANOVA), sendo adotado como nível<br />

de signifi cância p < 0,05.<br />

Resultados<br />

Os resultados da Tabela I mostram o efeito de 2 meses de<br />

TCP na massa corporal magra em GS1 e GS2. No GS1 não<br />

houve diferença na massa magra antes e depois do treinamento.<br />

Já em GS2 houve uma diferença signifi cativa (p < 0,05)<br />

na massa corporal magra após 2 meses de TCP.<br />

Tabela I - Características da amostra.<br />

GS1 GS2<br />

Nº. indivíduos 7 7<br />

Idade (anos) 57 ± 11 50 ± 9<br />

Peso (kg) 64,8 ± 9,6 57,3 ± 7,9<br />

IMC (kg/m2 )<br />

MM (kg)<br />

26 ± ,2 23 ± 3,8<br />

M0 45,1 ± 6,5 42,3 ± 3,5<br />

M2 45,2 ± 6,1 43 ± 3,7*<br />

M2/M0 0,1 ± 0,8 0,7 ± 4<br />

* =p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses<br />

de TCP)<br />

** =p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2<br />

(grupo 3 séries)<br />

IMC = Índice de massa corporal<br />

MM = Massa magra<br />

A Tabela II mostra o efeito de dois meses de treinamento<br />

contra resistência na força muscular em três tipos de <strong>exercício</strong>s,<br />

mesa extensora (ME), supino (S) e rosca direta (RD). Em<br />

ambos os <strong>exercício</strong>s, tanto em GS1 (grupo 1 série) quanto<br />

em GS2 (grupo 3 séries), tiveram aumento signifi cativo<br />

(p < 0,05) na força muscular, após 2 meses de TCP. Esses<br />

resultados quando comparados entre G1 e G2 não tiveram<br />

diferenças signifi cativas no pré e pós-treino em ambos os<br />

<strong>exercício</strong>s (Tabela II).


56<br />

Tabela II - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (TCP)<br />

sobre a força muscular em diferentes músculos.<br />

Força<br />

Mesa Extensora (kg)<br />

GS1 GS2<br />

M0 23,6 ± 7,5 22,9 ± 2,7<br />

M2 29,4 ± 8* 30,6 ± 1*<br />

M2/M0<br />

Rosca direta (kg)<br />

5,9 ± 2 7,7 ± 2,3<br />

M0 15,3 ± 3,3 17,9 ± 2,9<br />

M2 17,3 ± 4,2* 21,1 ± 2,3*<br />

M2/M0<br />

Supino (kg)<br />

2 ± 1,6 3,2 ± 1,1<br />

M0 28,6 ± 11,1 32,9 ± 8,6<br />

M2 34,9 ± 9,8* 40,1 ± 8,6*<br />

M2/M0 6,3 ± 2 7,2 ± 3<br />

*= p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses<br />

de TCP)<br />

**= p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2<br />

(grupo 3 séries)<br />

M0 = Momento inicial, M2 = momento final GS1 = grupo série única,<br />

GS2 = grupo séries múltiplas.<br />

A força muscular (kg) foi corrigida pela massa corporal<br />

magra (MM), (kg/MM) e em ambos os <strong>exercício</strong>s tiveram<br />

aumento signifi cativo (p < 0,05) após 2 meses de treinamento<br />

(Tabela III).<br />

Tabela III - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (tcp)<br />

sobre a força muscular corrigida pela massa magra em diferentes<br />

músculos.<br />

Força/MM<br />

ME/MM<br />

GS1 GS2<br />

M0 0,52 ±0,12 0,54 ± 0,06<br />

M2 0,64 ± 0,11* 0,72 ± 0,07*<br />

M2/M0<br />

RD/MM<br />

0,13 ± 0,05 0,17 ± 0,1<br />

M0 0,34 ± 0,04 0,42 ± 0,05<br />

M2 0,38 ± 0,05* 0,49 ± 0,04*<br />

M2/M0<br />

S/MM<br />

0,04 ± 0,03 0,07 ± 0,03<br />

M0 0,63 ± 0,2 0,78 ± 0,21<br />

M2 0,77 ± 0,18* 0,94 ± 0,21*<br />

M2/M0 0,14 ± 0,06 0,16 ± 0,06<br />

* = p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses<br />

de TCP)<br />

** = p


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

aumentou a força muscular 25% na mesa extensora, 13%<br />

para rosca direta e 22% para o supino, os quais são iguais ou<br />

relativamente maiores que a redução estimada (10-15%) em<br />

uma década. Portanto, os benefícios à saúde associados com<br />

o desenvolvimento ou manutenção da aptidão muscular pelo<br />

TCP (GS1) são positivos quando observados do perspectivo<br />

envelhecer.<br />

Figura 1 - Comparação entre a redução da força muscular por<br />

década e o efeito de dois meses de treinamento com pesos (TCP).<br />

Conclusão<br />

Esses dados suportam a conclusão que TCP realizado com<br />

1 série é similar ao realizado com 3 séries. Isso tem importante<br />

implicação prática, pois realizar uma única série, em<br />

vez de três, torna o <strong>exercício</strong> mais efetivo em menor tempo.<br />

Essa informação é importante do ponto de vista clínico, pois<br />

overtraining pode ser danoso para os pacientes ou idosos<br />

saudáveis que desejam melhorar a força muscular e não têm<br />

tempo para se exercitar.<br />

O propósito desse tipo de programa é manter e desenvolver<br />

uma signifi cante quantidade de força muscular para contribuir<br />

com a saúde e não otimizar ao máximo a força muscular.<br />

Referências<br />

1. Ghorayeb N, Barros-Neto TL. O <strong>exercício</strong>: preparação fi siológica,<br />

avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. 1a ed.<br />

São Paulo: Atheneu; 1999. p. 387.<br />

2. Hurley BF, Roth SM. Strength training in the elderly: Eff ects on<br />

risk factors for age-related diseases. Sports Med 2000;30(4):249-<br />

268.<br />

3. Janssen I, Heymsfi eld SB, Ross R. Low relative skeletal muscle<br />

mass (sarcopenia) in older person is associated with functional<br />

impairment and physical disability. J Am Geriatr Soc<br />

2002;50:889-896.<br />

4. Medina MFG, Alves MIC. Aspectos demográfi cos da população<br />

idosa no Brasil. In: Veras, R, ed. 3ª idade, um envelhecimento<br />

digno para o cidadão do futuro. Rio de Janeiro: Relume, Dumara;<br />

1995.<br />

5. Frontera WR, Meredith CN, O’Reilly KP, Knuttgen HG,<br />

Evans WJ Strength conditioning in older men: skeletal muscle<br />

hypertrophy and improved function. J Appl Physiol 1988;<br />

64(3):1038-44.<br />

57<br />

6. Norton R, Campbell AI, Reid IR, Butler M, Currie R, Robinson<br />

E, Gray H. Residential status and risk of hip fracture. Age<br />

Ageing 1999;28(2):135-9.<br />

7. Baker SP, Harvey AH. Fall injuries in the elderly. Clin Geriatr<br />

Med 1985;1(3):501-12.<br />

8. Fiatarone MA, Marks EC, Ryan ND, Meredith CN, Lipsitz LA,<br />

Evans WJ. High-intensity strength training in nonagenarians.<br />

Eff ects on skeletal muscle. JAMA 1990; 263(22):3029-34.<br />

9. Campebell WW, Crim MC, Young VR, Joseph LJ, Evans WJ.<br />

Eff ects of resistance training and dietary protein intake on<br />

protein metabolism in older adults. Am J Physiol 1995;268:<br />

E1143-53.<br />

10. Häkkinen K, Pakarinen A, Kraemer WJ, Häkkinen A, Valkeinen<br />

H, Alen M. Selective muscle hypertrophy, changes in EMG and<br />

force, and serum hormones during strength training in older<br />

women. J Appl Physiol 2001;91:569-80.<br />

11. American College of Sports Medicine. ACSM’s guidelines for<br />

exercise testing and prescription. 6th ed. Baltimore: Lippincott<br />

Williams & Wilkins; 2000.<br />

12. Pollock ML, Franklin BA, Balady GJ, Chaitman BL, Fleg JL,<br />

Fletcher B, et al. AHA Science Advisory. Resistance exercise in<br />

individuals with and without cardiovascular disease: benefi ts,<br />

rationale, safety, and prescription: An advisory from the Committee<br />

on Exercise, Rehabilitation, and Prevention, Council<br />

on Clinical Cardiology, American Heart Association; Position<br />

paper endorsed by the American College of Sports Medicine.<br />

Circulation 2000; 101(7):828-33.<br />

13. Barbosa AR, Santarem JM, Jacob-Filho W, Marucci MFN.<br />

Composição corporal e consumo alimentar de idosas submetidas a<br />

treinamento contra resistência. Rev Nutri 2001;14(3):177-83.<br />

14. Segal KR, Van Loan M, Fitzgerald PI, Hodgdon JA, Van Itallie<br />

TB. Lean body mass estimation by bioelectrical impedance<br />

analysis: a four-site cross-validation study. Am J Clin Nutr<br />

1988;47(1):7-14.<br />

15. Maud PJ, Foster C. Physiological assessment of human fi tness.<br />

Champaing: Human Kinetics; 2001. p.115-18<br />

16. Lemmer JT, Hurlbut DE, Martel GF. Age and gender responses<br />

to strength training and detraining. Med Sci Sports Exerc 2000;<br />

32:1505-1512.<br />

17. Marx JO, Ratamess NA, Nindl BC, Gotshalk LA, Volek JS,<br />

Dohi K, et al . Low-volume circuit versus high-volume periodized<br />

resistance training in women. Med Sci Sports Exerc 2001;<br />

33(4):635-43.<br />

18. Carpinelli RN, Otto RM. Strength training. Single versus<br />

multiple sets. Sports Med 1998;26(2):73-84.<br />

19. Carpinelli RN. Berger in retrospect: eff ect of varied weight<br />

training programmes on strength. Br J Sports Med 2002; 36(5):<br />

319-24.<br />

20. Starkey DB, Pollock MI, Ishida Y, Welsch MA, Brechue WF,<br />

Graves JE, Feigenbaum MS. Eff ect of resistance training volume<br />

on strength and muscle thickness. Med Sci Sports Exerc<br />

1996;28(10):1311-20.<br />

21. Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros-Neto TL. Impacto do<br />

envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras<br />

e metabólicas da aptidão física. Rev Bras Ciênc e Mov 2000;<br />

8(1):15-21.<br />

22. Young A, Skelton DA. Applied physiology of strength and<br />

power in old age. Int J Sports Med 1994;15(3):149-51.<br />

23. Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do treinamento de força<br />

muscular. 2a ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1999. p.200.


58<br />

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício é uma publicação<br />

com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e<br />

divulgação de artigos científi cos das áreas relacionadas à atividade<br />

física.<br />

Os artigos publicados na Revista Brasileira de Fisiologia do<br />

Exercício poderão também ser publicados na versão eletrônica<br />

da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos<br />

(CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela<br />

publicação na revista os autores já aceitem estas condições.<br />

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício assume o “estilo<br />

Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted<br />

to biomedical journals) preconizado pelo Comitê Internacional<br />

de Diretores de Revistas Médicas, com as especifi cações que<br />

são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses<br />

Requisitos Uniformes no site do International Committee of<br />

Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão<br />

atualizada de outubro de 2007 (o texto completo dos requisitos<br />

está disponivel, em inglês, no site de Atlântica Editora em<br />

pdf).<br />

Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da<br />

revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/email)<br />

para nossa redação, sendo que fi ca entendido que isto não<br />

implica na aceitação do mesmo, que será notifi cado ao autor.<br />

O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno<br />

de acordo com a circunstância, realizar modifi cações nos textos<br />

recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científi co,<br />

limitando-se unicamente ao estilo literário.<br />

1. Editorial<br />

Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científi co, ou por<br />

um de seus membros.<br />

Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em<br />

corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman)<br />

com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,<br />

sobrescrito, etc; a bibliografi a não deve conter mais que dez<br />

referências.<br />

2. Artigos originais<br />

São trabalhos resultantes de pesquisa científi ca apresentando<br />

dados originais de descobertas com relação a aspectos<br />

experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou<br />

inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional<br />

que traz os seguintes itens: Introdução, Material e métodos,<br />

Resultados, Discussão e Conclusão.<br />

Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas,<br />

formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12,<br />

com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,<br />

sobre-escrito, etc.<br />

Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/<br />

Word.<br />

Figuras: Considerar no máximo 8 fi guras, digitalizadas (formato<br />

.tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel,<br />

etc.<br />

Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências<br />

bibliográfi cas.<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Normas de publicação Fisiologia do Exercício<br />

Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de<br />

rigor metodológico científi co, novidade, originalidade, concisão<br />

da exposição, assim como a qualidade literária do texto.<br />

3. Revisão<br />

Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas<br />

à atividade física, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar<br />

ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas<br />

científi cas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo<br />

dos artigos originais.<br />

4. Atualização ou divulgação<br />

São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre<br />

tema de interesse dos profi ssionais de Educação Física (novas<br />

técnicas, legislação, etc) e que têm características distintas de<br />

um artigo de revisão.<br />

5. Relato ou estudo de caso<br />

São artigo de dados descritivos de um ou mais casos explorando<br />

um método ou problema através de exemplo. Apresenta as<br />

características do indivíduo estudado, com indicação de sexo,<br />

idade e pode ser realizado em humano ou animal.<br />

6. Comunicação breve<br />

Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior<br />

rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações,<br />

resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar<br />

comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de<br />

argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor.<br />

Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas,<br />

formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12,<br />

com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,<br />

sobre-escrito, etc.<br />

Tabelas e fi guras: No máximo quatro tabelas em Excel e fi guras<br />

digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados<br />

em Power Point, Excel, etc<br />

Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências<br />

bibliográfi cas.<br />

7. Resumos<br />

Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos<br />

inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê<br />

Científi co, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas.<br />

8. Correspondência<br />

Esta seção publicará correspondência recebida, sem que<br />

necessariamente haja relação com artigos publicados, porém<br />

relacionados à linha editorial da revista.<br />

Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados,<br />

será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar<br />

a carta.<br />

Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especifi cações<br />

anteriores, bibliografi a incluída, sem tabelas ou fi guras.


Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

PREPARAÇÃO DO ORIGINAL<br />

1. Normas gerais<br />

1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de<br />

texto (Word), em página de formato A4, formatado da seguinte<br />

maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12,<br />

com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,<br />

sobrescrito, etc.<br />

1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada<br />

tabela junto à mesma.<br />

1.3 Numere as fi guras em arábico, e envie de acordo com as<br />

especifi cações anteriores.<br />

As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e<br />

com resolução de qualidade gráfi ca (300 dpi). Fotos e desenhos<br />

devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.<br />

1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução,<br />

material e métodos, resultados, discussão, conclusão e<br />

bibliografi a. O autor deve ser o responsável pela tradução do<br />

resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words).<br />

O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete,<br />

CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em<br />

mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e<br />

identifi car com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do<br />

artigo, data e autor.<br />

2. Página de apresentação<br />

A primeira página do artigo apresentará as seguintes<br />

informações:<br />

- Título em português, inglês e espanhol.<br />

- Nome completo dos autores, com a qualifi cação curricular e<br />

títulos acadêmicos.<br />

- Local de trabalho dos autores.<br />

- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o<br />

respectivo endereço, telefone e E-mail.<br />

- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para<br />

paginação.<br />

- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe,<br />

aparelhos, etc.<br />

3. Autoria<br />

Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado<br />

do trabalho o sufi ciente para assumir a responsabilidade pública<br />

do seu conteúdo.<br />

O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições<br />

essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise<br />

e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão<br />

crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c)<br />

a aprovação defi nitiva da versão que será publicada. Deverão<br />

ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A<br />

participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta<br />

de dados não justifi ca a participação como autor. A supervisão<br />

geral do grupo de pesquisa também não é sufi ciente.<br />

Os Editores podem solicitar justifi cativa para a inclusão de autores<br />

durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o<br />

total de autores exceder seis.<br />

4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words)<br />

Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo<br />

150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para<br />

59<br />

os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol.<br />

O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações:<br />

- Objetivos do estudo.<br />

- Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia,<br />

análise).<br />

- Descobertas principais do estudo (dados concretos e<br />

estatísticos).<br />

- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior<br />

novidade.<br />

Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave<br />

para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar<br />

os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências<br />

da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no<br />

endereço Internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do<br />

possível, é melhor usar os descritores existentes.<br />

5. Agradecimentos<br />

Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio fi nanceiro<br />

e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios<br />

farmacêuticos devem ser inseridos no fi nal do artigo, antes as<br />

referências, em uma secção especial.<br />

6. Referências<br />

As referências bibliográfi cas devem seguir o estilo Vancouver<br />

defi nido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográfi cas<br />

devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e<br />

relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as<br />

seguintes normas:<br />

Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de<br />

seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se<br />

diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico),<br />

ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano<br />

da impressão, ponto, páginas inicial e fi nal, ponto.<br />

Exemplo:<br />

1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor.<br />

Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2 nd ed.<br />

New-York: Raven press; 1995. p.465-78.<br />

Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es),<br />

letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto.<br />

Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação<br />

seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois<br />

pontos, páginas inicial e fi nal, ponto. Não utilizar maiúsculas<br />

ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com<br />

o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index<br />

Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site<br />

da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser<br />

citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar<br />

a abreviação latina et al.<br />

Exemplo:<br />

Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and<br />

localization of urokinase-type plasminogen activator receptor<br />

in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.<br />

Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:<br />

Guillermina Arias - Atlantica Editora<br />

Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa - 20241-080 Rio de Janeiro RJ<br />

Tel: (21) 2221 4164 - E-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br


60<br />

Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007<br />

Calendário de eventos<br />

Maio<br />

1 a 3 de maio<br />

II Congresso Internacional de Biodinâmica da UNESP<br />

Rio Claro, SP<br />

Informações: http://www.rc.unesp.br/<br />

1 a 3 de maio<br />

II Congresso Brasileiro de Hidroterapia<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.congressodehidroterapia.com/<br />

1 a 4 de maio<br />

18ª Convenção Internacional Fitness Brasil<br />

Santos, SP<br />

Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br<br />

1 a 4 de maio<br />

44º ENAF<br />

Poço de Caldas, MG<br />

Informações: www.enaf.com.br<br />

8 de maio<br />

Jornada “História do Esporte: da Antiguidade aos dias de<br />

hoje”<br />

Rio de Janeiro, RJ<br />

Informações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/jornada/<br />

13 a 16 de maio<br />

I Colóquio Nacional sobre Esporte<br />

Londrina, PR<br />

Informações: http://www2.uel.br/eventos/cne/<br />

22 a 24 de maio<br />

12º Congresso Paulista de Educação Física<br />

Jundiaí, SP<br />

Informações: http://www.editorafontoura.com.br/congresso<br />

22 a 24 de maio<br />

II Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e<br />

Exercício<br />

Londrina, PR<br />

Informações: http://www.gepemene.com.br/conbramene<br />

22 a 24 de maio<br />

XIII Encontro Paranaense, VIII Congresso Brasileiro e II<br />

Convenção Brasil/Latino-América de Psicoterapias Corporais<br />

Curitiba, PR<br />

Informações: http://www.centroreichiano.com.br/<br />

22 a 25 de maio<br />

JOPEF 2008<br />

Curitiba, PR<br />

Informações: http://www.korppus.com.br/<br />

22 a 25 de maio<br />

Bahia Fitness Porto Seguro<br />

paulao@rezendesports.com.br<br />

www.rezendesports.com.br<br />

Junho<br />

6 a 8 de junho<br />

4º Meeting Treinamento de Força<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br<br />

18 a 19 de junho<br />

Fórum de História do Esporte<br />

Rio de Janeiro, RJ<br />

Informações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/forum/home.html<br />

22 a 25 de junho<br />

VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul<br />

Pesquisa na Educação e Inserção Social<br />

Itajaí, SC<br />

Informações: http://www.univali.br/anpedsul<br />

24 a 26 de junho<br />

V Congresso ACAD<br />

Marina da Glória, Rio de Janeiro<br />

Informações: Tel: (21) 2493-0101, marketing@acadbrasil.com.br<br />

Julho<br />

1 a 4 de julho<br />

IV Congresso Brasileiro de Comportamento Motor<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.eefe.usp.br/cbcm/<br />

7 a 11 de julho<br />

VIII Jornada do HISTEDBR<br />

Sociedade, Estado e Educação<br />

São Carlos, SP<br />

Informações: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/<br />

10 a 22 de julho<br />

5º Encontro Internacional de Esporte e Atividade Física<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.phorte.com.br/encontro<br />

Setembro<br />

4 a 6 de setembro<br />

9th IHRSA - Fitness Brasil - Latin American Conference &<br />

Trade Show<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br<br />

17 a 20 de setembro<br />

XII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física<br />

dos Países de Lingua Portuguesa<br />

Ciências do Desporto e Educação Física: Paz, Direitos<br />

Humanos e Inclusão Social<br />

Porto Alegre, RS<br />

Informações: http://www.esef.ufrgs.br/xiipalops<br />

Outubro<br />

9 a 11 de outubro<br />

XXXI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte<br />

“Da teoria à prática: do fitness ao alto rendimento”<br />

São Paulo, SP<br />

Informações: http://www.celafiscs.org.br<br />

10 a 12 de outubro<br />

8ª Convenção Norte-Nordeste Fitness Brasil<br />

Salvador, BA<br />

Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br<br />

Novembro<br />

9 a 12 de novembro<br />

V Congresso Brasileiro de História da Educação<br />

Aracajú, SE<br />

Informações: http://www.sbhe.org.br

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