Brasil Combate Magazine | Edição #1 | JAN 2018
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição, você encontrará um pouco da história do jiu jitsu da Capital Federal – Brasília, a cobertura do Open Internacional Brasília, entrevista com o Mestre Armando Wriedt, o mundo feminino dos esportes de combate, apresentação da equipe Checkmat Jiu Jitsu. Além disso, você conhecerá mais sobre Danillo “Índio” Villefort, protagonista da coluna Pratas da Casa, a história do atleta revelação do jiu jitsu de Brasília, Pedro Maia e a superação do brasiliense Edson Buscacio, que venceu um AVC e hoje pratica jiu jitsu. Já as seções Conditioning Training, Alimentação Afiada e Fisioterapia Esportiva trarão dicas importantes para a preparação de atletas e, na seção abrindo o jogo, o faixa preta Diego Pereira da Ribeiro Jiu Jitsu ensinará uma raspagem partindo da guarda laço. Tudo isso e ainda uma análise do UFC 220, que contará com a participação de quatro brasileiros e duas disputas de cinturão.
Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição, você encontrará um pouco da história do jiu jitsu da Capital Federal – Brasília, a cobertura do Open Internacional Brasília, entrevista com o Mestre Armando Wriedt, o mundo feminino dos esportes de combate, apresentação da equipe Checkmat Jiu Jitsu.
Além disso, você conhecerá mais sobre Danillo “Índio” Villefort, protagonista da coluna Pratas da Casa, a história do atleta revelação do jiu jitsu de Brasília, Pedro Maia e a superação do brasiliense Edson Buscacio, que venceu um AVC e hoje pratica jiu jitsu.
Já as seções Conditioning Training, Alimentação Afiada e Fisioterapia Esportiva trarão dicas importantes para a preparação de atletas e, na seção abrindo o jogo, o faixa preta Diego Pereira da Ribeiro Jiu Jitsu ensinará uma raspagem partindo da guarda laço. Tudo isso e ainda uma análise do UFC 220, que contará com a participação de quatro brasileiros e duas disputas de cinturão.
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<strong>Edição</strong> <strong>#1</strong> • Ano I • Janeiro <strong>2018</strong><br />
BRASILCOMBATE<br />
MAGAZINE<br />
BRASÍLIA TEM FORÇA,<br />
TÉCNICA E SUPERAÇÃO<br />
QUARTEL<br />
GENERAL<br />
CHECKMAT BRASÍLIA<br />
ABRINDO<br />
O JOGO<br />
DIEGO PEREIRA, DA<br />
RIBEIRO JIU JITSU<br />
ENCICLOPÉDIA: ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O MESTRE ARMANDO WRIEDT
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18<br />
10<br />
ÍNDICE<br />
06 Quartel General - QG<br />
Conheça a Checkmat Brasília.<br />
32<br />
08 Mulheres de luta<br />
Nielma Santos da equipe 5R.<br />
10 A bela é fera<br />
Gabrielle Estrêla.<br />
24<br />
06<br />
26<br />
12 Conditioning Training<br />
Ampliando a força da pega.<br />
14 Medalhou<br />
Pedro Maia.<br />
16 Pratas da casa<br />
Danillo “Índio” Villefort.<br />
18 Enciclopédia<br />
Mestre Armando Wriedt.<br />
22 Alimentação afiada<br />
Manter o peso.<br />
24 Superação<br />
Vencendo o AVC.<br />
26 Abrindo o jogo<br />
Diego Pereira - Ribeiro JJ.<br />
28 Feras do MMA<br />
UFC 220.<br />
30 Fisioterapia Esportiva<br />
As lesões mais frequentes.<br />
32 Cobertura<br />
Brasília Open Jiu Jitsu - IBJJF.<br />
4 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
EDITORIAL<br />
Brasília tem força, técnica e superação<br />
Alguns dias sabáticos (mesmo que forçados) fazem bem e<br />
refrescam as ideias. É neste pique que o <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> volta<br />
hoje, 15 de janeiro de <strong>2018</strong>, renovado, em plena atividade e<br />
com o compromisso de apresentar entrevistas, coberturas e<br />
de produzir material de qualidade para quem aprecia esportes<br />
de combate.<br />
Será um prazer contar com você nos próximos meses. Em um<br />
ano que não traz boas promessas para o esporte, especialmente<br />
em decorrência do baixo investimento nos esportes de<br />
combate, seriamente afetado pela crise financeira instalada<br />
no país, nosso intuito é informar, divulgar e injetar ânimo, para<br />
dissipar a nebulosidade da crise institucional nas diversas<br />
esferas que vivemos em 2017. E como faremos isso? Por meio<br />
dos esportes de combate.<br />
Apresentamos um novo formato do <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, agora<br />
em sua versão <strong>Magazine</strong>. A ideia é prestar serviço e oferecer<br />
informações que projetarão atletas e academias.<br />
Com periodicidade bimestral, a revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> trará a<br />
cobertura de eventos, que se tornou clássica no formato original<br />
- portal de notícias. Iniciaremos com o Open Internacional<br />
Brasília, evento organizado pela IBJJF - International Brazilian<br />
Jiu-Jitsu Federation. Na seção Pratas da Casa, conversaremos<br />
com atletas que deixaram o <strong>Brasil</strong> para viver dos esportes de<br />
combate em outros países e, na seção Enciclopédia, apresentaremos<br />
as lendas dos esportes de combate, começando com<br />
uma super entrevista com o Mestre Armando Wriedt. Nela,<br />
ele fala da família Gracie, do seu primeiro contato com o jiu<br />
jitsu e muito mais.<br />
Inovando no cenário, a seção Mulheres de Luta trará um<br />
espaço exclusivo para o mundo feminino dos esportes de<br />
combate. Já na seção Quartel General, mostraremos a equipe<br />
Checkmat Jiu Jitsu do Riacho Fundo, comandada pelo faixa<br />
preta Alessandro Charuto. E, para deixar a edição ainda mais<br />
nervosa, apresentaremos a história do atleta revelação do jiu<br />
jitsu de Brasília, Pedro Maia, de apenas 18 anos e dono de um<br />
currículo de dar inveja.<br />
Apesar das péssimas projeções, escolhemos acreditar que,<br />
neste ano, seremos felizes. Simples assim! E nada melhor do<br />
que começar esta edição contando um pouco da história do<br />
jiu jitsu da Capital Federal – Brasília.<br />
Venha, vamos juntos! Há muita coisa boa para se viver em<br />
<strong>2018</strong>. Aprecie sem moderação nossa edição totalmente gratuita,<br />
independente e especializada. Oss<br />
Editor Chefe<br />
Wesley Moura,<br />
editor@brasilcombate.com.br<br />
Diretor Comercial<br />
Eduardo Lustosa,<br />
+55 (61) 98133-9544<br />
comercial@brasilcombate.com.br<br />
Revisão<br />
Mariana Moura<br />
Colaboradores<br />
Bruno Santos, Fábio Quio, Kleber<br />
Santos, Sabrina Cavalcanti, Jéssica<br />
Máximo e Gabrielle Estrêla<br />
Editor de Fotografia<br />
Jack Taketsugo<br />
Diagramação<br />
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Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 5
CONHEÇA O QG DA CHECKMAT<br />
NO RIACHO FUNDO I EM BRASÍLIA<br />
QUARTEL GENERAL<br />
Elton Costa<br />
Repórter<br />
A seção Quartel General (QG) apresenta<br />
aos leitores a equipe Checkmat<br />
do Riacho Fundo I, região administrativa<br />
de Brasília, comandada pelo<br />
faixa preta de jiu jitsu, Alessandro<br />
Charuto. Competidor da arte suave<br />
desde 1995, começou seus treinos<br />
na academia do Mestre Banni Cavalcanti<br />
e logo depois treinou, por um<br />
ano, com o lendário Mestre Euclides<br />
Pereira. Em 1997, decidiu integrar<br />
a equipe Ataíde Junior e, em 2001,<br />
mudou para a equipe CIA Paulista,<br />
em que treinou e ministrou aulas<br />
até o ano de 2012. Com a saída de<br />
Brasília do faixa preta Carlos Português,<br />
a equipe se viu sem líder, de<br />
tal maneira que Alessandro Charuto<br />
passou dois anos trabalhando com o<br />
jiu jitsu de forma independente e, em<br />
2015, procurou a equipe Checkmat.<br />
<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Quais foram os seus<br />
dias de glória dentro do jiu jitsu?<br />
Alessandro Charuto: Há dois momentos<br />
que considero os mais<br />
felizes, ambos em 2010: quando fui<br />
campeão Europeu de Jiu Jitsu, em<br />
Portugal, e quando consegui o 1º<br />
Lugar no campeonato Sul <strong>Brasil</strong>eiro<br />
de Jiu Jitsu.<br />
BC: Antes você representava a Cia<br />
Paulista, pelo professor Português.<br />
Como surgiu o convite para fazer<br />
parte da Checkmat?<br />
AC: Alguns parceiros meus, Henrique<br />
Lima e o Pedro Frasone, já integravam<br />
a equipe Checkmat. Procurei-os,<br />
pois fiquei interessado em saber<br />
sobre a equipe e sobre como eu<br />
poderia entrar naquele time. Então,<br />
fui indicado por eles e passei a fazer<br />
parte da Checkmat, em 2015. Desta<br />
forma, não houve um convite: fui eu<br />
quem procurei.<br />
BC: Recentemente, você se tornou<br />
líder de uma franquia da Checkmat<br />
em Brasília. O que a equipe traz de<br />
inovação para o jiu jitsu brasiliense?<br />
AC: A Checkmat é uma das grandes<br />
equipes do jiu jitsu mundial. Os<br />
líderes têm um jiu jitsu bem atualizado.<br />
Temos vários campeões e<br />
nosso grande nome é o atleta Marcus<br />
Almeida “Buchecha”. A Checkmat é<br />
uma escola já antiga em Brasília,<br />
que sempre busca desenvolver, ao<br />
máximo, o potencial do aluno, dentro<br />
dos limites de cada um. Esta é a<br />
nossa inovação.<br />
BC: Quantos alunos a Checkmat<br />
Brasília-DF tem atualmente?<br />
AC: Temos em torno de 500 a 600<br />
alunos, distribuídos pelas unidades<br />
Asa Norte, Lago Norte, Lago Sul,<br />
Guará II, Gama e Riacho Fundo I e<br />
outras.<br />
BC: As artes marciais já viraram<br />
febre no <strong>Brasil</strong>, principalmente com<br />
a popularização do UFC. Isso tem<br />
refletido em uma maior procura por<br />
aulas nas academias?<br />
AC: Sim, virou febre. O UFC e as<br />
demais empresas de eventos e federações<br />
têm grande participação<br />
nesse boom do esporte de combate.<br />
A procura aumentou bastante nas<br />
academias, em especial pela modalidade<br />
jiu jitsu, por ser a categoria com<br />
vários representantes em grandes<br />
eventos, principalmente no UFC.<br />
Tudo isso corrobora com o desenvolvimento<br />
do esporte e foi excelente<br />
para todos os que trabalham com<br />
artes marciais.<br />
BC: Com relação ao aprendizado dos<br />
6 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
Foto: André Macedo<br />
alunos, o que diferencia a Checkmat<br />
das demais escolas? Qual a importância<br />
de ser um franqueado?<br />
AC: Em relação à diferença, acredito<br />
que a Checkmat é uma das tops do<br />
mundo. O Léo Vieira já veio a Brasília<br />
e sempre apresenta novidades. Da<br />
mesma forma, o professor Ricardo<br />
Vieira traz também muita coisa do<br />
jiu jitsu moderno. Com relação à<br />
franquia, como é uma equipe que<br />
está entre as melhores, a procura<br />
de alunos pela marca é muito boa.<br />
BC: Hoje, os fundamentos e os valores<br />
da Arte Suave foram esquecidos<br />
por muitos professores, que apenas<br />
ensinam superficialmente aos alunos<br />
algumas técnicas, sem a preocupação<br />
de transmitir a essência do jiu jitsu.<br />
Como você enxerga isso? Há alguma<br />
metodologia/filosofia de treino específica<br />
na Checkmat Brasília?<br />
AC: A minha metodologia de dar<br />
aula sempre foi a mesma, desde<br />
quando me formei como faixa preta<br />
na Cia Paulista, com o professor<br />
Carlos Português. Com ele, aprendi<br />
que devemos manter a disciplina, o<br />
respeito, o cumprimento no tatame<br />
ao entrar e ao sair, pedir licença para<br />
tomar água ou ir ao banheiro. Compreendi<br />
também a importância do<br />
companheirismo dentro da equipe, o<br />
respeito aos colegas e professores de<br />
treino, e que o jiu jitsu é um esporte<br />
coletivo, pois o praticante precisa<br />
do outro para treinar. Esses são<br />
valores importantes que transmito<br />
aos alunos.<br />
BC: Para você, a graduação dos alunos<br />
é um termômetro secundário nas<br />
artes marciais em geral? Qual sua<br />
opinião sobre a graduação acelerada?<br />
AC: Com relação à graduação, acredito<br />
que alguns alunos são realmente<br />
melhores que outros e têm mais<br />
facilidade para aprender, conseguindo<br />
melhorar seu desempenho mais<br />
rápido que os demais. Quando isso<br />
ocorre, o aluno merece ser promovido.<br />
Como você vai deixar um aluno<br />
muito à frente de outro na mesma<br />
categoria? São vários fatores,não<br />
somente a parte técnica, mas também,<br />
o desempenho em competições,<br />
comportamento dentro e fora da academia.<br />
Sem esses critérios, não vejo<br />
motivos para a promoção do aluno.<br />
BC: Após vários anos de caminhada,<br />
quais são os seus sonhos com o jiu<br />
jitsu?<br />
AC: O jiu jitsu me proporcionou coisas<br />
que talvez eu não conseguiria, se<br />
estivesse fazendo outra coisa. Graças<br />
a ele, conheci alguns países. Um dos<br />
meus sonhos a realizar com o jiu<br />
jitsu é morar fora do <strong>Brasil</strong> e voltar a<br />
lutar, quando estiver lá. Ainda tenho<br />
uns dez anos para competir e tentar<br />
realizar o que me falta.<br />
BC: Em Brasília, a rivalidade, por vezes,<br />
deixa o tatame e, frequentemente,<br />
alguns atletas, antes rivais, fazem<br />
intercâmbio e treinam juntos. Esta<br />
é uma tendência?<br />
AC: Não há mais rivalidade entre<br />
as equipes de Brasília. Os atletas<br />
tornaram-se amigos ou colegas e se<br />
respeitam. Tanto é que nas competições<br />
os organizadores não contratam<br />
mais seguranças para fazer a proteção<br />
das áreas de luta. Já houve época,<br />
contudo, não só em Brasília, mas em<br />
vários lugares do <strong>Brasil</strong>, em que as<br />
pessoas não visitavam as academias,<br />
pois inexistia esse intercâmbio. Acho<br />
que essas visitas, esse intercâmbio,<br />
são importantes para o atleta, pois<br />
é uma forma de treinar com outros<br />
diferentes dos colegas. BC<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 7
Foto: Leiton<br />
Eu espero que as<br />
pessoas nos valorizem<br />
mais, que<br />
as meninas se<br />
unam e participem<br />
ativamente<br />
das competições,<br />
apoiando umas<br />
às outras.<br />
MULHERES<br />
DE LUTA<br />
8 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
Gabrielle Estrêla<br />
gabibapestrela@hotmail.com<br />
VAMOS APRESENTAR A ATLETA<br />
NIELMA SANTOS DA EQUIPE FIVE ROUNDS<br />
Olá, Guerreiras!<br />
Se ainda não nos conhecemos,<br />
meu nome<br />
é Gabrielle Estrela. Sou<br />
atleta competidora de jiu jitsu e,<br />
com grande satisfação, colunista<br />
da revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, na seção<br />
Mulheres de luta. Criamos este espaço<br />
com muito carinho para vocês,<br />
as nossas atletas e praticantes dos<br />
esportes de combate.<br />
O <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> trará<br />
novidades e os assuntos mais<br />
importantes do mundo da luta e,<br />
claro, não poderíamos deixar de<br />
falar sobre o público feminino, que<br />
vem vencendo os preconceitos e<br />
ganhando cada vez mais espaço nas<br />
academias. Aqui, teremos a oportunidade<br />
de conhecer um pouco mais<br />
das mulheres que batalham, que se<br />
dedicam às atribuições diárias e,<br />
ainda por cima, são guerreiras no<br />
universo da luta<br />
Para começar, nesta primeira edição<br />
da revista apresentaremos Nielma<br />
Santos, atleta brasiliense de 25 anos,<br />
integrante da equipe Five Rounds.<br />
Durante o bate-papo, ela compartilhou<br />
experiências nos tatames e as<br />
dificuldades já enfrentadas na vida.<br />
<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Quem é Nielma<br />
Santos?<br />
Nielma Santos: Uma jovem baiana,<br />
a caçula de oito irmãos, apaixonada<br />
por esportes, que sempre quis ser<br />
atleta, mas, por conta das condições<br />
financeiras e da falta de oportunidade,<br />
nunca pode se dedicar. É<br />
uma moça que, ao longo desses 25<br />
anos, vem aprendendo muito, principalmente,<br />
a ter domínio próprio,<br />
a manter a paz interior, a ajudar as<br />
pessoas e a serem gratas a Deus<br />
por tudo.<br />
BC: O que te levou a chegar aos<br />
tatames?<br />
NS: Sempre imitei o meu irmão<br />
em tudo. Ele treinava jiu jitsu e eu<br />
jogava futsal. Certa ocasião, ele ganhou<br />
um quimono, mas não usava.<br />
Um belo dia, voltando da faculdade,<br />
liguei para ele e pedi que levasse<br />
o quimono para que eu fizesse um<br />
treino. Depois disso, não parei mais.<br />
Deixei o futsal de lado e passei a<br />
me dedicar somente ao jiu jitsu: a<br />
melhor escolha da vida até agora!<br />
BC: Você já teve algum motivo pelo<br />
qual teve de se afastar dos treinos<br />
e campeonatos por algum tempo?<br />
NS: No final de 2015, tive uma ruptura<br />
no menisco, o que me deixou<br />
parada por cinco meses. Fiz fisioterapia<br />
e, finalmente, consegui voltar.<br />
BC: Qual a experiência mais marcante<br />
que você teve em um campeonato?<br />
NS: Nunca havia ganhado um absoluto.<br />
Foram muitas tentativas.<br />
Havia ficado apenas em segundo e<br />
terceiro lugar. No ano de 2017, no<br />
Internacional Pro UAEJJF - Brasília,<br />
consegui ganhar peso e o absoluto,<br />
nem acreditei. Nem sempre as coisas<br />
acontecem no nosso tempo, mas a<br />
persistência nos fará chegar aonde<br />
queremos.<br />
BC: O que você espera para o crescimento<br />
do jiu jitsu em Brasília?<br />
NS: Mais apoio das federações e<br />
que nos ofereçam mais que uma<br />
medalha. Espero que tratem melhor<br />
o público feminino, principalmente.<br />
Já é possível notar melhoras significativas.<br />
Torço também para sejamos<br />
mais valorizadas, mais unidas, e que<br />
participemos ativamente das competições,<br />
oferecendo apoio umas às<br />
outras. Desejo que os empresários<br />
nos olhem com outros olhos e nos<br />
deem a oportunidade de representá-<br />
-los. Acredito que, com isso, menos<br />
pessoas desistirão.<br />
BC: Qual a sua maior influência<br />
feminina no jiu jitsu?<br />
NS: A Nina Moura (Ribeiro Jiu Jitsu<br />
- Brasília), pois acompanhei de<br />
perto a jornada dela e vi todas as<br />
dificuldades. Ela não desistiu: hoje é<br />
faixa preta e está mandando muito<br />
bem. É um exemplo importante<br />
para Brasília.<br />
BC: Que dica você deixa para nossas<br />
leitoras? Quais atividades podemos<br />
praticar fora da academia que agreguem<br />
aos nossos treinos de jiu jitsu?<br />
NS: Acho muito interessante correr,<br />
pedalar. Para as que podem, treinamento<br />
funcional ajuda bastante a<br />
melhorar o condicionamento, além<br />
da musculação, que é indispensável<br />
para prevenir lesões. Gosto de nadar<br />
também para relaxar.<br />
Em breve, mais notícias sobre mulheres<br />
que lutam, seja em ringues,<br />
em octógonos, nos tatames ou na<br />
vida. Estamos aqui para mostrar que<br />
fazemos a diferença nos esportes<br />
de combate.<br />
Até a próxima edição da revista<br />
<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> na sessão Mulheres<br />
de Luta.<br />
Bons treinos, Oss! BC<br />
Nielma Santos, na academia Five Rounds em<br />
Brasília-DF<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 9
Foto: Caletti<br />
A BELA É FERA<br />
GABRIELLE ESTRÊLA<br />
Nascida em Carangola (MG) e radicada em Brasília (DF), Gabrielle Estrela tem 27 anos, é<br />
praticante de jiu jitsu e atleta da equipe Gracie Barra Guará. Além de modelo e acadêmica<br />
de nutrição, é competidora nata e tem em seu histórico 33 medalhas, sendo 16 de<br />
ouro, 11 de prata e 6 bronzes.<br />
Como a grande maioria das jovens de 22 anos, Gabi Estrela é vaidosa e não deixa de<br />
evidenciar sua feminilidade, mesmo quando luta com brutamontes desengonçados. Em<br />
momentos decisivos, veste-se com detalhes de cor-de-rosa, gasta um bom tempo se<br />
maquiando e cuidando dos cabelos longos, mas está longe de ser uma patricinha. As<br />
unhas pintadas são usadas para cravar no quimono de alguma adversária de tatame.<br />
“Você não precisa deixar de ser quem você é para treinar jiu jitsu. Eu posso ser uma lutadora<br />
e continuar sendo feminina. Os treinos são sempre duros, mas eu continuo usando<br />
salto alto e maquiagem”, explica.<br />
Gabi Estrela agora integra o time de colunistas da revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, em uma seção<br />
dedicada ao jiu jitsu feminino – Mulheres de luta. BC<br />
10 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
CONDITIONING<br />
TRAINING<br />
Bruno Santos<br />
Educador Físico e atleta de jiu jitsu<br />
personal.brunosantos@gmail.com<br />
AMPLIANDO A<br />
FORÇA DA PEGADA<br />
Ocalcanhar de Aquiles<br />
dos atletas de esportes<br />
de combate é a preparação<br />
física. Muitos<br />
negligenciam os treinos específicos<br />
para lutas e acabam praticando<br />
um treino comum, nos moldes dos<br />
para fins estéticos, que nada têm<br />
a ver com a luta. O atleta melhor<br />
preparado fisicamente, melhor condicionado,<br />
detém ampla vantagem<br />
sobre adversários. Lembre-se: a<br />
preparação física é tão importante<br />
quanto a técnica a ser utilizada<br />
durante o combate.<br />
Nesta edição, mostraremos a preparação<br />
física específica para o<br />
atleta de jiu jitsu.<br />
Semelhante ao judô, o jiu jitsu<br />
necessita de uma pegada firme e<br />
forte. Alguns atletas sentem grande<br />
dificuldade ao puxar o adversário<br />
para guarda, para projetar uma<br />
queda, durante uma raspagem e<br />
até no momento de estrangular. Às<br />
vezes, o que atrapalha não é a falta<br />
da técnica, e sim a fadiga muscular<br />
no antebraço, decorrente do esforço<br />
máximo no músculo braquiorradial<br />
(antebraços).<br />
QUAIS SÃO AS CAUSAS?<br />
Quando se realiza um esforço<br />
muscular muito intenso, é comum<br />
sentir cansaço e dores nas regiões<br />
musculares mais solicitadas, que,<br />
no caso do jiu jitsu, é o braquiorradial<br />
(antebraços). Isso ocorre por<br />
causa do acúmulo de ácido lático<br />
no músculo. Após um período de<br />
repouso, contudo, o ácido láctico<br />
presente no músculo da pessoa é<br />
eliminado e as dores musculares<br />
desaparecem.<br />
COMO FORTALECER?<br />
Já se sabe que o fortalecimento do<br />
antebraço aumenta a capacidade de<br />
produzir força para melhor dominar<br />
o adversário e executar qualquer<br />
tipo de golpe. Para isso, é necessário<br />
priorizar exercícios com puxadas<br />
e remadas, flexão e extensão de<br />
punhos. Conforme a evolução dos<br />
treinos, sem comprometer a execução<br />
do movimento e suas repetições,<br />
sugere-se acrescentar carga.<br />
Preparamos uma sequência de exercícios<br />
para fortalecer sua pegada,<br />
utilizando o kimono.<br />
Imagem 01: remada unilateral na<br />
polia.<br />
Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />
repetições cada, alternando os<br />
tipos de pegada: neutra, pronada<br />
e supinada.<br />
Imagem 02: puxada alta na polia<br />
Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />
repetições cada, alternando os<br />
tipos de pegada: neutra, pronada<br />
e supinada. Variação: barra fixa.<br />
Imagem 03: isometria na barra<br />
Realize 3 a 4 séries, até a falha.<br />
Pendure o kimono na barra e o<br />
segure em cima, durante o máximo<br />
de tempo que conseguir.<br />
Imagem 04: remada curvada ou<br />
isometria.W<br />
Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />
repetições cada.<br />
Na isometria, realize 3 a 4 séries,<br />
até a falha, segurando em cima<br />
durante o máximo de tempo que<br />
conseguir. Faça a pegada no kimono<br />
com o corpo inclinado, realizando<br />
o movimento de flexão e extensão<br />
de cotovelo.<br />
Imagem 05: rosca inversa na polia<br />
Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />
repetições cada. Faça a pegada no<br />
kimono, mantenha o corpo ereto e<br />
realize o movimento de flexão de<br />
cotovelo, alternando os tipos de<br />
pegada: neutra e pronada.<br />
O atleta deve ter em mente que,<br />
ao praticar esses exercícios, deve<br />
pensar nas posições do jiu jitsu,<br />
trazendo a luta para o treino de<br />
musculação. É importante frisar<br />
que o auxílio de um educador físico<br />
capacitado é indispensável para o<br />
seu desenvolvimento no esporte.<br />
DÚVIDAS?<br />
Entre em contato! Será um prazer<br />
ajudar e esclarecer quaisquer dúvidas<br />
referente ao preparo de atletas.<br />
Até a próxima edição! BC<br />
12 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
1.<br />
2.<br />
4.<br />
5.<br />
3.<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 13
MEDALHOU<br />
PEDRO MAIA<br />
Wesley Moura<br />
editor@brasilcombate.com.br<br />
Para grandes conquistas, não há idade.<br />
Isso é o que mostra a história do jovem<br />
atleta de jiu jitsu, Pedro Maia.<br />
C<br />
onsiderado por alguns a revelação da cidade,<br />
com ainda 18 anos o brasiliense Pedro Maia<br />
subiu diversas vezes ao pódio nas competições<br />
de jiu jitsu. Maia conta que, após ser<br />
apresentado à arte suave, nunca mais parou de treinar:<br />
“Comecei a treinar em 2012, aos 12 anos. Antes já havia<br />
praticado taekwondo, mas nas primeiras aulas de jiu jitsu<br />
me apaixonei pela modalidade”. O atleta lembra que<br />
“com um mês de treino, lutei meu primeiro campeonato,<br />
em que fiz três lutas e fiquei em segundo lugar. Não fui<br />
campeão, mas já sentia que levava jeito para o esporte”.<br />
Com o auxílio da equipe Felipe<br />
Rair Team do faixa preta e<br />
árbitro Felipe Rair, Pedro Maia<br />
busca aprimorar suas técnicas<br />
na arte suave milenar, sempre<br />
com foco nas competições de<br />
alto nível. A academia em que<br />
treina está situada na cidade<br />
satélite de Ceilândia.<br />
O título de atleta revelação<br />
não lhe é atribuído à toa. A<br />
história de vida de Maia e a<br />
naturalidade com que trata<br />
sua trajetória no tatame<br />
desvelam, aos poucos, um<br />
percurso árduo. A atleta começou a praticar jiu jitsu na<br />
academia CEI Jiu Jitsu, do faixa preta Claudio Careca, na<br />
cidade de Ceilândia-DF.“Eu era da equipe CEI Jiu Jitsu.<br />
Foram quatro anos lá e posso garantir que aprendi boa<br />
parte do meu jiu jitsu naquela academia”, explica.<br />
Persistindo no esporte, o adolescente voltou a competir,<br />
sempre batendo na trave. “Lutei mais dois campeonatos<br />
e fiquei em segundo lugar nos dois, mas não desisti”,<br />
evidencia. Já no ano de 2013, logrou o lugar mais alto<br />
do pódio, “em 2013 eu não perdi nenhum campeonato<br />
em Brasília e fui lutar o meu primeiro campeonato<br />
<strong>Brasil</strong>eiro de Jiu Jitsu, em que fiquei mais uma vez em<br />
segundo lugar”.<br />
A derrota foi superada, o treinamento evoluiu e, em 2014,<br />
Pedro em 2013, ano em que foi campeão <strong>Brasil</strong>eiro de Jiu Jitsu<br />
o brasiliense passou a sonhar mais alto e se aventurou<br />
na terra do Tio Sam. Nos Estados Unidos, seu objetivo<br />
era competir com os grandes e, por isso, se inscreveu<br />
no North American Grappling Association - NAGA. Lá, foi<br />
campeão GI e No-GI (com kimono e sem kimono). “As<br />
derrotas passadas não me fizeram desistir. Em Las Vegas,<br />
me sagrei campeão nas duas modalidades, fazendo duas<br />
finais com um aluno dos irmãos Mendes. Fiquei muito<br />
feliz”, contextualiza Maia, que finaliza “naquele mesmo<br />
ano fui campeão <strong>Brasil</strong>eiro”.<br />
Provando da máxima de que nem só de vitórias é feito<br />
um campeão, Pedro Maia em<br />
2015 lutou o campeonato<br />
Mundial de Jiu Jitsu, mas acabou<br />
perdendo para um atleta<br />
da Atos Jiu Jitsu, liderada por<br />
André Galvão. O jovem brasiliense<br />
se decepcionou com o<br />
resultado. “Fiquei triste, pois<br />
fiz um treino na academia<br />
do Bruno Bastos, estava me<br />
sentindo preparado, mas não<br />
foi daquela vez”.<br />
O momento foi de reflexão.<br />
Só que atleta competidor<br />
faz sua reflexão no tatame.<br />
A medalha de ouro veio no ano seguinte, quando participou<br />
do campeonato Europeu de Jiu Jitsu, superando<br />
seus adversários e, principalmente, seus medos. “Fiquei<br />
feliz, mas não era o que eu queria”, revela. No mesmo<br />
ano o <strong>Brasil</strong>eiro lutou, fazendo cinco lutas, o que lhe<br />
rendeu o segundo lugar.<br />
O ótimo desempenho no Europeu, todavia, não se repetiu<br />
no Mundial: “Fiz lutas duríssimas e empatei a final<br />
com um aluno dos irmãos Mendes, mas não me deram<br />
a vitória. Continuo seguindo meu sonho e sei aonde<br />
quero e vou chegar”, diz.<br />
No ano de 2017, o atleta foi agraciado com a faixa roxa.<br />
Viu, então, sua responsabilidade aumentar, deixando a<br />
categoria juvenil e tornando-se competidor na categoria<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
14 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
Foto: Jack Taketsugu/<strong>Brasil</strong> Cobmate<br />
Eu era da equipe CEI Jiu Jitsu. Foram quatro<br />
anos lá e posso garantir que aprendi boa parte<br />
do meu jiu jitsu naquela academia.<br />
Pedro Maia no campeonato Aberto de Jiu Jitsu do Guará, em setembro de 2017,no qual foi campeão na categoria e no absoluto<br />
adulto, uma das mais disputadas do<br />
jiu jitsu. A transição teve um peso<br />
que o jovem sentiu quando lutou o<br />
campeonato Europeu, conquistando<br />
a terceira colocação, o World Pro Jiu<br />
Jitsu, Pan-americano e o <strong>Brasil</strong>eiro,<br />
perdendo em todas essas competições.<br />
Alguns meses depois, contudo, veio a<br />
conquista do lugar mais alto do pódio<br />
no Vitória International Open Jiu<br />
Jitsu (BA) e no Brasília International<br />
Open Jiu Jitsu (DF), ambas as competições<br />
nas categorias Gi e No-Gi.<br />
Com esse currículo, Pedro Maia prova<br />
que fez muito em pouco tempo e ensina<br />
aos competidores: “Não desisti<br />
e lutei, mesmo quando as derrotas<br />
apareceram”. Para a promessa brasiliense,<br />
o ano de 2017 “Foi de muito<br />
aprendizado”, mas o desejo é que<br />
<strong>2018</strong> seja repleto de vitórias.<br />
O atleta Pedro Maia recebe o apoio<br />
da Bancorbrás, Nova Geração, Jorge<br />
Augusto Personal, Lorenzzo Ferraz<br />
e Júlio Cesar Ribeiro. BC<br />
PERFIL<br />
Nome: Pedro Henrique Maia Costa<br />
Idade: 18 anos<br />
Natural de: Brasília-DF<br />
Equipe: Felipe Rair Team<br />
Graduação: Faixa Roxa<br />
Principais títulos: Campeão <strong>Brasil</strong>eiro<br />
CBJJ; Campeão Europeu<br />
IBJJF; Vice-Campeão Mundial IB-<br />
JJF; Campeão Sul Americano CBJJ.<br />
Categoria: Leve (76 kg)<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 15
PRATAS<br />
DA CASA<br />
Wesley Moura<br />
editor@brasilcombate.com.br<br />
O BRASILIENSE DANILLO VILLEFORT<br />
E A ÍNDIO DOJÔ NOS EUA<br />
C<br />
om passagem em organizações como WEC e<br />
UFC, nascido em Brasília e hoje residente em<br />
Pittsburgh (EUA), o lutador de 34 anos Danillo<br />
“Índio” Villefort é o protagonista da coluna<br />
Pratas da Casa, cujo objetivo é apresentar brasileiros<br />
que deixaram o solo tupiniquim para se dedicar aos<br />
esportes de combate em outros países.<br />
“Eu vim morar na Florida (EUA) em 2005, no começo<br />
da minha carreira de MMA. Meu grande amigo Rafael<br />
Dias, que era meu parceiro de treinos na Brazilian Top<br />
Team, veio passear um tempo na Florida e decidiu se<br />
mudar. Ele que fez essa ponte, sou muito grato a ele”,<br />
Danillo fala da sua chegada aos EUA.<br />
Nem todos os atletas já tiveram ou terão o prazer de<br />
treinar com grandes nomes do MMA, mas Danillo Índio<br />
foi agraciado com esta sorte. Em uma lista rápida, já<br />
treinou com Minotauro, Minotouro, Murilo Bustamente,<br />
Mario Sperry, Amaury Bitetti, Paulão Filho, Ricardo Arona,<br />
Rashad Evans, Tyrone Spong, Anthony Johnson, Jorge<br />
Santiago, Gesias Cavalcante e vários outros. “Graças a<br />
Deus eu posso te dizer que trabalhei com muitos dos<br />
melhores lutadores da minha geração”.<br />
O início não foi fácil. Hoje, contudo, consolidado nos EUA,<br />
Danillo construiu sua família e também sua academia,<br />
a Índio Dojô. Quando questionado sobre quais foram as<br />
maiores dificuldades encontradas em solo americano,<br />
ele se emociona. “As dificuldades foram as normais de<br />
todos os atletas que se arriscam por aqui. Viver de luta<br />
é um desafio constante. O mais importante é aprender<br />
o inglês e ter metas”, explica.<br />
O faixa preta de judô e de jiu jitsu começou seus primeiros<br />
treinos quando ainda era pequeno. Filho do<br />
lendário Mestre Índio, Danillo e seus irmãos estavam<br />
sempre envolvidos com o mundo das artes marciais. O<br />
mestre/pai sempre fazia questão de levar os filhos ao<br />
dojô, do mais novo ao mais velho. O atleta afirma que,<br />
16 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
até hoje, tem na lembrança o cheiro<br />
dos tatames de palha de arroz.<br />
“Na verdade, eu competi muito mais<br />
judô do que jiu jitsu em Brasília. Saí<br />
do Distrito Federal com 16 anos,<br />
mas sempre que posso estou por<br />
lá, visitando minha família e meus<br />
amigos”, explica sua relação com a<br />
Capital Federal.<br />
Danillo tem em seu cartel de MMA<br />
quinze vitórias e cinco derrotas. A<br />
última luta de MMA aconteceu em<br />
junho de 2016 no FFC 24, em que<br />
venceu Thiago Rela. Competidor que<br />
é, Danillo Índio decidiu encarar mais<br />
um desafio e lutou o Mundial de Veteranos<br />
da Federação Internacional<br />
de Judô de 2017. Na competição,<br />
recuperou o sabor de se testar de<br />
pano e alcançou o bronze.<br />
Há oito anos, Índio era um dos principais<br />
nomes da American Top Team<br />
(ATT). Até sua saída, após sofrer diversas<br />
retaliações e processos judiciais,<br />
o atleta partiu para o temido time<br />
da Blackzilians, que viria a vencer a<br />
ATT em um reality show promovido<br />
pela ZUFFA/UFC. “Quando saímos da<br />
ATT, não tínhamos muitos planos,<br />
mas acabou que conseguimos um<br />
resultado muito bom com o Blackzilians.<br />
Tive a sorte e o privilégio de ter<br />
aprendido e convivido com atletas<br />
e treinadores de primeiro calibre”.<br />
Quando questionado sobre se arrepender<br />
de ter deixado o <strong>Brasil</strong>, Índio<br />
dispara: “Não tenho arrependimento<br />
algum por ter vindo morar nos EUA.<br />
Tive muitas experiências boas. Sou<br />
muito grato por viver da luta e poder<br />
passar o legado da minha família<br />
adiante. Eu jamais teria saído do<br />
<strong>Brasil</strong> se nós tivéssemos segurança e<br />
qualidade de vida. É triste, né? Como<br />
eu, milhares deixaram nosso país. O<br />
<strong>Brasil</strong> é maravilhoso, mas está jogado<br />
nas mãos da impunidade e falta de<br />
comprometimento”.<br />
Quando o assunto é o futuro do <strong>Brasil</strong>,<br />
ele não titubeia em mostrar seu<br />
afeto ao pré-candidato a presidente<br />
da república, Jair Bolsonaro, “Espero<br />
que Bolsonaro vença as eleições.<br />
Precisamos de um choque urgente”.<br />
Afastado a algum tempo do MMA<br />
Danillo Índio Villefort, ensinando jiu jitsu na Índio Dojô em Pittsburgh (EUA)<br />
como lutador, Danillo mostra outros<br />
objetivos no momento: “Eu realmente<br />
amo lutar, quem me conhece sabe.<br />
Agora, contudo, estou focado na<br />
minha academia, para construir meu<br />
time. Quem sabe mais para a frente?<br />
Vontade é o que não me falta”.<br />
A motivação do atleta é algo muito<br />
particular, porém previsível em alguns<br />
casos. O ser humano precisa<br />
de motivação para trabalhar, estudar,<br />
para tudo. Quando inquirido sobre<br />
o que o faz acordar todos os dias<br />
e se desafiar na missão de levar o<br />
brazilian jiu jitsu aos americanos, a<br />
resposta foi clara:<br />
“Na minha concepção, é indiferente<br />
se estou ensinando aos americanos,<br />
brasileiros ou a qualquer um que seja.<br />
O importante é dividir nosso conhecimento<br />
com quem compartilha da<br />
mesma paixão. E estou apaixonado<br />
por Pittsburgh, as pessoas aqui são<br />
bastante educadas e acolhedoras”.<br />
Frequentemente, amigos dos tatames<br />
que permaneceram no <strong>Brasil</strong> entram<br />
em contato para saber se é prudente<br />
sair do país. Índio é categórico ao<br />
dizer: “Decisão difícil, mas tem que<br />
ser realista com você mesmo. Nosso<br />
esporte é muito ingrato, mas, se é<br />
nisso mesmo em que você acredita<br />
que seria feliz fazendo, pule de cabeça,<br />
porque pode não ser uma vida<br />
de muitos luxos, mas, com certeza,<br />
é muito gratificante. É melhor nos<br />
arrependermos por algo que fizemos<br />
do que daquilo não fizemos”.<br />
A Índio Dojô, academia de Danillo<br />
Índio, foi inaugurada há menos de um<br />
mês e já tem turmas de jiu jitsu, judô,<br />
MMA e muay thai. Uma das paixões<br />
do professor e faixa preta é ministrar<br />
aulas para as crianças. “Ministrar aula<br />
para crianças é a minha paixão. Eu<br />
sinto que é um dever meu para com<br />
a sociedade. Na minha opinião, todas<br />
as crianças deveriam ter acesso ao<br />
jiu jitsu e ao judô”.<br />
“Temos incontáveis benefícios proporcionados<br />
pela prática do jiu jitsu.<br />
O mais importante é o fato de nos<br />
ajudar desenvolver a autoconfiança.<br />
É muito triste ver um homem sem<br />
autoconfiança. Então, é muito mais<br />
fácil construir uma criança forte do<br />
que consertar um homem fraco”,<br />
finaliza. BC<br />
Eu jamais teria<br />
saído do <strong>Brasil</strong> se<br />
nós tivéssemos<br />
segurança e qualidade<br />
de vida. E<br />
triste né? Como eu,<br />
milhares deixaram<br />
nosso país.<br />
Fotos: Arquivo Pessoal<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 17
ENCICLOPÉDIA<br />
Da esquerda para direita: Cloves, Waldemar Santana, Armando Wriedt, Moacir Ferraz, Carlson Gracie, José Torois, George Medhi, Aloízio Alves e Deodoro<br />
MESTRE<br />
Fabio Quio Takao<br />
fabio.quio1@gmail.com<br />
ARMANDO WRIEDT<br />
O Hélio mostrava as técnicas e eu, o Carlson,<br />
o João Alberto e outros fazíamos juntos e, ao<br />
mesmo tempo, discutíamos e trocávamos<br />
ideias, pois cada um tem um estilo pessoal.<br />
Há poucos no mundo que puderam<br />
ser chamados de professores de Jiu<br />
Jitsu com a benção do Grande Mestre<br />
Hélio Gracie. À exceção de seus<br />
filhos e poucos sobrinhos, o Grande<br />
Mestre forjou alguns nomes desde<br />
a década de 50 para que seguissem<br />
à risca os ensinamentos técnicos e<br />
morais do Gracie Jiu Jitsu. Dentre<br />
esses poucos privilegiados está o<br />
mestre Armando Wriedt.<br />
Contrastando com o perfil agressivo<br />
que muitos lutadores atuais fazem<br />
questão de ostentar, Mestre Armando<br />
é completamente contra a violência.<br />
Apesar de parecer paradoxal — um<br />
mestre da arte marcial mais eficiente<br />
do mundo ser pacifista —, Mestre<br />
Armando ensina que a superioridade<br />
técnica do Jiu Jitsu deve estar sempre<br />
acompanhada da evolução do espírito<br />
e da mente.<br />
Residindo em Brasília e dando aulas<br />
particulares em sua chácara nos arredores<br />
de cidade, o mestre goza de<br />
extrema disposição, principalmente<br />
quando o assunto é sobre o futuro<br />
do Jiu Jitsu. Professor da primeira<br />
geração da Academia Gracie da Av. Rio<br />
Branco, Mestre Armando foi aluno direto<br />
de Hélio Gracie e, eventualmente,<br />
Carlos Gracie. Não bastasse isso, foi<br />
companheiro de treinos de lendas<br />
como Carlson Gracie, João Alberto<br />
Barreto, Hélio Vigio e Robson Gracie.<br />
Mestre Armando divide a gênese<br />
do Gracie Jiu Jitsu em duas fases.<br />
Na primeira, que vai da década de<br />
20 até o final dos anos 40, Carlos<br />
e Hélio Gracie buscavam provar<br />
a eficácia do Jiu Jitsu através dos<br />
desafios de Vale-Tudo. Na segunda<br />
fase, a partir da década de 50, houve<br />
a inauguração da Academia Gracie,<br />
a maior academia de Jiu Jitsu da<br />
história. Ainda havia os desafios<br />
de Vale-tudo, mas o Jiu Jitsu já era<br />
reconhecido e agora a preocupação<br />
central era a disseminação da arte e<br />
sua aplicação como defesa pessoal<br />
para o cidadão comum.<br />
A autoconfiança que a arte proporcionava,<br />
a prática de exercícios físicos<br />
e a busca por uma dieta saudável<br />
18 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
transformaram os professores em<br />
verdadeiros sacerdotes e mestre<br />
Armando é espelho dessa devoção<br />
ao Jiu Jitsu.<br />
Conforme nos revela o faixa vermelha<br />
9º grau, outro dos diferenciais<br />
da Academia Gracie era o respeito<br />
para com o aluno. Esta preocupação<br />
Mestre Armando fez questão de levar<br />
para sua própria academia durante<br />
toda a vida.<br />
Confirmando suas convicções pacifistas,<br />
o Mestre lutou Vale-Tudo três<br />
vezes, por imposição de Hélio. A primeira<br />
delas, em 1953, no Maracanã,<br />
na preliminar da luta entre Carlson<br />
e Passarito, em 02 de Maio. Mestre<br />
Armando derrotou Edgar Santos em<br />
30 segundos com um arm lock. A<br />
segunda luta foi contra um boxeador<br />
e Mestre Armando finalizou-o com<br />
um mata-leão. Em sua terceira luta,<br />
venceu um capoeirista com uma guilhotina.<br />
O que podemos observar é<br />
que, em todas as lutas, a preocupação<br />
do mestre era usar o Jiu Jitsu dentro<br />
de sua essência: submeter o agressor<br />
sem a necessidade de machucá-lo.<br />
Contrário à direção que o Jiu Jitsu<br />
atual vem tomando, Mestre Armando<br />
acredita que o verdadeiro Jiu Jitsu<br />
baseado na defesa pessoal está<br />
completamente esquecido em função<br />
do Go-Jitsu, o Jiu Jitsu esportivo de<br />
competição e o MMA moderno. Ele<br />
ainda opina que o treino dos lutadores<br />
atuais de MMA foge das técnicas<br />
básicas do Jiu Jitsu e dá muita ênfase<br />
a socos e chutes ou pugilato, como<br />
prefere chamar.<br />
Outra preocupação do mestre é o<br />
despreparo ético e psicológico dos<br />
professores atuais. Ele acredita que<br />
os professores precisam, acima de<br />
tudo, transmitir valores, tais como<br />
respeito ao próximo, disciplina e<br />
amor, complementos essenciais que<br />
transformam um simples lutador em<br />
um verdadeiro cavalheiro. Aliás, o<br />
conceito de Gentleman (cavalheiro) é<br />
sempre citado em seus comentários,<br />
em que vislumbra que o verdadeiro<br />
Jiu Jitsu Ka (praticante de Jiu Jitsu)<br />
se destaca não só pela técnica em<br />
combate, mas pela forma nobre<br />
como conduz sua vida e trata seus<br />
semelhantes.<br />
A seguir a entrevista que Mestre Armando<br />
concedeu em 28 de fevereiro<br />
de 2009.<br />
<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Como o sr. teve o<br />
Armando Wriedt demonstrando técnica de defesa pessoal em seu amigo Sardela<br />
Fotos: Arquivo Pessoal<br />
primeiro contato com o Jiu Jitsu?<br />
Armando Wriedt: Nasci em<br />
17/10/1924. Nunca tinha ouvido<br />
falar em Jiu Jitsu. O Hélio Gracie me<br />
viu jogando basquete e gostou do<br />
meu desempenho, então começamos<br />
a conversar e ele descobriu que, assim<br />
como ele, eu também gostava de<br />
montar a cavalo. Ele logo me convidou<br />
para ir a sua casa conhecer os<br />
seus cavalos. Foi então que comecei<br />
a praticar o Jiu Jitsu na casa do Hélio,<br />
em Teresópolis-RJ, e começamos a<br />
estreitar nossa relação. Ele havia<br />
acabado de inaugurar a academia da<br />
Rua Rio Branco 151 -17º andar. Eu já<br />
admirava a pessoa do Hélio Gracie<br />
e, ao conhecer sua academia, fiquei<br />
mais entusiasmado ainda. Ela era<br />
maravilhosa e aquilo me encantou.<br />
O ano era 1952.<br />
BC: Como era a metodologia dos<br />
treinos?<br />
AW: Os treinos para os instrutores<br />
eram em grupo. O Hélio mostrava as<br />
técnicas e eu, o Carlson, o João Alberto<br />
e outros fazíamos juntos e, ao mesmo<br />
tempo, discutíamos e trocávamos<br />
ideias, pois cada um tem um estilo<br />
pessoal. O Hélio nos orientava e,<br />
dentro do estilo de cada um, aparava<br />
as arestas. Os treinos para os alunos<br />
regulares eram individuais. As aulas<br />
duravam 30 minutos e não fazíamos<br />
a parte física. O Jiu Jitsu por si só já é<br />
uma atividade que trabalha muitos<br />
aspectos físicos. O treino era focado<br />
na defesa pessoal. Posteriormente,<br />
na minha academia também adotei<br />
o sistema de aulas individuais e, em<br />
outros dias ministrava aula em grupo,<br />
mais em conta para aqueles que não<br />
tinham muitas condições financeiras.<br />
BC: O Sr. chegou a ter contato com<br />
os outros irmãos Gracie?<br />
AW: Sim. Quando comecei, o Carlos<br />
já não tinha mais obrigação de dar<br />
aulas, mas regularmente ele punha o<br />
kimono e ia nos orientar nos treinos.<br />
Conheci também o George porque, na<br />
minha época, ele já era adversário de<br />
Carlos e Hélio e as duas academias<br />
viviam se digladiando, mas não o<br />
vi lutar. O Gastão eu só conheci em<br />
1994 em uma outorga de faixa que<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 19
Armando Wriedt demonstrando técnica de defesa pessoal em seu amigo Sardela<br />
no Rio de Janeiro.<br />
BC: O Sr. comentou que não tinha<br />
golpe preferido e que aplicava aquele<br />
que tivesse oportunidade, inclusive<br />
chaves de pé. Ainda hoje, muitas<br />
academias tratam as chaves de pé<br />
como grosseria, sendo que as regras<br />
proíbem a maioria das chaves de pé<br />
até a faixa marrom. O Sr. concorda<br />
com isso?<br />
AW: As chaves de pé têm uma eficiência<br />
muito grande e, por isso, precisam<br />
de cuidado e da posição correta para<br />
serem aplicadas, porque podem lesionar<br />
o adversário. Essas proibições<br />
esportivas são válidas porque servem<br />
para preservar a integridade do atleta.<br />
O Hélio e o Carlos diziam que uma<br />
finalização com chave de pé não<br />
é bonita. Eles preferiam chaves de<br />
braço. Eu sempre discordei e acredito<br />
que uma finalização com chave de<br />
pé bem aplicada é também muito<br />
bonita. Eu apliquei muitas chaves de<br />
pé e venci muitas lutas usando essa<br />
técnica, porém , eu já tinha um nível<br />
que podia aplicá-las com segurança.<br />
A própria gravata pode machucar a<br />
coluna cervical se for mal aplicada.<br />
BC: O Sr. adotava a dieta Gracie?<br />
AW: Eu fazia e faço até hoje. Acho<br />
que todos deveriam adotar essa<br />
dieta, pois ela é fantástica. Ela é<br />
baseada na dieta do argentino Dr.<br />
Juan Esteves Dulin.<br />
BC: O Sr. acredita que o Jiu Jitsu<br />
original de defesa pessoal pode ser<br />
resgatado?<br />
AW: Acredito que isso é quase inexequível,<br />
pois para tanto precisaríamos<br />
de academias para preparar professores,<br />
em que se daria ênfase para<br />
esse tipo de Jiu Jitsu. Hoje só temos o<br />
Go-Jitsu, que é o Jiu Jitsu voltado para<br />
competição. Inclusive eu tentei criar<br />
uma escola voltada para a formação<br />
de professores. É muito difícil porque<br />
acredito que essa escola deveria estar<br />
vinculada a algum órgão do governo<br />
para que pudesse ser reconhecida<br />
oficialmente. A própria Academia<br />
Gracie expediu diplomas que tem<br />
um valor simbólico imenso, mas<br />
oficialmente sem reconhecimento,<br />
porque a academia não é vinculada<br />
a nenhum órgão do governo. Apesar<br />
de um professor com diploma ter<br />
capacidade e exercer sua função, ele<br />
não tem o mesmo reconhecimento<br />
oficial e consequentemente os mesmos<br />
direitos que um professor de<br />
educação física, por exemplo.<br />
BC: O Sr. é admirador de personalidades<br />
notáveis como Gandhi. Atualmente<br />
a maioria dos professores se<br />
apega somente ao lado comercial e<br />
muitas vezes ensinam até mesmo<br />
pessoas de caráter duvidoso. O Sr. já<br />
se deparou com esse tipo de aluno?<br />
AW: Felizmente, nunca tive esse<br />
problema, nem na Academia Gracie<br />
e nem aqui em Brasília. Acredito que<br />
graças ao nome que venho construindo,<br />
a localização da academia e até<br />
mesmo sua decoração, acabavam por<br />
não atrair pessoas de má índole. O<br />
praticante de Jiu Jitsu deve ser acima<br />
de tudo um “Gentleman” (cavalheiro).<br />
BC: Quais são seus alunos que mais<br />
se destacaram?<br />
AW: Eu considero que os mais importantes<br />
foram aqueles que o Jiu Jitsu<br />
ajudou a sair de alguma situação<br />
difícil na vida. Eu tive um aluno que<br />
estava em vias de ser internado em<br />
uma clínica para doentes mentais e<br />
o Jiu Jitsu o ajudou na recuperação.<br />
Esse foi realmente um bom Jiu Jitsu<br />
Ka (praticante de Jiu Jitsu). Alguns<br />
que se destacaram como professores<br />
foram o Geni Rebelo e o Junior “Popó”.<br />
Outra coisa positiva é que eu preparei<br />
os responsáveis pela parte de lutas<br />
na divisão de educação física do<br />
exército. Era o Coronel Alzir Nunes,<br />
o Capitão Silvares e o Capitão Leitão<br />
da Cunha. Eu nunca me preocupei<br />
muito com a parte de competição.<br />
Mesmo assim meus alunos são com<br />
Da direita para esquerda: Armando Wriedt, João Alberto Barreto, Carlson Gracie e Hélio Vigio<br />
20 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
ons atletas, como por exemplo, o<br />
Junior que preparou o Ataíde. O Ataíde<br />
por sua vez preparou o Rany Yahya,<br />
o Paulo Tiago e outros.<br />
BC: O Sr. ainda acompanha os torneios<br />
de Vale Tudo?<br />
AW: Sim, com certeza, pois é uma<br />
maneira de me manter atualizado<br />
sobre o mundo das lutas. Como eu<br />
poderia criticar se eu não assistisse<br />
aos novos lutadores? Infelizmente,<br />
não vejo os lutadores aplicarem mais<br />
o Jiu Jitsu. O próprio Rickson Gracie<br />
se utilizou mais do pugilato. Esse tipo<br />
de luta, em que prevalece o pugilato<br />
e os lutadores saem sangrando, não<br />
me agrada, porque acho violento e<br />
vai contra minha maneira de ser.<br />
BC: Os atletas de Jiu jitsu dão pouca<br />
ênfase para as quedas e projeções. O<br />
Sr. exigia que seus alunos treinassem<br />
essa parte?<br />
AW: Eu não exigia, aliás, eu não obrigava<br />
o aluno a fazer nada. Na Academia<br />
Gracie, aprendi que tínhamos<br />
que respeitar os alunos e eu pedia<br />
“por favor” até mesmo para o aluno se<br />
deitar para eu mostrar uma posição.<br />
Como eu disse, minha maior preocupação<br />
era com a parte de defesa<br />
pessoal. Agora é claro que quando<br />
o aluno passa a competir eu tento<br />
conscientizar ele sobre a necessidade<br />
de treinar essa parte. Como dizem<br />
os Judocas, o bom Judoca é aquele<br />
que sabe cair bem. Se o lutador não<br />
souber cair bem, pode se machucar<br />
gravemente ou perder os sentidos.<br />
Realmente, a parte em pé do Jiu Jitsu<br />
sempre foi fraca.<br />
BC: Quando o Sr. teve o primeiro contato<br />
com Judocas? O que o Sr. achou?<br />
AW: Quando eu tinha a academia no<br />
Rio, uma vez que chegaram 3 judocas.<br />
Um foi pra Brasília, outro pra São<br />
Paulo e um para o Rio. O que veio para<br />
o Rio foi fazer uma demonstração<br />
na academia do Hinata, outro bom<br />
Judoca. Eu gostei tanto da apresentação<br />
que o contratei para me ensinar<br />
a parte de projeções. Ele ensinava<br />
dentro do método japonês. Depois de<br />
umas 10 aulas, resolvi parar, porque<br />
estava deixando de dar aulas e vi<br />
que o segredo, como em toda arte<br />
Da esquerda para direita: Armando Wriedt, Severiano e o jovem Flavio Behring<br />
marcial, era a prática exaustiva. Como<br />
no próprio Jiu Jitsu, a espontaneidade<br />
é fruto do muito exercício. A filha dele<br />
de 16 anos, que se chamava Missao,<br />
era sua intérprete. Era interessante<br />
que na minha academia ele usava a<br />
faixa azul e inclusive disse que eu<br />
tinha que providenciar uma faixa<br />
preta para mim e o certificado da<br />
Kodokan. Ele, como representante<br />
da Kodokan, poderia providenciar<br />
isso. Na época, no Rio de Janeiro, só<br />
tínhamos o Augusto Cordeiro como<br />
representante da Budokan.<br />
Conheci aqui em Brasília também<br />
o Anelso Guerra, que treinou na<br />
Kodokan muitos anos. Antes de ir<br />
para o Japão, ele já tinha treinado<br />
com o Sardela, que é faixa preta<br />
de Judô e também treinou Jiu Jitsu<br />
comigo. Após retornar do Japão, ele<br />
convidou o Sardela e a mim para<br />
mostrar algumas posições que havia<br />
aprendido na Kodokan e que julgava<br />
importantíssimas. Eu fui junto com<br />
o Sardela e todas as posições que<br />
ele mostrou foram inócuas ou já<br />
eram conhecidas por nós, mas, como<br />
já disse, realmente é uma falha do<br />
Jiu Jitsu Ka não praticar a parte de<br />
projeções e quedas.<br />
BC: O Sr. citou o Euclides Pereira e o<br />
Ivan Gomes como sendo os melhores<br />
lutadores fora da família Gracie. Qual<br />
deles o sr. considera melhor?<br />
AW: De todos os lutadores que<br />
conheci, o Ivan Gomes era muito<br />
bom, pois era um sujeito fortíssimo.<br />
Era tranquilo nas lutas. Ele te dava<br />
um sopapo sorrindo. Agora eu cito<br />
o Euclides Pereira como ótimo. Veja<br />
bem, ótimo é melhor que bom! Ele<br />
não tinha o peso e a força do Ivan<br />
Gomes, mas tinha muita técnica e,<br />
por isso, nunca perdeu pro Ivan nas<br />
várias lutas que fizeram.<br />
BC: O Sr. acredita que seria possível<br />
unir a eficiência do Jiu Jitsu com uma<br />
conduta filosófica mais rígida?<br />
AW: O Jiu Jitsu é uma filosofia, uma<br />
ciência e uma arte. É uma arte em<br />
que você aprende a vencer cedendo.<br />
Eu acho possível unir a eficiência à<br />
filosofia sim. O Jiu Jitsu que sempre<br />
preguei e que sempre vou pregar até<br />
o final da minha vida é transformar<br />
o Jiu Jitsu Ka, antes de tudo, em um<br />
“Gentleman” (cavalheiro). Ele deve<br />
tratar bem todas as pessoas e fazer<br />
sempre prevalecer o amor, que era<br />
o que pregavam pessoas como Jesus<br />
e Gandhi. Sem amor, você não<br />
chega a lugar algum. Isso é difícil<br />
de perpetuar, porque você tem que<br />
estar bem junto dos alunos para<br />
poder sempre buscar essas virtudes.<br />
É como se fosse uma espécie de<br />
religião. Para que pudéssemos ter<br />
uma filosofia aliada à arte, voltamos<br />
ao ponto de ser necessária uma<br />
escola regulamentada por órgãos<br />
oficiais que formasse professores<br />
capacitados tecnicamente, mas que<br />
também tivessem uma conduta de<br />
vida exemplar. BC<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 21
POR QUE SINTO<br />
TANTA FOME?<br />
Foto: C_Scott/Pixabay<br />
ALIMENTAÇÃO<br />
AFIADA<br />
Sabrina Cavalcanti<br />
Nutricionista Esportiva<br />
cavalcantinutriconista@hotmail.com<br />
POR QUE É TÃO<br />
DIFÍCIL MANTER O PESO?<br />
POR QUE É TÃO DIFÍCIL MANTER O PESO?!<br />
Em meu consultório, é muito comum atletas relatarem<br />
a dificuldade em manter seu peso nas diversas fases de<br />
uma preparação. Os atletas de luta necessitam controlar<br />
seu peso por diversos motivos, tais como manter-se em<br />
categorias, melhorar a performance, ter agilidade, mobilidade.<br />
Muitos afirmam ingerir grandes quantidades<br />
de comida, pornunca se sentirem satisfeitos e estarem<br />
sempre com sensação de fome. Logicamente, uma rotina<br />
de treinos pesada aumenta — em muito — o gasto<br />
calórico de um atleta e, consequentemente, sua fome.<br />
Entretanto, a falta de saciação e/ou de saciedade nada<br />
tem a ver com esse elevado gasto de energia: essas<br />
sensações são reguladas pelos chamados sinalizadores<br />
neuroendócrinos.<br />
22 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
CONCEITUANDO OS TERMOS:<br />
a) SACIAÇÃO: refere-se a alimentos capazes de satisfazer<br />
rapidamente a fome.<br />
b) SACIEDADE: são os alimentos capazes de fazer com<br />
que o(a) atleta fique sem fome por mais tempo, entre<br />
as refeições.<br />
c) SINALIZADORES NEUROENDÓCRINOS: são substâncias<br />
capazes de diminuir ou aumentar a sensação fome, por<br />
exemplo, INSULINA (hormônio liberado pelo pâncreas)<br />
e LEPTINA (hormônio liberado pela gordura do corpo<br />
- tecido adiposo).<br />
d) A FOME acontece quando o(a) atleta está a algum<br />
tempo sem comer e os níveis de glicose no sangue já<br />
estão muito baixos.<br />
Sentir fome é importante! É básico, é natural e, acima de<br />
tudo, necessário. Esse sinal avisa ao corpo o momento<br />
certo de comer, a fim de aumentar os níveis de glicose<br />
no sangue. A glicose é o nutriente mais importante nesta<br />
equação, pois, a partir dela, o corpo vai produzir energia<br />
para todas as atividades diárias do(a) atleta.<br />
Além disso, sentir saciedade e/ou saciação também é<br />
importante, pois o corpo deve funcionar em harmonia<br />
e equilíbrio. Comer mais ou menos que o necessário vai<br />
impactar negativamente sobre a saúde e a performance<br />
do(a) atleta.<br />
Em condições em que o percentual de gordura do(a)<br />
atleta esteja dentro dos padrões de normalidade (vide<br />
tabela - POLLOCK, 1993), a sensação de fome, saciação<br />
e saciedade estarão quimicamente regulados pela insulina<br />
e pela leptina.<br />
POR QUE SINTO TANTA FOME?<br />
Quanto maior for o percentual de gordura do(a) atleta,<br />
maior será a concentração da insulina e da leptina no<br />
sangue e, consequentemente, maior será a resistência<br />
do corpo à ação delas. Ou seja, maior será a sensação<br />
de fome. Aleluia!!! A culpa não é só sua!<br />
POR QUE É TÃO DIFÍCIL MANTER O PESO?<br />
Um dos motivos pode ser o aumento expressivo do<br />
percentual de gordura dos atletas fora dos períodos<br />
competitivos, comprometendo sua sensação de fome,<br />
resultando em ganhos excessivos de peso. Esta informação<br />
é relevante para atletas em férias, recuperação<br />
de lesões ou que estão sem rotina de treino.<br />
TROCANDO EM MIÚDOS<br />
Mantenha seu percentual de gordura dentro dos padrões<br />
de saúde, se quiser manter seu peso com facilidade.<br />
Para isso, é preciso adotar uma dieta saudável e individualizada,<br />
rotina de treinos, sono adequado, consumo<br />
de água dentro do recomendado, check ups médicos e<br />
psicológicos em dia.<br />
DÚVIDAS?<br />
Entre em contato! Ligue para (61) 3346-8979 ou fale<br />
conosco pelo instagram @nutrisabrinacavalacanti BC<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 23
SUPERAÇÃO<br />
BRASILIENSE SUPERA LUTA CONTRA UM AVC COM DEDICAÇÃO<br />
ESSA É A HISTÓRIA DO EDSON BUSCACIO<br />
Elton Costa<br />
Repórter<br />
FAIXA AZUL DA EQUIPE LUTA MAIS JIU JITSU<br />
Os adversários nem sempre estão só do outro<br />
lado do tatame. Eles podem estar no próprio<br />
corpo. Quando doenças e acidentes que poderiam<br />
encerrar diversas carreiras esportivas<br />
são superadas e combatidas por meio do esporte, temos<br />
inspiração para o <strong>Brasil</strong> e para o mundo.<br />
No retorno do <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> em sua versão magazine,<br />
apresentamos o quadro SuperAção, que mostrará praticantes<br />
das artes marciais que superaram as estatísticas<br />
médicas para praticar o esporte de combate. O nome de<br />
Edson Buscacio não poderia deixar de aparecer nesta<br />
edição, entenda o porquê.<br />
Quem vê Edson Buscacio aos seus 52 anos praticando<br />
jiu jitsu no Luta Mais Jiu Jitsu, projeto de inclusão da<br />
Terceira Igreja Batista de Brasília, não imagina que suas<br />
chances de vida eram pequenas quando deu entrada na<br />
emergência do Hospital. Isso, porque, minutos antes, o<br />
atleta sofrera um acidente vascular cerebral hemorrágico<br />
(AVC) no hotel Rio Vermelho, em Goiânia, após um dia de<br />
muito trabalho e uma noite regada a whisky e diversos<br />
cigarros. “Infelizmente, influenciado pela minha geração,<br />
fui fumante dos 17 aos 32 anos. Com isso, sofri um AVC -<br />
Pseudo Aneurisma cerebral no lado esquerdo. Naquele<br />
momento, não sabia o que era, mas senti os sintomas:<br />
dor de cabeça extrema, vômito e visão dupla”. Começava<br />
ali uma bem-sucedida batalha pela vida.<br />
A BATALHA<br />
“Acordado, arrastei-me até o banheiro e pude ver a vida<br />
se esvaziando, pois meus sentidos estavam fracos. Tudo<br />
o que eu pensava era na minha esposa, Kássia, pois não<br />
tínhamos filhos e já estávamos juntos há 12 anos. Não<br />
queria morrer longe de casa. Isso não saía da minha<br />
cabeça.”<br />
O sofrimento não tinha fim. “Enxergava tudo dobrado e<br />
a dor ora me levava os sentidos, ora me mantinha em<br />
sofrimento. Vi toda a minha pífia história passar e não<br />
sabia orar. Eu rezava, mas nunca orei de verdade, não<br />
falava com Deus de forma íntima.No meio de uma reza,<br />
minha mente apagou. Depois, acordei com a vontade<br />
de chorar. Então falei com Deus: Pai, eu sei que não fui<br />
correto e que pequei por toda minha vida, mas também<br />
sei que o Senhor perdoa os nossos pecados. Então, me<br />
perdoe e faça algo diferente na minha vida. Se me deixar<br />
viver e voltar para a minha esposa, eu prometo que<br />
serei diferente”.<br />
“Eu não sabia, mas minhas palavras estavam indo ao<br />
encontro das de minha esposa, que também acordou na<br />
madrugada para pedir a Deus pela minha vida. E, acredite<br />
se quiser, ela estava dormindo e ouviu uma voz dizer:<br />
“Kássia acorde e ajoelhe-se, pois o Edson está lutando<br />
pela vida dele”. E foi o que ela fez”.<br />
Edson levava, na ocasião, uma vida sedentária e bastante<br />
irregular, pois não tinha o hábito de se alimentar<br />
saudavelmente, bebia, fumava e vivia o stress no nível<br />
mais alto. “Tudo me ocasionou uma pressão alta e era<br />
uma bomba que, a qualquer momento, poderia explodir<br />
e explodiu”, explica.<br />
SOBREVIVENTE<br />
Na avaliação dos médicos, Edson fazia parte dos 6% da<br />
população mundial que teve um dos mais graves acidentes<br />
vasculares e sobreviveu sem sequelas. “Muitos me<br />
disseram que eu não poderia fazer esforço e, por conta de<br />
enxaqueca com arritmia, eu me afastei de tudo. Passei a<br />
comer bem e parei com cigarros e bebidas. Alguns anos<br />
depois, comecei a tomar vinho em ocasiões especiais.<br />
Tornei-me o rei das sobremesas e viagens passaram a<br />
ser meu hobby”, comemora.<br />
Para muitos, ainda soa impensável imaginar Edson<br />
Buscacio treinando jiu jitsu, e em bom condicionamento<br />
físico. Vinte anos se passaram, e convém não duvidar da<br />
força de vontade do guerreiro, que seguiu à risca a dura<br />
rotina de recuperação. “Pude comemorar a formatura da<br />
minha filha, Bárbara Luiza, que nasceu um ano após o<br />
AVC. Isso foi um presente”.<br />
24 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
Foto: Arquivo Pessoal<br />
Edson Buscacio, mostra o slogan da equipe Luta Mais, localizada na EQN 407/408, Área Especial 1, Asa Norte, Brasília-DF. O projeto é gratuito<br />
O INÍCIO NA ARTE SUAVE<br />
Convidado por seus sobrinhos para<br />
conhecer o centro de treinamento de<br />
jiu jitsu da Terceira Igreja Batista de<br />
Brasília, Edson se aventurou, mesmo<br />
cheio de medo. “Cheguei lá, gordo,<br />
sedentário e sem resistência, além<br />
de uma espalda cheias de medos.<br />
Fiz três aulas bem leve e sem lutar<br />
com os outros colegas, apenas conhecendo<br />
posições. Não conseguia<br />
correr em volta do tatame. Não fazia<br />
flexões e nem abdominal. Sempre<br />
me achei forte, mas acabava o treino<br />
morto sem energia”;<br />
O primeiro resultado obtido com<br />
os três “simples” treino vieram de<br />
imediato quando aferiu seu peso. “No<br />
fim da terceira aula, tinha perdido<br />
3kg. Como assim? 3kg em três aulas<br />
que eu não fazia quase nada?”.<br />
Após ver os benefícios que o jiu jitsu<br />
poderia lhe oferecer, o atleta decidiu<br />
consultar seu médico sobre a nova<br />
experiência. “Fui ao meu médico.<br />
Contei tudo e disse a ele que, se ele<br />
não autorizasse a praticar jiu jitsu, eu<br />
faria assim mesmo. Ele me olhou e<br />
disse para ter cuidado e esclareceu<br />
que o corpo se acostumaria com os<br />
exercícios”.<br />
Autorizado a treinar, o ex-sedentário,<br />
passou a integrar o projeto Luta Mais<br />
Jiu Jitsu e logo foi chamado para ser<br />
um dos colaboradores. “Luta Mais,<br />
esse é o nome da minha terceira<br />
família. Eles são mais que uma ajuda<br />
física de condicionamento: condicionam<br />
também o amor a amizade e,<br />
principalmente, o espírito”, explica.<br />
Emocionado, o faixa azul dois graus<br />
explica que não venceu essa guerra<br />
contra o AVC sozinho e agradece a<br />
família e aos amigos, companheiros<br />
de treino. “Não venci sozinho. Devo<br />
essa conquista à minha esposa e<br />
filha; à minha sogra, que me ajuda<br />
em quase tudo, como minha mãe,<br />
e aos meus companheiros de jiu-<br />
-jitsu, que fazem treinos duros, mas<br />
são sempre leais. O jiu jitsu hoje é<br />
parte da minha vida. Quero ser um<br />
faixa preta para ensinar a outros. O<br />
melhor é a jornada”. BC<br />
“Acordado, arrastei-me<br />
até o banheiro<br />
e pude ver<br />
a vida se esvaziando,<br />
pois meus sentidos<br />
estavam fracos(...)Não<br />
queria<br />
morrer longe de<br />
casa. Isso não saía<br />
da minha cabeça.<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 25
ABRINDO O JOGO<br />
DIEGO PEREIRA ENSINA A RASPAGEM PARTINDO DA GUARDA LAÇO<br />
Nossa redação desembarcou na Ribeiro Jiu Jitsu, em Brasília,<br />
e abriu o jogo do faixa preta Diego Pereira, campeão<br />
do Mundial Master II, na categoria super-pesado, em Las<br />
Vegas, Estados Unidos, pela IBJJF no ano passado.<br />
Diego Pereira mostrará uma raspagem, partindo da guarda<br />
laço e chegando à pontuação de quatro pontos, se<br />
executada com perfeição. A guarda laçada é uma posição<br />
que envolve o braço do oponente, usando a canela como<br />
bloqueio. Essa é uma das grandes opções dos guardeiros,<br />
já que serve tanto como ataque quanto defesa.<br />
2.<br />
Antes de mostrarmos a posição que o campeão separou<br />
para os leitores, vamos ao conceito básico da Guarda Laço:<br />
Na guarda laço, os dois braços do oponente devem estar<br />
dominados. Uma das pernas gira por fora do braço e o pé<br />
é colocado em forma de gancho por detrás do tríceps/<br />
axila do adversário, enquanto o outro pé fica no quadril<br />
e a canela no abdômen.<br />
PASSO 1: Começe a posição com seu oponente dentro<br />
da sua guarda fechada:<br />
1.<br />
PASSO 3: O outro pé vai para o mesmo lado do gancho,<br />
fazendo com que a sua canela fique na barriga<br />
do adversário.<br />
3.<br />
PASSO 2: Faça a pegada nas duas mangas do oponente.<br />
Abra a guarda, colocando o pé no quadril e faça o laço,<br />
girando uma das pernas fora e colocando o pé em forma<br />
de gancho na axila.<br />
26 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
PASSO 4: Abrindo a ponta do seu joelho (ganhar espaço),<br />
solte a manga e saia de quadril, buscando a pegada na<br />
altura do joelho, contrário ao gancho que você colocou,<br />
envolvendo a perna do oponente.<br />
5a.<br />
4a.<br />
4b.<br />
5b.<br />
PASSO 5: Faça o giro para o lado em que o braço foi<br />
laçado, colocando o joelho na barriga e abrindo o leque,<br />
sempre olhando para o alto. Solte a pegada da manga e<br />
segure a lapela do adversário para estabilizar a posição,<br />
assim você evita que ele suba laçando sua perna.<br />
Pronto, você marcou dois pontos com o joelho na barriga<br />
e mais dois da raspagem. Ao fim da posição, você<br />
conquistou quatro pontos na partida. BC<br />
Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 27
FERAS DO MMA<br />
UFC 220: QUATRO BRASILEIROS E DUAS DISPUTAS DE CINTURÃO<br />
Foto: Divulgação UFC<br />
Kleber Santos<br />
contato@ferasdomma.com.br<br />
Osegundo evento do UFC do ano acontecerá<br />
no dia 20 de janeiro em Boston (EUA), com<br />
o duelo principal entre o norte-americano<br />
Stipe Miocic, campeão da divisão do peso-<br />
-pesado, e o francês-camaronês, Francis Ngannou. O<br />
co-main event será o desafio entre Daniel Cormier, que<br />
fará sua quarta defesa do cinturão do meio-pesado,<br />
contra Volkan Oezdemir, invicto no UFC.<br />
Para os fãs brasileiros, fica a torcida para a luta de quatro<br />
brazucas: a tentativa de volta por cima de Thomas<br />
Almeida contra Rob Font, ambos veem de derrotas;<br />
Francimar Barroso, o Bodão, encara Gian Villante para<br />
apagar a última derrota; Alexandre Pantoja busca a<br />
terceira vitória na organização diante de Dustin Ortiz; e<br />
Gleison Tibau, suspenso há dois anos por doping, retorna<br />
contra Islam Makhachev.<br />
MAIN EVENT<br />
Stipe Miocic fará sua terceira<br />
defesa do cinturão. Ele está<br />
invicto há pouco mais de três<br />
anos, quando perdeu para<br />
Júnior Cigano por decisão dos<br />
juízes. De lá pra cá, venceu<br />
Mark Hunt e Andrei Arlovski,<br />
ambos por nocaute técnico,<br />
até desafiar e tomar o cinturão<br />
de Fabrício Werdum no<br />
UFC 198. Nocauteou ainda<br />
no primeiro round, Alistair<br />
Overeem, e Júnior Cigano.<br />
Por sua vez, Francis Ngannou entrará no octógono para<br />
tentar ser o 20º campeão peso-pesado do UFC. Desde sua<br />
estreia, no dia 19 de dezembro de 2015, acumulou seis<br />
vitórias sobre nomes como Alistair Overeem (nocaute<br />
do ano) e Andrei Arlovski. São 11 vitórias e apenas uma<br />
derrota no MMA para Zoumana Cisse, na sua segunda<br />
luta como profissional.<br />
CO-MAIN EVENT<br />
Sem lutar desde julho do ano passado, na derrota que<br />
virou ‘ No Contest’ contra Jon Jones, Daniel Cormier deve<br />
se aposentar no auge, aos 38 anos. Antes disso, terá pela<br />
frente Volkan Oezdemir, que, em menos de 12 meses,<br />
terá lutado quatro vezes. Este desafio servirá para o<br />
norte-americano enterrar o nocaute que sofreu de Jon<br />
Jones, que apontou positivo para Turinabol, esteróide<br />
anabolizante.<br />
Por outro lado, Volkan Oezdemir tenta se firmar na<br />
organização. Ele tem no cartel 16 lutas, apenas uma<br />
derrota e 15 vitórias, das quais 12 foram por nocaute<br />
ou finalização. No UFC, vem de vitórias sobre Ovince<br />
Saint Preux, Misha Cirkunov e Jimi Manuwa, sendo que<br />
as duas últimas em menos de um minuto de duração.<br />
BRASILEIROS<br />
O brasileiro Gleison Tibau pode ser considerado um<br />
“operário” do UFC, já que estreou na organização no UFC<br />
65, no dia 18 de novembro de 2006, na derrota contra<br />
Nick Diaz. No MMA, o próximo duelo valerá ainda o<br />
seu retorno às artes mistas, depois de punição por dois<br />
anos, por ter sido detectada a substância eritropoietina<br />
no exame de controle de dopagem, também conhecida<br />
como EPO. Sua vitória diante Abel Trujillo, no dia 7 de<br />
novembro de 2015, foi transformada em derrota. Seu<br />
adversário é o russo da República do Daguestão, dono<br />
do cartel de 14 vitórias e uma derrota — curiosamente,<br />
para o brasileiro Adriano Martins.<br />
O segundo verde-amarelo no combate será Thomas<br />
Almeida, que vive uma fase delicada, no peso-galo.<br />
Dos últimos três desafios, perdeu dois. Das sete lutas<br />
de Thominhas no UFC, quatro foram premiadas como<br />
“Performance da Noite” e uma como “Luta da Noite”. O<br />
atleta conta com 22 vitórias e dois reveses. Ele enfrentará<br />
Rob Font, que vem de derrota para Pedro Munhoz, que<br />
tem no cartel 14 êxitos e três derrotas.<br />
O <strong>Brasil</strong> será representado no Card também por Alexandre<br />
Pantoja, com duas lutas no Ultimate, ambas em 2017.<br />
Na carreira, venceu 18 vezes contra duas lutas que não<br />
obteve êxito. Está invicto desde 2010. Em 2016, foi da<br />
equipe de Henry Cejudo, no The Ultimate Fighter 24. Na<br />
luta em Boston, no peso-mosca, vai encarar o inconstante<br />
Dustin Ortiz, que saiu vencedor em 6 lutas e perdedor<br />
em cinco no UFC.<br />
Francimar Bodão será mais um brasileiro em ação. Aos<br />
37 anos, ele tenta se encontrar ainda no octógono. No<br />
meio-pesado, mede forças com Gian Villante, que, das<br />
seis lutas anteriores, perdeu quatro.<br />
Agora, é esperar o dia das lutas e torcer pelos quatro<br />
brazucas. Sobre os dois desafios principais, vale fazer<br />
figa para que sejam dois combates emocionantes! BC<br />
28 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
Quanto você já gastou tratando<br />
lesões? Por quanto tempo precisou<br />
abdicar do treino ou até treinar<br />
machucado perdendo qualidade<br />
na performance?<br />
30 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
FISIOTERAPIA<br />
ESPORTIVA<br />
Jéssica Máximo<br />
Fisioterapeuta e judoca<br />
jessicamaximo23@gmail.com<br />
AS LESÕES MAIS FREQUENTES<br />
NAS LUTAS E COMO EVITA-LAS<br />
A<br />
As principais lesões<br />
nas lutas dependem<br />
de fatores intrínsecos e<br />
extrínsecos (Características<br />
físicas do atleta, experiências<br />
do lutador, condições dos locais de<br />
treinamento e/ou competições, a<br />
supervisão e a atitude dos treinadores<br />
e árbitros). Já sabemos que as<br />
lutas desportivas têm alto impacto<br />
no corpo, envolvem movimentos de<br />
explosão, chaves de braço e perna,<br />
torções, estrangulamentos, resistência,<br />
força máxima, coordenação<br />
etc. Levando em consideração essas<br />
peculiaridades, podemos destacar<br />
as seguintes lesões: luxações (dedo<br />
e mãos), entorse (Joelho e tornozelo)<br />
e fraturas (falanges distais das<br />
mãos e pés), rupturas musculares e<br />
hematomas. Em todas elas, as partes<br />
anatômicas são as mais atingidas:<br />
joelho, ombro, dedos e mãos.<br />
Nosso objetivo na sessão Fisioterapia<br />
Esportiva é orientar a prevenção<br />
de lesões em praticantes de lutas<br />
desportivas<br />
Quanto você já gastou tratando<br />
lesões? Por quanto tempo precisou<br />
abdicar do treino ou até treinar<br />
machucado, perdendo qualidade na<br />
performance? Antes de responder,<br />
pense o quanto seria mais eficaz<br />
evitar algumas lesões, visando uma<br />
vida longa no esporte, aumentando<br />
performance e qualidade de treino.<br />
Separei três pilares complementares<br />
nos treinos e fundamentais em<br />
busca de menos lesões:<br />
Demanda X Capacidade: a sua demanda<br />
de treino<br />
1.<br />
deve, obrigatoriamente,<br />
estar<br />
alinhada à capacidade<br />
do seu<br />
corpo. Exemplo:<br />
se você treina todos os dias durante<br />
uma hora e meia, o seu corpo deve<br />
estar habilitado a suportar essa<br />
carga de treino. Ou ainda se você<br />
está retornando aos treinos agora,<br />
ou nunca treinou, comece gradativamente.<br />
A adaptação é fundamental.<br />
Um sinal de que a demanda está<br />
maior que a capacidade é a dor.<br />
Ela avisa que um problema existe,<br />
mas não fala a causa. Então, pare e<br />
investigue. Dor é diferente de fadiga,<br />
e isso abordaremos em breve.<br />
Mobilidade e flexibilidade: a dificuldade<br />
de quase<br />
todo atleta!<br />
2.<br />
Exercícios de<br />
mobilidade e de<br />
alongamento dinâmico<br />
servem<br />
como aquecimento antes dos treinos<br />
(e não demandam muito tempo).<br />
Geralmente, são movimentos que<br />
“soltam” as articulações de ombro,<br />
quadril, joelho e tornozelo, trabalham<br />
a flexibilidade de forma mais<br />
dinâmica e auxiliam na amplitude<br />
de movimento das articulações.<br />
Exemplo: Você sabia que uma boa<br />
amplitude de tornozelo que evita<br />
lesões durante as chaves de pernas<br />
e outros movimentos deve ser 45°<br />
graus? Essa amplitude mede a angulação<br />
do seu tornozelo em relação a<br />
perna. Esses exercícios melhoram a<br />
amplitude de tornozelo e, em apenas<br />
uma sessão, já é possível mensurar<br />
e comparar a diferença.<br />
Fortalecimento: na academia, ou em<br />
um treinamento<br />
3.<br />
funcional ou da<br />
forma com que<br />
você se identificar,<br />
faça o<br />
fortalecimento<br />
específico para sua demanda do<br />
esporte, com um educador físico<br />
habilitado. Se você é atleta de jiu<br />
jitsu, seu fortalecimento é diferente<br />
do necessário para um boxeador ou<br />
um atleta de judô, pois cada esporte<br />
é específico, não adianta seguir o<br />
mesmo treino que você fazia há<br />
alguns anos.<br />
Diante disso, respeite o seu tempo<br />
de recuperação, complemente<br />
seus treinos e tente se programar<br />
e seguir esses três pilares. Assim,<br />
melhore seu rendimento e amplie<br />
o seu tempo de permanência na<br />
modalidade.<br />
Bons treinos! BC<br />
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Fotos: Jack Taketsugu/<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong><br />
foto@brasilcombate.com.br<br />
COBERTURA: BRASÍLI<br />
32 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
A OPEN DE JIU JITSU<br />
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34 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>
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