15.01.2018 Views

Brasil Combate Magazine | Edição #1 | JAN 2018

Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição, você encontrará um pouco da história do jiu jitsu da Capital Federal – Brasília, a cobertura do Open Internacional Brasília, entrevista com o Mestre Armando Wriedt, o mundo feminino dos esportes de combate, apresentação da equipe Checkmat Jiu Jitsu. Além disso, você conhecerá mais sobre Danillo “Índio” Villefort, protagonista da coluna Pratas da Casa, a história do atleta revelação do jiu jitsu de Brasília, Pedro Maia e a superação do brasiliense Edson Buscacio, que venceu um AVC e hoje pratica jiu jitsu. Já as seções Conditioning Training, Alimentação Afiada e Fisioterapia Esportiva trarão dicas importantes para a preparação de atletas e, na seção abrindo o jogo, o faixa preta Diego Pereira da Ribeiro Jiu Jitsu ensinará uma raspagem partindo da guarda laço. Tudo isso e ainda uma análise do UFC 220, que contará com a participação de quatro brasileiros e duas disputas de cinturão.

Revista digital especializada em esportes de combate, com periodicidade bimestral. Nesta edição, você encontrará um pouco da história do jiu jitsu da Capital Federal – Brasília, a cobertura do Open Internacional Brasília, entrevista com o Mestre Armando Wriedt, o mundo feminino dos esportes de combate, apresentação da equipe Checkmat Jiu Jitsu.

Além disso, você conhecerá mais sobre Danillo “Índio” Villefort, protagonista da coluna Pratas da Casa, a história do atleta revelação do jiu jitsu de Brasília, Pedro Maia e a superação do brasiliense Edson Buscacio, que venceu um AVC e hoje pratica jiu jitsu.

Já as seções Conditioning Training, Alimentação Afiada e Fisioterapia Esportiva trarão dicas importantes para a preparação de atletas e, na seção abrindo o jogo, o faixa preta Diego Pereira da Ribeiro Jiu Jitsu ensinará uma raspagem partindo da guarda laço. Tudo isso e ainda uma análise do UFC 220, que contará com a participação de quatro brasileiros e duas disputas de cinturão.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Edição</strong> <strong>#1</strong> • Ano I • Janeiro <strong>2018</strong><br />

BRASILCOMBATE<br />

MAGAZINE<br />

BRASÍLIA TEM FORÇA,<br />

TÉCNICA E SUPERAÇÃO<br />

QUARTEL<br />

GENERAL<br />

CHECKMAT BRASÍLIA<br />

ABRINDO<br />

O JOGO<br />

DIEGO PEREIRA, DA<br />

RIBEIRO JIU JITSU<br />

ENCICLOPÉDIA: ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O MESTRE ARMANDO WRIEDT


AMAR<br />

3 0<br />

ANOS<br />

QSD 53 LOTE 48, TAGUATINGA SUL, BRASÍLIA - DF | +55 (61) 3036-9860 ou 3563-6791


ASHI<br />

KIMONOS<br />

Desde 1988, fornecendo materiais de<br />

excelência para atletas de al ta performance.<br />

www.YAMARASHIKIMONOS.com | fb.com/KIMONOSYAMARASHI


18<br />

10<br />

ÍNDICE<br />

06 Quartel General - QG<br />

Conheça a Checkmat Brasília.<br />

32<br />

08 Mulheres de luta<br />

Nielma Santos da equipe 5R.<br />

10 A bela é fera<br />

Gabrielle Estrêla.<br />

24<br />

06<br />

26<br />

12 Conditioning Training<br />

Ampliando a força da pega.<br />

14 Medalhou<br />

Pedro Maia.<br />

16 Pratas da casa<br />

Danillo “Índio” Villefort.<br />

18 Enciclopédia<br />

Mestre Armando Wriedt.<br />

22 Alimentação afiada<br />

Manter o peso.<br />

24 Superação<br />

Vencendo o AVC.<br />

26 Abrindo o jogo<br />

Diego Pereira - Ribeiro JJ.<br />

28 Feras do MMA<br />

UFC 220.<br />

30 Fisioterapia Esportiva<br />

As lesões mais frequentes.<br />

32 Cobertura<br />

Brasília Open Jiu Jitsu - IBJJF.<br />

4 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


EDITORIAL<br />

Brasília tem força, técnica e superação<br />

Alguns dias sabáticos (mesmo que forçados) fazem bem e<br />

refrescam as ideias. É neste pique que o <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> volta<br />

hoje, 15 de janeiro de <strong>2018</strong>, renovado, em plena atividade e<br />

com o compromisso de apresentar entrevistas, coberturas e<br />

de produzir material de qualidade para quem aprecia esportes<br />

de combate.<br />

Será um prazer contar com você nos próximos meses. Em um<br />

ano que não traz boas promessas para o esporte, especialmente<br />

em decorrência do baixo investimento nos esportes de<br />

combate, seriamente afetado pela crise financeira instalada<br />

no país, nosso intuito é informar, divulgar e injetar ânimo, para<br />

dissipar a nebulosidade da crise institucional nas diversas<br />

esferas que vivemos em 2017. E como faremos isso? Por meio<br />

dos esportes de combate.<br />

Apresentamos um novo formato do <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, agora<br />

em sua versão <strong>Magazine</strong>. A ideia é prestar serviço e oferecer<br />

informações que projetarão atletas e academias.<br />

Com periodicidade bimestral, a revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> trará a<br />

cobertura de eventos, que se tornou clássica no formato original<br />

- portal de notícias. Iniciaremos com o Open Internacional<br />

Brasília, evento organizado pela IBJJF - International Brazilian<br />

Jiu-Jitsu Federation. Na seção Pratas da Casa, conversaremos<br />

com atletas que deixaram o <strong>Brasil</strong> para viver dos esportes de<br />

combate em outros países e, na seção Enciclopédia, apresentaremos<br />

as lendas dos esportes de combate, começando com<br />

uma super entrevista com o Mestre Armando Wriedt. Nela,<br />

ele fala da família Gracie, do seu primeiro contato com o jiu<br />

jitsu e muito mais.<br />

Inovando no cenário, a seção Mulheres de Luta trará um<br />

espaço exclusivo para o mundo feminino dos esportes de<br />

combate. Já na seção Quartel General, mostraremos a equipe<br />

Checkmat Jiu Jitsu do Riacho Fundo, comandada pelo faixa<br />

preta Alessandro Charuto. E, para deixar a edição ainda mais<br />

nervosa, apresentaremos a história do atleta revelação do jiu<br />

jitsu de Brasília, Pedro Maia, de apenas 18 anos e dono de um<br />

currículo de dar inveja.<br />

Apesar das péssimas projeções, escolhemos acreditar que,<br />

neste ano, seremos felizes. Simples assim! E nada melhor do<br />

que começar esta edição contando um pouco da história do<br />

jiu jitsu da Capital Federal – Brasília.<br />

Venha, vamos juntos! Há muita coisa boa para se viver em<br />

<strong>2018</strong>. Aprecie sem moderação nossa edição totalmente gratuita,<br />

independente e especializada. Oss<br />

Editor Chefe<br />

Wesley Moura,<br />

editor@brasilcombate.com.br<br />

Diretor Comercial<br />

Eduardo Lustosa,<br />

+55 (61) 98133-9544<br />

comercial@brasilcombate.com.br<br />

Revisão<br />

Mariana Moura<br />

Colaboradores<br />

Bruno Santos, Fábio Quio, Kleber<br />

Santos, Sabrina Cavalcanti, Jéssica<br />

Máximo e Gabrielle Estrêla<br />

Editor de Fotografia<br />

Jack Taketsugo<br />

Diagramação<br />

F4 Comunicação<br />

FALE CONOSCO<br />

fale@brasilcombate.com.br<br />

www.brasilcombate.com.br<br />

WHATSAPP<br />

+55 61 99876-0001<br />

SIGA-NOS NO INSTAGRAM<br />

@<strong>Brasil</strong><strong>Combate</strong><br />

CURTA NOSSA FANPAGE<br />

Facebook.com/<strong>Brasil</strong><strong>Combate</strong><br />

SIGA-NOS NO TWITTER<br />

@<strong>Brasil</strong><strong>Combate</strong><br />

Wesley Moura - editor@brasilcombate.com.br<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 5


CONHEÇA O QG DA CHECKMAT<br />

NO RIACHO FUNDO I EM BRASÍLIA<br />

QUARTEL GENERAL<br />

Elton Costa<br />

Repórter<br />

A seção Quartel General (QG) apresenta<br />

aos leitores a equipe Checkmat<br />

do Riacho Fundo I, região administrativa<br />

de Brasília, comandada pelo<br />

faixa preta de jiu jitsu, Alessandro<br />

Charuto. Competidor da arte suave<br />

desde 1995, começou seus treinos<br />

na academia do Mestre Banni Cavalcanti<br />

e logo depois treinou, por um<br />

ano, com o lendário Mestre Euclides<br />

Pereira. Em 1997, decidiu integrar<br />

a equipe Ataíde Junior e, em 2001,<br />

mudou para a equipe CIA Paulista,<br />

em que treinou e ministrou aulas<br />

até o ano de 2012. Com a saída de<br />

Brasília do faixa preta Carlos Português,<br />

a equipe se viu sem líder, de<br />

tal maneira que Alessandro Charuto<br />

passou dois anos trabalhando com o<br />

jiu jitsu de forma independente e, em<br />

2015, procurou a equipe Checkmat.<br />

<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Quais foram os seus<br />

dias de glória dentro do jiu jitsu?<br />

Alessandro Charuto: Há dois momentos<br />

que considero os mais<br />

felizes, ambos em 2010: quando fui<br />

campeão Europeu de Jiu Jitsu, em<br />

Portugal, e quando consegui o 1º<br />

Lugar no campeonato Sul <strong>Brasil</strong>eiro<br />

de Jiu Jitsu.<br />

BC: Antes você representava a Cia<br />

Paulista, pelo professor Português.<br />

Como surgiu o convite para fazer<br />

parte da Checkmat?<br />

AC: Alguns parceiros meus, Henrique<br />

Lima e o Pedro Frasone, já integravam<br />

a equipe Checkmat. Procurei-os,<br />

pois fiquei interessado em saber<br />

sobre a equipe e sobre como eu<br />

poderia entrar naquele time. Então,<br />

fui indicado por eles e passei a fazer<br />

parte da Checkmat, em 2015. Desta<br />

forma, não houve um convite: fui eu<br />

quem procurei.<br />

BC: Recentemente, você se tornou<br />

líder de uma franquia da Checkmat<br />

em Brasília. O que a equipe traz de<br />

inovação para o jiu jitsu brasiliense?<br />

AC: A Checkmat é uma das grandes<br />

equipes do jiu jitsu mundial. Os<br />

líderes têm um jiu jitsu bem atualizado.<br />

Temos vários campeões e<br />

nosso grande nome é o atleta Marcus<br />

Almeida “Buchecha”. A Checkmat é<br />

uma escola já antiga em Brasília,<br />

que sempre busca desenvolver, ao<br />

máximo, o potencial do aluno, dentro<br />

dos limites de cada um. Esta é a<br />

nossa inovação.<br />

BC: Quantos alunos a Checkmat<br />

Brasília-DF tem atualmente?<br />

AC: Temos em torno de 500 a 600<br />

alunos, distribuídos pelas unidades<br />

Asa Norte, Lago Norte, Lago Sul,<br />

Guará II, Gama e Riacho Fundo I e<br />

outras.<br />

BC: As artes marciais já viraram<br />

febre no <strong>Brasil</strong>, principalmente com<br />

a popularização do UFC. Isso tem<br />

refletido em uma maior procura por<br />

aulas nas academias?<br />

AC: Sim, virou febre. O UFC e as<br />

demais empresas de eventos e federações<br />

têm grande participação<br />

nesse boom do esporte de combate.<br />

A procura aumentou bastante nas<br />

academias, em especial pela modalidade<br />

jiu jitsu, por ser a categoria com<br />

vários representantes em grandes<br />

eventos, principalmente no UFC.<br />

Tudo isso corrobora com o desenvolvimento<br />

do esporte e foi excelente<br />

para todos os que trabalham com<br />

artes marciais.<br />

BC: Com relação ao aprendizado dos<br />

6 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Foto: André Macedo<br />

alunos, o que diferencia a Checkmat<br />

das demais escolas? Qual a importância<br />

de ser um franqueado?<br />

AC: Em relação à diferença, acredito<br />

que a Checkmat é uma das tops do<br />

mundo. O Léo Vieira já veio a Brasília<br />

e sempre apresenta novidades. Da<br />

mesma forma, o professor Ricardo<br />

Vieira traz também muita coisa do<br />

jiu jitsu moderno. Com relação à<br />

franquia, como é uma equipe que<br />

está entre as melhores, a procura<br />

de alunos pela marca é muito boa.<br />

BC: Hoje, os fundamentos e os valores<br />

da Arte Suave foram esquecidos<br />

por muitos professores, que apenas<br />

ensinam superficialmente aos alunos<br />

algumas técnicas, sem a preocupação<br />

de transmitir a essência do jiu jitsu.<br />

Como você enxerga isso? Há alguma<br />

metodologia/filosofia de treino específica<br />

na Checkmat Brasília?<br />

AC: A minha metodologia de dar<br />

aula sempre foi a mesma, desde<br />

quando me formei como faixa preta<br />

na Cia Paulista, com o professor<br />

Carlos Português. Com ele, aprendi<br />

que devemos manter a disciplina, o<br />

respeito, o cumprimento no tatame<br />

ao entrar e ao sair, pedir licença para<br />

tomar água ou ir ao banheiro. Compreendi<br />

também a importância do<br />

companheirismo dentro da equipe, o<br />

respeito aos colegas e professores de<br />

treino, e que o jiu jitsu é um esporte<br />

coletivo, pois o praticante precisa<br />

do outro para treinar. Esses são<br />

valores importantes que transmito<br />

aos alunos.<br />

BC: Para você, a graduação dos alunos<br />

é um termômetro secundário nas<br />

artes marciais em geral? Qual sua<br />

opinião sobre a graduação acelerada?<br />

AC: Com relação à graduação, acredito<br />

que alguns alunos são realmente<br />

melhores que outros e têm mais<br />

facilidade para aprender, conseguindo<br />

melhorar seu desempenho mais<br />

rápido que os demais. Quando isso<br />

ocorre, o aluno merece ser promovido.<br />

Como você vai deixar um aluno<br />

muito à frente de outro na mesma<br />

categoria? São vários fatores,não<br />

somente a parte técnica, mas também,<br />

o desempenho em competições,<br />

comportamento dentro e fora da academia.<br />

Sem esses critérios, não vejo<br />

motivos para a promoção do aluno.<br />

BC: Após vários anos de caminhada,<br />

quais são os seus sonhos com o jiu<br />

jitsu?<br />

AC: O jiu jitsu me proporcionou coisas<br />

que talvez eu não conseguiria, se<br />

estivesse fazendo outra coisa. Graças<br />

a ele, conheci alguns países. Um dos<br />

meus sonhos a realizar com o jiu<br />

jitsu é morar fora do <strong>Brasil</strong> e voltar a<br />

lutar, quando estiver lá. Ainda tenho<br />

uns dez anos para competir e tentar<br />

realizar o que me falta.<br />

BC: Em Brasília, a rivalidade, por vezes,<br />

deixa o tatame e, frequentemente,<br />

alguns atletas, antes rivais, fazem<br />

intercâmbio e treinam juntos. Esta<br />

é uma tendência?<br />

AC: Não há mais rivalidade entre<br />

as equipes de Brasília. Os atletas<br />

tornaram-se amigos ou colegas e se<br />

respeitam. Tanto é que nas competições<br />

os organizadores não contratam<br />

mais seguranças para fazer a proteção<br />

das áreas de luta. Já houve época,<br />

contudo, não só em Brasília, mas em<br />

vários lugares do <strong>Brasil</strong>, em que as<br />

pessoas não visitavam as academias,<br />

pois inexistia esse intercâmbio. Acho<br />

que essas visitas, esse intercâmbio,<br />

são importantes para o atleta, pois<br />

é uma forma de treinar com outros<br />

diferentes dos colegas. BC<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 7


Foto: Leiton<br />

Eu espero que as<br />

pessoas nos valorizem<br />

mais, que<br />

as meninas se<br />

unam e participem<br />

ativamente<br />

das competições,<br />

apoiando umas<br />

às outras.<br />

MULHERES<br />

DE LUTA<br />

8 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Gabrielle Estrêla<br />

gabibapestrela@hotmail.com<br />

VAMOS APRESENTAR A ATLETA<br />

NIELMA SANTOS DA EQUIPE FIVE ROUNDS<br />

Olá, Guerreiras!<br />

Se ainda não nos conhecemos,<br />

meu nome<br />

é Gabrielle Estrela. Sou<br />

atleta competidora de jiu jitsu e,<br />

com grande satisfação, colunista<br />

da revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, na seção<br />

Mulheres de luta. Criamos este espaço<br />

com muito carinho para vocês,<br />

as nossas atletas e praticantes dos<br />

esportes de combate.<br />

O <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> trará<br />

novidades e os assuntos mais<br />

importantes do mundo da luta e,<br />

claro, não poderíamos deixar de<br />

falar sobre o público feminino, que<br />

vem vencendo os preconceitos e<br />

ganhando cada vez mais espaço nas<br />

academias. Aqui, teremos a oportunidade<br />

de conhecer um pouco mais<br />

das mulheres que batalham, que se<br />

dedicam às atribuições diárias e,<br />

ainda por cima, são guerreiras no<br />

universo da luta<br />

Para começar, nesta primeira edição<br />

da revista apresentaremos Nielma<br />

Santos, atleta brasiliense de 25 anos,<br />

integrante da equipe Five Rounds.<br />

Durante o bate-papo, ela compartilhou<br />

experiências nos tatames e as<br />

dificuldades já enfrentadas na vida.<br />

<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Quem é Nielma<br />

Santos?<br />

Nielma Santos: Uma jovem baiana,<br />

a caçula de oito irmãos, apaixonada<br />

por esportes, que sempre quis ser<br />

atleta, mas, por conta das condições<br />

financeiras e da falta de oportunidade,<br />

nunca pode se dedicar. É<br />

uma moça que, ao longo desses 25<br />

anos, vem aprendendo muito, principalmente,<br />

a ter domínio próprio,<br />

a manter a paz interior, a ajudar as<br />

pessoas e a serem gratas a Deus<br />

por tudo.<br />

BC: O que te levou a chegar aos<br />

tatames?<br />

NS: Sempre imitei o meu irmão<br />

em tudo. Ele treinava jiu jitsu e eu<br />

jogava futsal. Certa ocasião, ele ganhou<br />

um quimono, mas não usava.<br />

Um belo dia, voltando da faculdade,<br />

liguei para ele e pedi que levasse<br />

o quimono para que eu fizesse um<br />

treino. Depois disso, não parei mais.<br />

Deixei o futsal de lado e passei a<br />

me dedicar somente ao jiu jitsu: a<br />

melhor escolha da vida até agora!<br />

BC: Você já teve algum motivo pelo<br />

qual teve de se afastar dos treinos<br />

e campeonatos por algum tempo?<br />

NS: No final de 2015, tive uma ruptura<br />

no menisco, o que me deixou<br />

parada por cinco meses. Fiz fisioterapia<br />

e, finalmente, consegui voltar.<br />

BC: Qual a experiência mais marcante<br />

que você teve em um campeonato?<br />

NS: Nunca havia ganhado um absoluto.<br />

Foram muitas tentativas.<br />

Havia ficado apenas em segundo e<br />

terceiro lugar. No ano de 2017, no<br />

Internacional Pro UAEJJF - Brasília,<br />

consegui ganhar peso e o absoluto,<br />

nem acreditei. Nem sempre as coisas<br />

acontecem no nosso tempo, mas a<br />

persistência nos fará chegar aonde<br />

queremos.<br />

BC: O que você espera para o crescimento<br />

do jiu jitsu em Brasília?<br />

NS: Mais apoio das federações e<br />

que nos ofereçam mais que uma<br />

medalha. Espero que tratem melhor<br />

o público feminino, principalmente.<br />

Já é possível notar melhoras significativas.<br />

Torço também para sejamos<br />

mais valorizadas, mais unidas, e que<br />

participemos ativamente das competições,<br />

oferecendo apoio umas às<br />

outras. Desejo que os empresários<br />

nos olhem com outros olhos e nos<br />

deem a oportunidade de representá-<br />

-los. Acredito que, com isso, menos<br />

pessoas desistirão.<br />

BC: Qual a sua maior influência<br />

feminina no jiu jitsu?<br />

NS: A Nina Moura (Ribeiro Jiu Jitsu<br />

- Brasília), pois acompanhei de<br />

perto a jornada dela e vi todas as<br />

dificuldades. Ela não desistiu: hoje é<br />

faixa preta e está mandando muito<br />

bem. É um exemplo importante<br />

para Brasília.<br />

BC: Que dica você deixa para nossas<br />

leitoras? Quais atividades podemos<br />

praticar fora da academia que agreguem<br />

aos nossos treinos de jiu jitsu?<br />

NS: Acho muito interessante correr,<br />

pedalar. Para as que podem, treinamento<br />

funcional ajuda bastante a<br />

melhorar o condicionamento, além<br />

da musculação, que é indispensável<br />

para prevenir lesões. Gosto de nadar<br />

também para relaxar.<br />

Em breve, mais notícias sobre mulheres<br />

que lutam, seja em ringues,<br />

em octógonos, nos tatames ou na<br />

vida. Estamos aqui para mostrar que<br />

fazemos a diferença nos esportes<br />

de combate.<br />

Até a próxima edição da revista<br />

<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> na sessão Mulheres<br />

de Luta.<br />

Bons treinos, Oss! BC<br />

Nielma Santos, na academia Five Rounds em<br />

Brasília-DF<br />

Foto: Arquivo Pessoal<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 9


Foto: Caletti<br />

A BELA É FERA<br />

GABRIELLE ESTRÊLA<br />

Nascida em Carangola (MG) e radicada em Brasília (DF), Gabrielle Estrela tem 27 anos, é<br />

praticante de jiu jitsu e atleta da equipe Gracie Barra Guará. Além de modelo e acadêmica<br />

de nutrição, é competidora nata e tem em seu histórico 33 medalhas, sendo 16 de<br />

ouro, 11 de prata e 6 bronzes.<br />

Como a grande maioria das jovens de 22 anos, Gabi Estrela é vaidosa e não deixa de<br />

evidenciar sua feminilidade, mesmo quando luta com brutamontes desengonçados. Em<br />

momentos decisivos, veste-se com detalhes de cor-de-rosa, gasta um bom tempo se<br />

maquiando e cuidando dos cabelos longos, mas está longe de ser uma patricinha. As<br />

unhas pintadas são usadas para cravar no quimono de alguma adversária de tatame.<br />

“Você não precisa deixar de ser quem você é para treinar jiu jitsu. Eu posso ser uma lutadora<br />

e continuar sendo feminina. Os treinos são sempre duros, mas eu continuo usando<br />

salto alto e maquiagem”, explica.<br />

Gabi Estrela agora integra o time de colunistas da revista <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>, em uma seção<br />

dedicada ao jiu jitsu feminino – Mulheres de luta. BC<br />

10 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


CONDITIONING<br />

TRAINING<br />

Bruno Santos<br />

Educador Físico e atleta de jiu jitsu<br />

personal.brunosantos@gmail.com<br />

AMPLIANDO A<br />

FORÇA DA PEGADA<br />

Ocalcanhar de Aquiles<br />

dos atletas de esportes<br />

de combate é a preparação<br />

física. Muitos<br />

negligenciam os treinos específicos<br />

para lutas e acabam praticando<br />

um treino comum, nos moldes dos<br />

para fins estéticos, que nada têm<br />

a ver com a luta. O atleta melhor<br />

preparado fisicamente, melhor condicionado,<br />

detém ampla vantagem<br />

sobre adversários. Lembre-se: a<br />

preparação física é tão importante<br />

quanto a técnica a ser utilizada<br />

durante o combate.<br />

Nesta edição, mostraremos a preparação<br />

física específica para o<br />

atleta de jiu jitsu.<br />

Semelhante ao judô, o jiu jitsu<br />

necessita de uma pegada firme e<br />

forte. Alguns atletas sentem grande<br />

dificuldade ao puxar o adversário<br />

para guarda, para projetar uma<br />

queda, durante uma raspagem e<br />

até no momento de estrangular. Às<br />

vezes, o que atrapalha não é a falta<br />

da técnica, e sim a fadiga muscular<br />

no antebraço, decorrente do esforço<br />

máximo no músculo braquiorradial<br />

(antebraços).<br />

QUAIS SÃO AS CAUSAS?<br />

Quando se realiza um esforço<br />

muscular muito intenso, é comum<br />

sentir cansaço e dores nas regiões<br />

musculares mais solicitadas, que,<br />

no caso do jiu jitsu, é o braquiorradial<br />

(antebraços). Isso ocorre por<br />

causa do acúmulo de ácido lático<br />

no músculo. Após um período de<br />

repouso, contudo, o ácido láctico<br />

presente no músculo da pessoa é<br />

eliminado e as dores musculares<br />

desaparecem.<br />

COMO FORTALECER?<br />

Já se sabe que o fortalecimento do<br />

antebraço aumenta a capacidade de<br />

produzir força para melhor dominar<br />

o adversário e executar qualquer<br />

tipo de golpe. Para isso, é necessário<br />

priorizar exercícios com puxadas<br />

e remadas, flexão e extensão de<br />

punhos. Conforme a evolução dos<br />

treinos, sem comprometer a execução<br />

do movimento e suas repetições,<br />

sugere-se acrescentar carga.<br />

Preparamos uma sequência de exercícios<br />

para fortalecer sua pegada,<br />

utilizando o kimono.<br />

Imagem 01: remada unilateral na<br />

polia.<br />

Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />

repetições cada, alternando os<br />

tipos de pegada: neutra, pronada<br />

e supinada.<br />

Imagem 02: puxada alta na polia<br />

Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />

repetições cada, alternando os<br />

tipos de pegada: neutra, pronada<br />

e supinada. Variação: barra fixa.<br />

Imagem 03: isometria na barra<br />

Realize 3 a 4 séries, até a falha.<br />

Pendure o kimono na barra e o<br />

segure em cima, durante o máximo<br />

de tempo que conseguir.<br />

Imagem 04: remada curvada ou<br />

isometria.W<br />

Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />

repetições cada.<br />

Na isometria, realize 3 a 4 séries,<br />

até a falha, segurando em cima<br />

durante o máximo de tempo que<br />

conseguir. Faça a pegada no kimono<br />

com o corpo inclinado, realizando<br />

o movimento de flexão e extensão<br />

de cotovelo.<br />

Imagem 05: rosca inversa na polia<br />

Realize 3 a 4 séries, de 12 a 15<br />

repetições cada. Faça a pegada no<br />

kimono, mantenha o corpo ereto e<br />

realize o movimento de flexão de<br />

cotovelo, alternando os tipos de<br />

pegada: neutra e pronada.<br />

O atleta deve ter em mente que,<br />

ao praticar esses exercícios, deve<br />

pensar nas posições do jiu jitsu,<br />

trazendo a luta para o treino de<br />

musculação. É importante frisar<br />

que o auxílio de um educador físico<br />

capacitado é indispensável para o<br />

seu desenvolvimento no esporte.<br />

DÚVIDAS?<br />

Entre em contato! Será um prazer<br />

ajudar e esclarecer quaisquer dúvidas<br />

referente ao preparo de atletas.<br />

Até a próxima edição! BC<br />

12 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


1.<br />

2.<br />

4.<br />

5.<br />

3.<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 13


MEDALHOU<br />

PEDRO MAIA<br />

Wesley Moura<br />

editor@brasilcombate.com.br<br />

Para grandes conquistas, não há idade.<br />

Isso é o que mostra a história do jovem<br />

atleta de jiu jitsu, Pedro Maia.<br />

C<br />

onsiderado por alguns a revelação da cidade,<br />

com ainda 18 anos o brasiliense Pedro Maia<br />

subiu diversas vezes ao pódio nas competições<br />

de jiu jitsu. Maia conta que, após ser<br />

apresentado à arte suave, nunca mais parou de treinar:<br />

“Comecei a treinar em 2012, aos 12 anos. Antes já havia<br />

praticado taekwondo, mas nas primeiras aulas de jiu jitsu<br />

me apaixonei pela modalidade”. O atleta lembra que<br />

“com um mês de treino, lutei meu primeiro campeonato,<br />

em que fiz três lutas e fiquei em segundo lugar. Não fui<br />

campeão, mas já sentia que levava jeito para o esporte”.<br />

Com o auxílio da equipe Felipe<br />

Rair Team do faixa preta e<br />

árbitro Felipe Rair, Pedro Maia<br />

busca aprimorar suas técnicas<br />

na arte suave milenar, sempre<br />

com foco nas competições de<br />

alto nível. A academia em que<br />

treina está situada na cidade<br />

satélite de Ceilândia.<br />

O título de atleta revelação<br />

não lhe é atribuído à toa. A<br />

história de vida de Maia e a<br />

naturalidade com que trata<br />

sua trajetória no tatame<br />

desvelam, aos poucos, um<br />

percurso árduo. A atleta começou a praticar jiu jitsu na<br />

academia CEI Jiu Jitsu, do faixa preta Claudio Careca, na<br />

cidade de Ceilândia-DF.“Eu era da equipe CEI Jiu Jitsu.<br />

Foram quatro anos lá e posso garantir que aprendi boa<br />

parte do meu jiu jitsu naquela academia”, explica.<br />

Persistindo no esporte, o adolescente voltou a competir,<br />

sempre batendo na trave. “Lutei mais dois campeonatos<br />

e fiquei em segundo lugar nos dois, mas não desisti”,<br />

evidencia. Já no ano de 2013, logrou o lugar mais alto<br />

do pódio, “em 2013 eu não perdi nenhum campeonato<br />

em Brasília e fui lutar o meu primeiro campeonato<br />

<strong>Brasil</strong>eiro de Jiu Jitsu, em que fiquei mais uma vez em<br />

segundo lugar”.<br />

A derrota foi superada, o treinamento evoluiu e, em 2014,<br />

Pedro em 2013, ano em que foi campeão <strong>Brasil</strong>eiro de Jiu Jitsu<br />

o brasiliense passou a sonhar mais alto e se aventurou<br />

na terra do Tio Sam. Nos Estados Unidos, seu objetivo<br />

era competir com os grandes e, por isso, se inscreveu<br />

no North American Grappling Association - NAGA. Lá, foi<br />

campeão GI e No-GI (com kimono e sem kimono). “As<br />

derrotas passadas não me fizeram desistir. Em Las Vegas,<br />

me sagrei campeão nas duas modalidades, fazendo duas<br />

finais com um aluno dos irmãos Mendes. Fiquei muito<br />

feliz”, contextualiza Maia, que finaliza “naquele mesmo<br />

ano fui campeão <strong>Brasil</strong>eiro”.<br />

Provando da máxima de que nem só de vitórias é feito<br />

um campeão, Pedro Maia em<br />

2015 lutou o campeonato<br />

Mundial de Jiu Jitsu, mas acabou<br />

perdendo para um atleta<br />

da Atos Jiu Jitsu, liderada por<br />

André Galvão. O jovem brasiliense<br />

se decepcionou com o<br />

resultado. “Fiquei triste, pois<br />

fiz um treino na academia<br />

do Bruno Bastos, estava me<br />

sentindo preparado, mas não<br />

foi daquela vez”.<br />

O momento foi de reflexão.<br />

Só que atleta competidor<br />

faz sua reflexão no tatame.<br />

A medalha de ouro veio no ano seguinte, quando participou<br />

do campeonato Europeu de Jiu Jitsu, superando<br />

seus adversários e, principalmente, seus medos. “Fiquei<br />

feliz, mas não era o que eu queria”, revela. No mesmo<br />

ano o <strong>Brasil</strong>eiro lutou, fazendo cinco lutas, o que lhe<br />

rendeu o segundo lugar.<br />

O ótimo desempenho no Europeu, todavia, não se repetiu<br />

no Mundial: “Fiz lutas duríssimas e empatei a final<br />

com um aluno dos irmãos Mendes, mas não me deram<br />

a vitória. Continuo seguindo meu sonho e sei aonde<br />

quero e vou chegar”, diz.<br />

No ano de 2017, o atleta foi agraciado com a faixa roxa.<br />

Viu, então, sua responsabilidade aumentar, deixando a<br />

categoria juvenil e tornando-se competidor na categoria<br />

Foto: Arquivo Pessoal<br />

14 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Foto: Jack Taketsugu/<strong>Brasil</strong> Cobmate<br />

Eu era da equipe CEI Jiu Jitsu. Foram quatro<br />

anos lá e posso garantir que aprendi boa parte<br />

do meu jiu jitsu naquela academia.<br />

Pedro Maia no campeonato Aberto de Jiu Jitsu do Guará, em setembro de 2017,no qual foi campeão na categoria e no absoluto<br />

adulto, uma das mais disputadas do<br />

jiu jitsu. A transição teve um peso<br />

que o jovem sentiu quando lutou o<br />

campeonato Europeu, conquistando<br />

a terceira colocação, o World Pro Jiu<br />

Jitsu, Pan-americano e o <strong>Brasil</strong>eiro,<br />

perdendo em todas essas competições.<br />

Alguns meses depois, contudo, veio a<br />

conquista do lugar mais alto do pódio<br />

no Vitória International Open Jiu<br />

Jitsu (BA) e no Brasília International<br />

Open Jiu Jitsu (DF), ambas as competições<br />

nas categorias Gi e No-Gi.<br />

Com esse currículo, Pedro Maia prova<br />

que fez muito em pouco tempo e ensina<br />

aos competidores: “Não desisti<br />

e lutei, mesmo quando as derrotas<br />

apareceram”. Para a promessa brasiliense,<br />

o ano de 2017 “Foi de muito<br />

aprendizado”, mas o desejo é que<br />

<strong>2018</strong> seja repleto de vitórias.<br />

O atleta Pedro Maia recebe o apoio<br />

da Bancorbrás, Nova Geração, Jorge<br />

Augusto Personal, Lorenzzo Ferraz<br />

e Júlio Cesar Ribeiro. BC<br />

PERFIL<br />

Nome: Pedro Henrique Maia Costa<br />

Idade: 18 anos<br />

Natural de: Brasília-DF<br />

Equipe: Felipe Rair Team<br />

Graduação: Faixa Roxa<br />

Principais títulos: Campeão <strong>Brasil</strong>eiro<br />

CBJJ; Campeão Europeu<br />

IBJJF; Vice-Campeão Mundial IB-<br />

JJF; Campeão Sul Americano CBJJ.<br />

Categoria: Leve (76 kg)<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 15


PRATAS<br />

DA CASA<br />

Wesley Moura<br />

editor@brasilcombate.com.br<br />

O BRASILIENSE DANILLO VILLEFORT<br />

E A ÍNDIO DOJÔ NOS EUA<br />

C<br />

om passagem em organizações como WEC e<br />

UFC, nascido em Brasília e hoje residente em<br />

Pittsburgh (EUA), o lutador de 34 anos Danillo<br />

“Índio” Villefort é o protagonista da coluna<br />

Pratas da Casa, cujo objetivo é apresentar brasileiros<br />

que deixaram o solo tupiniquim para se dedicar aos<br />

esportes de combate em outros países.<br />

“Eu vim morar na Florida (EUA) em 2005, no começo<br />

da minha carreira de MMA. Meu grande amigo Rafael<br />

Dias, que era meu parceiro de treinos na Brazilian Top<br />

Team, veio passear um tempo na Florida e decidiu se<br />

mudar. Ele que fez essa ponte, sou muito grato a ele”,<br />

Danillo fala da sua chegada aos EUA.<br />

Nem todos os atletas já tiveram ou terão o prazer de<br />

treinar com grandes nomes do MMA, mas Danillo Índio<br />

foi agraciado com esta sorte. Em uma lista rápida, já<br />

treinou com Minotauro, Minotouro, Murilo Bustamente,<br />

Mario Sperry, Amaury Bitetti, Paulão Filho, Ricardo Arona,<br />

Rashad Evans, Tyrone Spong, Anthony Johnson, Jorge<br />

Santiago, Gesias Cavalcante e vários outros. “Graças a<br />

Deus eu posso te dizer que trabalhei com muitos dos<br />

melhores lutadores da minha geração”.<br />

O início não foi fácil. Hoje, contudo, consolidado nos EUA,<br />

Danillo construiu sua família e também sua academia,<br />

a Índio Dojô. Quando questionado sobre quais foram as<br />

maiores dificuldades encontradas em solo americano,<br />

ele se emociona. “As dificuldades foram as normais de<br />

todos os atletas que se arriscam por aqui. Viver de luta<br />

é um desafio constante. O mais importante é aprender<br />

o inglês e ter metas”, explica.<br />

O faixa preta de judô e de jiu jitsu começou seus primeiros<br />

treinos quando ainda era pequeno. Filho do<br />

lendário Mestre Índio, Danillo e seus irmãos estavam<br />

sempre envolvidos com o mundo das artes marciais. O<br />

mestre/pai sempre fazia questão de levar os filhos ao<br />

dojô, do mais novo ao mais velho. O atleta afirma que,<br />

16 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


até hoje, tem na lembrança o cheiro<br />

dos tatames de palha de arroz.<br />

“Na verdade, eu competi muito mais<br />

judô do que jiu jitsu em Brasília. Saí<br />

do Distrito Federal com 16 anos,<br />

mas sempre que posso estou por<br />

lá, visitando minha família e meus<br />

amigos”, explica sua relação com a<br />

Capital Federal.<br />

Danillo tem em seu cartel de MMA<br />

quinze vitórias e cinco derrotas. A<br />

última luta de MMA aconteceu em<br />

junho de 2016 no FFC 24, em que<br />

venceu Thiago Rela. Competidor que<br />

é, Danillo Índio decidiu encarar mais<br />

um desafio e lutou o Mundial de Veteranos<br />

da Federação Internacional<br />

de Judô de 2017. Na competição,<br />

recuperou o sabor de se testar de<br />

pano e alcançou o bronze.<br />

Há oito anos, Índio era um dos principais<br />

nomes da American Top Team<br />

(ATT). Até sua saída, após sofrer diversas<br />

retaliações e processos judiciais,<br />

o atleta partiu para o temido time<br />

da Blackzilians, que viria a vencer a<br />

ATT em um reality show promovido<br />

pela ZUFFA/UFC. “Quando saímos da<br />

ATT, não tínhamos muitos planos,<br />

mas acabou que conseguimos um<br />

resultado muito bom com o Blackzilians.<br />

Tive a sorte e o privilégio de ter<br />

aprendido e convivido com atletas<br />

e treinadores de primeiro calibre”.<br />

Quando questionado sobre se arrepender<br />

de ter deixado o <strong>Brasil</strong>, Índio<br />

dispara: “Não tenho arrependimento<br />

algum por ter vindo morar nos EUA.<br />

Tive muitas experiências boas. Sou<br />

muito grato por viver da luta e poder<br />

passar o legado da minha família<br />

adiante. Eu jamais teria saído do<br />

<strong>Brasil</strong> se nós tivéssemos segurança e<br />

qualidade de vida. É triste, né? Como<br />

eu, milhares deixaram nosso país. O<br />

<strong>Brasil</strong> é maravilhoso, mas está jogado<br />

nas mãos da impunidade e falta de<br />

comprometimento”.<br />

Quando o assunto é o futuro do <strong>Brasil</strong>,<br />

ele não titubeia em mostrar seu<br />

afeto ao pré-candidato a presidente<br />

da república, Jair Bolsonaro, “Espero<br />

que Bolsonaro vença as eleições.<br />

Precisamos de um choque urgente”.<br />

Afastado a algum tempo do MMA<br />

Danillo Índio Villefort, ensinando jiu jitsu na Índio Dojô em Pittsburgh (EUA)<br />

como lutador, Danillo mostra outros<br />

objetivos no momento: “Eu realmente<br />

amo lutar, quem me conhece sabe.<br />

Agora, contudo, estou focado na<br />

minha academia, para construir meu<br />

time. Quem sabe mais para a frente?<br />

Vontade é o que não me falta”.<br />

A motivação do atleta é algo muito<br />

particular, porém previsível em alguns<br />

casos. O ser humano precisa<br />

de motivação para trabalhar, estudar,<br />

para tudo. Quando inquirido sobre<br />

o que o faz acordar todos os dias<br />

e se desafiar na missão de levar o<br />

brazilian jiu jitsu aos americanos, a<br />

resposta foi clara:<br />

“Na minha concepção, é indiferente<br />

se estou ensinando aos americanos,<br />

brasileiros ou a qualquer um que seja.<br />

O importante é dividir nosso conhecimento<br />

com quem compartilha da<br />

mesma paixão. E estou apaixonado<br />

por Pittsburgh, as pessoas aqui são<br />

bastante educadas e acolhedoras”.<br />

Frequentemente, amigos dos tatames<br />

que permaneceram no <strong>Brasil</strong> entram<br />

em contato para saber se é prudente<br />

sair do país. Índio é categórico ao<br />

dizer: “Decisão difícil, mas tem que<br />

ser realista com você mesmo. Nosso<br />

esporte é muito ingrato, mas, se é<br />

nisso mesmo em que você acredita<br />

que seria feliz fazendo, pule de cabeça,<br />

porque pode não ser uma vida<br />

de muitos luxos, mas, com certeza,<br />

é muito gratificante. É melhor nos<br />

arrependermos por algo que fizemos<br />

do que daquilo não fizemos”.<br />

A Índio Dojô, academia de Danillo<br />

Índio, foi inaugurada há menos de um<br />

mês e já tem turmas de jiu jitsu, judô,<br />

MMA e muay thai. Uma das paixões<br />

do professor e faixa preta é ministrar<br />

aulas para as crianças. “Ministrar aula<br />

para crianças é a minha paixão. Eu<br />

sinto que é um dever meu para com<br />

a sociedade. Na minha opinião, todas<br />

as crianças deveriam ter acesso ao<br />

jiu jitsu e ao judô”.<br />

“Temos incontáveis benefícios proporcionados<br />

pela prática do jiu jitsu.<br />

O mais importante é o fato de nos<br />

ajudar desenvolver a autoconfiança.<br />

É muito triste ver um homem sem<br />

autoconfiança. Então, é muito mais<br />

fácil construir uma criança forte do<br />

que consertar um homem fraco”,<br />

finaliza. BC<br />

Eu jamais teria<br />

saído do <strong>Brasil</strong> se<br />

nós tivéssemos<br />

segurança e qualidade<br />

de vida. E<br />

triste né? Como eu,<br />

milhares deixaram<br />

nosso país.<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 17


ENCICLOPÉDIA<br />

Da esquerda para direita: Cloves, Waldemar Santana, Armando Wriedt, Moacir Ferraz, Carlson Gracie, José Torois, George Medhi, Aloízio Alves e Deodoro<br />

MESTRE<br />

Fabio Quio Takao<br />

fabio.quio1@gmail.com<br />

ARMANDO WRIEDT<br />

O Hélio mostrava as técnicas e eu, o Carlson,<br />

o João Alberto e outros fazíamos juntos e, ao<br />

mesmo tempo, discutíamos e trocávamos<br />

ideias, pois cada um tem um estilo pessoal.<br />

Há poucos no mundo que puderam<br />

ser chamados de professores de Jiu<br />

Jitsu com a benção do Grande Mestre<br />

Hélio Gracie. À exceção de seus<br />

filhos e poucos sobrinhos, o Grande<br />

Mestre forjou alguns nomes desde<br />

a década de 50 para que seguissem<br />

à risca os ensinamentos técnicos e<br />

morais do Gracie Jiu Jitsu. Dentre<br />

esses poucos privilegiados está o<br />

mestre Armando Wriedt.<br />

Contrastando com o perfil agressivo<br />

que muitos lutadores atuais fazem<br />

questão de ostentar, Mestre Armando<br />

é completamente contra a violência.<br />

Apesar de parecer paradoxal — um<br />

mestre da arte marcial mais eficiente<br />

do mundo ser pacifista —, Mestre<br />

Armando ensina que a superioridade<br />

técnica do Jiu Jitsu deve estar sempre<br />

acompanhada da evolução do espírito<br />

e da mente.<br />

Residindo em Brasília e dando aulas<br />

particulares em sua chácara nos arredores<br />

de cidade, o mestre goza de<br />

extrema disposição, principalmente<br />

quando o assunto é sobre o futuro<br />

do Jiu Jitsu. Professor da primeira<br />

geração da Academia Gracie da Av. Rio<br />

Branco, Mestre Armando foi aluno direto<br />

de Hélio Gracie e, eventualmente,<br />

Carlos Gracie. Não bastasse isso, foi<br />

companheiro de treinos de lendas<br />

como Carlson Gracie, João Alberto<br />

Barreto, Hélio Vigio e Robson Gracie.<br />

Mestre Armando divide a gênese<br />

do Gracie Jiu Jitsu em duas fases.<br />

Na primeira, que vai da década de<br />

20 até o final dos anos 40, Carlos<br />

e Hélio Gracie buscavam provar<br />

a eficácia do Jiu Jitsu através dos<br />

desafios de Vale-Tudo. Na segunda<br />

fase, a partir da década de 50, houve<br />

a inauguração da Academia Gracie,<br />

a maior academia de Jiu Jitsu da<br />

história. Ainda havia os desafios<br />

de Vale-tudo, mas o Jiu Jitsu já era<br />

reconhecido e agora a preocupação<br />

central era a disseminação da arte e<br />

sua aplicação como defesa pessoal<br />

para o cidadão comum.<br />

A autoconfiança que a arte proporcionava,<br />

a prática de exercícios físicos<br />

e a busca por uma dieta saudável<br />

18 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


transformaram os professores em<br />

verdadeiros sacerdotes e mestre<br />

Armando é espelho dessa devoção<br />

ao Jiu Jitsu.<br />

Conforme nos revela o faixa vermelha<br />

9º grau, outro dos diferenciais<br />

da Academia Gracie era o respeito<br />

para com o aluno. Esta preocupação<br />

Mestre Armando fez questão de levar<br />

para sua própria academia durante<br />

toda a vida.<br />

Confirmando suas convicções pacifistas,<br />

o Mestre lutou Vale-Tudo três<br />

vezes, por imposição de Hélio. A primeira<br />

delas, em 1953, no Maracanã,<br />

na preliminar da luta entre Carlson<br />

e Passarito, em 02 de Maio. Mestre<br />

Armando derrotou Edgar Santos em<br />

30 segundos com um arm lock. A<br />

segunda luta foi contra um boxeador<br />

e Mestre Armando finalizou-o com<br />

um mata-leão. Em sua terceira luta,<br />

venceu um capoeirista com uma guilhotina.<br />

O que podemos observar é<br />

que, em todas as lutas, a preocupação<br />

do mestre era usar o Jiu Jitsu dentro<br />

de sua essência: submeter o agressor<br />

sem a necessidade de machucá-lo.<br />

Contrário à direção que o Jiu Jitsu<br />

atual vem tomando, Mestre Armando<br />

acredita que o verdadeiro Jiu Jitsu<br />

baseado na defesa pessoal está<br />

completamente esquecido em função<br />

do Go-Jitsu, o Jiu Jitsu esportivo de<br />

competição e o MMA moderno. Ele<br />

ainda opina que o treino dos lutadores<br />

atuais de MMA foge das técnicas<br />

básicas do Jiu Jitsu e dá muita ênfase<br />

a socos e chutes ou pugilato, como<br />

prefere chamar.<br />

Outra preocupação do mestre é o<br />

despreparo ético e psicológico dos<br />

professores atuais. Ele acredita que<br />

os professores precisam, acima de<br />

tudo, transmitir valores, tais como<br />

respeito ao próximo, disciplina e<br />

amor, complementos essenciais que<br />

transformam um simples lutador em<br />

um verdadeiro cavalheiro. Aliás, o<br />

conceito de Gentleman (cavalheiro) é<br />

sempre citado em seus comentários,<br />

em que vislumbra que o verdadeiro<br />

Jiu Jitsu Ka (praticante de Jiu Jitsu)<br />

se destaca não só pela técnica em<br />

combate, mas pela forma nobre<br />

como conduz sua vida e trata seus<br />

semelhantes.<br />

A seguir a entrevista que Mestre Armando<br />

concedeu em 28 de fevereiro<br />

de 2009.<br />

<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong>: Como o sr. teve o<br />

Armando Wriedt demonstrando técnica de defesa pessoal em seu amigo Sardela<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

primeiro contato com o Jiu Jitsu?<br />

Armando Wriedt: Nasci em<br />

17/10/1924. Nunca tinha ouvido<br />

falar em Jiu Jitsu. O Hélio Gracie me<br />

viu jogando basquete e gostou do<br />

meu desempenho, então começamos<br />

a conversar e ele descobriu que, assim<br />

como ele, eu também gostava de<br />

montar a cavalo. Ele logo me convidou<br />

para ir a sua casa conhecer os<br />

seus cavalos. Foi então que comecei<br />

a praticar o Jiu Jitsu na casa do Hélio,<br />

em Teresópolis-RJ, e começamos a<br />

estreitar nossa relação. Ele havia<br />

acabado de inaugurar a academia da<br />

Rua Rio Branco 151 -17º andar. Eu já<br />

admirava a pessoa do Hélio Gracie<br />

e, ao conhecer sua academia, fiquei<br />

mais entusiasmado ainda. Ela era<br />

maravilhosa e aquilo me encantou.<br />

O ano era 1952.<br />

BC: Como era a metodologia dos<br />

treinos?<br />

AW: Os treinos para os instrutores<br />

eram em grupo. O Hélio mostrava as<br />

técnicas e eu, o Carlson, o João Alberto<br />

e outros fazíamos juntos e, ao mesmo<br />

tempo, discutíamos e trocávamos<br />

ideias, pois cada um tem um estilo<br />

pessoal. O Hélio nos orientava e,<br />

dentro do estilo de cada um, aparava<br />

as arestas. Os treinos para os alunos<br />

regulares eram individuais. As aulas<br />

duravam 30 minutos e não fazíamos<br />

a parte física. O Jiu Jitsu por si só já é<br />

uma atividade que trabalha muitos<br />

aspectos físicos. O treino era focado<br />

na defesa pessoal. Posteriormente,<br />

na minha academia também adotei<br />

o sistema de aulas individuais e, em<br />

outros dias ministrava aula em grupo,<br />

mais em conta para aqueles que não<br />

tinham muitas condições financeiras.<br />

BC: O Sr. chegou a ter contato com<br />

os outros irmãos Gracie?<br />

AW: Sim. Quando comecei, o Carlos<br />

já não tinha mais obrigação de dar<br />

aulas, mas regularmente ele punha o<br />

kimono e ia nos orientar nos treinos.<br />

Conheci também o George porque, na<br />

minha época, ele já era adversário de<br />

Carlos e Hélio e as duas academias<br />

viviam se digladiando, mas não o<br />

vi lutar. O Gastão eu só conheci em<br />

1994 em uma outorga de faixa que<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 19


Armando Wriedt demonstrando técnica de defesa pessoal em seu amigo Sardela<br />

no Rio de Janeiro.<br />

BC: O Sr. comentou que não tinha<br />

golpe preferido e que aplicava aquele<br />

que tivesse oportunidade, inclusive<br />

chaves de pé. Ainda hoje, muitas<br />

academias tratam as chaves de pé<br />

como grosseria, sendo que as regras<br />

proíbem a maioria das chaves de pé<br />

até a faixa marrom. O Sr. concorda<br />

com isso?<br />

AW: As chaves de pé têm uma eficiência<br />

muito grande e, por isso, precisam<br />

de cuidado e da posição correta para<br />

serem aplicadas, porque podem lesionar<br />

o adversário. Essas proibições<br />

esportivas são válidas porque servem<br />

para preservar a integridade do atleta.<br />

O Hélio e o Carlos diziam que uma<br />

finalização com chave de pé não<br />

é bonita. Eles preferiam chaves de<br />

braço. Eu sempre discordei e acredito<br />

que uma finalização com chave de<br />

pé bem aplicada é também muito<br />

bonita. Eu apliquei muitas chaves de<br />

pé e venci muitas lutas usando essa<br />

técnica, porém , eu já tinha um nível<br />

que podia aplicá-las com segurança.<br />

A própria gravata pode machucar a<br />

coluna cervical se for mal aplicada.<br />

BC: O Sr. adotava a dieta Gracie?<br />

AW: Eu fazia e faço até hoje. Acho<br />

que todos deveriam adotar essa<br />

dieta, pois ela é fantástica. Ela é<br />

baseada na dieta do argentino Dr.<br />

Juan Esteves Dulin.<br />

BC: O Sr. acredita que o Jiu Jitsu<br />

original de defesa pessoal pode ser<br />

resgatado?<br />

AW: Acredito que isso é quase inexequível,<br />

pois para tanto precisaríamos<br />

de academias para preparar professores,<br />

em que se daria ênfase para<br />

esse tipo de Jiu Jitsu. Hoje só temos o<br />

Go-Jitsu, que é o Jiu Jitsu voltado para<br />

competição. Inclusive eu tentei criar<br />

uma escola voltada para a formação<br />

de professores. É muito difícil porque<br />

acredito que essa escola deveria estar<br />

vinculada a algum órgão do governo<br />

para que pudesse ser reconhecida<br />

oficialmente. A própria Academia<br />

Gracie expediu diplomas que tem<br />

um valor simbólico imenso, mas<br />

oficialmente sem reconhecimento,<br />

porque a academia não é vinculada<br />

a nenhum órgão do governo. Apesar<br />

de um professor com diploma ter<br />

capacidade e exercer sua função, ele<br />

não tem o mesmo reconhecimento<br />

oficial e consequentemente os mesmos<br />

direitos que um professor de<br />

educação física, por exemplo.<br />

BC: O Sr. é admirador de personalidades<br />

notáveis como Gandhi. Atualmente<br />

a maioria dos professores se<br />

apega somente ao lado comercial e<br />

muitas vezes ensinam até mesmo<br />

pessoas de caráter duvidoso. O Sr. já<br />

se deparou com esse tipo de aluno?<br />

AW: Felizmente, nunca tive esse<br />

problema, nem na Academia Gracie<br />

e nem aqui em Brasília. Acredito que<br />

graças ao nome que venho construindo,<br />

a localização da academia e até<br />

mesmo sua decoração, acabavam por<br />

não atrair pessoas de má índole. O<br />

praticante de Jiu Jitsu deve ser acima<br />

de tudo um “Gentleman” (cavalheiro).<br />

BC: Quais são seus alunos que mais<br />

se destacaram?<br />

AW: Eu considero que os mais importantes<br />

foram aqueles que o Jiu Jitsu<br />

ajudou a sair de alguma situação<br />

difícil na vida. Eu tive um aluno que<br />

estava em vias de ser internado em<br />

uma clínica para doentes mentais e<br />

o Jiu Jitsu o ajudou na recuperação.<br />

Esse foi realmente um bom Jiu Jitsu<br />

Ka (praticante de Jiu Jitsu). Alguns<br />

que se destacaram como professores<br />

foram o Geni Rebelo e o Junior “Popó”.<br />

Outra coisa positiva é que eu preparei<br />

os responsáveis pela parte de lutas<br />

na divisão de educação física do<br />

exército. Era o Coronel Alzir Nunes,<br />

o Capitão Silvares e o Capitão Leitão<br />

da Cunha. Eu nunca me preocupei<br />

muito com a parte de competição.<br />

Mesmo assim meus alunos são com<br />

Da direita para esquerda: Armando Wriedt, João Alberto Barreto, Carlson Gracie e Hélio Vigio<br />

20 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


ons atletas, como por exemplo, o<br />

Junior que preparou o Ataíde. O Ataíde<br />

por sua vez preparou o Rany Yahya,<br />

o Paulo Tiago e outros.<br />

BC: O Sr. ainda acompanha os torneios<br />

de Vale Tudo?<br />

AW: Sim, com certeza, pois é uma<br />

maneira de me manter atualizado<br />

sobre o mundo das lutas. Como eu<br />

poderia criticar se eu não assistisse<br />

aos novos lutadores? Infelizmente,<br />

não vejo os lutadores aplicarem mais<br />

o Jiu Jitsu. O próprio Rickson Gracie<br />

se utilizou mais do pugilato. Esse tipo<br />

de luta, em que prevalece o pugilato<br />

e os lutadores saem sangrando, não<br />

me agrada, porque acho violento e<br />

vai contra minha maneira de ser.<br />

BC: Os atletas de Jiu jitsu dão pouca<br />

ênfase para as quedas e projeções. O<br />

Sr. exigia que seus alunos treinassem<br />

essa parte?<br />

AW: Eu não exigia, aliás, eu não obrigava<br />

o aluno a fazer nada. Na Academia<br />

Gracie, aprendi que tínhamos<br />

que respeitar os alunos e eu pedia<br />

“por favor” até mesmo para o aluno se<br />

deitar para eu mostrar uma posição.<br />

Como eu disse, minha maior preocupação<br />

era com a parte de defesa<br />

pessoal. Agora é claro que quando<br />

o aluno passa a competir eu tento<br />

conscientizar ele sobre a necessidade<br />

de treinar essa parte. Como dizem<br />

os Judocas, o bom Judoca é aquele<br />

que sabe cair bem. Se o lutador não<br />

souber cair bem, pode se machucar<br />

gravemente ou perder os sentidos.<br />

Realmente, a parte em pé do Jiu Jitsu<br />

sempre foi fraca.<br />

BC: Quando o Sr. teve o primeiro contato<br />

com Judocas? O que o Sr. achou?<br />

AW: Quando eu tinha a academia no<br />

Rio, uma vez que chegaram 3 judocas.<br />

Um foi pra Brasília, outro pra São<br />

Paulo e um para o Rio. O que veio para<br />

o Rio foi fazer uma demonstração<br />

na academia do Hinata, outro bom<br />

Judoca. Eu gostei tanto da apresentação<br />

que o contratei para me ensinar<br />

a parte de projeções. Ele ensinava<br />

dentro do método japonês. Depois de<br />

umas 10 aulas, resolvi parar, porque<br />

estava deixando de dar aulas e vi<br />

que o segredo, como em toda arte<br />

Da esquerda para direita: Armando Wriedt, Severiano e o jovem Flavio Behring<br />

marcial, era a prática exaustiva. Como<br />

no próprio Jiu Jitsu, a espontaneidade<br />

é fruto do muito exercício. A filha dele<br />

de 16 anos, que se chamava Missao,<br />

era sua intérprete. Era interessante<br />

que na minha academia ele usava a<br />

faixa azul e inclusive disse que eu<br />

tinha que providenciar uma faixa<br />

preta para mim e o certificado da<br />

Kodokan. Ele, como representante<br />

da Kodokan, poderia providenciar<br />

isso. Na época, no Rio de Janeiro, só<br />

tínhamos o Augusto Cordeiro como<br />

representante da Budokan.<br />

Conheci aqui em Brasília também<br />

o Anelso Guerra, que treinou na<br />

Kodokan muitos anos. Antes de ir<br />

para o Japão, ele já tinha treinado<br />

com o Sardela, que é faixa preta<br />

de Judô e também treinou Jiu Jitsu<br />

comigo. Após retornar do Japão, ele<br />

convidou o Sardela e a mim para<br />

mostrar algumas posições que havia<br />

aprendido na Kodokan e que julgava<br />

importantíssimas. Eu fui junto com<br />

o Sardela e todas as posições que<br />

ele mostrou foram inócuas ou já<br />

eram conhecidas por nós, mas, como<br />

já disse, realmente é uma falha do<br />

Jiu Jitsu Ka não praticar a parte de<br />

projeções e quedas.<br />

BC: O Sr. citou o Euclides Pereira e o<br />

Ivan Gomes como sendo os melhores<br />

lutadores fora da família Gracie. Qual<br />

deles o sr. considera melhor?<br />

AW: De todos os lutadores que<br />

conheci, o Ivan Gomes era muito<br />

bom, pois era um sujeito fortíssimo.<br />

Era tranquilo nas lutas. Ele te dava<br />

um sopapo sorrindo. Agora eu cito<br />

o Euclides Pereira como ótimo. Veja<br />

bem, ótimo é melhor que bom! Ele<br />

não tinha o peso e a força do Ivan<br />

Gomes, mas tinha muita técnica e,<br />

por isso, nunca perdeu pro Ivan nas<br />

várias lutas que fizeram.<br />

BC: O Sr. acredita que seria possível<br />

unir a eficiência do Jiu Jitsu com uma<br />

conduta filosófica mais rígida?<br />

AW: O Jiu Jitsu é uma filosofia, uma<br />

ciência e uma arte. É uma arte em<br />

que você aprende a vencer cedendo.<br />

Eu acho possível unir a eficiência à<br />

filosofia sim. O Jiu Jitsu que sempre<br />

preguei e que sempre vou pregar até<br />

o final da minha vida é transformar<br />

o Jiu Jitsu Ka, antes de tudo, em um<br />

“Gentleman” (cavalheiro). Ele deve<br />

tratar bem todas as pessoas e fazer<br />

sempre prevalecer o amor, que era<br />

o que pregavam pessoas como Jesus<br />

e Gandhi. Sem amor, você não<br />

chega a lugar algum. Isso é difícil<br />

de perpetuar, porque você tem que<br />

estar bem junto dos alunos para<br />

poder sempre buscar essas virtudes.<br />

É como se fosse uma espécie de<br />

religião. Para que pudéssemos ter<br />

uma filosofia aliada à arte, voltamos<br />

ao ponto de ser necessária uma<br />

escola regulamentada por órgãos<br />

oficiais que formasse professores<br />

capacitados tecnicamente, mas que<br />

também tivessem uma conduta de<br />

vida exemplar. BC<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 21


POR QUE SINTO<br />

TANTA FOME?<br />

Foto: C_Scott/Pixabay<br />

ALIMENTAÇÃO<br />

AFIADA<br />

Sabrina Cavalcanti<br />

Nutricionista Esportiva<br />

cavalcantinutriconista@hotmail.com<br />

POR QUE É TÃO<br />

DIFÍCIL MANTER O PESO?<br />

POR QUE É TÃO DIFÍCIL MANTER O PESO?!<br />

Em meu consultório, é muito comum atletas relatarem<br />

a dificuldade em manter seu peso nas diversas fases de<br />

uma preparação. Os atletas de luta necessitam controlar<br />

seu peso por diversos motivos, tais como manter-se em<br />

categorias, melhorar a performance, ter agilidade, mobilidade.<br />

Muitos afirmam ingerir grandes quantidades<br />

de comida, pornunca se sentirem satisfeitos e estarem<br />

sempre com sensação de fome. Logicamente, uma rotina<br />

de treinos pesada aumenta — em muito — o gasto<br />

calórico de um atleta e, consequentemente, sua fome.<br />

Entretanto, a falta de saciação e/ou de saciedade nada<br />

tem a ver com esse elevado gasto de energia: essas<br />

sensações são reguladas pelos chamados sinalizadores<br />

neuroendócrinos.<br />

22 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


CONCEITUANDO OS TERMOS:<br />

a) SACIAÇÃO: refere-se a alimentos capazes de satisfazer<br />

rapidamente a fome.<br />

b) SACIEDADE: são os alimentos capazes de fazer com<br />

que o(a) atleta fique sem fome por mais tempo, entre<br />

as refeições.<br />

c) SINALIZADORES NEUROENDÓCRINOS: são substâncias<br />

capazes de diminuir ou aumentar a sensação fome, por<br />

exemplo, INSULINA (hormônio liberado pelo pâncreas)<br />

e LEPTINA (hormônio liberado pela gordura do corpo<br />

- tecido adiposo).<br />

d) A FOME acontece quando o(a) atleta está a algum<br />

tempo sem comer e os níveis de glicose no sangue já<br />

estão muito baixos.<br />

Sentir fome é importante! É básico, é natural e, acima de<br />

tudo, necessário. Esse sinal avisa ao corpo o momento<br />

certo de comer, a fim de aumentar os níveis de glicose<br />

no sangue. A glicose é o nutriente mais importante nesta<br />

equação, pois, a partir dela, o corpo vai produzir energia<br />

para todas as atividades diárias do(a) atleta.<br />

Além disso, sentir saciedade e/ou saciação também é<br />

importante, pois o corpo deve funcionar em harmonia<br />

e equilíbrio. Comer mais ou menos que o necessário vai<br />

impactar negativamente sobre a saúde e a performance<br />

do(a) atleta.<br />

Em condições em que o percentual de gordura do(a)<br />

atleta esteja dentro dos padrões de normalidade (vide<br />

tabela - POLLOCK, 1993), a sensação de fome, saciação<br />

e saciedade estarão quimicamente regulados pela insulina<br />

e pela leptina.<br />

POR QUE SINTO TANTA FOME?<br />

Quanto maior for o percentual de gordura do(a) atleta,<br />

maior será a concentração da insulina e da leptina no<br />

sangue e, consequentemente, maior será a resistência<br />

do corpo à ação delas. Ou seja, maior será a sensação<br />

de fome. Aleluia!!! A culpa não é só sua!<br />

POR QUE É TÃO DIFÍCIL MANTER O PESO?<br />

Um dos motivos pode ser o aumento expressivo do<br />

percentual de gordura dos atletas fora dos períodos<br />

competitivos, comprometendo sua sensação de fome,<br />

resultando em ganhos excessivos de peso. Esta informação<br />

é relevante para atletas em férias, recuperação<br />

de lesões ou que estão sem rotina de treino.<br />

TROCANDO EM MIÚDOS<br />

Mantenha seu percentual de gordura dentro dos padrões<br />

de saúde, se quiser manter seu peso com facilidade.<br />

Para isso, é preciso adotar uma dieta saudável e individualizada,<br />

rotina de treinos, sono adequado, consumo<br />

de água dentro do recomendado, check ups médicos e<br />

psicológicos em dia.<br />

DÚVIDAS?<br />

Entre em contato! Ligue para (61) 3346-8979 ou fale<br />

conosco pelo instagram @nutrisabrinacavalacanti BC<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 23


SUPERAÇÃO<br />

BRASILIENSE SUPERA LUTA CONTRA UM AVC COM DEDICAÇÃO<br />

ESSA É A HISTÓRIA DO EDSON BUSCACIO<br />

Elton Costa<br />

Repórter<br />

FAIXA AZUL DA EQUIPE LUTA MAIS JIU JITSU<br />

Os adversários nem sempre estão só do outro<br />

lado do tatame. Eles podem estar no próprio<br />

corpo. Quando doenças e acidentes que poderiam<br />

encerrar diversas carreiras esportivas<br />

são superadas e combatidas por meio do esporte, temos<br />

inspiração para o <strong>Brasil</strong> e para o mundo.<br />

No retorno do <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> em sua versão magazine,<br />

apresentamos o quadro SuperAção, que mostrará praticantes<br />

das artes marciais que superaram as estatísticas<br />

médicas para praticar o esporte de combate. O nome de<br />

Edson Buscacio não poderia deixar de aparecer nesta<br />

edição, entenda o porquê.<br />

Quem vê Edson Buscacio aos seus 52 anos praticando<br />

jiu jitsu no Luta Mais Jiu Jitsu, projeto de inclusão da<br />

Terceira Igreja Batista de Brasília, não imagina que suas<br />

chances de vida eram pequenas quando deu entrada na<br />

emergência do Hospital. Isso, porque, minutos antes, o<br />

atleta sofrera um acidente vascular cerebral hemorrágico<br />

(AVC) no hotel Rio Vermelho, em Goiânia, após um dia de<br />

muito trabalho e uma noite regada a whisky e diversos<br />

cigarros. “Infelizmente, influenciado pela minha geração,<br />

fui fumante dos 17 aos 32 anos. Com isso, sofri um AVC -<br />

Pseudo Aneurisma cerebral no lado esquerdo. Naquele<br />

momento, não sabia o que era, mas senti os sintomas:<br />

dor de cabeça extrema, vômito e visão dupla”. Começava<br />

ali uma bem-sucedida batalha pela vida.<br />

A BATALHA<br />

“Acordado, arrastei-me até o banheiro e pude ver a vida<br />

se esvaziando, pois meus sentidos estavam fracos. Tudo<br />

o que eu pensava era na minha esposa, Kássia, pois não<br />

tínhamos filhos e já estávamos juntos há 12 anos. Não<br />

queria morrer longe de casa. Isso não saía da minha<br />

cabeça.”<br />

O sofrimento não tinha fim. “Enxergava tudo dobrado e<br />

a dor ora me levava os sentidos, ora me mantinha em<br />

sofrimento. Vi toda a minha pífia história passar e não<br />

sabia orar. Eu rezava, mas nunca orei de verdade, não<br />

falava com Deus de forma íntima.No meio de uma reza,<br />

minha mente apagou. Depois, acordei com a vontade<br />

de chorar. Então falei com Deus: Pai, eu sei que não fui<br />

correto e que pequei por toda minha vida, mas também<br />

sei que o Senhor perdoa os nossos pecados. Então, me<br />

perdoe e faça algo diferente na minha vida. Se me deixar<br />

viver e voltar para a minha esposa, eu prometo que<br />

serei diferente”.<br />

“Eu não sabia, mas minhas palavras estavam indo ao<br />

encontro das de minha esposa, que também acordou na<br />

madrugada para pedir a Deus pela minha vida. E, acredite<br />

se quiser, ela estava dormindo e ouviu uma voz dizer:<br />

“Kássia acorde e ajoelhe-se, pois o Edson está lutando<br />

pela vida dele”. E foi o que ela fez”.<br />

Edson levava, na ocasião, uma vida sedentária e bastante<br />

irregular, pois não tinha o hábito de se alimentar<br />

saudavelmente, bebia, fumava e vivia o stress no nível<br />

mais alto. “Tudo me ocasionou uma pressão alta e era<br />

uma bomba que, a qualquer momento, poderia explodir<br />

e explodiu”, explica.<br />

SOBREVIVENTE<br />

Na avaliação dos médicos, Edson fazia parte dos 6% da<br />

população mundial que teve um dos mais graves acidentes<br />

vasculares e sobreviveu sem sequelas. “Muitos me<br />

disseram que eu não poderia fazer esforço e, por conta de<br />

enxaqueca com arritmia, eu me afastei de tudo. Passei a<br />

comer bem e parei com cigarros e bebidas. Alguns anos<br />

depois, comecei a tomar vinho em ocasiões especiais.<br />

Tornei-me o rei das sobremesas e viagens passaram a<br />

ser meu hobby”, comemora.<br />

Para muitos, ainda soa impensável imaginar Edson<br />

Buscacio treinando jiu jitsu, e em bom condicionamento<br />

físico. Vinte anos se passaram, e convém não duvidar da<br />

força de vontade do guerreiro, que seguiu à risca a dura<br />

rotina de recuperação. “Pude comemorar a formatura da<br />

minha filha, Bárbara Luiza, que nasceu um ano após o<br />

AVC. Isso foi um presente”.<br />

24 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Foto: Arquivo Pessoal<br />

Edson Buscacio, mostra o slogan da equipe Luta Mais, localizada na EQN 407/408, Área Especial 1, Asa Norte, Brasília-DF. O projeto é gratuito<br />

O INÍCIO NA ARTE SUAVE<br />

Convidado por seus sobrinhos para<br />

conhecer o centro de treinamento de<br />

jiu jitsu da Terceira Igreja Batista de<br />

Brasília, Edson se aventurou, mesmo<br />

cheio de medo. “Cheguei lá, gordo,<br />

sedentário e sem resistência, além<br />

de uma espalda cheias de medos.<br />

Fiz três aulas bem leve e sem lutar<br />

com os outros colegas, apenas conhecendo<br />

posições. Não conseguia<br />

correr em volta do tatame. Não fazia<br />

flexões e nem abdominal. Sempre<br />

me achei forte, mas acabava o treino<br />

morto sem energia”;<br />

O primeiro resultado obtido com<br />

os três “simples” treino vieram de<br />

imediato quando aferiu seu peso. “No<br />

fim da terceira aula, tinha perdido<br />

3kg. Como assim? 3kg em três aulas<br />

que eu não fazia quase nada?”.<br />

Após ver os benefícios que o jiu jitsu<br />

poderia lhe oferecer, o atleta decidiu<br />

consultar seu médico sobre a nova<br />

experiência. “Fui ao meu médico.<br />

Contei tudo e disse a ele que, se ele<br />

não autorizasse a praticar jiu jitsu, eu<br />

faria assim mesmo. Ele me olhou e<br />

disse para ter cuidado e esclareceu<br />

que o corpo se acostumaria com os<br />

exercícios”.<br />

Autorizado a treinar, o ex-sedentário,<br />

passou a integrar o projeto Luta Mais<br />

Jiu Jitsu e logo foi chamado para ser<br />

um dos colaboradores. “Luta Mais,<br />

esse é o nome da minha terceira<br />

família. Eles são mais que uma ajuda<br />

física de condicionamento: condicionam<br />

também o amor a amizade e,<br />

principalmente, o espírito”, explica.<br />

Emocionado, o faixa azul dois graus<br />

explica que não venceu essa guerra<br />

contra o AVC sozinho e agradece a<br />

família e aos amigos, companheiros<br />

de treino. “Não venci sozinho. Devo<br />

essa conquista à minha esposa e<br />

filha; à minha sogra, que me ajuda<br />

em quase tudo, como minha mãe,<br />

e aos meus companheiros de jiu-<br />

-jitsu, que fazem treinos duros, mas<br />

são sempre leais. O jiu jitsu hoje é<br />

parte da minha vida. Quero ser um<br />

faixa preta para ensinar a outros. O<br />

melhor é a jornada”. BC<br />

“Acordado, arrastei-me<br />

até o banheiro<br />

e pude ver<br />

a vida se esvaziando,<br />

pois meus sentidos<br />

estavam fracos(...)Não<br />

queria<br />

morrer longe de<br />

casa. Isso não saía<br />

da minha cabeça.<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 25


ABRINDO O JOGO<br />

DIEGO PEREIRA ENSINA A RASPAGEM PARTINDO DA GUARDA LAÇO<br />

Nossa redação desembarcou na Ribeiro Jiu Jitsu, em Brasília,<br />

e abriu o jogo do faixa preta Diego Pereira, campeão<br />

do Mundial Master II, na categoria super-pesado, em Las<br />

Vegas, Estados Unidos, pela IBJJF no ano passado.<br />

Diego Pereira mostrará uma raspagem, partindo da guarda<br />

laço e chegando à pontuação de quatro pontos, se<br />

executada com perfeição. A guarda laçada é uma posição<br />

que envolve o braço do oponente, usando a canela como<br />

bloqueio. Essa é uma das grandes opções dos guardeiros,<br />

já que serve tanto como ataque quanto defesa.<br />

2.<br />

Antes de mostrarmos a posição que o campeão separou<br />

para os leitores, vamos ao conceito básico da Guarda Laço:<br />

Na guarda laço, os dois braços do oponente devem estar<br />

dominados. Uma das pernas gira por fora do braço e o pé<br />

é colocado em forma de gancho por detrás do tríceps/<br />

axila do adversário, enquanto o outro pé fica no quadril<br />

e a canela no abdômen.<br />

PASSO 1: Começe a posição com seu oponente dentro<br />

da sua guarda fechada:<br />

1.<br />

PASSO 3: O outro pé vai para o mesmo lado do gancho,<br />

fazendo com que a sua canela fique na barriga<br />

do adversário.<br />

3.<br />

PASSO 2: Faça a pegada nas duas mangas do oponente.<br />

Abra a guarda, colocando o pé no quadril e faça o laço,<br />

girando uma das pernas fora e colocando o pé em forma<br />

de gancho na axila.<br />

26 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


PASSO 4: Abrindo a ponta do seu joelho (ganhar espaço),<br />

solte a manga e saia de quadril, buscando a pegada na<br />

altura do joelho, contrário ao gancho que você colocou,<br />

envolvendo a perna do oponente.<br />

5a.<br />

4a.<br />

4b.<br />

5b.<br />

PASSO 5: Faça o giro para o lado em que o braço foi<br />

laçado, colocando o joelho na barriga e abrindo o leque,<br />

sempre olhando para o alto. Solte a pegada da manga e<br />

segure a lapela do adversário para estabilizar a posição,<br />

assim você evita que ele suba laçando sua perna.<br />

Pronto, você marcou dois pontos com o joelho na barriga<br />

e mais dois da raspagem. Ao fim da posição, você<br />

conquistou quatro pontos na partida. BC<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 27


FERAS DO MMA<br />

UFC 220: QUATRO BRASILEIROS E DUAS DISPUTAS DE CINTURÃO<br />

Foto: Divulgação UFC<br />

Kleber Santos<br />

contato@ferasdomma.com.br<br />

Osegundo evento do UFC do ano acontecerá<br />

no dia 20 de janeiro em Boston (EUA), com<br />

o duelo principal entre o norte-americano<br />

Stipe Miocic, campeão da divisão do peso-<br />

-pesado, e o francês-camaronês, Francis Ngannou. O<br />

co-main event será o desafio entre Daniel Cormier, que<br />

fará sua quarta defesa do cinturão do meio-pesado,<br />

contra Volkan Oezdemir, invicto no UFC.<br />

Para os fãs brasileiros, fica a torcida para a luta de quatro<br />

brazucas: a tentativa de volta por cima de Thomas<br />

Almeida contra Rob Font, ambos veem de derrotas;<br />

Francimar Barroso, o Bodão, encara Gian Villante para<br />

apagar a última derrota; Alexandre Pantoja busca a<br />

terceira vitória na organização diante de Dustin Ortiz; e<br />

Gleison Tibau, suspenso há dois anos por doping, retorna<br />

contra Islam Makhachev.<br />

MAIN EVENT<br />

Stipe Miocic fará sua terceira<br />

defesa do cinturão. Ele está<br />

invicto há pouco mais de três<br />

anos, quando perdeu para<br />

Júnior Cigano por decisão dos<br />

juízes. De lá pra cá, venceu<br />

Mark Hunt e Andrei Arlovski,<br />

ambos por nocaute técnico,<br />

até desafiar e tomar o cinturão<br />

de Fabrício Werdum no<br />

UFC 198. Nocauteou ainda<br />

no primeiro round, Alistair<br />

Overeem, e Júnior Cigano.<br />

Por sua vez, Francis Ngannou entrará no octógono para<br />

tentar ser o 20º campeão peso-pesado do UFC. Desde sua<br />

estreia, no dia 19 de dezembro de 2015, acumulou seis<br />

vitórias sobre nomes como Alistair Overeem (nocaute<br />

do ano) e Andrei Arlovski. São 11 vitórias e apenas uma<br />

derrota no MMA para Zoumana Cisse, na sua segunda<br />

luta como profissional.<br />

CO-MAIN EVENT<br />

Sem lutar desde julho do ano passado, na derrota que<br />

virou ‘ No Contest’ contra Jon Jones, Daniel Cormier deve<br />

se aposentar no auge, aos 38 anos. Antes disso, terá pela<br />

frente Volkan Oezdemir, que, em menos de 12 meses,<br />

terá lutado quatro vezes. Este desafio servirá para o<br />

norte-americano enterrar o nocaute que sofreu de Jon<br />

Jones, que apontou positivo para Turinabol, esteróide<br />

anabolizante.<br />

Por outro lado, Volkan Oezdemir tenta se firmar na<br />

organização. Ele tem no cartel 16 lutas, apenas uma<br />

derrota e 15 vitórias, das quais 12 foram por nocaute<br />

ou finalização. No UFC, vem de vitórias sobre Ovince<br />

Saint Preux, Misha Cirkunov e Jimi Manuwa, sendo que<br />

as duas últimas em menos de um minuto de duração.<br />

BRASILEIROS<br />

O brasileiro Gleison Tibau pode ser considerado um<br />

“operário” do UFC, já que estreou na organização no UFC<br />

65, no dia 18 de novembro de 2006, na derrota contra<br />

Nick Diaz. No MMA, o próximo duelo valerá ainda o<br />

seu retorno às artes mistas, depois de punição por dois<br />

anos, por ter sido detectada a substância eritropoietina<br />

no exame de controle de dopagem, também conhecida<br />

como EPO. Sua vitória diante Abel Trujillo, no dia 7 de<br />

novembro de 2015, foi transformada em derrota. Seu<br />

adversário é o russo da República do Daguestão, dono<br />

do cartel de 14 vitórias e uma derrota — curiosamente,<br />

para o brasileiro Adriano Martins.<br />

O segundo verde-amarelo no combate será Thomas<br />

Almeida, que vive uma fase delicada, no peso-galo.<br />

Dos últimos três desafios, perdeu dois. Das sete lutas<br />

de Thominhas no UFC, quatro foram premiadas como<br />

“Performance da Noite” e uma como “Luta da Noite”. O<br />

atleta conta com 22 vitórias e dois reveses. Ele enfrentará<br />

Rob Font, que vem de derrota para Pedro Munhoz, que<br />

tem no cartel 14 êxitos e três derrotas.<br />

O <strong>Brasil</strong> será representado no Card também por Alexandre<br />

Pantoja, com duas lutas no Ultimate, ambas em 2017.<br />

Na carreira, venceu 18 vezes contra duas lutas que não<br />

obteve êxito. Está invicto desde 2010. Em 2016, foi da<br />

equipe de Henry Cejudo, no The Ultimate Fighter 24. Na<br />

luta em Boston, no peso-mosca, vai encarar o inconstante<br />

Dustin Ortiz, que saiu vencedor em 6 lutas e perdedor<br />

em cinco no UFC.<br />

Francimar Bodão será mais um brasileiro em ação. Aos<br />

37 anos, ele tenta se encontrar ainda no octógono. No<br />

meio-pesado, mede forças com Gian Villante, que, das<br />

seis lutas anteriores, perdeu quatro.<br />

Agora, é esperar o dia das lutas e torcer pelos quatro<br />

brazucas. Sobre os dois desafios principais, vale fazer<br />

figa para que sejam dois combates emocionantes! BC<br />

28 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Quanto você já gastou tratando<br />

lesões? Por quanto tempo precisou<br />

abdicar do treino ou até treinar<br />

machucado perdendo qualidade<br />

na performance?<br />

30 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


FISIOTERAPIA<br />

ESPORTIVA<br />

Jéssica Máximo<br />

Fisioterapeuta e judoca<br />

jessicamaximo23@gmail.com<br />

AS LESÕES MAIS FREQUENTES<br />

NAS LUTAS E COMO EVITA-LAS<br />

A<br />

As principais lesões<br />

nas lutas dependem<br />

de fatores intrínsecos e<br />

extrínsecos (Características<br />

físicas do atleta, experiências<br />

do lutador, condições dos locais de<br />

treinamento e/ou competições, a<br />

supervisão e a atitude dos treinadores<br />

e árbitros). Já sabemos que as<br />

lutas desportivas têm alto impacto<br />

no corpo, envolvem movimentos de<br />

explosão, chaves de braço e perna,<br />

torções, estrangulamentos, resistência,<br />

força máxima, coordenação<br />

etc. Levando em consideração essas<br />

peculiaridades, podemos destacar<br />

as seguintes lesões: luxações (dedo<br />

e mãos), entorse (Joelho e tornozelo)<br />

e fraturas (falanges distais das<br />

mãos e pés), rupturas musculares e<br />

hematomas. Em todas elas, as partes<br />

anatômicas são as mais atingidas:<br />

joelho, ombro, dedos e mãos.<br />

Nosso objetivo na sessão Fisioterapia<br />

Esportiva é orientar a prevenção<br />

de lesões em praticantes de lutas<br />

desportivas<br />

Quanto você já gastou tratando<br />

lesões? Por quanto tempo precisou<br />

abdicar do treino ou até treinar<br />

machucado, perdendo qualidade na<br />

performance? Antes de responder,<br />

pense o quanto seria mais eficaz<br />

evitar algumas lesões, visando uma<br />

vida longa no esporte, aumentando<br />

performance e qualidade de treino.<br />

Separei três pilares complementares<br />

nos treinos e fundamentais em<br />

busca de menos lesões:<br />

Demanda X Capacidade: a sua demanda<br />

de treino<br />

1.<br />

deve, obrigatoriamente,<br />

estar<br />

alinhada à capacidade<br />

do seu<br />

corpo. Exemplo:<br />

se você treina todos os dias durante<br />

uma hora e meia, o seu corpo deve<br />

estar habilitado a suportar essa<br />

carga de treino. Ou ainda se você<br />

está retornando aos treinos agora,<br />

ou nunca treinou, comece gradativamente.<br />

A adaptação é fundamental.<br />

Um sinal de que a demanda está<br />

maior que a capacidade é a dor.<br />

Ela avisa que um problema existe,<br />

mas não fala a causa. Então, pare e<br />

investigue. Dor é diferente de fadiga,<br />

e isso abordaremos em breve.<br />

Mobilidade e flexibilidade: a dificuldade<br />

de quase<br />

todo atleta!<br />

2.<br />

Exercícios de<br />

mobilidade e de<br />

alongamento dinâmico<br />

servem<br />

como aquecimento antes dos treinos<br />

(e não demandam muito tempo).<br />

Geralmente, são movimentos que<br />

“soltam” as articulações de ombro,<br />

quadril, joelho e tornozelo, trabalham<br />

a flexibilidade de forma mais<br />

dinâmica e auxiliam na amplitude<br />

de movimento das articulações.<br />

Exemplo: Você sabia que uma boa<br />

amplitude de tornozelo que evita<br />

lesões durante as chaves de pernas<br />

e outros movimentos deve ser 45°<br />

graus? Essa amplitude mede a angulação<br />

do seu tornozelo em relação a<br />

perna. Esses exercícios melhoram a<br />

amplitude de tornozelo e, em apenas<br />

uma sessão, já é possível mensurar<br />

e comparar a diferença.<br />

Fortalecimento: na academia, ou em<br />

um treinamento<br />

3.<br />

funcional ou da<br />

forma com que<br />

você se identificar,<br />

faça o<br />

fortalecimento<br />

específico para sua demanda do<br />

esporte, com um educador físico<br />

habilitado. Se você é atleta de jiu<br />

jitsu, seu fortalecimento é diferente<br />

do necessário para um boxeador ou<br />

um atleta de judô, pois cada esporte<br />

é específico, não adianta seguir o<br />

mesmo treino que você fazia há<br />

alguns anos.<br />

Diante disso, respeite o seu tempo<br />

de recuperação, complemente<br />

seus treinos e tente se programar<br />

e seguir esses três pilares. Assim,<br />

melhore seu rendimento e amplie<br />

o seu tempo de permanência na<br />

modalidade.<br />

Bons treinos! BC<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 31


Fotos: Jack Taketsugu/<strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong><br />

foto@brasilcombate.com.br<br />

COBERTURA: BRASÍLI<br />

32 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


A OPEN DE JIU JITSU<br />

Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 33


34 • <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br Janeiro de <strong>2018</strong>


Janeiro de <strong>2018</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>Combate</strong> <strong>Magazine</strong> • www.brasilcombate.com.br • 35


RECEBA A REVISTA GRATUITAMENTE<br />

ENVIE UM WHATSAPP<br />

+55 (61) 99876-0001<br />

CADASTRE-SE<br />

NA NEWSLETTER<br />

www.BRASILCOMBATE.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!