IV Simpósio Interdesigners
Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners
Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
dela, as Hepatites virais. Dessa maneira, as informações previstas nestes<br />
panfletos e cartazes sempre estarão limitadas de acordo a que abarque as<br />
IST (infecções sexualmente transmissíveis) em sua maioria. Apesar da incisa<br />
campanha governamental sobre o uso da camisinha, foi percebido no meio<br />
social estudado, , certo desinteresse sobre o tema do H<strong>IV</strong> e<br />
de certa maneira uma taciturnidade em relação ao uso de preservativos.<br />
Podemos acreditar que as novas gerações encontraram uma situação aparentemente<br />
sob controle, o que tem gerado uma ilusão de que o problema<br />
estaria solucionado. A epidemia que nos anos 80 trouxe para os brasileiros,<br />
em maioria a população homossexual, uma morte silenciosa, um pavor em<br />
existir e em manter relações de afeto com seus parceiros, amigos e familiares,<br />
hoje se tornou um tema que descansa em repouso sobre os ombros dos<br />
que não viveram a chegada da doença ao Brasil. Segundo a UNAIDS, cerca<br />
de 15.000 pessoas morrem por ano no país em complicações causadas<br />
pela AIDS. Além disso, a organização acredita que estejamos passando por<br />
uma epidemia entre os jovens visto que, das 5.700 novas infecções por H<strong>IV</strong><br />
em 2015, 35% ocorreram entre pessoas de 15 a 24 anos. Ainda segundo a<br />
instituição, essas epidemias podem ser combatidas através do Desenvolvimento<br />
Sustentável, melhorando as oportunidades para jovens através de<br />
maior acesso a educação de qualidade, serviços de saúde e oportunidades de<br />
emprego, e através da igualdade de gênero e empoderamento de meninas e<br />
mulheres.<br />
Observando então a partir disto, os cartazes deveriam ter um público<br />
alvo jovem, entre os 15 e 30 anos, seguindo com uma asserção artístico-<br />
-informativa, diferente das campanhas desenvolvidas pelo governo que se<br />
sustentam principalmente no meio do marketing. Este lado artístico extrair-<br />
-se-ia então das obras de José Leonilson, visto que o artista foi vítima do vírus<br />
da imunodeficiência humana e tem sua obra dita como uma das mais autobiográficas<br />
da arte contemporânea brasileira. A série de cartazes denominada<br />
“O Perigoso”, baseada na série de desenhos de 1992, feita por Leonilson já<br />
em períodos de internação hospitalar em decorrência da doença, motiva-se a<br />
trazer novamente em discussão a presença da AIDS na vida dos jovens. Desmistificando<br />
a doença de maneira oposta, hoje, tratada como algo além, não<br />
palpável, mas que nos rodeia e exige informação.<br />
2. J. L. 35<br />
A AIDS está presente nas obras de Leonilson como uma alegoria inevitável.<br />
O legado propõe múltiplas interpretações a partir de imagens-código e<br />
símbolos metafóricos que compõem os trabalhos. Leo, como se fez conhecido,<br />
desde sempre manteve suas obras como um diário pessoal. Cercado de<br />
21