IV Simpósio Interdesigners
Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners
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descoberta de ouro em aluvião na região de Minas Gerais.<br />
Desde sua fundação, os portugueses já traziam escravos africanos para colônia,<br />
sendo que a região proveniente dos mesmos dependeu da organização do tráfico<br />
e de outros fatores externos, como guerras nas regiões portuárias, epidemias ou<br />
até preferências dos senhores brasileiros. Há destaque para o deslocamento dos<br />
portos angolanos para os da Costa da Mina e do Golfo de Benim, uma vez que<br />
eram regiões auríferas, atraíram olhares a partir da descoberta de ouro em Minas<br />
Gerais.<br />
Os portugueses não tinham tanta experiência no manuseio de metais nobres,<br />
ainda que, em tese, a ourivesaria fosse restrita a homens livres de origem europeia.<br />
Devido ao contato com materiais nobres, constantemente empregados na<br />
confecção de obras sacras, era justificado, em Portugal, que não deveriam ser manuseados<br />
por homens de “sangue impuro”, sendo judeus e mouros principalmente.<br />
Tal proibição foi mantida no Brasil e estendida a negros e indígenas, porém,<br />
não foi cumprida, sendo a mão-de-obra escrava responsável por grande parte<br />
dos trabalhos manuais. Contudo, deve-se ressaltar que não há como comprovar a<br />
origem, a cor ou até mesmo o nome do exato autor de cada peça nem em registros<br />
documentais, muito menos pelas marcações do ourives ou dos ensaiadores<br />
regulamentados pela lei, o que poderia significar a possibilidade de atividades clandestinas<br />
em função de encomendas particulares (FACTUM, 2009, p.181).<br />
A exploração de ouro no Brasil permaneceu rudimentar por boa parte da<br />
história, pouco explorando os veios subterrâneos. O principal método de exploração<br />
de ouro foi por meio de aluvião, usando da bateia africana, bacia de madeira<br />
usada para lavar ouro em pó encontrado nos rios, separando o ouro de todo outro<br />
tipo de material pela sua densidade específica maior do material (RUSSEL-WOOD,<br />
2005, p. 159).<br />
O ouro extraído dava origem a diversas ligas, mas no caso da joalheria crioula,<br />
a liga de ouro mais adotada era 14k, ou seja, apenas 50% da liga era de ouro, o<br />
restante era de outros metais, tais como cobre ou prata. Esta liga permitia manter<br />
o dourado do ouro, mas tornar a peça mais dura e resistente ao uso cotidiano.<br />
Tais processos deram origem a colares e correntões (Figura 01), brincos, pulseiras<br />
(simples, de copo e de placas) e pencas de balangandãs.<br />
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