IV Simpósio Interdesigners
Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners
Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Enfim, tendo salientado certos parâmetros – e que não serão limítrofes, mas com<br />
caráter de abertura –, pensamos que uma análise eficaz de tais aspectos subjetivos<br />
do produto, antes de meramente conformidade com leis da forma e da função,<br />
como apreendidas pelas raízes na Bauhaus, se mostra complexa e difícil em nosso<br />
paradigma objetivo. Pois nos atermos meramente à legibilidade, a forma positiva<br />
e negativa, contraste entre as partes, ergonomia e usabilidade, dentre outros,<br />
não implica uma análise de significações. Pelo contrário, todas estas categorias de<br />
adequação aos parâmetros do Bom e do Belo podem ser subvertidas por contra<br />
fluxos afetivos se bem for este o desejo das máquinas. Assim, há necessidade de<br />
uma abertura maior para análises subjetivas dos processos promovidos por um<br />
designer na elaboração projetual, antes mesmo de qualquer análise objetiva.<br />
Pois, aspectos de forma e função podem ser tomadas como diretrizes de normatização,<br />
operando como um corte dos fluxos do que propomos aqui. Há de se ter<br />
um balanço de cortes e aberturas, porém, percebemos uma necessidade de abrir<br />
muitos mais do que continuar numa proposta de engendrar parâmetros externos<br />
que somente limitam a existência virtual dos projetos.<br />
É neste tipo de proposta que vemos margem para uma desmistificação da criatividade<br />
como um dom ou algo fora do controle, para um paradigma, como proposto<br />
por Guattari, Ético e Estético, antes de objetivo e cientificista. A criatividade de fato<br />
não pode ser explicada por números, somente pela arqueologia ético-estética das<br />
subjetividades. Pois há de se compreender que num estudo sobre estas, o modelo<br />
científico não comporta tantas aberturas quanto necessárias para uma discussão<br />
caso a caso e da plurivocidade das representações.<br />
O paradigma dos matemas quebra quando uma palavra significa mais de uma<br />
coisa. Há uma necessidade de se abolir esta visão estreita que se oferece para a<br />
interpretação de objetos de design em paralelo com os da arte. Uma polarização<br />
entre estas duas esferas já foi superada décadas atrás exatamente na discussão estruturalista.<br />
Não cabe perguntar se algo é design ou arte, mas sim se as operações<br />
complexas de fluxos nos liames entre um e outro cooperam com o resto da trama<br />
complexa construída para embasar conceitualmente o projeto. Não se faz necessário<br />
delimitar se um projeto cabe enquanto design gráfico ou de produto, digital, ou<br />
dentre as mais de 30 facetas reconhecidas do design.<br />
Precisamos hibridizar estas estruturas tão rígidas para utilizá-las apenas como<br />
pilares para ascender cada vez além nas propostas maquínicas que estruturamos<br />
nos nossos projetos. Precisamos deixar de construir cortinas e muros e cavar<br />
fendas entre os territórios, para que se facilite uma arqueologia das determinações.<br />
Se cabe citar um caso, podemos observar cada vez mais projetos híbridos<br />
pautados nas tecnologias emergentes: ao invés de se optar por uma ou outra,<br />
mesclamos as estruturas para poder tomar o melhor de uma e de outra; para<br />
que a trama complexa que nossos subjetivos promovem se tornem cada vez mais<br />
complexas e que evidenciemos todas as ordens engendradas nas relações caóticas.<br />
Concluímos que antes de se estabelecer normas para que os produtos se adequem<br />
ou não, pensamos em análises de processos rizomático e altamente complexos. Se<br />
114