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IV Simpósio Interdesigners

Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners

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estética – deve ser atualizada através de uma verdadeira<br />

maiêutica, implicando, em particular,<br />

procedimentos de análise institucional e de exploração<br />

das formas coletivas do inconsciente. Nessas<br />

condições, o projeto deve ser considerado em<br />

seu movimento, em sua dialética. Ele é chamado<br />

a se tornar uma cartografia multidimensional de<br />

produção de subjetividade, cujos operadores serão<br />

o arquiteto e o urbanista. As mentalidades coletivas<br />

mudam e mudarão amanhã cada vez mais rápido.<br />

(GUATTARI, 1992. P 176-177)<br />

Podemos extrair o que interessa a nós, designers: ‘uma cartografia multidimensional<br />

de produção de subjetividade’. É, pois, na evidência dos fluxos, das peças,<br />

partes, que se perfazem as interpretações – fluxos transversais. Ao invés de nos<br />

atermos somente às determinações, aos fluxos já evidenciados, devemos analisar<br />

de fato quais são as possibilidades de fluxos que se evidenciam em um mapeamento<br />

destes planos. Ora, assim podemos pensar como classificar um ‘bom’ design através<br />

de parâmetros subjetivos: uma cooperação complexa de máquinas que abre para<br />

diversos fluxos interpretativos. Não é na mensagem que o autor conclama que<br />

reside a subjetividade imbricada na peça, mas sim nas interpretações possíveis que<br />

os diferentes leitores podem ter com aquele objeto.<br />

Paradoxalmente, levamos em conta exatamente a mensagem proclamada. Qual<br />

o sentido que isso pode tomar? Simplista, por natureza, pois nos contentamos com<br />

uma imposição de subjetividades que determinada máquina pode propor. Uma obra<br />

de arte – e por isso o uso de Guattari do termo artista polissêmico – que se valha<br />

como boa, possui uma imagem aberta às infinitas significações possíveis. Certos<br />

historiadores e filósofos, como Didi-Huberman, em seu ensaio sobre a imagem<br />

mariposa, nos leva a crer que o abrir e fechar de suas asas – as diferentes repetições<br />

interpretativas que podemos metaforizar como um abrir e fechar de olhos frente<br />

ao objeto – deve guardar uma multiplicidade de interpretações. E por que ainda<br />

nos atemos a um bom design unívoco? Porque é muito menos difícil estabelecer<br />

uma mensagem para apenas um expectador do que projetar para mil expectadores<br />

diferentes. Ora, há de se diferenciar os tipos de agenciamentos que cada peça<br />

desta máquina pode compor: pois se elevamos critérios como ergonomia, usabilidade,<br />

aspectos formais e estéticos, polissemia da obra, adequação ao propósito<br />

e ao contexto, público-alvo; podemos estabelecer diferentes intensidades que<br />

uma máquina pode agenciar. E se este objeto se fecha para apenas um tipo, nos<br />

cegamos para todas as potencialidades implícitas. Antes de pensar se a o usuário<br />

sente o que deveria ser sentido, devemos nos questionar quais pessoas poderão<br />

fazer uso do objeto e quais as possibilidades de interações que podem ocorrer.<br />

De certo, analisar somente os efeitos de superfície que um objeto promove<br />

enquanto máquina é deveras simplista. Porém, caso partamos de análises proces-<br />

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