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IV Simpósio Interdesigners

Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners

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E que, a partir da sobreposição destes diversos planos, podemos constituir uma<br />

linha transversal, de cima a baixo e baixo a cima, chamada de máquina abstrata.<br />

Quando falamos de máquinas abstratas, por<br />

‘abstrato’ podemos igualmente entender ‘extrato’,<br />

no sentido de extrair. São montagens suscetíveis<br />

de pôr em relação todos os níveis heterogêneos<br />

que atravessam e que acabamos de enumerar.<br />

A máquina abstrata lhes é transversal. É ela que<br />

lhes dará ou não uma existência, uma eficiência,<br />

uma potência de autoafirmação ontológica. Os diferentes<br />

componentes são levados, remanejados<br />

por uma espécie de dinamismo. Um tal conjunto<br />

funcional será doravante qualificado de Agenciamento<br />

maquínico. (GUATTARI, 1992. P 46/47)<br />

Se podemos entender estes planos maquínicos enquanto planos do possível,<br />

podemos falar destes fluxos enquanto virtuais. A máquina abstrata promoverá<br />

então o agenciamento capaz de atualizar uma complexidade – composta de fluxos<br />

e entrecruzamentos caóticos –, união de diversas máquinas e fluxos. Será responsável<br />

então pela mesma função que conferimos ao sujeito do verbo ser: determinar. O<br />

fluxo transversal determina todas as potencialidades que compõem os territórios<br />

existenciais de cada máquina e é capaz de articular através do caos o que podemos<br />

chamar de intenções, desejos – ou as máquinas desejantes, de Deleuze e Guattari.<br />

Podemos desvendar a composição subjetiva dos seres enquanto produção de<br />

agenciamentos maquínicos diversos que conferem consistência ontológica ao ser,<br />

configurando então estes territórios que se delimitam por alteridades; ou como<br />

Guattari coloca, “‘o conjunto das condições que torna possível que instâncias individuais<br />

e/ou coletivas estejam em posição de emergir como território existencial<br />

autoreferencial, em adjacência ou em relação de delimitação com uma alteridade<br />

ela mesma subjetiva” (GUATTARI, 1992. P 19). Esta autoreferencialidade evocada<br />

toma forma com o conceito de autopoiese, característica essencial das máquinas:<br />

capacidade de se reproduzir e manter a si mesmas. Por isso evocamos máquinas<br />

enquanto alteridades subjetivas, pois se relacionam entre si e com os homens, com<br />

capacidade de ao mesmo tempo se manter e engendrar novas máquinas derivadas<br />

do fluxo transversal abstrato, promovido por um ser ou outra máquina. A subjetividade,<br />

por fim, é derivada de diversos agenciamentos individuais, coletivos e<br />

institucionais. E por tal, ao se falar em análise subjetiva, nunca pode se pensar em<br />

estruturas absolutas de exegese. Estas composições maquínicas determinam uma<br />

miríade de construções complexas e únicas, e que portanto a subjetividade será o<br />

maior fator de indeterminação das interpretações: o interpretante.<br />

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