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IV Simpósio Interdesigners

Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners

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é fundamentalmente desterritorializado 1 . Com isso quero dizer que seus territórios<br />

etológicos originários – corpo, clã, aldeia, culto, corporação... – não estão<br />

mais dispostos em um ponto preciso da terra, mas se incrustam, no essencial, em<br />

universos incorporais ” (GUATTARI, 1992. P 169). São exatamente nesses universos<br />

incorporais que podemos pensar o homem, ao invés de imanente à uma dicotomia<br />

consciente-inconsciente, enquanto produção e conjunção destas incorporeidades.<br />

Isto significa que qualquer tentativa de delimitar um território histórico preciso<br />

sobre o homem será em vão. Ele se tornou deveras complexo.<br />

Se não mais encontramos as origens de um ser constantemente desterritorializado<br />

em sua imanência; uma arqueologia do homem nele mesmo não se torna<br />

possível. A única forma de se gerar qualquer entendimento composicional se mostra<br />

em uma análise das subjetividades. Porém, ao mesmo tempo, “devese admitir que<br />

uma certa representação universalista da subjetividade [...] faliu, sem que ainda se<br />

possa medir a amplidão das consequências de um tal fracasso” (GUATTARI, 1992.<br />

P 13).<br />

A ruína de uma estrutura geral da subjetividade apenas nos mostra que não cabe<br />

mais uma análise do homem per se, mas sim o que Guattari e Deleuze cunham,<br />

em O Anti-Édipo, de máquinas. Estas, são constructos, criações do homem que<br />

a natureza não consegue produzir. Podemos entender, seguindo Guattari, que a<br />

máquina precede a técnica, e não o contrário. A máquina é conjunção sistêmica<br />

e complexa. São alteridades contruídas e constituem diversas esferas humanas.<br />

Podemos pensar em máquinas sociais, interpessoais, tecnológicas, informacionais...<br />

Estes universos incorporais podem ser traduzidos como a existência destas<br />

máquinas, pois, “a alteridade homem/máquina está tão inextricavelmente ligada a<br />

uma alteridade máquina/máquina que ocorre em relações de complementaridade<br />

ou relações agônicas (entre máquinas de guerra) ou ainda em relações de peças<br />

ou de dispositivos“ (GUATTARI, 1992. P 54). Se considerarmos que nossa subjetividade<br />

é por si alteridade em potência – para outras subjetividades, portanto<br />

– o passo além da dicotomia entre consciente e inconsciente se dá em direção à<br />

relação complexa entre estas subjetividades. E é assim que podemos entender,<br />

enfim, uma subjetividade enquanto construção, produção e consequência de interações<br />

homem-máquina e até mesmo máquina-máquina: territórios de alteridade<br />

existencial que operam fluxos e agenciamentos próprios. A subjetividade pode<br />

ser entendida, talvez até mesmo de maneira visual, enquanto uma sobreposição<br />

de infinitos planos bidimensionais. Estes planos são as diversas máquinas que se<br />

acoplam ao sujeito, promovendo inputs incorpóreos que alteram uma visão de<br />

mundo e os fluxos internos do ser. Nestes planos maquínicos, operam diversos<br />

fluxos, e podemos vizualizá-los enquanto linhas que percorrem estes planos em<br />

uma velocidade infinita, e que este plano se situa num tempo infinito – pois jamais<br />

será atual, somente virtual, de potencialidades, de multiplicidades.<br />

1 Desterritorializar é sair do território, para remoldar o território ou estar em estado absoluto em linha<br />

de fuga. Se se formam territórios, o processo de desterritorializar é seu extremo oposto das intensidades do território,<br />

possibilitando uma deterritorialização parcial.<br />

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