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IV Simpósio Interdesigners

Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners

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enquanto um acredita em estruturas absolutas, o outro acredita em estruturas<br />

complexas e mutantes. Foucault conclui seu ensaio sobre as palavras e as coisas<br />

constatando que, de fato, se formos tomar por estruturas as formas como compreendemos<br />

e edificamos os saberes humanos, há de se ter cuidado para não enrijecer<br />

estas análises da mesma forma que as ciências matemáticas, a priori: passíveis de<br />

previsibilidade. E que, por fim, se formos tratar de estruturas, há de se sobrepor os<br />

diferentes eixos para que nesta intersecção se constitua uma conceituação, e que<br />

apenas uma análise dos diferentes contextos e óticas tornem possível uma estruturação<br />

hibridizada de determinado objeto de estudo:<br />

A análise linguística é mais uma percepção que uma explicação: isso quer dizer<br />

que é constitutiva de seu objeto mesmo. Ademais, eis que, por esta emergência<br />

da estrutura (como relação invariante num conjunto de elementos), a relação<br />

das ciências humanas com as matemáticas acha-se novamente aberta e segundo<br />

uma dimensão totalmente nova; não se trata mais de saber se se podem quantificar<br />

resultados, ou se os comportamentos humanos são suscetíveis de entrar no<br />

campo de uma probabilidade mensurável; a questão que se coloca é a de saber se<br />

se pode utilizar sem jogo de palavras a noção de estrutura, ou, ao menos, se é da<br />

mesma estrutura que se fala em matemáticas e nas ciências humanas; questão que<br />

é central, se se quiser conhecer as possibilidades e os direitos, as condições e os<br />

limites de uma formalização justificada. (FOUCAULT, 1992. P 399)<br />

2. Linguagem, máquinas e interpretações subjetivas<br />

Se o significante de fato exerce uma supremacia sobre os significados, torna-se<br />

os olhares para com o sujeito da linguagem: o ser que permeia todos os verbos<br />

como agente da ação. “A espécie inteira do verbo se reduz ao único que significa:<br />

ser. Todos os outros se servem secretamente dessa função única, mas a recobriram<br />

com determinações que a ocultam” (FOUCAULT, 1992. P 110). Entender o<br />

ser passa primeiramente por um crivo linguístico, pois antes de conceito é palavra,<br />

portanto, representação designada. Podemos entender como uma generalização<br />

do Eu: o ser do verbo sempre será o enunciador, este ser linguístico que se<br />

confunde inevitavelmente com a existência denominada homem, “de tal forma que<br />

seria preciso rejeitar como quimera toda antropologia que pretendesse tratar do<br />

ser da linguagem, toda concepção da linguagem ou da significação que quisesse<br />

alcançar, manifestar e liberar o Ser próprio do homem” (FOUCAULT, 1992. P 355).<br />

Assim, se tomar-se o humano como central para qualquer teoria de significação, se<br />

implica uma exigência e uma problemática ao mesmo tempo: quem é este homem,<br />

e como ele se compõe? De quais formas podemos analisar o ser da linguagem<br />

através do homem? Os estudos psicanalíticos iniciados por Freud em 1900, na<br />

virada do século, determinaram sobremaneira o entendimento que temos hoje<br />

sobre o homem: possuímos um consciente e um inconsciente; e que nas intensidades<br />

entre um e outro, se delimita o que chamamos de subjetividade. Porém, não<br />

podemos mais acreditar que, depois de mais de 100 anos, o homem permaneça<br />

nessa dualidade. Para tal, Guattari escreve que “O ser humano contemporâneo<br />

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