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IV Simpósio Interdesigners

Livro de Atas da Quarta Edição do Simpósio Interdesigners

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começaram a se suscitar certas críticas a estes modelos de saber pautados em determinações<br />

generalizadas. Ignorava fatores históricos de forma que quaisquer<br />

aspectos edificados poderiam, sim, aplicar-se ao homem do século XVI tanto<br />

quanto ao homem do século XX. E foi exatamente por este motivo que pensadores<br />

como Baudrillard, Derrida, Deleuze, Foucault e Guattari começaram um processo<br />

de desconstrução destas estruturas atemporais, sob a premissa de que quaisquer<br />

análises não podem ser cabíveis se não considerarem uma relação complexa entre<br />

os fatores de diversas esferas humanas; se há estruturas, elas de certo se edificaram<br />

por uma construção histórica altamente complexa, na relação entre o<br />

imaginário humano e a os objetos designáveis.<br />

É isto que Foucault demonstra em As Palavras e as Coisas, resgatando um<br />

método Nietzschiano – a saber: a genealogia – agora sob a ótica estruturalista,<br />

denominando-o de arqueologia. Pois, é de fato no processo de construção do<br />

conhecimento e na história da representação que podemos identificar outros<br />

modelos que predominaram nas diferentes áreas do saber em outras épocas.<br />

Que a partir de uma interrelação complexa constituem-se não estruturas fixas,<br />

mas mutantes e interdependentes. A arqueologia se mostra como um estudo da<br />

complexidade. É através de uma análise arqueológica que podemos entender os<br />

caminhos para decifrar o que ocorrem nas ‘fendas’ da linguagem ou das estruturas<br />

representativas do imaginário, entender um universo subterrâneo das ligaduras, e<br />

assim construir um saber humano numa volta dele sobre o próprio conhecimento.<br />

Na mesma postura, Deleuze estrutura sua tese em Diferença e Repetição para<br />

articular uma nova postura pela qual a filosofia deveria interpretar a diferença:<br />

abandonando o aspecto positivista da semelhança, deveríamos, longe de uma<br />

postura negativa, abordar a diferença como o que de fato possibilita qualquer similitude.<br />

Diferença vista como caráter, pois é nas identidades que percebemos o que<br />

se diferencia e o que se assemelha.<br />

Esta conjunção dos saberes influenciou diversos outros pensadores a reformular<br />

suas teses estruturalistas para adequar seus métodos a um novo paradigma, sob<br />

então: a figura da repetição, uma sucessão consecutiva das mutações e conexões<br />

das estruturas ao longo do tempo; e da diferença: entender que toda singularidade<br />

possui uma multiplicidade virtual e possível, de forma que toda repetição,<br />

toda alteração nestas estruturas complexas, se abre para uma diferenciação dela<br />

consigo mesma ou com uma alteridade. Assim, podemos definir o momento pós-<br />

-estruturalista ou desconstrutivista como uma emancipação do significante sobre<br />

o significado: libertou-se as coisas de qualquer sentido absoluto, pois, seria o significante<br />

que teria o poder de flexionar as significações em seus discursos. A<br />

depender do contexto sócio-histórico, mesmos objetos podem adquirir diversos<br />

significados, e que, nesta estrutura complexa, apenas uma análise poderia enfim<br />

determinar sob quais preceitos que esta representação pode corresponder de fato<br />

a uma coisa.<br />

Cabe dizer que estes dois movimentos não são como a antítese um do outro, mas<br />

dois momentos da mesma corrente de pensamento que se desenvolveu. Assim,<br />

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