14.12.2017 Views

001 - O FATO MANDACARU - JAN 2018 - NÚMERO 1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

Padre Zago<br />

sobre o HU:<br />

“Onde está a atuação de nossos políticos<br />

para que o Hospital Universitário possa<br />

ter uma estrutura decente?” Página 15<br />

Ciclovia do Mandacaru<br />

Ciclistas reclamam de pedestres que reclamam de ciclistas e pedem solução.<br />

Página 4<br />

Editorial<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Triste fim<br />

da CLT<br />

Reforma do Trabalho<br />

presenteia o brasileiro<br />

com baixos salários e<br />

risco de ficar sem<br />

aposentadoria.<br />

Trabalho Intermitente<br />

é nome bonito que<br />

governo encontrou<br />

para esconder nossa<br />

entrada na era do<br />

trabalho precário.<br />

Página 2<br />

A concentração<br />

da mídia<br />

no Brasil<br />

No segmento de<br />

televisão, mais de<br />

70% da audiência<br />

nacional é concentrada<br />

em quatro redes.<br />

Página 11<br />

Museu Esportivo<br />

de Maringá<br />

Camisa de Time<br />

do Mandacaru<br />

faz parte do<br />

acervo que<br />

reúne mais de<br />

1000 peças da<br />

história do esporte<br />

da cidade. Página 3<br />

Casa de<br />

Acolhimento para<br />

Imigrantes<br />

A UEM debate<br />

Políticas Públicas<br />

para os Imigrantes.<br />

Eles estão aí, e<br />

querem ser ouvidos.<br />

Página 9


Pág. 2 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

O <strong>FATO</strong><br />

Triste fim da CLT<br />

(Editorial Por José Carlos Leonel)<br />

Quem não me entendeu digo que "estamos andando para trás".<br />

A reforma trabalhista aprovada<br />

pelo governo Temer com aval de<br />

Câmara dos Deputados e do Senado<br />

é só o início do maior retrocesso<br />

social da história do Brasil, outras<br />

reformas como a da Previdência e<br />

do SUS piorarão e muito as condições<br />

de vida do povo.<br />

Quem não me entendeu digo<br />

que “estamos andando para trás.”<br />

Em prática, esse governo ao invés<br />

de prosseguir com o processo de cidadania,<br />

coisa que se faz produzindo<br />

justiça social, está a empurrar todos<br />

em direção a um processo de<br />

concorrência, de disputa, de luta pela<br />

sobrevivência.<br />

A medida provisória editada<br />

por Temer após a aprovação da reforma<br />

é só um meio de evitar o choque<br />

social imediato, de evitar que<br />

reajamos e de nos habituar aos poucos<br />

ao processo de escravidão que<br />

teremos no final dos próximos 3<br />

anos, momento em que todos deixaremos<br />

de ser empregados para virarmos<br />

empresas.<br />

EXPEDIENTE:<br />

Ligiane Ciola • DRT-SP 46266<br />

J.C. Leonel • DRT-PR 4678<br />

Fernanda Casal<br />

Ricardo Rennó • Diagramação<br />

Rua Itamar Garcia Pereira, 55<br />

Vila Santa Isabel • Maringá • PR<br />

CEP: 87080-510<br />

TELEFONE: (44) 3246-1769<br />

WHATSAPP: (44) 99713-0030<br />

E-MAIL: ofato_mandacaru@libero.it<br />

IMPRESSÃO: O Diário Maringá<br />

maringa.odiario.com/grafica<br />

O triste fim da CLT,<br />

acontece em meio ao mais completo<br />

silêncio do povo que se acostumou<br />

a seguir as ordens que uma certa<br />

rede de TV dita nos seus criminosos<br />

telejornais. O povo continua<br />

muito ocupado a assistir telenovelas<br />

e futebol, nada de mal se essas<br />

coisas não provocassem nas pessoas<br />

uma “anestesia mental”.<br />

“Tá tudo ruim, tá piorando, estou<br />

sem dinheiro, é culpa dos políticos”,<br />

seria culpa deles sim, se não<br />

fosse culpa nossa. Perdas de direitos<br />

como as que estamos tendo nesse<br />

curto período de Temer provocariam<br />

revoluções em países do primeiro<br />

mundo, mas nós não queremos<br />

entrar no primeiro mundo não<br />

é mesmo?<br />

Se hoje empresários, sobretudo<br />

pequenos e médios vivem em<br />

meio a grandes dificuldades para<br />

manter as portas abertas, não é certo<br />

por culpa de seus empregados ou<br />

pela lei que regula a relação entre<br />

empresas e trabalhadores, mas pela<br />

roubalheira que se constitui o nosso<br />

sistema tributário que faz do<br />

Estado sócio majoritário nas entradas<br />

econômicas dos meios de produção.<br />

Temos visto o dinheiro dos impostos<br />

que pagamos (trabalhadores<br />

e patrões) sumir nas mãos de políticos,<br />

empreiteiras e partidos,<br />

mas ao invés de cobrá-los, de impedi-los<br />

de continuar, preferimos deixá-los<br />

nos fazer pensar que a culpa<br />

é de um e de outro, e não deles.<br />

A corrupção é apresentada na<br />

TV como algo normal. Processos<br />

acusam e condenam alguns sem<br />

provas e absolvem outros com amplas<br />

provas. O egoísmo é sem dúvida<br />

um dos maiores sintomas de ignorância<br />

e o Brasil infelizmente está<br />

infestado de gente que não sabe<br />

dividir, que não compreende o sentido<br />

pleno da palavra democracia<br />

segregando-a ao direito de voto.<br />

Quem pensa assim não compreende<br />

que a democracia plena se completa<br />

com a consolidação dos direitos<br />

previstos na constituição e nas<br />

leis que a permeiam.<br />

A lei que substitui a CLT aos<br />

poucos acabará com os contratos<br />

de trabalho por tempo indeterminado,<br />

anulará quase que totalmente<br />

o trabalho dos sindicatos e<br />

criará um exército de trabalhadores<br />

precários, gente que hoje trabalhará<br />

aqui, amanhã ali, de modo<br />

intermitente e sujeitos às negociações<br />

diretas com os patrões.<br />

Não é exagero dizer que daqui a 10<br />

anos, direitos como férias remuneradas,<br />

décimo terceiro, FGTS e outros<br />

benefícios serão somente recordações<br />

de um passado feliz.<br />

Grupos reacionários e inimigos<br />

do povo querem ver mulheres<br />

grávidas sendo obrigadas a<br />

Imagem Ilustrativa<br />

trabalhar em locais “mediamente”<br />

insalubres, colocando em risco a<br />

própria saúde e a do bebê.<br />

Por que estamos assistindo a<br />

tudo isso em silêncio?<br />

A reforma nas relações trabalhistas<br />

altera mais de cem pontos<br />

da CLT e apesar de dizerem que<br />

acordos entre patrões e empregados<br />

não vão prevalecer sobre<br />

acordos coletivos veremos que<br />

depois da fase de transição o contrário<br />

prevalecerá.<br />

A verdade é que mesmo que<br />

os trabalhadores de uma empresa<br />

se unam contra abusos, a fila de<br />

desempregados será tão grande<br />

que os patrões não terão dificuldades<br />

de substituí-los sem que<br />

ninguém os importune.<br />

É claro que essa é somente a<br />

minha opinião e que você leitor<br />

tem todo direito de discordar.<br />

Aproveite e discorde, de mim e<br />

de quem está a condenar seus filhos<br />

à pobreza, logo talvez não teremos<br />

nem mesmo esse direito e<br />

aí, será tarde demais.■


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 3<br />

Museu Esportivo de Maringá<br />

Resgatando a história do esporte maringaense.<br />

(José Carlos Leonel)<br />

A inauguração da sede do Museu Esportivo de Maringá, obra do jornalista Antônio Roberto de Paula, é só a concretização<br />

de algo que de fato já existia. Cheguei a essa conclusão já no início da deliciosa conversa que tive com De Paula.<br />

Ele fala do Museu em modo apaixonado e as vezes o percebi emocionado.<br />

Camisa autografada por Itamar Bellasalma<br />

De Paula na sede do Museu Esportivo de Maringá<br />

Me pergunto se algo tão nobre<br />

nasce da evolução que vem de uma<br />

vontade escondida no subconsciente,<br />

mas não falo disso com De Paula,<br />

pois vejo que aquilo que o move<br />

é o amor que ele e sua esposa, a<br />

também jornalista Simone Labegalini<br />

tem pela profissão e pela missão<br />

que abraçaram. O museu de<br />

“De Paula” germinou em 2011<br />

com a produção do vídeo - documentário<br />

“Histórias que a bola pesada<br />

contou”.<br />

De Paula relata que “o documentário<br />

realizado para festejar os<br />

50 anos da gloriosa história do futsal<br />

maringaense (disponível no<br />

youtube) foi o embrião de tudo, a<br />

partir dali criei no facebook o grupo<br />

Amigos do Museu Esportivo e<br />

comecei a receber doações de camisas<br />

e fotografias, e foram as pessoas,<br />

ex-atletas, dirigentes e amantes<br />

do esporte que começaram a me<br />

perguntar se eu queria receber a camisa<br />

de um determinado time, de<br />

um determinado bairro, e eu sempre<br />

disse sim, virei um colecionador.<br />

Logo a quantidade de coisas<br />

era tão grande que resolvi dividir o<br />

acesso ao material. Comecei criando<br />

uma mostra itinerante que chamei<br />

de Exposição Futebol Memória,<br />

que deu vida ao museu itinerante<br />

e a coisa cresceu tanto que o<br />

inevitável aconteceu, hoje estamos<br />

aqui, é incrível”.<br />

Quando o faço observar que a<br />

sede já está ficando pequena tal a<br />

quantidade de itens em exposição,<br />

De Paula mostra seu reconhecimento:<br />

“Eu quero agradecer a confiança<br />

das pessoas, porque esse material<br />

não é meu, pertencem aos doadores<br />

mas acima de tudo ele pertence<br />

a história de Maringá. Muita<br />

coisa de importante ainda vai acontecer,<br />

continuamos a receber muitas<br />

coisas e seguiremos trabalhando<br />

para preservar essa história e<br />

ao mesmo tempo prestando uma<br />

grande homenagem aos atletas e<br />

torcedores não só do futebol mas<br />

de todos os esportes”.<br />

Entre as mais de 1000 peças do<br />

Museu esportivo o destaque vai para<br />

a camisa de Itamar Bellasalma,<br />

autor do gol do título de campeão<br />

paranaense de 1977 ao Grêmio de<br />

Esportes Maringá. A camisa de Itamar<br />

foi uma doação do Professor<br />

Celso Côrrea; De Paula conta que<br />

“foi uma alegria muito grande quando<br />

o Professor telefonou dizendo<br />

que pediria autorização a Itamar para<br />

doar a camisa ao museu”.<br />

Itamar não negou e hoje De Paula<br />

tem em seu acervo uma malha<br />

de valor histórico inestimável, mas<br />

o verdadeiro xodó de De Paula é a<br />

camisa do SERM - Sociedade<br />

Esportiva Recreativa de Maringá,<br />

primeiro time organizado do futebol<br />

amador de Maringá. “A matéria<br />

prima são as nossas lembranças<br />

e eu tive a alegria de entrevistar um<br />

dos primeiros jogadores do time, Lauro<br />

Fernandes Moreira, que na década<br />

de 40 jogava no campo de terra<br />

batida do SERM”, campo que ficava<br />

na Rua Antônio Carniel onde<br />

atualmente estão as sedes do<br />

SENAI E SESI.■<br />

Camisa de Time<br />

do Mandacaru<br />

faz parte do acervo.<br />

Camisa do SERM<br />

Time de Futebol do<br />

Mandacaru é<br />

destaque no<br />

Museu Esportivo<br />

O Clube Esportivo Mandacaru,<br />

um dos times mais importantes<br />

do futebol amador de Maringá também<br />

garantiu direito de ficar registrado<br />

na memória através da camisa<br />

doada pelo Jornalista Angelo Rigon.<br />

A peça segundo De Paula é<br />

dos anos noventa do século passado<br />

e que agora está atrás de uma camisa<br />

dos anos 60. O time do Mandacaru<br />

naquele período era tão forte<br />

que com muita frequência cedia<br />

jogadores ao Grêmio Esportivo<br />

Maringá.■<br />

Local e contatos:<br />

Museu Esportivo de Maringá<br />

Rua Domingos Salgueiro, 1415<br />

(Esq. com Av. Carlos Borges),<br />

Jardim Guaporé.<br />

Telefone: (44) 3029-9674<br />

Facebook (grupo):<br />

Amigos do Museu Esportivo<br />

Aberto para visitação:<br />

• Terça a Sexta das 14h às 18h.<br />

• Domingos das 9h às 12h.


Pág. 4 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

Ciclovia da Mandacaru<br />

Pedestres e ciclista disputam lado a lado um espaço nela.<br />

(Por Ligiane Ciola)<br />

Em outubro de 2008 quando a prefeitura de Maringá inaugurou a ciclovia da Mandacaru,<br />

a administração pública não podia imaginar que a obra fosse agradar mais a pedestres do que a ciclistas.<br />

Os moradores decidiram usar o<br />

trajeto de 4,1km que vai do início<br />

da Avenida Mandacaru e prossegue<br />

até a Praça Vitor Martins como<br />

pista de caminhadas. Nascia assim<br />

um problema que desde então se arrasta<br />

sem solução: Uma disputa de<br />

espaço entre ciclistas e pedestres<br />

que já causou pequenos acidentes.<br />

O açougueiro Idalécio Bispo,<br />

42 anos, conta que já se<br />

envolveu em um acidente.<br />

Nas quase duas horas do fim<br />

do dia que permanecemos<br />

na ciclovia, observamos vários<br />

episódios de tensão entre<br />

os dois grupos.<br />

Mulheres, casais e até quem<br />

aproveita a caminhada para passear<br />

com o cachorro, terminam por<br />

obstruir a passagem de ciclistas<br />

que estão retornando do trabalho<br />

ou simplesmente querem andar de<br />

bicicleta com segurança.<br />

O problema é mais visível no<br />

trajeto da Mandacaru mas há relatos<br />

de casos similares em outros<br />

percursos da periferia. Maringá<br />

tem cinco ciclovias que somam um<br />

percurso de 18 quilômetros.<br />

O açougueiro Idálécio Bispo,<br />

42 anos, já passou apuros com sua<br />

bicicleta. Ele usa a ciclovia todos<br />

os dias para ir ao trabalho e voltar<br />

para casa.<br />

“É muito difícil, os pedestres<br />

deveriam usar as calçadas e como<br />

isso não acontece sempre temos incidentes.<br />

Há cerca de 30 dias eu<br />

mesmo estava descendo com minha<br />

bicicleta e um senhor cruzou<br />

na minha frente, eu consegui frear,<br />

mas mesmo assim o pneu ainda tocou<br />

na perna dele; felizmente não<br />

aconteceu nada de grave.<br />

Aqui as coisas estão invertidas,<br />

às vezes é possível ver bicicletas<br />

nas calçadas e o pessoal na ciclovia<br />

fazendo caminhadas com cachorros<br />

e carrinhos de bebê. Agora<br />

mesmo eu tive que parar e esperar<br />

a passagem de três mulheres<br />

que ocupavam toda a ciclovia. A solução<br />

é consciência, pedestre na<br />

calçada e ciclista na ciclovia.”<br />

O publicitário Anderson Paulim,<br />

40 anos, diz que “caminhar na<br />

ciclovia é ruim porque a gente atrapalha<br />

os ciclistas e eles também nos<br />

atrapalham, eu acho que poderiam<br />

dividi-las; deixar uma das vias para<br />

os ciclistas e a outra para os pedestres.<br />

Penso que seria necessário<br />

uma readequação para atender a<br />

necessidade que se criou, ficaria fácil<br />

para todo mundo. Hoje, do jeito<br />

que está é perigoso, mas é o único lugar<br />

que a gente tem para caminhar.”


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 5<br />

O engenheiro agrícola Rogério<br />

Mayese, 51 anos, vive nas duas<br />

vestes e diz que “normalmente caminha<br />

pela rua”.<br />

“Tento evitar a pista porque<br />

não é correto, hoje, porém estou caminhando<br />

aqui e creio que poderia<br />

melhorar para todos já que eu também<br />

ando de bicicleta por aqui e o<br />

pedestre atrapalha.<br />

Quando caminho na ciclovia<br />

procuro prestar atenção e quando<br />

aparecem bicicletas eu vou para a<br />

grama, mas normalmente não é isso<br />

que acontece, nem sempre a gente<br />

percebe eles chegando.”<br />

Deryk Ruzon, 27 engenheiro<br />

Vera Maria de Oliveira<br />

Diretora SEMOB<br />

“Prefeitura tentará resolver o<br />

problema com campanha<br />

publicitária”, diz Diretora de Mobilidade.<br />

Vera Maria de Oliveira: As ciclovias, por incrível que pareça, ainda<br />

é uma novidade, mas tudo é uma questão de conscientização, de edu<br />

cação de trânsito.<br />

Redação: Existe um projeto de educação nesse sentido?<br />

Vera Maria de Oliveira: Essa parte de educação de trânsito não bem<br />

atrelada com nossa diretoria; o que a gente está pretendendo da pre<br />

feitura é que haja uma licitação de uma empresa que trabalhe na<br />

área de propaganda, de marketing. A partir dessa licitação nós pode<br />

remos fazer planos para o próximo ano na área de educação de trân<br />

sito, vai ter que ser uma coisa de massa. Não adianta divulgar no<br />

jornalzinho do Mandacaru que o pedestre tem que respeitar o ci<br />

clista, e que o ciclista tem que respeitar o pedestre, se depois tam<br />

bém ciclistas de outra região da cidade farão uso da mesma.■<br />

agrícola é morador da Zona 4 e afirma<br />

que é primeira vez que usa a ciclovia<br />

do Mandacaru. “Gostei muito<br />

da pista mas é complicado, tanto<br />

que há poucos minutos quase esbarrei<br />

em uma mulher que estava<br />

correndo. A solução é difícil e poderia<br />

ir da simples divisão do espaço<br />

ou até mesmo construir as ciclovias<br />

às margens das calçadas deixando<br />

o canteiro central para os pedestres.”<br />

Leandro Tomé, técnico de manutenção<br />

de equipamentos hospitalares,<br />

25 anos, diz caminhar uma<br />

vez por semana e o faz sempre com<br />

o cachorro. “Eu comento sempre<br />

com a minha esposa sobre essa situação.<br />

Observamos que nas praças,<br />

que intercalam as ciclovias, há espaço<br />

para os pedestres e para os ciclistas.<br />

E seria ideal que fosse assim<br />

por todo o percurso da ciclovia.”<br />

Antônio Comejo, motorista, 62<br />

anos usa a ciclovia todos os dias e apesar<br />

de o encontrarmos com sua bicicleta,<br />

diz que na verdade é um assíduo<br />

praticante de caminhadas e que a<br />

ciclovia do Mandacaru é seu local preferido.<br />

“Eu acredito que seja necessário<br />

encontrar uma solução para todos<br />

mesmo porque hoje o número de pedestres<br />

é muito maior do que o de ciclistas,<br />

não tem como proibir o pedestre de<br />

andar aqui, não vai ter jeito.”<br />

O casal Douglas Espinosa e<br />

Ingrid Berriel, editor e gestora de<br />

moda, acredita que seria necessário<br />

informar ao ciclista sobre a necessidade<br />

de consciência e prudência<br />

e confessam ter medo de serem<br />

atropelados. Ingrid relata que preferem<br />

caminhar no lado de fluxo inverso<br />

das bicicletas, “pois assim<br />

podemos enxergar os ciclistas que<br />

estão vindo”.■


Pág. 6 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

E a saúde, tudo bem?<br />

Refluxo Gástrico<br />

24 milhões de pessoas estão queimando sem saber.<br />

Mais de 20% dos brasileiros, cerca<br />

de 24 milhões de pessoas sofrem<br />

com refluxo gastroesofágico e muitos<br />

não sabem identificar.<br />

Refluxo gastroesofágico, é o retorno<br />

do conteúdo do estômago para<br />

o esôfago.<br />

Quando o músculo que fecha o<br />

estômago, impedindo que o ácido<br />

saia do seu interior, deixa de funcionar<br />

de forma adequada, esse líquido<br />

sobe em direção à boca. Nosso<br />

estômago produz cerca de três litros<br />

de suco gástrico por dia.<br />

Esse suco contém água, enzimas<br />

(tais como o pepsinogênio<br />

que, em contato com o ácido clorídrico,<br />

é ativado como pepsina e tripsina),<br />

sais inorgânicos, ácido clorídrico<br />

e uma quantidade mínima de<br />

ácido láctico.<br />

A sua função é atuar sobre o<br />

quimo, proporcionando a digestão<br />

dos alimentos, principalmente das<br />

proteínas. Tudo isso fica no estômago<br />

numa boa e não nos causa<br />

problemas porque ele tem um revestimento<br />

que o protege contra os<br />

efeitos de seus próprios ácidos,<br />

mas o esôfago não possui essas características<br />

e aí, quando esse ácido<br />

sobe provoca a sensação desconfortável<br />

de queimação, chamada<br />

azia.<br />

Se a pessoa estiver deitada ou<br />

for obesa, a força da gravidade e a<br />

pressão da gordura sobre o estômago<br />

e facilita o refluxo gastroesofágico,<br />

piorando a situação. Os sintomas<br />

mais clássicos do problema<br />

são a azia e a queimação, mas há alguns<br />

outros que poucos relacionam<br />

ao desconforto.<br />

A sensação de bola na garganta,<br />

por exemplo, é um sinal da doença.<br />

A dificuldade de engolir, já que<br />

o esôfago parece que fica mais apertado,<br />

é outro. O problema é que o refluxo<br />

causa mais que estes incômodos.<br />

Sem cuidado adequado, as paredes<br />

do esôfago podem ficar tão<br />

agredidas que o tecido é substituído<br />

por outro, o que aumenta as<br />

chances de câncer. Essa mutação<br />

do tecido esofágico chama-se esôfago<br />

de Barret.<br />

Alguns sintomas que podem<br />

ajudar a identificar o problema são:<br />

dor no peito, tosse, náuseas, apneia<br />

(a pessoa para de respirar durante o<br />

sono), dificuldade para engolir,<br />

mau hálito, problemas nos dentes<br />

(o ácido destrói a camada de esmalte<br />

dos dentes), aftas na boca, retração<br />

da gengiva, azia, rouquidão<br />

e pigarro.<br />

Alguns fatores são considerados<br />

de risco, pois aumentam as<br />

chances de uma pessoa ter refluxo:<br />

obesidade, hérnia de hiato, em que<br />

parte do estômago se move acima<br />

do diafragma, tabagismo, ressecamento<br />

bucal, asma, diabetes e esclerodermia.<br />

A alimentação também<br />

está diretamente relacionada à<br />

ocorrência da doença.<br />

Chocolate, pimenta, frituras,<br />

café e bebidas alcóolicas estão entre<br />

os itens que, se consumidos em<br />

excesso, podem contribuir para o<br />

refluxo. Para que o problema não<br />

evolua para um câncer, é preciso<br />

identificar a doença o mais cedo<br />

possível.<br />

Se você tiver alguns destes sintomas,<br />

procure um médico Gastroenterologista<br />

o mais rápido possível.<br />

Ele vai fazer o diagnóstico e te<br />

indicar um tratamento correto.<br />

Enquanto isso você pode ter alguns<br />

cuidados: não se deitar imediatamente<br />

após comer, por exemplo,<br />

ajuda a evitar que o ácido do estômago<br />

retorne pelo esôfago.<br />

O ideal é esperar ao menos duas<br />

horas para dormir. Para outras<br />

pessoas, pode ser necessário elevar<br />

a cabeceira da cama, para que o esôfago<br />

fique mais alto do que o estômago.■<br />

Faça sua pergunta pelo<br />

Whatsapp: (44)-99849-4239<br />

portaldosmedicos.blogspot.com.br<br />

(Por Edmundo Pacheco)<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Lençóis através<br />

da janela...<br />

(Por Nilson Pereira - GRAAL)<br />

Toda pessoa tem no coração: o<br />

Amor de Deus, a Sabedoria de Deus<br />

e o Poder de Deus. Essa informação<br />

básica o Mestre repetia para<br />

o discípulo no início de todas as aulas.<br />

Então, dava mais um exercício<br />

para o desenvolvimento da consciência.<br />

E enfatizava: o ensinamento<br />

é: olhe para dentro de você.<br />

Aprenda a olhar/observar fora e<br />

olhar dentro. Os dois mundos: o externo<br />

e o interno. Sempre assim...<br />

Com muita paciência e esperança.<br />

Certo dia, durante o café, o discípulo,<br />

treinado a observar, reparou<br />

através da janela uma vizinha<br />

pendurando seus lençóis em um varal.<br />

Ele, então, falou para o Mestre:<br />

– Nossa, que lençóis sujos a vizinha<br />

está pendurando no varal! É<br />

bem provável que ela está necessitando<br />

de um sabão novo. Caso eu tivesse<br />

intimidade, iria perguntar se<br />

ela quer que eu a ensine a lavar as<br />

roupas ?<br />

O mestre, em silêncio, observou<br />

calado. Não disse nada.<br />

Dias depois, outra vez, durante<br />

o café da manhã, a vizinha pendurava<br />

os lençóis no varal. O discípulo<br />

comenta com o mestre novamente:<br />

– A nossa vizinha continua pendurando<br />

os lençóis sujos! Caso eu<br />

tivesse intimidade, bem que iria<br />

perguntar se ela quer que eu a ensine<br />

a lavar as roupas!<br />

Era uma coisa recorrente. A cada<br />

dois, três, cinco dias, o aluno estudioso<br />

repetia seu discurso, sua observação,<br />

enquanto a vizinha pendurava<br />

suas roupas no varal.<br />

Passou um mês. O discípulo ficou<br />

surpreso ao ver os lençóis brancos,<br />

tão brancos, sendo estendidos.<br />

Cheio de convicção, empolgado,<br />

falou ao mestre:<br />

– Olha lá, veja! Ela agora<br />

aprendeu a lavar as roupas! Será<br />

que outra vizinha a ensinou? Deulhe<br />

algumas dicas...Porque, não<br />

fui eu quem a ensinei.<br />

O mestre respondeu:<br />

– Não. É que hoje eu levantei<br />

mais cedo e lavei os vidros da nossa<br />

janela!<br />

Assim é...<br />

Quando observamos o mundo<br />

através das armadilhas do ego / personalidade,<br />

temos a visão da ilusão,<br />

dos limites e da negatividade.<br />

Com a consciência desperta,<br />

olhando para dentro de nós mesmos,<br />

aprendendo e nos corrigindo,<br />

o Mestre Interior nos ajudará a ver<br />

o caminho, a verdade, aquilo que é<br />

real. O mestre nos ensina a ver a vida<br />

com mais clareza, com discernimento<br />

e justiça. E a ter vida... Vida<br />

em abundância!■<br />

Ensinamentos da<br />

Grande Fraternidade Branca<br />

Contato: (44) 3028-6139


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 7<br />

Horta Comunitária<br />

do Jardim Tóquio<br />

Ao todo são 29 hortas comunitárias na cidade de Maringá.<br />

(Por Ligiane Ciola)<br />

As 250 toneladas de alimentos<br />

orgânicos que as 29 hortas comunitárias<br />

produzem por ano ajudam<br />

no orçamento de mais de 700<br />

famílias maringaenses.<br />

O alimento produzido pelas<br />

pessoas beneficiadas pelo projeto<br />

é livre de agrotóxicos e em alguns<br />

casos são vendidos a preços inferiores<br />

aos vendidos no mercado.<br />

Cada família tem direito a dois canteiros<br />

na horta. A prefeitura dá o<br />

adubo, as mudas, e o cidadão só paga<br />

uma taxa de 20 reais por mês.<br />

Zilda Barbosa de Souza, secretária e tesoureira da horta do Jardim Tóquio<br />

Zilda Barbosa de Souza, 54<br />

anos, é secretária e tesoureira da<br />

horta do Jardim Tóquio. Zilda conta<br />

com orgulho que foi uma das<br />

primeiras pessoas a serem sorteadas<br />

na ocasião da inauguração da<br />

horta em agosto de 2015 e que “de<br />

lá para cá viu a horta crescer e viu<br />

também muita gente desistir do trabalho<br />

que é diário e pesado, eu porém<br />

quando chego aqui não tenho<br />

nem vontade de ir embora”.<br />

A horta do Jardim Tóquio possui<br />

atualmente mais de 80 canteiros<br />

que são cultivados por 38 famílias.<br />

Existe também uma área reservada<br />

ao cultivo de plantas medicinais.<br />

Para fazer parte do projeto das<br />

hortas comunitárias os moradores<br />

devem colocar seus nomes em uma<br />

lista de espera e torcer para que alguém<br />

desista de seus canteiros.■<br />

Informações sobre as hortas:<br />

Prefeitura de Maringá<br />

(44) 3261-5575 / (44) 3261-5555<br />

Josep - O espanhol<br />

do “pé vermelho”<br />

O comerciante aposentado de nacionalidade<br />

espanhola, Josep Rossel<br />

Figueras, se apaixonou pela terra vermelha<br />

de Maringá e hoje toma conta<br />

de dois canteiros na Horta do Jardim<br />

Tóquio. Josep tem uma produção muito<br />

boa e vende o excedente de seu<br />

consumo para os restaurantes e lanchonetes<br />

da zona norte. O espanhol<br />

conta que no início enfrentou a desconfiança<br />

dos comerciantes, mas que<br />

hoje possui uma boa carteira de clientes<br />

que continua a expandir-se. Mas<br />

como ele chegou até aqui?<br />

“Eu morava em Tàrrega, província<br />

de Lérida, na comunidade autônoma<br />

da Catalunha e lá trabalhei em<br />

uma cooperativa agropecuária e também<br />

fui dono de uma petiscaria. Em<br />

2013 percebi que a crise econômica estava<br />

ficando cada vez mais violenta e<br />

assim decidi colocar minha atividade<br />

comercial à venda, mas acabei perdendo<br />

muito daquilo que investi”.<br />

Desanimado com a situação financeira<br />

do velho continente e desejoso<br />

de uma vida mais tranquila, Josep<br />

resolveu seguir seu coração, deixou<br />

o emprego e os laços afetivos para<br />

embarcar em uma aventura no Brasil.<br />

A tentativa de associar-se com um<br />

brasileiro em um restaurante não deu<br />

muito certo e Josep acabou perdendo<br />

quase todo o dinheiro que havia. “Quase<br />

desisti do Brasil”.<br />

Foi o encontro com Geralda Lima<br />

Candido, guia turístico e cultivadora<br />

profissional de orquídeas que o<br />

endereçou ao encontro da terra vermelha.<br />

O casal dedica muitas horas<br />

diárias no cultivo dos canteiros. Em<br />

apenas dois canteiros eles produzem<br />

Cebolinha, salsinha, rabanete, Manjericão,<br />

Alface, couve, beterraba, pimenta,<br />

rúcula, chicória, almeirão e<br />

até mesmo Catalonia, hortaliça de origem<br />

oriental de gosto amargo, muito<br />

semelhante ao Almeirão. Na prática<br />

diz Josep, “essa planta fortalece ossos<br />

e dentes e ainda é boa para o sangue<br />

e para o sistema nervoso pois tem<br />

muito cálcio e ferro.”<br />

Josep Rossel Figueras, que toma conta de dois canteiros na Horta do Jardim Tóquio<br />

“Eu gosto da natureza, precisava fazer atividades físicas e também precisava<br />

de um trabalho que me ajudasse a melhorar nossa renda familiar, e foi através<br />

de uma assistente social que fiquei sabendo da possibilidade de inscrever-me na<br />

lista de espera. Tive sorte e não precisei esperar muito tempo, logo uma pessoa<br />

perdeu o interesse pelos canteiros e a direção da horta me chamou para começar<br />

esse trabalho que já dura quase dois anos.”<br />

“O trabalho é pesado, eu venho todos os dias de manhã para irrigar os canteiros<br />

e na parte da tarde para carpir, limpar, adubar, plantar e irrigar novamente,<br />

porque em Maringá faz muito calor. É um trabalho contínuo e diário e de fato<br />

muita pessoas querem possuir um canteiro, mas quando conseguem ficam aqui<br />

dois, três meses e depois acabam desistindo. Mas meu trabalho não para por aí,<br />

tenho que colher, lavar, embalar e entregar os pedidos. O ganho é pequeno mas a<br />

satisfação é grande, gosto de ver a vida nascendo da terra que aqui é muito generosa.<br />

Nessa horta somos uma família e todos me tratam muito bem, nunca fui discriminado<br />

pelo fato de ser estrangeiro.”■


Pág. 8 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

Segregação e Crescimento Urbano<br />

Maringá discute sobre esses assuntos.<br />

(Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues - Professora da UEM e Coord. do Observatório das Metrópoles-Maringá)<br />

O núcleo Observatório das Metrópoles<br />

da UEM/Maringá realizou<br />

nos dias 26, 28 e 29 de novembro,<br />

o V Seminário sobre Segregação<br />

e Crescimento Urbano na Região<br />

Metropolitana. A programação<br />

incluiu apresentação de pesquisas<br />

realizadas por estudantes de<br />

graduação e pós-graduação da<br />

UEM.<br />

A primeira mesa redonda tratou<br />

de responder para quem é o planejamento<br />

urbano, por meio dos seguintes<br />

projetos urbanos: Novo<br />

Centro de Maringá; Parque do Japão;<br />

Parque Industrial 3: e Contorno<br />

Sul Metropolitano.<br />

As outras mesas redondas fizeram<br />

o contraponto entre a cidade<br />

do planejamento e a cidade real e<br />

contaram com a presença das secretarias<br />

municipais de desenvolvimento<br />

econômico e de planejamento<br />

para discutir o projeto econômico<br />

e o projeto urbano para Maringá.<br />

Lançamento do Fórum Metropolitano pelo Direito à Cidade<br />

Foram apresentados dados e informações<br />

sobre o Masterplan, o<br />

IPTU progressivo no tempo, o<br />

transporte coletivo e sobre a população<br />

em situação de rua. Além da<br />

apresentação das pesquisas, aconteceram<br />

também duas importantes<br />

atividades durante o evento.<br />

A primeira foi a presença do coordenador<br />

nacional do Observatório<br />

das Metrópoles, Dr. Luiz Cesar<br />

de Queiroz Ribeiro que<br />

proferiu uma conferência<br />

com o tema “Como se governará<br />

as cidades na inflexão<br />

ultraliberal da ordem<br />

urbana brasileira?”.<br />

Outra significativa ação<br />

para nossa região foi o lançamento<br />

do Fórum Metropolitano<br />

pelo Direito à Cidade,<br />

que surge a partir da<br />

experiência do Fórum Maringaense<br />

pelo Direito à Cidade (existente<br />

desde 2010), com o objetivo<br />

de articular o debate sobre a governabilidade<br />

metropolitana.<br />

Os assuntos tratados são relevantes<br />

para subsidiar a formulação<br />

de projetos regionais que diminuam<br />

as desigualdades entre Maringá<br />

e as cidades vizinhas. Afinal, não é<br />

justo que Maringá concentre todas<br />

as vantagens do desenvolvimento<br />

regional; que tome decisões que<br />

irão afetar as cidades vizinhas sem<br />

consultá-las; que não contribua para<br />

o fomento de ações e projetos regionais<br />

que visem melhorar a vida<br />

da população de toda a região, principalmente<br />

das 70 mil pessoas que<br />

vêm todos os dias a Maringá para<br />

trabalhar.■<br />

Na foto à esquerda Dr. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 9<br />

A UEM debate Políticas<br />

Públicas para os Imigrantes<br />

Eles estão aí, e querem ser ouvidos.<br />

(Por Fernanda Casal)<br />

Na sexta-feira, 17 de novembro<br />

de 2017, a UEM abriu a discussão<br />

sobre políticas públicas e imigração.<br />

O evento, que foi durante o dia<br />

todo no auditório do Bloco 33, propôs<br />

o tema para debater a respeito<br />

das políticas de inclusão dos imigrantes<br />

dentro da universidade.<br />

A presença de imigrantes na região<br />

de Maringá e dentro da universidade<br />

alertou os professores da<br />

instituição a trazer o tema para discutir<br />

dentro da academia. Às 9h00<br />

da manhã começou a programação<br />

com a mesa redonda. Os participantes,<br />

o Professor Norai Romeu<br />

Rocco (MEC), a Professora Dra.<br />

Thais Palomino (UFSCAR), o Professor<br />

Dr. Ricardo Gardiollo<br />

(UEM) e a Professora Dra. Sueli de<br />

Castro Gomes (UEM) expuseram<br />

sobre a necessidade de uma política,<br />

específica para imigrantes, dentro<br />

da universidade.<br />

Os palestrantes deram a conhecer<br />

as políticas públicas que existem<br />

a nível nacional e estadual para<br />

dar início o processo de validação<br />

de diplomas. Aliás, explicaram sobre<br />

outros programas de apoio aos<br />

estudantes, como o caso de idiomas<br />

sem fronteiras. Também se<br />

apresentou a experiência de trabalho<br />

com políticas afirmativas para<br />

indígenas e imigrantes da Universidade<br />

de San Carlos. No final das<br />

exposições, a mediadora da discussão<br />

e professora Sueli Gomes, fechou<br />

a mesa convidando os participantes<br />

para as equipes de trabalho<br />

da tarde.<br />

A partir das 14h as turmas se dividiram<br />

por temas de interesse e<br />

após o debate os grupos apresentaram<br />

as propostas. Entre elas se destacam:<br />

a construção de uma casa de<br />

acolhimento para os estudantes imigrantes,<br />

o estabelecimento de um<br />

serviço de acolhida por parte de professores<br />

e veteranos imigrantes, a<br />

permanência de bolsas com duração<br />

de 12 meses, o mapeamento de<br />

ONG que oferecem apoio a imigrantes<br />

e o estabelecimento de parcerias<br />

e trabalho em redes com a<br />

universidade.■<br />

Entrevista com Érick Pérez Ortuño<br />

Presidente da Associação dos Estrangeiros da Região Metropolitana de Maringá<br />

(Por Ligiane Ciola)<br />

Imigrantes<br />

A associação dos estrangeiros da<br />

região metropolitana de Maringá nasceu<br />

da necessidade que migrantes das<br />

várias nacionalidades presentes no território<br />

tem, e que na maioria dos casos<br />

não encontram respostas nos entes públicos<br />

visivelmente despreparados para<br />

oferecer respostas à altura do recente<br />

e crescente processo de migração.<br />

Érick Pérez Ortuño é um Engenheiro<br />

venezuelano, 33 anos, há quase 3<br />

anos no Brasil, é o atual presidente da<br />

associação; enfatiza que os imigrantes<br />

não estão atrás de caridade e podem inclusive<br />

aportar muitos benefícios à comunidade<br />

que os acolhe. “Nossa maior<br />

dificuldade é a saudade de casa só<br />

Érick Pérez Ortuño<br />

depois vem à língua, e sabemos que o<br />

conhecimento dela abre o mercado de<br />

trabalho, para fazer amizades, para<br />

estudar, para nos inserir como novos<br />

cidadãos deste país”.<br />

Mas as dificuldades dos novos cidadãos<br />

não param por aí, para eles tudo é<br />

mais difícil. Alugar uma casa é enfrentar<br />

a desconfiança de quem teme o desconhecido,<br />

e quando a casa em questão<br />

está em mãos de imobiliárias, os obstáculos<br />

burocráticos e a necessidade de fiador<br />

anulam quase que totalmente as<br />

chances de conseguir uma moradia.<br />

Imigrantes e refugiados<br />

duas realidades diferentes<br />

Érick explica que hoje existem duas<br />

realidades sociais diferentes entre<br />

os estrangeiros e que isso não está necessariamente<br />

ligado à proveniência<br />

da pessoa. O primeiro grupo é formado<br />

por imigrantes e o segundo por refugiados.<br />

Os imigrantes procuram munir-se<br />

de toda a documentação possível<br />

para poderem ter acesso aos serviços<br />

públicos e ingressar em escolas, faculdades<br />

e no mercado de trabalho, já<br />

os refugiados são pessoas com necessidades<br />

especiais, gente que está fugindo<br />

de guerras, catástrofes naturais<br />

e até de perseguição política e étnica.<br />

Quem entra no Brasil e se declara refugiado<br />

é aceito em um primeiro momento,<br />

mas para obter todos os benefícios<br />

de um visto de permanência como<br />

o de um imigrante, eles precisam<br />

enfrentar um longo protocolo que investiga<br />

se sua condição está dentro<br />

dos parâmetros e exigências para terem<br />

o status de refugiado reconhecido<br />

definitivamente. O processo pode durar<br />

até 6 anos, “até lá a pessoa está perdida”<br />

explica Érick, “é um viver na incerteza,<br />

é não sabe se será aceito ou<br />

expulso”. Pessoas nessa condição até<br />

conseguem trabalhar, mas com muitas<br />

limitações; muitos deles poderiam colocar-se<br />

no mercado em empregos mais<br />

qualificados ou dar início a uma atividade<br />

produtiva, mas não possuindo<br />

documentos terminam renegados a subempregos<br />

e ficam sujeitos e exploração<br />

de aproveitadores.<br />

Casa de Acolhimento<br />

A associação dos estrangeiros da região<br />

metropolitana apresentou aos representantes<br />

do CERMA - Conselho<br />

Estadual dos Direitos dos Refugiados,<br />

migrantes e apátridas do Paraná, órgão<br />

vinculado à Secretaria de Estado da Justiça,<br />

um projeto de construção de uma casa<br />

de acolhida para os recém-chegados a região<br />

de Maringá. A casa eliminaria situações<br />

de risco que hoje fazem parte da realidade<br />

de vários estrangeiros; há casos de<br />

pessoas que dormem nas ruas quando<br />

não encontram vagas nos albergues.<br />

Érick ressalta que a casa servirá somente<br />

para ajudar o estrangeiro a superar a fase<br />

de transição que inicia no momento da<br />

chegada a cidade e termina quando ele está<br />

apto para finalmente reger a sua própria<br />

vida e de seus familiares. Tempo que<br />

pode variar de um mês para um simples<br />

migrante, até anos para aqueles que<br />

aguardam o reconhecimento do status de<br />

refugiado.<br />

Érick observa que a associação<br />

dos estrangeiros está pronta para encabeçar<br />

ações que possam contribuir<br />

com o governo do Estado. “Já temos o<br />

projeto e podemos arrecadar dinheiro<br />

para construir a casa, afinal estamos<br />

aqui para aportar benefícios à sociedade<br />

e queremos tirar esse preconceito<br />

que estamos aqui só para pedir, nós estamos<br />

aqui para derrubar muros e construir<br />

pontes entre brasileiros e cidadãos<br />

estrangeiros”.■


Pág. 10 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

O posto de saúde do Mandacaru<br />

mantém um grupo de mulheres<br />

que realiza trabalhos artesanais para<br />

doar ao HU de Maringá.<br />

Foi assim que nasceu o projeto<br />

“Pontinho de Amor”, coordenado<br />

pela agente comunitária de saúde<br />

Sirlei Reis Ferreira. “Esse projeto<br />

nasce de meu coração, de um sonho<br />

que eu sempre tive, queria ter<br />

um espaço na unidade que servisse<br />

a terapias, conversações e ações<br />

Pontinho de Amor e<br />

Abraço Quentinho<br />

Fazem doações para unidade pediátrica do HU.<br />

de solidariedade. A ideia começou<br />

a deixar o papel durante a visita<br />

que fiz a uma moradora do Mandacaru<br />

que eu atendia há anos.<br />

A mulher me pediu se por um<br />

acaso eu não conseguiria arrumar<br />

para ela, restos de novelos de lã;<br />

perguntei por quê? Ela me respondeu<br />

que queria fazer toucas para<br />

doar os recém-nascidos no HU.”<br />

Para montar o projeto, Sirlei pediu<br />

ajuda a Cacilda Gasparini, Presidente<br />

de outro grupo, o “Abraço<br />

Quentinho” sediado no Núcleo Social<br />

Papa João XXIII. As atividades<br />

começaram em fevereiro de<br />

2016 com apenas duas pessoas e hoje<br />

somos um grande grupo, mas<br />

tem sempre vaga para quem quiser<br />

nos ajudar.<br />

Esse ano o “Pontinho de<br />

Amor” doou ao HU, 70 polvinhos,<br />

32 sapatinhos, 36 toucas e 16 cachecóis.<br />

Entre as doações o destaque<br />

vai para os polvinhos de crochê,<br />

usados na UTI neonatal e que<br />

ajuda a recuperação dos bebês nascidos<br />

prematuramente.<br />

(Por Fernanda Casal)<br />

Os bebês abraçam instintivamente<br />

o polvinho de crochê, pois<br />

para eles representa as paredes do<br />

útero, já o tentáculo é como se fosse<br />

o cordão umbilical. Essas condições<br />

ajudam a dar segurança ao prematuro<br />

que se senti tranquilo, e se<br />

desenvolve mais rapidamente. A teoria<br />

que parece fantasia, mas é comprovada<br />

através da monitoração<br />

dos sinais vitais dos bebês.■<br />

Telefone para doações:<br />

(44) 3223-3923<br />

Abraço Quentinho<br />

O grupo Abraço Quentinho,<br />

precursor do Pontinho de Amor é<br />

coordenado por Cacilda Gasparini<br />

e tem uma história semelhante:<br />

“No início foi muito difícil por éramos<br />

em poucas voluntárias, hoje,<br />

somos 20 mulheres unidas por uma<br />

causa comum de solidariedade”.<br />

Até julho de 2017, os dois grupos<br />

entregaram 850 peças para bebês<br />

e crianças no HU de Maringá.<br />

“Nosso trabalho é totalmente voluntário,<br />

nos dedicamos muito para<br />

no futuro podermos estender<br />

nosso projeto não só as crianças,<br />

mas as mães também. Eu acredito<br />

que até o fim deste ano vamos entregar<br />

mais de 1.100 peças”.■


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 11<br />

Para produzir o Monitoramento<br />

da Propriedade da Mídia (Media<br />

Ownership Monitor, ou MOM, na<br />

sigla em inglês), estudo da organização<br />

internacional Repórteres<br />

sem Fronteiras (RSF), o pesquisador<br />

André Pasti explica que era necessário<br />

enviar uma solicitação de<br />

informações sobre os proprietários,<br />

faturamento, lucro, entre outras<br />

questões formais, às empresas avaliadas.<br />

“Foi então que o presidente<br />

de um dos grupos econômicos nos<br />

questionou: 'os outros já responderam?”.<br />

A questão é emblemática quanto<br />

às conclusões da pesquisa, realizada<br />

pela primeira vez em solo brasileiro<br />

pela RSF, em parceria com o<br />

coletivo Intervozes, do qual Pasti é<br />

integrante.<br />

O Brasil foi o primeiro país onde<br />

nenhuma empresa respondeu<br />

aos pedidos de informações - Colômbia,<br />

Peru, Cambodja, Turquia,<br />

Filipinas, Gana, Ucrânia, Sérvia,<br />

Tunísia e Mongólia foram outras<br />

nações alvo da pesquisa.<br />

O cenário motivou uma análise<br />

irônica de Olaf Steenfadt, diretor<br />

global do estudo e integrante da<br />

RSF Alemanha: “O Brasil é o lugar<br />

onde a concentração de mídia<br />

foi inventada”, disse.<br />

A investigação, realizada pela<br />

equipe do Intervozes sob a coordenação<br />

de Pasti, catalogou dados<br />

por conta própria sobre os 50 veículos<br />

de comunicação com maior<br />

audiência no Brasil - divididos entre<br />

mídia impressa, digital, rádio e<br />

TV - e os 26 grupos econômicos<br />

que os controlam.<br />

A pesquisa expõe o nível de<br />

concentração da propriedade dos<br />

meios pelo alcance: no segmento<br />

de televisão, mais de 70% da audiência<br />

nacional é concentrada em<br />

quatros redes. “Nem a tecnologia<br />

“Concentração da mídia<br />

no Brasil foi naturalizada”<br />

Diz pesquisador.<br />

Imagem Ilustrativa<br />

(Por Allan Oliveira - do site: www.oquebracabeca.com.br)<br />

digital nem o crescimento da internet<br />

ou esforços regulatórios ocasionais<br />

limitaram a formação desses<br />

oligopólios”, ressaltam os autores<br />

do levantamento.<br />

A pesquisa aponta ainda a concentração<br />

de meios controlados<br />

por igrejas: segundo o estudo, dos<br />

50 veículos pesquisados, 9 são de<br />

propriedade de lideranças religiosas<br />

- todas cristãs.<br />

Além disso, o MOM Brasil denuncia<br />

a titularidade de veículos de<br />

comunicação por parte de políticos<br />

em exercício do cargo, situação proibida<br />

pela Constituição Federal de<br />

1988 em seu artigo 54. “32 deputados<br />

federais e oito senadores controlam<br />

meios de comunicação, ainda<br />

que não sejam seus proprietários<br />

formais”, contabiliza o levantamento.<br />

Para entender melhor o que<br />

esses números representam<br />

para a sociedade brasileira,<br />

OQUEBRACABEÇA conversou<br />

com o coordenador técnico<br />

da pesquisa André Pasti.<br />

Ele estuda o tema no Brasil desde<br />

que se formou em Geografia pela<br />

Universidade Estadual de Campinas<br />

com monografia sobre o circuito<br />

da informação financeira e hoje<br />

é doutorando em Geografia Humana<br />

pela Universidade de São Paulo.<br />

Quais são os riscos para a sociedade<br />

brasileira com a concentração<br />

de mídia apontada pelo MOM<br />

Brasil? André Pasti: Os riscos são<br />

enormes porque a concentração de<br />

mídia se associa a uma centralização<br />

dos discursos.<br />

Nós acreditamos que não há democracia<br />

possível se não existir a<br />

representação da pluralidade das visões<br />

existentes na sociedade. Para<br />

dar um exemplo: a mesma linha editorial<br />

está presente em todos os<br />

grandes meios de comunicação sobre<br />

as reformas trabalhista e previdenciária.<br />

Todos os grandes veículos são<br />

favoráveis. Então essa concentração<br />

vai se refletir em assuntos muitos<br />

próximos do nosso cotidiano:<br />

que tipo de política vai ser defendida,<br />

quais ideias entrarão ou não em<br />

circulação.<br />

Nós naturalizamos isso. Naturalizamos?<br />

André Pasti: Com certeza.<br />

Porque não conhecemos outro<br />

cenário. Nós crescemos vendo<br />

o mesmo sistema de mídia funcionando.<br />

Essa concentração foi naturalizada.<br />

São grupos familiares que<br />

se apropriaram da proximidade a regimes<br />

ditatoriais para fortalecer os<br />

seus sistemas midiáticos.<br />

Os meios de comunicação brasileiros<br />

de hoje têm uma herança<br />

muito forte do momento da ditadura<br />

civil-militar, quando esses grupos<br />

se fortaleceram, e depois no<br />

momento da redemocratização, em<br />

que as concessões públicas de radiodifusão<br />

foram negociadas em troca<br />

de votos no Congresso Nacional.<br />

O estudo ressalta os números<br />

sobre a questão do controle político<br />

na mídia brasileira. Como isso<br />

ocorre? AP: O controle político sobre<br />

a mídia no Brasil é realizado de<br />

forma direta e indireta. Os 32 deputados<br />

federais e 8 senadores que<br />

nós citamos no estudo são apenas<br />

os proprietários diretos, que agora<br />

têm transferido as titularidades dos<br />

meios para esposas e herdeiros na<br />

tentativa de mascarar essa situação.<br />

Os mesmos políticos proprietários<br />

de veículos de comunicação<br />

mantêm um controle do Congresso<br />

para garantir a continuidade da<br />

aprovação das concessões e também<br />

para garantir que nenhuma lei<br />

no sentido de reverter essa situação<br />

seja aprovada. Por isso que não temos<br />

lei, não é só porque faltou vontade<br />

executiva.<br />

O estudo afirma que a situação<br />

da concentração de mídia no Brasil<br />

não se alterou mesmo com o surgimento<br />

das ferramentas digitais. A<br />

internet se tornou uma utopia? AP:<br />

A internet surgiu como um potencial<br />

de ser uma ferramenta democratizante,<br />

mas hoje, como tudo, a<br />

tecnologia está em disputa na sociedade.<br />

E o nosso projeto de sociedade<br />

atual não é democrático. Ainda podemos<br />

garantir à internet um espaço<br />

de pluralidade, mas o cenário hoje<br />

é um pouco distópico.■<br />

Para sugestões de pautas (matéria de jornal) ou anunciar, entre em contato:<br />

• Telefone: 44 3246-1769<br />

• WhatsApp: 44 99713-0030<br />

• E-mail: ofato_mandacaru@libero.it<br />

• facebook.com/ofatomandacaru<br />

• ofatomandacaru.blogspot.com.br<br />

• YouTube: o fato mandacaru


Pág. 12 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

Dr. Carlos Braga explica a Unidade Básica de Saúde<br />

Dr. Carlos Braga<br />

Fui honrado com o convite para<br />

escrever algumas palavras sobre<br />

a Unidade Básica de Saúde do<br />

Mandacaru.<br />

Enquanto Unidade básica de<br />

saúde está apta a realizar atendimentos<br />

em várias áreas, não sendo,<br />

no entanto o local adequado para<br />

as emergências.<br />

Podemos usufruir de atenção<br />

básica a saúde nas áreas de medicina,<br />

odontologia, psicologia, assistência<br />

social, equipes de saúde<br />

da família e tem também o NAS.<br />

O NAS é um órgão ligado à atividade<br />

social, nutrição e educação<br />

física. A função primordial da Unidade<br />

básica de Saúde é desenvolver<br />

ações de prevenção, tratamento<br />

e acompanhamentos de doenças<br />

comunitárias, aquelas que são<br />

mais comuns na comunidade.<br />

A importância da assistência<br />

global a saúde implica em conhecimento<br />

e utilização adequada dos<br />

recursos disponíveis. “De nada<br />

adianta a gente ter vários recursos<br />

aqui e ninguém procurar”,<br />

portanto, não deixe de realizar visitas<br />

médico-odontológicas regulares,<br />

e utilizar todos os recursos<br />

oferecidos pela Unidade.<br />

Através do UBS você pode ter<br />

acesso a exames laboratoriais, exames<br />

de imagem, fisioterapia e encaminhamento<br />

para serviços especializados.<br />

A interação comunidade<br />

- Unidade Básica de Saúde é ingrediente<br />

indispensável para a<br />

melhora da qualidade dos serviços<br />

prestados.■<br />

Saúde - Secretaria desenvolve sistema online de marcação de consultas<br />

A Secretaria de Saúde de Maringá<br />

vai agilizar o agendamento<br />

de consultas, exames, cirurgias e<br />

procedimentos especializados, por<br />

meio da Central Única de Regularização.<br />

O sistema, já existente, foi modificado<br />

e alterado para melhorar o<br />

modelo de agendamento de consultas<br />

e procedimentos médicos no<br />

Sistema Único de Saúde (SUS). A<br />

novidade está em fase de testes e deve<br />

ser lançada nos próximos dias.<br />

Atualmente, o processo é manual,<br />

o paciente recebe um papel de<br />

encaminhamento, apresenta na recepção<br />

do posto de saúde e dias depois<br />

outro profissional entra em<br />

contato para avisar sobre a consulta.<br />

“O objetivo é garantir agilidade<br />

em todos os procedimentos médicos<br />

e facilitar o controle de dados<br />

das consultas”, disse o secretário<br />

da Saúde, Jair Biatto.<br />

Todo encaminhamento da especialidade<br />

deve ir para a Central Única<br />

de Regularização, localizada na<br />

Secretaria de Saúde, que encaminhara<br />

um SMS informando o local,<br />

data e horário do procedimento ao<br />

paciente.<br />

Outra ideia será colocar painel<br />

de gerenciamento com atualização<br />

a cada 15 minutos. Tudo para conter<br />

informações importantes de controle<br />

como: solicitações de consultas,<br />

consultas encaminhadas, consultas<br />

atendidas, número de consultas<br />

realizadas e quantos pacientes<br />

não compareceram na data agendada.■<br />

Informações: Secretaria de Saúde (44) 3218-3194<br />

Fonte: Assessoria de Imprensa da Pref. de Maringá - PR<br />

Imagem Ilustrativa


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 13<br />

Foto-Notícia<br />

Posto de Saúde do Mandacaru<br />

Equipe divulga o Programa Saúde do Homem.<br />

Lições do cinema: “O espelho”<br />

(Por Paulo Campagnolo – Coordenador e Curador do Convite ao Cinema)<br />

Do social ao político, do drama<br />

íntimo ao drama coletivo, da ousadia<br />

da forma à intensidade do gênero,<br />

não há tema ou modus que não<br />

tenha sido tratado pelo cinema.<br />

Se ficarmos apenas com aqueles<br />

que conseguiram resultados<br />

consideráveis, já teríamos, pois,<br />

um grande “arsenal” para confrontar,<br />

entre a tela e o real, algumas<br />

das questões mais importantes<br />

que norteiam (ou ao menos deveriam)<br />

a nossa tão falível questão humana:<br />

ética, compromisso e responsabilidade.<br />

Assim como os demais suportes<br />

artísticos, o cinema, na juventude<br />

de seus 122 anos, já nos deu todos<br />

os avisos possíveis.<br />

Se, por motivos óbvios, não devemos<br />

lhe imputar uma função específica,<br />

no mínimo deveríamos<br />

olhar com mais cuidado, para além<br />

da superfície, neste chamado “como”<br />

o cinema tem sido um gigantesco<br />

espelho das nossas mazelas.<br />

Naturalmente, porque faz parte<br />

da natureza humana uma certa crescente<br />

imbecilidade (nestes nossos<br />

tempos de agora, pois que é nele<br />

que se “enquadra” a nossa existência),<br />

até mesmo os filmes imbecis<br />

tornaram-se espelhos. Um espelho<br />

onde muitos se reconhecem e<br />

aplaudem a sua própria ignorância.<br />

Os avisos, como eu disse acima,<br />

já foram dados. O cinema apenas<br />

pede que você olhe. Depois disso<br />

- porque isso não basta - você<br />

precisa enxergar.<br />

Neste grande e vasto mundo, a<br />

miopia parece ser uma constante.-<br />

Junte isso a uma anemia cerebral, e<br />

teremos então o galope alucinado do<br />

autoritarismo e da subserviência.<br />

Ator e diretor Orson Welles em<br />

cena do filme "Cidadão Kane" de 1941.<br />

Nenhum avanço se consegue<br />

com boas intenções. Avanços se<br />

medem pela ousadia e pelo confronto.<br />

E o cinema tem nos dado isso<br />

de forma categórica. Arrisquese.<br />

Confronte-se.■<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Joana Firmino da Costa<br />

Moradora da<br />

Vila Santa Isabel<br />

em Maringá - PR


Pág. 14 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017<br />

Amigos de fato!<br />

Priscila e Wilson - Kimi Restaurante<br />

Stefano e João - Imobiliária Remax<br />

Motta - Pet Shop Móvel<br />

Equipe da Criativa Modas<br />

Amarildo - Fotomania<br />

Cleber - Relojoaria Mandacaru<br />

Lenita e Weiner - Técnica<br />

Eneli, Igor, Sinei e Fábio - MS Microshop<br />

Dr. Carlos Braga<br />

(Unidade Básica<br />

de Saúde)<br />

Equipe do Laboratorio<br />

Santo Antonio -<br />

Boulevard Mandacaru<br />

Elizabeth -<br />

Gente Miuda<br />

Dra. Sandra Mara<br />

Chrusciak e<br />

Dra. Dayana Altoé<br />

Massar<br />

Fabricia e Alberto - Forros Maringá<br />

Gelson e Marcia - Belo Sono Colchões<br />

Jaqueline, Gisele, Katiléia e Josiane -<br />

Guardiãs Mirins<br />

Equipe da Casa di Nonna<br />

Edson - Carnes e Conveniência Vitória<br />

Equipe da Casa de Carnes Canadá<br />

Reginaldo, Eliane e Jeniffer -<br />

Mercearia JJ Dias<br />

Ariane e Sua Equipe - Padaria Ariane<br />

Paulino, Sandro e João - SDS Celulares<br />

Luzia - JL Tintas


Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />

Pág. 15<br />

“Onde está a atuação<br />

nossos políticos em<br />

dos<br />

relação ao HU?”<br />

(Por Ligiane Ciola)<br />

A pergunta é de Padre Israel Zago. Há 8 anos na Paróquia Santa Isabel de Portugal (Vila Santa Isabel). O encontro da<br />

redação de O <strong>FATO</strong> <strong>MANDACARU</strong> com Padre Israel acontece numa manhã de chuva fina e clima quente. Nos posicionamos<br />

sob a cobertura da entrada da Igreja, e antes de começarmos com as perguntas padre Israel nos faz observar o excesso de<br />

velocidade que muitos motoristas exercem na Rua Pioneiro Virgílio Acelino Cardoso, que passa em frente à igreja.<br />

Ligiane Ciola: Como resistir<br />

ao consumismo imposto com maior<br />

intensidade pelo capitalismo<br />

no final do ano? O que deveria<br />

significar para o homem está passagem<br />

de ciclo?<br />

Padre Zago: Infelizmente é a<br />

realidade que vivemos, não dá para<br />

fugir disso. O importante é que<br />

consigamos no meio disso tudo encontrarmos<br />

e darmos destaque ao<br />

aspecto espiritual; primeiramente<br />

voltar-se para si, olhar como foi o<br />

ano que está terminando, quais os<br />

propósitos que foram feitos do início<br />

do ano e como eles foram realizados<br />

durante o ano. A nossa vida<br />

é feita de propósitos, pergunte-se o<br />

que melhorou na sua vida. Outro<br />

aspecto é o voltar-se para o alto, é<br />

necessário entender que o ser humano<br />

é limitado e em tudo aquilo<br />

que ele faz, é necessário ter uma<br />

inspiração que vem do alto; para<br />

nós essa inspiração é a presença<br />

de Deus no nosso meio. Estamos<br />

nos aproximando do natal que para<br />

nós é uma festa que nos faz lembrar<br />

do amor de Deus por nós, ele<br />

que se fez carne e veio viver entre<br />

os humanos porque nós precisamos<br />

dele.<br />

Ligiane Ciola: A paróquia da<br />

Santa Isabel conseguiu realizar<br />

todos os propósitos em 2017?<br />

Padre Zago: Todos não, a gente<br />

sempre vive de utopias, por isso<br />

nem tudo conseguimos realizar como<br />

gostaríamos, mas conseguimos<br />

fazer um bom trabalho. Acolhemos<br />

pessoas que vieram até nós, tentamos,<br />

sobretudo, fazer um trabalho<br />

social voltado para os mais necessitados.<br />

Hoje por causa dessa realidade<br />

social que temos no Brasil,<br />

é necessário fazer isso, e nós temos<br />

muitas demandas de pessoas que<br />

precisam de coisas básicas e indispensáveis<br />

como alimentos, remédios,<br />

assistência e empregos. Além<br />

do material tem também o bom trabalho<br />

de evangelização seguindo a<br />

comunidade nas diversas faixas<br />

etárias das famílias que congregam<br />

nas várias igrejas da paróquia.<br />

Ligiane Ciola: Hoje há um<br />

novo desafio para a sociedade,<br />

acolher e inserir o estrangeiro, o<br />

que a igreja está a fazer?<br />

Padre Zago: Esta realidade migrante<br />

é um grande desafio que<br />

nós temos e há tempo estamos pensando<br />

nisso. A arquidiocese assumiu<br />

como projeto a Pastoral de Serviço<br />

ao migrante e cada paróquia<br />

se organizará a partir da própria<br />

realidade. Na nossa paróquia sabemos<br />

da presença expressiva de haitianos,<br />

mas não sabemos quantos<br />

são. Agora nós estamos organizando<br />

uma equipe para localizá-los e<br />

depois visitá-los e convidá-los a<br />

participar da nossa comunidade.<br />

Sabemos que eles vêm de uma realidade<br />

bastante sofrida e de uma<br />

cultura e costumes diferentes dos<br />

nossos. Queremos dizer a eles que<br />

estamos dispostos a ajudá-los e<br />

não apenas no aspecto religioso, isso<br />

vem depois, primeiro vem o aspecto<br />

humano, no servir ao próximo<br />

naquilo que ele necessita.<br />

Ligiane Ciola: Para <strong>2018</strong> a<br />

Paróquia Santa Isabel está criando<br />

o PASCOM, que é a Pastoral<br />

da Comunicação, nos fale deste<br />

projeto.<br />

Padre Zago: A finalidade da<br />

Pastoral da Comunicação é organizar<br />

através da capacitação de<br />

pessoas. Nós já temos instrumentos<br />

de comunicação, porém não temos<br />

ainda pessoas que possam nos<br />

ajudar a fazer esse trabalho de forma<br />

mais profissional. Nós já iniciamos<br />

a formação desse grupo.<br />

Ligiane Ciola: O Mandacaru<br />

é privilegiado por ter no seu território<br />

o HU, mas o senhor nos dizia<br />

dias atrás, que está preocupado<br />

com a situação difícil que o<br />

Hospital Universitário se encontra.<br />

Nos fale disso:<br />

Padre Zago: Eu penso que no<br />

HU temos que distinguir duas situações:<br />

Eu sempre vou lá para visitar,<br />

para celebrar a missa e digo<br />

que a primeira situação diz respeito<br />

ao pessoal; eu vejo assim uma<br />

dedicação muito grande das pessoas<br />

que ali estão trabalhando, desde<br />

serventes, enfermeiros, auxiliares,<br />

médicos, enfim todos. Vejo um<br />

profissionalismo exemplar de todos<br />

que trabalham em modo extremado<br />

para atender a população de<br />

Maringá e da região que vem ali, e<br />

que normalmente vem das camadas<br />

mais pobres da sociedade não<br />

só de Maringá, mas de toda a região.<br />

Outra coisa é a questão da estrutura<br />

que depende da política.<br />

Nós precisamos de mais atenção<br />

dos nossos políticos em relação ao<br />

HU, não se trata apenas de visitálo<br />

e nos dizer que as condições não<br />

estão boas, nós estamos cansados<br />

de ver políticos passarem por aqui<br />

e depois saírem dizendo que precisa<br />

melhorar, mas não melhora.<br />

Onde está a atuação dos nossos políticos<br />

em relação ao HU? Não se<br />

trata apenas de fazer uma pequena<br />

reforma e fazer uma grande propaganda,<br />

se trata de ver aquilo que realmente<br />

é necessário, de buscar<br />

verbas junto aos governos estadual<br />

e federal para que o HU possa<br />

ter uma estrutura decente para tratar<br />

as pessoas com dignidade. É<br />

uma questão humana acima de tudo.<br />

Ligiane Ciola: “Quando dou<br />

comida aos pobres me chamam<br />

de santo, quando pergunto por<br />

que os pobres tem fome me chamam<br />

de comunista”. Sobre a frase<br />

é de Dom Hélder Câmara queremos<br />

saber: Ainda hoje é assim?<br />

Padre Zago: É assim, Dom Hélder<br />

Câmara disse essa frase no contexto<br />

de regime militar, quando ele<br />

atendia os pobres no Rio de Janeiro<br />

e depois em Olinda e Recife. De<br />

fato é isso; quando a igreja denuncia<br />

muitas pessoas nos criticam,<br />

mas é papel da igreja, o evangelho<br />

nos pede isso, Jesus fez isso. Denunciar<br />

o que está errado e acolher<br />

aqueles que mais precisam. O<br />

Cristo disse: “Tive fome e me destes<br />

de comer, tive sede e me destes<br />

de beber, estava necessitado e fostes<br />

em meu socorro”.■


Pág. 16 O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá! | Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!