revista_sicadergs02_baixa
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Sumário<br />
03<br />
Editorial<br />
Estamos apenas na segunda edição<br />
da <strong>revista</strong> do Sicadergs, mas já podemos<br />
concluir que ela veio para ficar.<br />
Os assuntos que abordamos conseguem<br />
envolver e despertar interesse entre os<br />
maiores especialistas no preparo de carnes,<br />
além de todos os elos envolvidos na<br />
produção e comercialização.<br />
O tão saboroso churrasco, que é<br />
o prato preferido dos gaúchos, cada vez<br />
mais está rompendo os limites de nossas<br />
fronteiras e conquistando os consumidores<br />
de todo o Brasil e, por que não dizer,<br />
do mundo. Este fato nos oferece uma<br />
grande oportunidade para ampliar mercados<br />
e desenvolver esta atividade que<br />
faz parte da história do Rio Grande do<br />
Sul.<br />
Mas também vem acompanhado<br />
de uma responsabilidade muito grande<br />
para aqueles que fazem um produto que<br />
atenda às expectativas dos consumidores.<br />
Frigoríficos e produtores estão sendo desafiados<br />
a enfrentar e resolver gargalos<br />
que vêm prejudicando o desempenho<br />
do setor, como <strong>baixa</strong> oferta de matériaprima,<br />
<strong>baixa</strong> produtividade, falta de padronização<br />
de produtos e a promoção de<br />
uma maior integração entre produtores e<br />
frigoríficos.<br />
Neste sentido, estamos iniciando<br />
um trabalho que une o setor público e privado,<br />
através da reativação da Câmara<br />
Setorial da Carne, que terá como objetivo<br />
principal a discussão e o encaminhamento<br />
de soluções para desenvolvermos mais<br />
o setor, aumentando ainda mais a qualidade<br />
do nosso produto e conquistando<br />
novos mercados.<br />
Tenho convicção de que o trabalho<br />
árduo e o comprometimento de todos<br />
os agentes deste setor nos oportunizarão<br />
a colheita de bons frutos num futuro não<br />
tão distante. Convoco a todos para que<br />
se engajem nesta empreitada, para potencializarmos<br />
os diferenciais que elevam<br />
a carne gaúcha ao grupo das melhores<br />
carnes do mundo.<br />
Boa leitura e um forte abraço a<br />
todos.<br />
Ronei A. Lauxen<br />
Presidente do Sicadergs<br />
Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado<br />
do Rio Grande do Sul - SICADERGS<br />
Praça Osvaldo Cruz, nº 15, cj. 909<br />
CEP 90038-900 - Porto Alegre - RS<br />
Fone: (51)3212.6450<br />
E-mail: sicadergs@sicadergs.com.br<br />
www.sicadergs.com.br<br />
DIRETORIA GESTÃO 2010-2013<br />
PRESIDENTE<br />
Ronei Alberto Lauxen<br />
(Coop. Suinocultores do Caí Superior)<br />
1º VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO<br />
Paulo Ronaldo dos Santos (Boa Esperança)<br />
2º VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO<br />
Rui Mendonça Jr (Marfrig)<br />
1º SECRETÁRIO<br />
Ladislau Boes (Frig. Zimmer)<br />
2º SECRETÁRIO<br />
Adélcio Haubert (Frig. Boa Vista)<br />
1º TESOUREIRO<br />
José Rogério dos Santos (Ray Alimentos)<br />
2º TESOUREIRO<br />
Jorge Fetzner (Frig. Do Sul)<br />
SUPLENTES<br />
Gabriel da Silva Moraes (Frig. Silva)<br />
Paulo Renato Callegaro (Callegaro e Irmãos)<br />
Mauro Aymone Lopez (Frigoeste)<br />
CONSELHO FISCAL - TITULARES<br />
Maria Vitória Gonçalves (Mastersul)<br />
Roque Andreola (Cotripal)<br />
Ludwig Vanhove (Raphael Vanhove )<br />
CONSELHO FISCAL - SUPLENTES<br />
Gemiro Cason (Frig. Cason)<br />
Edson Endres (Producarne)<br />
CONSELHO DE REPRESENTANTES NA FIERGS<br />
TITULARES<br />
Ronei A. Lauxen<br />
José Alfredo Laborda Knorr<br />
Índice<br />
GASTRONOMIA 04<br />
MERCADO 06<br />
MATÉRIA DE CAPA 10<br />
QUALIDADE 14<br />
SANIDADE 16<br />
ARTIGO 18<br />
GERAL 20<br />
ECONOMIA 22<br />
NEGÓCIOS 26<br />
SUPLENTES<br />
Paulo Ronaldo dos Santos<br />
Rui Mendonça Jr<br />
EDIÇÃO<br />
Francke | Comunicação Integrada<br />
Av. Carlos Gomes, 466 - cj. 07 - Bela Vista - Porto Alegre - RS<br />
Fone/Fax: (51) 3388.7674 - www.francke.com.br<br />
Editora Responsável: Mariza Franck (Reg. Prof. 8611/RS)<br />
Redação: Ana Lúcia Medeiros (Reg. Prof. 11582/RS) e<br />
Glaucia Nielsen (Reg. Prof. 13192/RS)<br />
Direção de Arte: Hélio de Souza<br />
Diagramação: Guilherme Bourscheidt<br />
Capa: Alessandro Giongo<br />
Comercial: Raquel Diniz<br />
Impressão: Orquestra Gráfica<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
04<br />
Gastronomia<br />
Gastronomia<br />
05<br />
Quer ser um gourmet<br />
do churrasco?<br />
Um dos maiores<br />
especialistas no assunto explica<br />
os segredos para o prato preferido<br />
dos gaúchos<br />
Todo gaúcho que se preza<br />
precisa, além de saber<br />
preparar um bom chimarrão, saber<br />
fazer um suculento churrasco, que é<br />
sem dúvida um dos pratos favoritos<br />
da gauchada. Para acertar o ponto<br />
e se tornar um gourmet do churrasco<br />
é preciso escolher a carne certa<br />
e dosar o fogo e o sal, ingredientes<br />
aparentemente simples, mas que<br />
podem tornar o seu prato um desastre<br />
se não aplicados na dosagem<br />
certa. O ex-açougueiro conhecido<br />
como “Em<strong>baixa</strong>dor do Churrasco”,<br />
Mauro Camargo, que ministra cursos<br />
em todo o Brasil sobre como<br />
preparar churrasco, explica que antes<br />
de escolher os ingredientes é necessário<br />
escolher o tipo de carne e<br />
a quantidade ideal, dependendo do<br />
perfil e formato do evento. “Para padrões<br />
normais varia de 400 a 800<br />
gramas, dependendo dos acompa-<br />
nhamentos e formato do churrasco,<br />
se será tradicional ou em formato<br />
de aperitivo - cortado em lascas.”<br />
Por exemplo, um churrasco para dez<br />
pessoas é bom não ter muita variação<br />
de carne, no máximo três tipos<br />
de corte: picanha, costela e vazio.<br />
Porém ele dá a seguinte dica, que<br />
não pode ser esquecida: “churrasco<br />
é relacionamento, por isso é importante<br />
conhecer o perfil das pessoas<br />
e buscar informações para agradar<br />
ao teu público”.<br />
Antes de colocar a carne no<br />
espeto, é necessário preparar “o<br />
clima na churrasqueira”, brinca Camargo.<br />
“O mais comum é colocar<br />
o carvão e imediatamente a carne<br />
em cima. Isso é errado.” Segundo o<br />
churrasqueiro, primeiro prepara-se<br />
a brasa e depois se coloca a carne.<br />
Camargo explica também que é<br />
importante limpar a churrasqueira,<br />
retirando as cinzas<br />
do último churrasco,<br />
porque a umidade acumulada pelas<br />
cinzas dificultará o preparo do<br />
fogo. Preferencialmente, colocar o<br />
carvão em um dos cantos da churrasqueira<br />
para fazer o efeito de<br />
forno, pois as três paredes esquentarão<br />
e acumularão mais calor. O<br />
fogo deve ser feito com antecedência,<br />
em média 30 minutos antes de<br />
utilizá-lo. “Dessa forma, teremos<br />
uma brasa livre dos gases tóxicos<br />
emitidos pela queima do carvão.”<br />
A escolha do carvão é outra<br />
boa dica. Na opinião de Camargo,<br />
o melhor é o de acácia negra, muito<br />
comercializada no Sul do País,<br />
porém raro de ser encontrado em<br />
outros estados, que comercializam,<br />
na sua maioria, o carvão de eucalipto.<br />
“Uma outra dica é escolher a<br />
embalagem com pedaços maiores<br />
de carvão.”<br />
Depois do “ritual” da churrasqueira,<br />
é hora de escolha e preparo<br />
da carne. Camargo frisa a importância<br />
da atenção quanto à procedência<br />
(identificação da origem,<br />
padrões no manejo, abate e condições<br />
sanitárias), além de prazo de<br />
validade, condições da embalagem<br />
e armazenamento. A carne, quando<br />
resfriada, deve apresentar cor vermelho<br />
púrpura ou vermelho-cereja.<br />
Segundo Camargo, no momento de<br />
assar a carne, os cortes sem osso e<br />
mais macios geralmente são preparados<br />
no 1º e 2º andar da churrasqueira<br />
(30 a 40 cm da brasa). Os<br />
cortes mais firmes necessitam de<br />
mais tempo e distância.<br />
Quando for preciso descongelar<br />
a carne bovina para o churrasco,<br />
a dica do Em<strong>baixa</strong>dor do<br />
Churrasco é descongelá-la de um<br />
dia para o outro, dentro da própria<br />
geladeira. A carne deve estar devidamente<br />
embalada ou armazenada<br />
em um recipiente fechado. “Com<br />
isso, o produto não vai contaminar,<br />
pois se descongelar no ambiente externo,<br />
as bactérias começam a contaminar<br />
a carne, a partir de 40 minutos<br />
de exposição”, diz Camargo.<br />
Dependendo do tipo de carne<br />
existe uma forma de preparo. A<br />
picanha e o contra-filé devem ser<br />
feitas mal passadas. Já as carnes<br />
entremeadas com gordura, como<br />
são os casos da entrecot, costela,<br />
cupim, carne de peito chamado de<br />
granito são indicadas para pessoas<br />
que gostam de carne bem passada.<br />
E o que colocar primeiro na churrasqueira?<br />
Costela, frango, suíno e<br />
cordeiro. Meia hora antes de servir,<br />
colocar os cortes bovinos macios<br />
que são a picanha, entrecot, “sem<br />
deixar que a labareda encoste na<br />
carne, e não cometer o erro de jogar<br />
água no carvão, pois a labareda<br />
é a água que pinga na brasa.”<br />
A quantidade de sal varia<br />
para cada tipo de corte. Segundo<br />
Camargo, para as carnes bovinas<br />
com peças maiores deve-se colocar<br />
sal grosso à vontade, porém sem esfregar.<br />
Nas porções menores, como<br />
assado de tiras, entrecot e picanha<br />
fatiada, coloca-se menos sal grosso.<br />
“Para as pessoas saborearem<br />
realmente o gosto da carne, sugiro<br />
somente sal grosso. Temperos tipo<br />
alho e óleo vão mascarar o gosto da<br />
carne.” E na hora de cortar a carne,<br />
o segredo é: quanto menos cortar a<br />
peça, mais suculenta ela ficará.<br />
Os complementos que não<br />
podem faltar em um saboroso churrasco,<br />
além da carne, é claro, são a<br />
farinha, o pão com alho, a cebola<br />
assada, saladas e um queijo assado.<br />
Para beber, chimarrão, caipirinha,<br />
chope ou cerveja, vinho tinto<br />
seco, refrigerante ou água. “Se rolar<br />
no final do churrasco um cafezinho<br />
e um chá, o requinte está feito.”<br />
Servir é tudo<br />
Depois de todos os procedimentos<br />
adotados para preparar uma<br />
boa carne, é preciso saber servi-la.<br />
“Quente, no sistema ‘boca a boca’.<br />
Calma que eu explico... da boca da<br />
churrasqueira para a boca do consumidor,<br />
sem escalas”, diz Camargo.<br />
Essa brincadeira é para explicar<br />
que, ao tirar a carne da churrasqueira,<br />
é preciso servi-la imediatamente,<br />
para não perder a qualidade. E para<br />
se tornar um gourmet do churrasco?<br />
Praticando, investigando e amando<br />
o churrasco.<br />
Churrasco é<br />
relacionamento,<br />
por isso é<br />
importante<br />
conhecer o<br />
perfil das<br />
pessoas<br />
e buscar<br />
informações<br />
para agradar ao<br />
teu público.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
06<br />
Mercado<br />
Mercado<br />
07<br />
Boi orgânico garante<br />
carne mais saudável à<br />
mesa<br />
O animal considerado “ecologicamente correto”<br />
adapta-se melhor em pequenas propriedades<br />
Criado para chegar ao<br />
consumidor com a garantia<br />
de uma carne mais saudável,<br />
o boi orgânico vem ganhando<br />
espaço no mercado brasileiro. A<br />
conquista dos resultados ainda é<br />
um desafio, já que a pecuária do<br />
País se desenvolveu em sistemas de<br />
confinamento, que tornam o animal<br />
mais suscetível a doenças. “As<br />
pequenas propriedades são as que<br />
melhor conseguem atingir o nível de<br />
resultados exigidos, com aplicação<br />
de homeopatias e fitoterápicos para<br />
tratar o gado, não permitindo a medicação<br />
tradicional da indústria química”,<br />
explica a assistente técnica<br />
da Regional de Pelotas da Empresa<br />
de Assistência Técnica e Extensão<br />
Rural (Emater), Sônia Desimon.<br />
Conforme ela, a alimentação<br />
dos bois deve ser vegetal, livre de<br />
transgênicos. Além de pasto, o animal<br />
pode receber sal mineral e até<br />
suplementação protéica energética,<br />
respeitando-se um percentual de<br />
10% da matéria seca total consumida.<br />
Os suplementos também não<br />
podem ser transgênicos. “Na região<br />
de Jaguarão já é feito um trabalho<br />
neste sentido, pois existe interesse de<br />
pecuaristas. Em Santa Vitória do Palmar,<br />
uma propriedade que produz<br />
arroz orgânico pretende alcançar<br />
o mesmo resultado com os bois, já<br />
que sua lavoura não tem aplicação<br />
de químicos, tornando o campo limpo”,<br />
conta Sônia.<br />
Entretanto, ainda não é possível<br />
afirmar que o Rio Grande do<br />
Sul esteja enquadrado nas normas<br />
que definam o boi como orgânico.<br />
Atualmente, há uma parceria entre<br />
a Emater de Pelotas e a Empresa<br />
Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />
(Embrapa) para desenvolvimento do<br />
produto, por meio do Programa de<br />
Pecuária Orgânica da Região Sul.<br />
“Mas ainda estamos longe de países<br />
como o Uruguai, que até mesmo já<br />
exporta carne com essas características.”<br />
“Ecologicamente correto”, o<br />
boi orgânico precisa ser criado de<br />
maneira saudável, e o pecuarista<br />
não pode degradar a natureza. O<br />
pasto deve estar livre de agrotóxicos<br />
ou adubação química. Apesar<br />
do animal ser liberado para receber<br />
as vacinas do calendário nacional,<br />
substâncias como vermífugos, carrapaticidas<br />
e hormônios são combatidas.<br />
As características de criação<br />
do animal fazem com que ele tenha<br />
índices menores de doenças em relação<br />
ao sistema tradicional. “Sempre<br />
se buscam alternativas mais saudáveis”,<br />
ressalta Sônia. Em caso de<br />
algum diagnóstico grave, o animal<br />
recebe alopatia, mas será isolado<br />
e permanecerá em um período de<br />
carência duas vezes maior do que<br />
o determinado para um tratamento<br />
convencional.<br />
O primeiro abate nacional de<br />
boi orgânico foi realizado em julho<br />
de 2001, em um frigorífico de Nova<br />
Andradina (MS). A carne já foi comercializada<br />
para países do Mercado<br />
Comum Europeu, onde o consumo<br />
desse produto está consolidado<br />
entre a população. Conforme Sônia,<br />
o aumento da procura pela carne<br />
orgânica no Brasil também tem sido<br />
Além de pasto,<br />
o animal pode<br />
receber sal<br />
mineral e até<br />
suplementação<br />
protéica<br />
energética,<br />
respeitando-se<br />
um percentual de<br />
10% da matéria<br />
seca total.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
08<br />
Mercado<br />
Há uma parceria<br />
entre a Emater<br />
de Pelotas e a<br />
Embrapa para<br />
desenvolvimento do<br />
produto, por meio<br />
do Programa de<br />
Pecuária<br />
Orgânica da<br />
Região Sul.<br />
notado. “O brasileiro está melhorando<br />
o poder aquisitivo, se informando<br />
melhor e, dessa forma, tem<br />
se conscientizado dos benefícios de<br />
uma alimentação mais equilibrada.”<br />
Com isso, o mercado de carne orgânica<br />
tem movimentado aproximadamente<br />
US$ 250 milhões ao ano.<br />
Boi verde<br />
Também considerado “ecológico”,<br />
o chamado boi verde possui<br />
algumas diferenças em relação<br />
ao orgânico. Apesar de também<br />
valer-se da criação a pasto como<br />
nos sistemas agroecológicos, nele<br />
há uso de adubos sintéticos solúveis,<br />
de antibióticos e medicamentos<br />
alopáticos. A suplementação<br />
alimentar feita no confinamento se<br />
vale de plantas de sistemas convencionais<br />
de produção.<br />
O boi verde é criado em<br />
pasto sem agrotóxico, mas com<br />
permissão de adubação verde, fertilizantes<br />
e ureia. Já o confinamento<br />
ocorre 90 dias antes do abate.<br />
A suplementação com alimentos é<br />
de origem exclusivamente vegetal<br />
e pode ser feito uso de sal mineral.<br />
Áreas de criação devem seguir<br />
normas ambientais. Pode-se usar<br />
medicamentos alopáticos contra<br />
parasitas, e o animal recebe vacinação.<br />
Requisitos<br />
- Os animais devem ter amplo acesso a água fresca e alimento, segundo suas<br />
necessidades fisiológicas;<br />
- A dieta deve ser balanceada de acordo com as necessidades nutricionais dos<br />
animais;<br />
- O manejo do ambiente e dos animais deve propiciar ar fresco, luz natural, proteção<br />
contra chuva, radiação solar e temperatura;<br />
- Deve incluir medidas que visem à manutenção e promovam a biodiversidade;<br />
- É proibida a roçada de bosques primários;<br />
- Não é permitida a exploração excessiva e o esgotamento dos recursos hídricos<br />
locais;<br />
- Deve-se assegurar que os trabalhadores sejam contemplados com políticas de<br />
justiça social;<br />
- Todos os produtos orgânicos devem ser adequadamente identificados durante<br />
todo o processo produtivo.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
10<br />
Matéria de Capa<br />
Matéria de Capa<br />
11<br />
Fotos: Seapa<br />
“Ampliaremos o valor<br />
da nossa carne”<br />
garante Mainardi<br />
Em ent<strong>revista</strong> exclusiva à<br />
Revista do Sicadergs, o secretário<br />
estadual da Agricultura, Pecuária<br />
e Agronegócio (Seapa), Luiz<br />
Fernando Mainardi, fala a respeito<br />
do Programa Melhor Carne do Mundo,<br />
que tem como objetivo ampliar a<br />
exportação da pecuária gaúcha, aumentando<br />
a qualidade da produção;<br />
além de outros projetos e ações implantados<br />
pela Seapa.<br />
Qual o objetivo do Programa<br />
Melhor Carne do Mundo? E quando<br />
começará a ser implantado?<br />
Queremos ampliar a participação<br />
do Rio Grande do Sul no comércio<br />
nacional e internacional da carne<br />
a partir da qualidade do produto<br />
oriundo do Pampa Gaúcho, que é o<br />
nosso grande diferencial em relação a<br />
outras zonas produtoras. Entendemos<br />
que, desta forma, ampliaremos o valor<br />
da nossa carne, proporcionando<br />
mais renda aos produtores e aos demais<br />
atores desta cadeia produtiva.<br />
Estamos em fase de aprofundamento<br />
dos debates que nos indicam os caminhos<br />
que precisaremos seguir para<br />
atingir nossos objetivos. Inclusive, o<br />
nome do programa ainda não está<br />
definido. É bom salientar, ainda, que<br />
este é um programa que queremos<br />
torná-lo como uma ação de Estado<br />
e não do Governo, pois entendemos<br />
que, uma vez colocado em prática,<br />
ele deve perpassar governos.<br />
Uma das propostas do Programa<br />
é a criação do Instituto Gaúcho<br />
de Carne?<br />
Precisaremos definir a entidade<br />
que vai certificar a carne no Rio Grande<br />
do Sul. Uma das alternativas em<br />
debate na Câmara Setorial da Carne<br />
é a criação de um instituto para fazer<br />
este importante serviço, fundamental<br />
para que nosso programa tenha êxito.<br />
O Estado já conta com nichos<br />
de mercado para colocar em prática<br />
a produção do Programa Melhor<br />
Carne do Mundo?<br />
Existe um grande espaço tanto<br />
no mercado interno quanto no mercado<br />
internacional para este produto<br />
que já produzimos, mas em pequena<br />
escala. O que buscamos é ampliar a<br />
quantidade de produção desta carne<br />
diferenciada. Hoje, os quatro principais<br />
importadores da carne gaúcha<br />
são Inglaterra, Rússia, Hong Kong e<br />
Holanda.<br />
Quais são as expectativas e<br />
maiores demandas de toda a cadeia<br />
produtiva a respeito do programa?<br />
O produtor quer saber de renda<br />
no final do mês. A indústria, a garantia<br />
de oferta de gado durante todo<br />
o ano; e o comércio, o fornecimento<br />
de carne de qualidade também durante<br />
todo o ano. Para isso, precisamos<br />
investir mais em genética, em<br />
sanidade e em rastreabilidade. Incorporar<br />
novos produtores neste modelo<br />
de produção.<br />
O Programa Agregar-RS Carnes<br />
criado em 2002 está inserido no<br />
Melhor Carne do Mundo?<br />
Sem dúvidas, por se tratar de<br />
um programa de incentivo do Go-<br />
Hoje, os<br />
quatro<br />
principais<br />
importadores<br />
da carne<br />
gaúcha são<br />
Inglaterra,<br />
Rússia,<br />
Hong Kong e<br />
Holanda.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
12<br />
Matéria de Capa<br />
Matéria de Capa<br />
13<br />
O Programa<br />
Agregar-RS<br />
Carnes será<br />
utilizado para<br />
potencializar<br />
esta nova<br />
iniciativa<br />
que parte do<br />
governo, mas<br />
que tem como<br />
parceiros<br />
essenciais as<br />
entidades de<br />
classes e os<br />
produtores.<br />
verno do Estado, o Programa Agregar-RS<br />
Carnes será utilizado para<br />
potencializar esta nova iniciativa que<br />
parte do governo, mas que tem como<br />
parceiros essenciais as entidades de<br />
classes e os produtores.<br />
O governo gaúcho está implantando<br />
ações para fortalecer a<br />
competitividade da carne produzida<br />
no Estado?<br />
A criação deste programa, que<br />
tem várias diretrizes, leva em conta<br />
trabalhar com toda a cadeia produtiva.<br />
Portanto, logicamente, terá ações<br />
para fomentar a competitividade, trabalhando<br />
temas como a sanidade, a<br />
genética, a alimentação e a redução<br />
de custos.<br />
Quais serão os outros novos<br />
projetos que serão implantados pela<br />
Secretaria Estadual da Agricultura<br />
Pecuária e Agronegócio – Seapa – a<br />
respeito da produção de carnes?<br />
Estamos no governo há sete<br />
meses e, por isso, ainda nos encontramos<br />
numa fase de diagnóstico e<br />
de construção da Câmara Setorial<br />
para detectar os gargalos e buscar as<br />
alternativas. Mas já temos o programa<br />
de erradicação da tuberculose e<br />
brucelose que está sendo implementado<br />
e que vai trabalhar com os 13<br />
milhões de bovinos no Estado. É um<br />
grande programa que vai nos colocar<br />
num patamar sanitário superior.<br />
Um outro eixo que está sendo<br />
feito é a demanda apresentada pela<br />
Federação dos Trabalhadores na<br />
Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS),<br />
que sugere a ampliação dos<br />
beneficiários do programa de controle<br />
da aftosa, incluindo o benefício<br />
do fornecimento de vacinas para os<br />
que se enquadram, segundo a legislação,<br />
nos critérios da pecuária familiar.<br />
Aguardamos<br />
ainda a liberação<br />
de R$ 32 milhões do<br />
Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e<br />
Agronegócio (MAPA)<br />
para reestruturar o<br />
nosso setor de defesa<br />
animal.<br />
Vamos implementar o Suasa<br />
(Sistema Unificado de Atenção à Sanidade<br />
Agropecuária) no Rio Grande<br />
do Sul, processo em que estamos<br />
num ritmo bem avançado. Em breve,<br />
comunicaremos ao MAPA que estamos<br />
prontos para receber a auditoria<br />
deles e, se tudo der certo, no segundo<br />
semestre, o Estado já vai ter aderido<br />
ao Suasa / Sisbi (Sistema Brasileiro de<br />
Inspeção) / Cispoa (Coordenadoria<br />
de Inspeção de Produtos de Origem<br />
Animal).<br />
Na parte de fomento, temos<br />
várias ações, como o Programa de<br />
Correção de Solo, que vai trabalhar<br />
com muitas áreas de pecuaristas familiares,<br />
correção das pastagens e correção<br />
dos campos. Um outro exemplo<br />
é o programa piloto denominado<br />
Funbio (Fundo Brasileiro para Biodiversidade),<br />
que está sendo implantado<br />
em sete municípios das regiões da<br />
Campanha e Fronteira Oeste, numa<br />
parceria que temos com o Ibama (Instituto<br />
Brasileiro do Meio Ambiente e<br />
dos Recursos Naturais Renováveis) e<br />
com o Banco do Brasil, que incentiva<br />
a produção de carne em cima de<br />
campo nativo, e que terá um acompanhamento<br />
forte da nossa Secretaria,<br />
através da Fepagro - Fundação<br />
Estadual de Pesquisa Agropecuária.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
14<br />
Qualidade<br />
Qualidade<br />
15<br />
Manual define boas<br />
práticas para a<br />
produção da carne<br />
Documento com condutas de meio ambiente,<br />
trabalhistas e econômicas foi editado pela Embrapa<br />
As normas<br />
baseiam os<br />
técnicos após a<br />
realização de<br />
reuniões para<br />
apresentar o<br />
programa aos<br />
produtores.<br />
Com a crescente participação<br />
do Brasil no mercado<br />
internacional da carne, desde 2003<br />
a Empresa Brasileira de Pesquisa<br />
Agropecuária (Embrapa) trabalha<br />
para que a competitividade não esbarre<br />
em críticas de países concorrentes.<br />
O País possui hoje o maior<br />
rebanho comercial do mundo; é o<br />
segundo maior produtor mundial de<br />
carne bovina e passou a ser o primeiro<br />
exportador (pulou de 5% em<br />
1996 para 30% atualmente), com<br />
destaque tanto no comércio de carnes<br />
frescas como industrializadas.<br />
Os dados mostram a necessidade<br />
de uma pecuária competitiva e com<br />
respeito às normas sustentáveis. Elas<br />
englobam condutas de meio ambiente,<br />
trabalhistas e econômicas,<br />
que podem ser conferidas no Manual<br />
de Boas Práticas Agropecuárias (BPA)<br />
de Bovinos de Corte, editado pela<br />
Embrapa Gado de Corte, de Campo<br />
Grande (MS).<br />
Adotado em todo o território<br />
nacional, o documento serve como<br />
guia técnico para profissionais emitirem<br />
laudos nas propriedades, segundo<br />
o coordenador nacional de<br />
Boas Práticas Agropecuárias de Bovinos<br />
de Corte da Embrapa, Ezequiel<br />
Rodrigues do Valle, editor-técnico do<br />
manual. “Procura-se, dessa forma,<br />
conhecer melhor o sistema de produção,<br />
com uma lista de verificação<br />
para detectarmos os gargalos das<br />
propriedades e vermos como podemos<br />
auxiliar”, explica.<br />
São feitas parcerias com entidades<br />
da cadeia produtiva para tais<br />
adequações, mediante contrato de<br />
cooperação técnica. O programa<br />
começa com o Porteira pra Dentro,<br />
que tem como objetivo tornar a propriedade<br />
sustentável nos três aspectos<br />
(ambiental, trabalhista e econômica).<br />
“Valorizados os ganhos dos criadores,<br />
eles recebem laudo de adequação<br />
às normas e passam à fase da<br />
certificação.” No Rio Grande do Sul,<br />
há quase dois anos a Associação dos<br />
Produtores dos Campos de Cima da<br />
Serra (Aproxima) aplica o manual em<br />
Manual de Boas Práticas<br />
Agropecuárias (BPA) de Bovinos de Corte<br />
propriedades na região de Vacaria.<br />
As normas do documento baseiam<br />
os técnicos após a realização<br />
de reuniões para apresentar o programa<br />
aos produtores. Valle ressalta<br />
que as demandas sempre aumentam<br />
no setor, mostrando a importância<br />
da BPA, que aponta o que é importante<br />
valorizar nas propriedades.<br />
“Novas tecnologias são observadas<br />
com frequência, tornando essencial<br />
a competitividade para não perder a<br />
margem de lucro e buscar sempre a<br />
melhor eficiência.”<br />
Segundo Valle, diversos fatores<br />
foram determinantes para a conquista<br />
da liderança brasileira no comércio<br />
internacional da carne bovina.<br />
Em primeiro lugar, são destacadas<br />
as ações desenvolvidas em prol da<br />
erradicação da febre aftosa, que resultaram<br />
na melhoria da percepção<br />
de qualidade do produto pelos países<br />
importadores. “Outra característica<br />
é a constatação da produção<br />
de alimento seguro, uma vez que a<br />
maior parte do rebanho brasileiro se<br />
alimenta em pasto.”<br />
Fatores como solo, clima e<br />
recursos humanos passaram a constituir<br />
vantagens comparativas que,<br />
somadas à extensão territorial, têm<br />
permitido ao Brasil oferecer, aos<br />
mercados nacional e internacional,<br />
carne bovina de alta qualidade em<br />
volumes crescentes e a preços competitivos.<br />
Além disso, as iniciativas de<br />
rastreamento do produto destinado<br />
à exportação, especialmente para a<br />
União Europeia, têm contribuído de<br />
maneira significativa para o atendimento<br />
das expectativas dos consumidores<br />
internacionais quanto à segurança<br />
dos alimentos.<br />
Orientação<br />
Foram desenvolvidos os seguintes<br />
itens para orientação aos<br />
produtores no manual: gestão da<br />
propriedade; função social do imóvel<br />
rural; gestão dos recursos humanos;<br />
gestão ambiental; instalações<br />
rurais; manejo pré-abate; bem-estar<br />
animal; manejo das pastagens; suplementação<br />
alimentar; identificação<br />
animal e rastreamento; controle sanitário<br />
e manejo reprodutivo.<br />
O trabalho começa pela gestão<br />
da propriedade, em que são<br />
tratadas as quatro funções que<br />
compõem a administração: planejamento,<br />
organização, direção e controle.<br />
“Uma gestão adequada exige<br />
que todas essas funções sejam exercitadas<br />
em um nível mínimo, aplicadas<br />
às diversas áreas funcionais da<br />
empresa”, rege o documento.<br />
Valle ressalta, entre os itens<br />
verificadores, a importância das<br />
propriedades rurais terem responsabilidade<br />
em atender às obrigações<br />
sociais e trabalhistas e observar<br />
o impacto que produzem sobre<br />
o bem-estar humano, o meio ambiente<br />
e a sociedade. “Dessa forma,<br />
irão gerar recursos financeiros,<br />
serão provedoras de benefícios ao<br />
seu meio e atenderão às demandas<br />
de mercados que buscam um produto<br />
final com qualidade e segurança,<br />
resultante de cadeias produtivas<br />
competitivas, ambientalmente<br />
corretas e socialmente justas”, conclui.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
16<br />
Sanidade<br />
Sanidade 17<br />
Estudo mostra importância<br />
do manejo de resíduos no<br />
confinamento de bovinos<br />
Trabalho bem conduzido pode inibir a proliferação de<br />
moscas e mosquitos, entre outras vantagens<br />
Os principais<br />
fatores para o<br />
sucesso estão<br />
na linhagem<br />
dos animais, no<br />
balanceamento<br />
dos alimentos<br />
ofertados e na<br />
qualidade das<br />
instalações.<br />
Um estudo da Pontifícia<br />
Universidade Católica<br />
de Goiás (PUC-GO) sobre o<br />
gerenciamento dos resíduos no<br />
confinamento de bovinos aponta<br />
as consequências da atividade. A<br />
pesquisa foi realizada pela acadêmica<br />
de Engenharia Ambiental<br />
Kennia Regina de Jesus Manso,<br />
sob orientação do professor Osmar<br />
Mendes Ferreira.<br />
Várias são as conveniências<br />
pela adoção do confinamento,<br />
destacando-se a redução<br />
da idade de abate do animal, a<br />
aceleração do retorno do capital<br />
investido na engorda e a redução<br />
da ociosidade dos frigoríficos na<br />
entressafra. Os principais fatores<br />
para o sucesso estão na linhagem<br />
dos animais, no balanceamento<br />
dos alimentos ofertados<br />
e na qualidade das instalações.<br />
Também conhecida como fase de<br />
terminação de bovinos, leva em<br />
conta o preço real diferenciado<br />
da carne na entressafra, o alto<br />
ganho diário de peso e o custo<br />
de produção compatível com a<br />
expectativa de preço do mercado.<br />
Segundo Ferreira, a correta<br />
atuação evita a concentração<br />
de dejetos nos piquetes do<br />
confinamento, com sua retirada<br />
após o ciclo de engorda do lote,<br />
proporcionando uma área limpa.<br />
“Ainda inibe a proliferação de<br />
moscas e mosquitos no período<br />
chuvoso e evita seu careamento<br />
pelas águas pluviais em direção<br />
aos cursos d’água”, explica.<br />
O fator ambiental, relevante<br />
para essa atividade, está<br />
relacionado principalmente à<br />
racionalização do uso de solo,<br />
que evita o desmatamento de<br />
grandes áreas para a formação<br />
de pastagens. “Nesse processo<br />
de criação intensiva de bovinos,<br />
fatores relacionados ao acúmulo<br />
de dejetos, geração de resíduos<br />
líquidos com altas concentrações<br />
de carga orgânica e a possibilidade<br />
da proliferação de moscas<br />
e mosquitos podem causar poluição<br />
direta desse local, com<br />
consequências em toda área de<br />
influência indireta, afetando a<br />
qualidade ambiental e principalmente<br />
pela possibilidade da<br />
contaminação dos recursos hídricos”,<br />
alerta Ferreira. Estes devem<br />
ser vistos com mais preocupação<br />
por parte dos pecuaristas e dos<br />
órgãos de fiscalização ambiental.<br />
Pelo estudo, ficou evidenciado<br />
que o volume de dejetos<br />
é bastante significativo em um<br />
confinamento de bovinos. “Sua<br />
destinação como material orgânico<br />
no condicionamento de solo<br />
para o cultivo do próprio milho e<br />
ou de capim volumoso utilizado<br />
na alimentação dos bovinos confinados<br />
é uma alternativa viável<br />
economicamente para destinação<br />
correta desses dejetos”, ressalta<br />
Ferreira, que é engenheiro<br />
sanitarista e analista ambiental.<br />
Entre os prejuízos em não<br />
adotar essa medida, ele lembra<br />
que a concentração de grande<br />
volume de dejetos de bovinos<br />
em um determinado lugar pode<br />
resultar em problema ambiental,<br />
com a geração de odor, proliferação<br />
de moscas e mosquitos e a<br />
poluição das águas e do solo, resultando<br />
em um ato de infração<br />
ambiental ao produtor.<br />
O professor afirma que<br />
há vantagens econômicas nesse<br />
processo: “Pode-se fechar o ciclo<br />
de produção com a utilização<br />
desse material na adubação para<br />
a produção de alimentos orgânicos.”<br />
O excesso dessa matéria<br />
orgânica é doado a chacareiros<br />
da região onde foi realizada a<br />
pesquisa, melhorando a relação<br />
da parceria entre os produtores<br />
rurais e o confinamento, com<br />
ganhos na produtividade de culturas<br />
como milho, laranja, café,<br />
limão, alho, cebola, goiaba e<br />
hortaliças em geral.<br />
Aplicada em um confinamento<br />
de bovinos com capacidade<br />
instalada e operando com<br />
22 mil bovinos fechados no município<br />
de Nerópolis (GO), a<br />
partir da pesquisa foram observadas<br />
melhorias nas instalações<br />
do confinamento. “Foi percebido<br />
melhor controle da proliferação<br />
de moscas e mosquitos, melhor<br />
rendimento no ganho de peso<br />
dos animais e segurança na qualidade<br />
ambiental na área de influência<br />
direta das instalações”,<br />
enumera Ferreira.<br />
CORTINA DE AR DA INDÚSTRIA VERIA REVOLUCIONARÁ MERCADO<br />
A Indústria Veria, especializada<br />
na fabricação de cortinas de ar<br />
industriais e cortinas especiais para<br />
ambientes com temperatura de até<br />
-40C, lançará a cortina de ar para<br />
baús e veículos refrigerados. A empresa<br />
de São Caetano do Sul, São<br />
Paulo, é detentora da patente de fabricação<br />
e aplicação do equipamento.<br />
A indústria prevê crescimento de<br />
50% para o ano de 2012 e revolução<br />
na área de transporte de perecíveis.<br />
Segundo Robinson Garcia,<br />
engenheiro responsável pelo projeto<br />
da cortina de ar para baús e veículos<br />
refrigerados, o novo produto proporcionará<br />
segurança na entrega de<br />
produtos perecíveis, principalmente<br />
dentro das áreas metropolitanas<br />
onde a abertura das portas propicia<br />
o aumento da temperatura interna.<br />
O engenheiro tem 18 anos de mercado<br />
e experiência na área de ventilação<br />
industrial.<br />
O rendimento do sistema de<br />
refrigeração dos veículos depende<br />
da quantidade de alimentos existentes<br />
dentro do baú refrigerado, bem<br />
como do isolamento das paredes do<br />
baú. Porém quando as portas do baú<br />
do caminhão são abertas, muitas vezes,<br />
a temperatura interna aumenta<br />
rapidamente, colocando em risco os<br />
produtos transportados.<br />
Com a instalação da cortina<br />
de ar será possível proporcionar<br />
maior economia e segurança, mantendo<br />
constante a temperatura interna,<br />
independente da quantidade de<br />
vezes que a porta for aberta. Além<br />
disso, isola o ambiente de agentes<br />
externos, mantendo a qualidade do<br />
produto da primeira até a última entrega.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
18<br />
Artigo<br />
Créditos Fiscais*<br />
A recuperação do Capital de Giro<br />
*Por Sílvio Borba, especialista na área de ConsultoriaTributária<br />
para o Agronegócio<br />
Vivendo um momento em que<br />
os principais tributos incidentes sobre<br />
o faturamento são não-cumulativos<br />
(ICMS, PIS e COFINS), precisamos<br />
encarar cada nota fiscal de aquisição<br />
como um “cheque a ser descontado”.<br />
Sim. O somatório destes tributos<br />
em determinadas operações de<br />
compra pode ultrapassar um quarto<br />
do valor da mercadoria. A conta é<br />
9,25% (nove vírgula vinte e cinco por<br />
cento) de PIS/COFINS somados aos<br />
17% (dezessete por cento) do ICMS,<br />
montando um total de 26% do valor<br />
do bem recebido. UM QUARTO DO<br />
CUSTO DE AQUISIÇÃO DE QUAL-<br />
QUER INSUMO É RELEVANTE!<br />
Estamos falando aqui na indústria,<br />
na aquisição de insumos necessários<br />
à atividade produtividade,<br />
cuja incidência de tributos coloca a<br />
matéria-prima muitas vezes na categoria<br />
de produto não essencial ou<br />
supérfluo (cigarro, bebida, etc), haja<br />
visto a enorme carga tributária.<br />
Estes valores pagos na aquisição<br />
são importantes componentes<br />
do capital de giro das empresas e<br />
que saem efetivamente do caixa via<br />
pagamento ao fornecedor, cuja obrigação<br />
é entregar estes valores ao fisco.<br />
Assim o crédito tributário relativo<br />
às compras é um ativo que a empresa<br />
precisa executar com maestria, ou<br />
seja, é um cheque que “precisa” ser<br />
descontado.<br />
Começa aqui uma guerra de<br />
trincheiras com o fisco estadual e<br />
federal, que desvia seus canhões da<br />
receita tributável e os coloca sobre<br />
a subjetividade do chamado “direito<br />
ao crédito do imposto”. Este cada vez<br />
mais sob a supervisão dos auspiciosos<br />
auditores públicos estaduais ou<br />
federais, caixas do banco que determinam<br />
simplesmente pela sua ótica<br />
que cheque devolverá ao empresário.<br />
A receita tributável é facilmente<br />
reconhecida em cada empresa por<br />
força das notas eletrônicas, declarações<br />
das mais variadas, SPED, movimentação<br />
financeira, um verdadeiro<br />
bigbrother sobre aqueles que “emitem<br />
nota”, pois o sonegador não sofre<br />
destes mesmos males.<br />
Nas dezenas de processos de<br />
revisão de créditos que acompanhamos<br />
nos últimos anos não há uniformidade<br />
no entendimento de nenhum<br />
auditor fiscal, cada um pela sua “opinião”<br />
irá determinar dentro das empresas<br />
o que “entende” ser o certo ou<br />
errado, sendo o contribuinte brindado<br />
com pesadas multas, mesmo que<br />
às vezes tenha seguido a orientação<br />
dada pelo fiscal anterior. E como não<br />
haver dúvidas neste emaranhado de<br />
legislação sem fim?<br />
Assim, caso a empresa não<br />
concorde, simplesmente que vá ao<br />
julgador administrativo ou judicial<br />
para fazer valer os seus direitos,<br />
aguardando anos a fio para ver de<br />
volta aquele dinheiro que saiu do<br />
caixa. Toma-se o dinheiro agora e<br />
devolve-se no futuro incerto, sem<br />
correção, e dê-lhe “recorde de arrecadação”.<br />
Cobra-se pelo máximo e se devolve<br />
a conta-gotas - Infelizmente não cabe<br />
ao contribuinte diante de tamanhas<br />
arbitrariedades, senão esperar que o<br />
judiciário, como já vem acontecendo,<br />
coloque um basta neste circulo vicioso<br />
que se criou em torno do direito da<br />
utilização dos seus ativos fiscais.<br />
É preciso demarcar melhor estas<br />
fronteiras e, caso não tomemos<br />
conta, não façamos a nossa barricada<br />
moral, o fisco irá avançar sobre elas.<br />
A análise dos créditos que cada<br />
empresa irá aproveitar é questão crucial<br />
no planejamento de negócios, em<br />
virtude da liquidez e do impacto já<br />
mencionado sobre o custo de aquisição<br />
de insumos. É preciso entender<br />
em detalhes o processo produtivo, a<br />
contribuição de cada produto na atividade<br />
fabril, ter sistemas de controle<br />
robustos e justificar claramente cada<br />
utilização.<br />
E isto deve ser feito analisando<br />
os cadastros, base de todos os sistemas<br />
corporativos, esgotando item a<br />
item a destinação de cada produto,<br />
fazendo uma contabilização adequada<br />
e preparando cada arquivo ou informação<br />
ao fisco com o objetivo de<br />
atingir o fim pretendido.<br />
O cerco se fecha, os sistemas<br />
informatizados estão a cada dia mais<br />
sofisticados e o fisco pretende fazer<br />
o trabalho dos contadores “on-line”.<br />
Apurar os impostos de cada empresa<br />
sob a sua ótica, nos amputando o direito<br />
essencial de “discordar”.<br />
Iremos tranquilos para o abatedouro?<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
20<br />
Geral<br />
Geral<br />
21<br />
Carne saborosa e<br />
de boa procedência<br />
Produtores da região do pampa gaúcho<br />
são os primeiros da América Latina a ter<br />
selo de procedência<br />
Jaworski, informa que o selo garante<br />
valorização de até 40% no preço da<br />
carne e indica uma procedência que<br />
faz a ligação entre o produto carne<br />
e a região. “Todos os produtos com<br />
essa indicação geográfica têm um<br />
diferencial de qualidade em relação<br />
aos demais.” O Selo garante a procedência<br />
do produto, a forma como<br />
é feito e a sua localização.<br />
O Selo criado pela Associação<br />
dos Produtores de Carne do Pampa<br />
Gaúcho da Campanha Meridional<br />
beneficia 90 produtores associados,<br />
que abrange as cidades de Dom Pedrito,<br />
Bagé, Aceguá, Lavras do Sul,<br />
Caçapava, Ulha Negra, Candiota,<br />
Herval e demais municípios oriundos<br />
da Campanha Meridional. Segundo<br />
levantamento feito pela ONG internacional<br />
Alianza Del Pastizal, em<br />
parceria com a Apropampa, uma<br />
pesquisa realizada com 250 restaurantes<br />
e 50 atacadistas de carne<br />
bovina de todo o Brasil detectou que<br />
94% dos ent<strong>revista</strong>dos acharam extremamente<br />
importante o selo de origem<br />
e a preservação ambiental.<br />
A pesquisa também apontou<br />
que 50% dos ent<strong>revista</strong>dos se dispõem<br />
a pagar até 25% a mais por<br />
um produto com as características<br />
certificadas pelo INPI. Para os consumidores<br />
dos restaurantes, casas<br />
de carne e supermercado, a garantia<br />
de procedência do produto<br />
está em primeiro lugar, com 71%;<br />
seguido pelo selo sustentabilidade<br />
ambiental, com 24% da preferência<br />
dos ent<strong>revista</strong>dos. O Brasil possui<br />
seis Indicações Geográficas reconhecidas<br />
pelo INPI: Vale dos Vinhedos,<br />
Café do Serrado Mineiro, Carne<br />
do Pampa Gaúcho, Cachaça de<br />
Parati, Uvas de Mesa e Manga do<br />
Vale dos Sinos.<br />
Para os produtores conquistarem<br />
o selo de Indicação Geográfica,<br />
os animais devem ser abatidos com<br />
até 36 meses, criados em pasto nativo,<br />
sem suplementação e confinamento<br />
na alimentação. Além disso,<br />
precisam ser puros das raças angus<br />
ou hereford ou o cruzamento entre<br />
elas. Devem estar há pelo menos<br />
um ano em fazendas da região e ter<br />
rastreabilidade desde o nascimento.<br />
O consumidor pode acessar o<br />
endereço eletrônico www.carnedopampagaucho.com.br<br />
e ter acesso<br />
a informações do corte como data,<br />
idade do abate e a alimentação fornecida<br />
ao animal.<br />
carne do pampa gaúcho<br />
A é a primeira da América<br />
Latina a ter um selo que certifica a<br />
procedência e a qualidade da carne<br />
local. O certificado concedido desde<br />
2006, pelo Instituto Nacional de Propriedade<br />
Industrial (INPI), associa a<br />
carne a produtos e serviços a um determinado<br />
padrão de qualidade, característico<br />
de uma região específica,<br />
que nesse caso pode ser identificado<br />
pelo Selo Carne do Pampa Gaúcho<br />
da Campanha Meridional. Uma vez<br />
reconhecida, a indicação geográfica<br />
só poderá ser utilizada pelos produtores<br />
da localidade que produzem ou<br />
prestam serviço de maneira homogênea.<br />
O secretário-executivo da Associação<br />
dos Produtores de Carne<br />
do Pampa Gaúcho da Campanha<br />
Meridional (Apropampa), Rogério<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
22<br />
Economia<br />
Economia<br />
23<br />
Agronegócio apresenta<br />
saldo positivo<br />
A<br />
balança comercial do<br />
agronegócio brasileiro<br />
registrou superávit de US$ 6,9 bilhões<br />
em maio. As carnes, o complexo<br />
sucroalcooleiro (açúcar e<br />
etanol) e o complexo soja (grão,<br />
farelo e óleo) foram responsáveis<br />
por 67% da receita das exportações.<br />
O valor embarcado foi de<br />
US$ 8,4 bilhões (17,5% a mais<br />
que em maio de 2010). As importações<br />
também cresceram em relação<br />
ao mesmo período do ano<br />
passado, e o montante foi de US$<br />
1,5 bilhão. “Ainda que haja uma<br />
forte apreciação do real, os produtores<br />
foram compensados pela<br />
valorização, em dólar, dos preços<br />
dos produtos do agronegócio, que<br />
permitiu bons ganhos nesta safra”,<br />
explica o diretor do departamento<br />
de Promoção Internacional<br />
do Agronegócio do Ministério da<br />
Agricultura, Marcelo Junqueira.<br />
Já o valor exportado de carnes<br />
aumentou 14%, subindo de<br />
US$ 1,2 bilhão em maio de 2010<br />
para US$ 1,37 bilhão em maio de<br />
2011. A quantidade desse produto<br />
reduziu-se 3,2%, passando de<br />
513,5 mil toneladas para 497,1<br />
mil toneladas. Os países que se<br />
destacaram na variação do valor<br />
exportado em maio deste ano, em<br />
relação a maio de 2010, foram<br />
Tailândia (276%), Espanha (99%),<br />
Arábia Saudita (67%), Argélia<br />
(45 %), Japão (44 %) e Alemanha<br />
41%. O Brasil importou, em valores,<br />
53,8% a mais, na comparação<br />
com maio de 2010.<br />
No acumulado dos últimos<br />
12 meses, o Brasil conseguiu comercializar<br />
com outras nações<br />
US$ 82,6 bilhões em produtos<br />
63.947 toneladas de carne bovina<br />
in natura, responsáveis pela receita<br />
de US$ 334,18 milhões.<br />
Em relação a abril, a receita<br />
apresentou retração de 1,83%<br />
e recuo de 6,85% na comparação<br />
com o mesmo mês de 2010. O volume<br />
apresentou queda de 4,65%,<br />
comparado com o apurado no<br />
último mês de abril e foi 29,24%<br />
inferior ao embarcado em maio de<br />
2010.<br />
O maior valor da série histórica<br />
que teve início no ano 2000,<br />
foi o preço médio da carne boviagropecuários<br />
nacionais. Em relação<br />
à renda dos agropecuaristas,<br />
Junqueira disse que “ainda que<br />
haja uma forte apreciação do real,<br />
os produtores foram compensados<br />
pela valorização, em dólar, dos<br />
preços dos produtos do agronegócio,<br />
que permitiu bons ganhos<br />
nesta safra”.<br />
Segundo informações divulgadas<br />
pelo zootecnista e Analista<br />
de Mercado do BeefPoint, André<br />
Camargo, durante os 22 dias úteis<br />
do mês de maio, os exportadores<br />
brasileiros enviaram ao exterior<br />
na in natura, que ficou em US$<br />
5.226,00/tonelada, com valorização<br />
de 2,95% em relação ao valor<br />
apurado em abril e 31,65% acima<br />
do realizado em maio de 2010<br />
Carne para Rússia<br />
Para garantir o embargo da<br />
Rússia a mais de 80 frigoríficos<br />
brasileiros, o então ministro da<br />
Agricultura, Wagner Rossi, fez à<br />
presidente Dilma Rouseff um pedido<br />
especial. “Sei das nossas limitações<br />
orçamentárias, mas preci-<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
24<br />
Economia<br />
samos da atualização dos nossos<br />
laboratórios a um nível novo”,<br />
disse o ministro. Ele ressalta a importância<br />
de se buscar os recursos<br />
adicionais necessários, já que as<br />
exportações de carne representam<br />
em torno de 18% das vendas do<br />
agronegócio nacional.<br />
Rossi reforçou, no entanto,<br />
que em conversa com empresários<br />
cobrou que todos façam “a lição<br />
de casa”, desde o governo até as<br />
indústrias. “É muito desconfortável<br />
visitar plantas e elas não estarem<br />
em conformidade”, disse. As auditorias<br />
que o governo se comprometeu<br />
a fazer são em todas<br />
as plantas frigoríficas que vendem<br />
para a Rússia.<br />
De acordo com o diretor do<br />
Frigrífico Silva (Santa Maria), Cléber<br />
Silva, devido o corte do embargo<br />
das exportações de carne<br />
para o mercado russo, a situação<br />
cambial brasileira e a desvalorização<br />
do dólar, o produto está sendo<br />
exportado para outros mercados<br />
como a Argélia, o Egito, o Chile,<br />
a África do Sul, a Ucrânia e Hong<br />
Kong. “Da nossa produção de carne,<br />
20% é exportado.” Apesar da<br />
alta concorrência de exportadores,<br />
como Austrália e Estados Unidos,<br />
que representam até 15% das exportações<br />
de carne, ainda existe<br />
uma boa procura por mercado externo<br />
para os brasileiros, destaca o<br />
empresário.<br />
Ele acredita que, no segundo<br />
semestre deste ano, deve haver<br />
uma melhora nas exportações e<br />
para 2012, a demanda deve chegar<br />
a 25% da produção.<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
26<br />
Negócios<br />
Governo federal abre<br />
novos mercados<br />
para a carne<br />
brasileira<br />
Brasil avança nas negociações<br />
para exportações à Indonésia,<br />
Malásia e Japão<br />
missão do diretor de Assuntos<br />
Sanitários e Fitos-<br />
A<br />
sanitários do Ministério da Agricultura,<br />
Otávio Cançado, à Indonésia,<br />
Malásia e Japão terminou no final<br />
de maio com saldo positivo. “Nossa<br />
presença nesses países é a garantia<br />
de que eles vão dar retorno<br />
das missões e das viagens realizadas<br />
ao Brasil”, avalia o diretor. O País<br />
conseguiu avançar nas negociações<br />
para a abertura do mercado de carnes<br />
bovina, suína e de aves.<br />
Na Malásia, o diretor do Ministério<br />
da Agricultura recebeu a informação<br />
de que dois frigoríficos de<br />
carne bovina foram habilitados a exportar<br />
para o país asiático, um deles<br />
localizado em São Paulo e outro em<br />
Goiás. A autorização é o resultado<br />
das inspeções realizadas em fevereiro<br />
deste ano, pelas autoridades<br />
sanitárias da Malásia, a frigoríficos<br />
brasileiros. Ao todo, 22 indústrias<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
28<br />
Negócios<br />
O País<br />
conseguiu<br />
avançar nas<br />
negociações<br />
para a abertura<br />
do mercado de<br />
carnes bovina,<br />
suína e de aves.<br />
de aves e duas de bovinos foram<br />
auditadas. “As autoridades informaram<br />
que, do ponto de vista sanitário,<br />
todos os frigoríficos de aves foram<br />
aprovados. Houve restrições somente<br />
quanto aos requisitos específicos<br />
da Malásia para abate halal”, explica<br />
Cançado. “Técnicos da Malásia<br />
virão ao Brasil para dar o treinamento<br />
e adequar o abate para possibilitar<br />
as exportações de aves ao<br />
País”, afirma. As unidades de carne<br />
bovina foram aprovadas em ambos<br />
os aspectos.<br />
Durante reunião na Indonésia,<br />
com técnicos do Ministério da<br />
Agricultura, também ficou acertada<br />
a vinda de representantes até o fim<br />
do ano ao Brasil para habilitar frigoríficos<br />
brasileiros para exportação<br />
de carne de peru.<br />
Em Tóquio, ficou acertada<br />
a vinda de uma missão japonesa<br />
ao Brasil na segunda quinzena de<br />
agosto. A viagem foi definida depois<br />
de reunião com técnicos do Ministério<br />
da Agricultura, Floresta e Pesca<br />
do Japão. O objetivo da missão é<br />
verificar o sistema de inspeção brasileiro<br />
para liberar as vendas de carne<br />
suína.<br />
Além disso, o diretor concluiu<br />
a negociação de um novo certificado<br />
sanitário para aves com o Japão.<br />
O documento garante que, em caso<br />
de ocorrência de qualquer foco de<br />
doença, somente a área afetada ficará<br />
restrita a exportar e não o país<br />
inteiro, como acontece hoje. O Brasil<br />
já é o principal fornecedor de carne<br />
de aves para o Japão. Em 2010,<br />
a receita com carne de frango ex-<br />
Revista da Carne RS n°2 / Agosto de 2011
30<br />
Negócios<br />
portada para o país asiático ultrapassou<br />
US$ 200 milhões.<br />
Ritual<br />
Praticado pelos islâmicos, o<br />
abate halal envolve princípios tais<br />
como o bem-estar animal nas questões<br />
sanitárias. O ritual de abate<br />
do boi ou do frango deve ser feito<br />
apenas pela degola, para garantir<br />
a morte instantânea do animal. Todos<br />
os procedimentos com o abate<br />
devem ser realizados por um muçulmano<br />
praticante, em geral árabe,<br />
treinado especificamente para essa<br />
função.<br />
A certificação do produto halal,<br />
que hoje alcança mercados no<br />
Oriente Médio, África e Ásia, é feita<br />
Foto: Assessoria de Imprensa MAPA<br />
Na Malásia, o diretor do<br />
Ministério da Agricultura<br />
recebeu a informação de que<br />
dois frigoríficos de carne bovina<br />
foram habilitados a exportar.<br />
há mais de 30 anos por empresas<br />
especializadas. Em todo o mundo, o<br />
mercado halal é estimado em mais<br />
de US$ 400 bilhões, com crescimento<br />
de 15% ao ano.<br />
O Serviço de Inspeção Federal<br />
(SIF) do Ministério da Agricultura<br />
não atua em certificações de cunho<br />
religioso. No entanto, todo estabelecimento,<br />
independentemente do tipo<br />
de abate realizado, conta com fiscais<br />
que examinam as áreas dos matadouros<br />
e frigoríficos e verificam o<br />
cumprimento de programas relativos<br />
à higiene, à documentação do estabelecimento<br />
e às condições de saúde<br />
do animal.<br />
(Fonte: Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento – MAPA)<br />
Otávio Cançado: representantes da Indonésia<br />
visitam o Brasil até o fim do ano<br />
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