Roteiro Gastronómico e de Vinhos
ROTEIRO GASTRONOMIA e VINHOS A Bairrada é uma região riquíssima no setor da gastronomia e dos vinhos. Neste Roteiro, recordamos a História que nos orgulha e o presente que entretanto se desenhou. O futuro tem tudo para ser promissor. Este Suplemento faz parte integrante do Jornal da Bairrada, edição n.º 2437, de 7 de dezembro de 2017, pelo que não pode ser vendido separadamente
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ROTEIRO<br />
GASTRONOMIA e VINHOS<br />
A Bairrada é uma região riquíssima no setor da<br />
gastronomia e dos vinhos. Neste <strong>Roteiro</strong>, recordamos<br />
a História que nos orgulha e o presente que entretanto<br />
se <strong>de</strong>senhou. O futuro tem tudo para ser promissor.<br />
Este Suplemento faz parte integrante do Jornal da Bairrada, edição n.º 2437, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2017, pelo que não po<strong>de</strong> ser vendido separadamente
II<br />
Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA e VINHOS<br />
Anadia,<br />
berço do Espumante<br />
A Estação Vitivinícola da Bairrada tornou-se um marco<br />
histórico para o município <strong>de</strong> Anadia e para a região da<br />
Bairrada quando, em finais do séc. XIX, no auge da <strong>de</strong>struição<br />
provocada pela filoxera, o mercado dos vinhos bairradinos<br />
atravessava um grave período.<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> aconselhar os viticultores da região,<br />
é fundada, em 1887, a então Escola Prática <strong>de</strong> Viticultura e<br />
Pomologia da Bairrada, que mais tar<strong>de</strong> passaria a chamar-<br />
-se Estação Vitivinícola da Beira Litoral (1931).<br />
Nada previa, há 130 anos, que seria nesta escola que<br />
os primeiros ensaios para a produção <strong>de</strong> espumante natural<br />
fossem realizados, pela mão do seu primeiro diretor,<br />
José Maria Tavares da Silva. Este é, sem dúvida, um facto<br />
importantíssimo, que marca a história da região e a economia<br />
do município <strong>de</strong> Anadia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há séculos ligado à<br />
vitivinicultura.<br />
Com o <strong>de</strong>senvolvimento comercial do espumante começam<br />
a surgir, principalmente a partir da década <strong>de</strong> 20<br />
do século passado, diversas caves e a<strong>de</strong>gas no concelho <strong>de</strong><br />
Anadia que, a par do espumante, produziam outros vinhos<br />
<strong>de</strong> excelência.<br />
O nome <strong>de</strong> Anadia começa, <strong>de</strong>sta forma, a ser difundido<br />
um pouco por todo o mundo, e ao longo dos últimos<br />
anos tem-se notado uma crescente procura por parte <strong>de</strong><br />
turistas, quer no que respeita à prova dos vinhos aqui produzidos,<br />
quer na visita às diferentes caves e a<strong>de</strong>gas, tornando<br />
“Anadia, Capital do Espumante”.<br />
A intervenção da Estação Vitivinícola da Bairrada nos<br />
vários domínios da ciência vitivinícola vai para além da região<br />
da Bairrada, basta para isso lembrar os trabalhos dos<br />
seus primeiros responsáveis, Eng. Tavares da Silva e Eng.<br />
Mário Pato, e as repercussões que tiveram no setor, ao nível<br />
nacional e internacional.<br />
José M. Tavares da Silva, primeiro diretor da Escola Prática<br />
<strong>de</strong> Viticultura e Pomologia da Bairrada e criador do primeiro<br />
espumante em Portugal<br />
Projeto Baga Bairrada<br />
valoriza casta endógena<br />
da região<br />
A Comissão Vitivinícola da Bairrada criou, há dois anos,<br />
o projeto Baga Bairrada, com o propósito <strong>de</strong> estabelecer um<br />
standard coletivo para um espumante feito a partir da casta<br />
ban<strong>de</strong>ira da nossa região, a tinta Baga. Uma nova categoria,<br />
para um produto distinto e com regras <strong>de</strong> produção e<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> gráfica próprias, criada para melhor promover e<br />
ven<strong>de</strong>r a região – e seus vinhos – em Portugal e no Mundo.<br />
A Comissão Vitivinícola da Bairrada preten<strong>de</strong> assim sinalizar,<br />
<strong>de</strong>marcar e autenticar a casta Baga como varieda<strong>de</strong><br />
típica (e predominante) da Bairrada, valorizando a casta, a<br />
região vitivinícola, e gerando notorieda<strong>de</strong> para o gran<strong>de</strong> fator<br />
diferenciador: a Bairrada como região com massa crítica<br />
suficiente para fazer espumantes brancos <strong>de</strong> uma casta<br />
tinta.<br />
Embora a regulamentação <strong>de</strong>sta nova categoria contemple<br />
brancos, rosados e tintos, a CVB tem como principal objetivo<br />
assegurar um <strong>de</strong>nominador comum e estilo que faça<br />
crescer os chamados ‘Blanc <strong>de</strong> Noirs’, ou seja, espumantes<br />
brancos feitos a partir <strong>de</strong> uvas tintas, da casta Baga.<br />
A importância da casta Baga na valorização e diferenciação<br />
dos espumantes Bairrada é hoje uma realida<strong>de</strong> indiscutível.<br />
Durante anos, vários foram os produtores que encontraram<br />
nela o complemento perfeito para os seus lotes<br />
<strong>de</strong> vinho base espumante. No entanto, nos últimos 8 a 10<br />
anos os espumantes varietais <strong>de</strong> Baga têm ganho a<strong>de</strong>ptos<br />
na produção, mas também junto da crítica especializada e<br />
do consumidor, que lhe atribuem uma conotação extremamente<br />
positiva.<br />
São já duas <strong>de</strong>zenas os espumantes que atualmente fa-<br />
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Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA E VINHOS | ROTEIRO<br />
III<br />
zem parte do portefólio <strong>de</strong>ste projeto. Em<br />
comum têm a presença a 100% da casta<br />
rainha da Bairrada, a Baga, e o chamado<br />
“método clássico” <strong>de</strong> espumantização.<br />
Os sinais são claros: a Bairrada continua<br />
a crescer e a <strong>de</strong>monstrar uma vez mais o<br />
seu potencial para criar projetos e momentos<br />
únicos para a região. Na base <strong>de</strong>sta mudança<br />
<strong>de</strong> paradigma está a estratégia diferenciadora<br />
adotada nos últimos anos pela<br />
CVB, que através <strong>de</strong> diversas iniciativas<br />
tem apoiado os produtores da região a <strong>de</strong>senvolver<br />
novas i<strong>de</strong>ias e novos produtos.<br />
O cluster Baga Bairrada, que pressupõe<br />
colocar os espumantes num patamar <strong>de</strong><br />
elevada qualida<strong>de</strong>, é sem dúvida um dos<br />
melhores exemplos <strong>de</strong> valorização da região<br />
bairradina. Um projeto que ano após<br />
ano tem vindo a crescer com a entrada <strong>de</strong><br />
novas referências que prezam a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
da sua casta rainha, a Baga.<br />
Fontes:<br />
Catálogo do Museu do Vinho Bairrada “125 anos<br />
Estação Vitivinícola da Bairrada”;<br />
site da Comissão Vitivinícola da Bairrada<br />
Rótulos dos primeiros espumantes produzidos em Portugal, em finais do século XIX, pela Associação Vinícola da Bairrada<br />
Portefólio Espumantes Baga Bairrada<br />
A<strong>de</strong>ga <strong>de</strong> Cantanhe<strong>de</strong>: Marquês <strong>de</strong> Marialva Baga Bairrada Bruto branco<br />
Aliança <strong>Vinhos</strong> <strong>de</strong> Portugal: Aliança Baga Bairrada Reserva Bruto branco<br />
Caves São Domingos: São Domingos Baga Bairrada Bruto branco<br />
Caves São João: Quinta do Poço do Lobo Baga Bairrada Bruto Natural branco<br />
Rama & Selas: RS Baga Bairrada Bruto Natural branco<br />
Caves da Montanha: Montanha Baga Bairrada Gran<strong>de</strong> Cuvée Bruto branco<br />
Caves Primavera: Primavera Baga Bairrada Extra Bruto branco<br />
Aliança <strong>Vinhos</strong> <strong>de</strong> Portugal: Aliança Baga Bairrada Reserva Bruto rosé<br />
Quinta da Mata Fidalga: Mata Fidalga Baga Bairrada Vinhas Velhas Extra Bruto branco<br />
Caves Messias: Messias Baga Bairrada Gran<strong>de</strong> Reserva Bruto branco<br />
Caves Arcos do Rei: Íssimo Baga Bairrada Blanc <strong>de</strong> Noirs Bruto branco<br />
Ribeiro <strong>de</strong> Almeida: Ribeiro <strong>de</strong> Almeida Baga Bairrada branco<br />
In Vino Prior Lucas: Prior Lucas Baga Bairrada Blanc <strong>de</strong> Noirs Bruto branco<br />
In Vino Prior Lucas: Prior Lucas Baga Bairrada Bruto rosé<br />
Caves São Domingos: São Domingos Baga Bairrada Bruto rosé<br />
Agro Paulo Ferreira: Declynio Baga Bairrada branco<br />
Município <strong>de</strong> Ílhavo e Associação Rota da Bairrada: Faina Maior Baga Bairrada Bruto<br />
branco 2014<br />
Fernando Martins (Quinta do Cavaleiro): Alazão Baga Bairrada Reserva Bruto branco<br />
2015<br />
Positive Wine: Original Baga Bairrada Reserva Bruto branco 2015<br />
Vinícola Castelar: Castelar Baga Bairrada branco 2013<br />
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IV<br />
Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA e VINHOS<br />
Como escolher<br />
o melhor leitão<br />
A escolha do leitão é fundamental para termos um produto final excelente. De preferência <strong>de</strong>ver-<br />
-se-á escolher um leitão nascido e criado na região da Bairrada.<br />
Bísaro e Malhado <strong>de</strong> Alcobaça, são duas raças i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong>vido às características do animal. Trata-se<br />
<strong>de</strong> um leitão esgalgado e pernalto, <strong>de</strong> orelhas pen<strong>de</strong>ntes.<br />
De crescimento lento e engorda difícil, estes leitões têm uma proporção <strong>de</strong> músculo maior que <strong>de</strong><br />
gordura, originando uma carne pouco atoucinhada mas muito entremeada, cujo sabor é melhorado<br />
com a alimentação, rica e variada. Outrora, <strong>de</strong>ssa alimentação, faziam parte as bolotas dos carvalhos<br />
que existem em abundância na mata do Bussaco e, em menor quantida<strong>de</strong>, por toda a região da<br />
Bairrada, o que conferia um sabor particular à carne.<br />
Mas o leitão usado na confeção do “Leitão da Bairrada” não tem direito a provar outra iguaria que<br />
não seja o leite materno já que, se o fizer, a carne não terá o mesmo sabor. A mãe do leitão <strong>de</strong>verá ter<br />
uma alimentação natural como é uso na região.<br />
A sua ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá estar compreendida entre um mês e mês e meio no máximo. O seu peso em<br />
vivo <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> 7 a 8 kg.<br />
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Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA E VINHOS | ROTEIRO<br />
Sabores<br />
V<br />
RECEITA<br />
Como temperar o leitão<br />
Para preparar o tempero, juntam-se,<br />
num almofariz <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, – on<strong>de</strong> se pisarão,<br />
se possível, pela or<strong>de</strong>m que se segue<br />
– os seguintes ingredientes:<br />
2 cabeças <strong>de</strong> alhos,<br />
1 punhado <strong>de</strong> sal (3 colheres <strong>de</strong> sopa,<br />
por exemplo),<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa bem cheia <strong>de</strong> boa pimenta,<br />
um pouco <strong>de</strong> salsa,<br />
cerca <strong>de</strong> 50 g <strong>de</strong> toucinho e 50 a 100<br />
g <strong>de</strong> «unto» manteiga <strong>de</strong> porco<br />
1 folha <strong>de</strong> louro<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> azeite<br />
Estas quantida<strong>de</strong>s são as normais para<br />
um leitão <strong>de</strong> 7 a 8 kg.<br />
Depois <strong>de</strong> todos os ingredientes bem<br />
pisados adiciona-se a manteiga mexendo<br />
sempre até ficar uma massa regular. Finalmente,<br />
junta-se o azeite que <strong>de</strong>verá misturar-se<br />
com a massa feita com os referidos<br />
condimentos.<br />
O leitão é enfiado na vara (espeto) que,<br />
inicialmente era <strong>de</strong> loureiro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pinheiro<br />
seco e atualmente é <strong>de</strong> inox.<br />
A vara <strong>de</strong>ve ter um comprimento tal<br />
que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> metida até ao fundo do<br />
forno, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> fora cerca <strong>de</strong> 1 metro, pelo<br />
menos.<br />
A vara entrará pelo ânus que foi alargado<br />
no amanho, saindo pela boca cerca <strong>de</strong><br />
um palmo.<br />
Amarram-se as pernas à vara com um<br />
arame fino, ficando as mãos livres.<br />
Seguidamente, o leitão é muito bem<br />
barrado com o tempero, tanto por fora<br />
como interiormente, introduzindo o restante<br />
na barriga e em todas as partes vazias.<br />
É costume também dar umas picadas,<br />
com a agulha <strong>de</strong> o coser, nas coxas e<br />
espáduas on<strong>de</strong> há carne com mais altura,<br />
introduzindo um pouco <strong>de</strong> tempero nessas<br />
picadas.<br />
Cosem-se <strong>de</strong>pois os rasgos abertos no<br />
ventre e entre as mãos ou pescoço com<br />
uma agulha chamada «agulha <strong>de</strong> leitão»,<br />
tipo <strong>de</strong> coser sacos mas mais pequena, e<br />
um fio <strong>de</strong> linho ou algodão mais conhecido<br />
por fio carrete ou fio norte. Posto isto, o leitão<br />
está pronto a entrar no forno.<br />
Fonte: site da Confraria Gastronómica do<br />
Leitão da Bairrada<br />
da Bairrada<br />
Leitão da Bairrada – Várias terras da Bairrada reclamam o começo da comercialização<br />
do leitão. Mas historicamente aparece pela primeira vez, em san<strong>de</strong>s, num<br />
parque <strong>de</strong> diversões, em Arcos – Anadia, criado por José Ferreira Tavares, fundador da Cave<br />
Central da Bairrada e Cave Lusitana, para incrementar a venda dos seus espumantes.<br />
Neste parque eram exibidos filmes mudos e faziam-se bailes sempre muito concorridos e<br />
existiam várias barracas <strong>de</strong> comes e bebes on<strong>de</strong> começaram a aparecer as san<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitão para<br />
acompanhar os espumantes. O sucesso das san<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitão foi <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m, principalmente<br />
junto <strong>de</strong> marinheiros americanos que acostavam à barra <strong>de</strong> Aveiro e se <strong>de</strong>slocavam em excursão<br />
<strong>de</strong> comboio até Mogofores <strong>de</strong> on<strong>de</strong> José Ferreira Tavares os trazia em carroças. Este mandou<br />
construir um forno e contratou um assador que assava dois leitões <strong>de</strong> cada vez.<br />
Alexandre <strong>de</strong> Almeida, dono do Palace Hotel da Curia, ao ver o sucesso do leitão assado começou<br />
a servi-lo aos seus hóspe<strong>de</strong>s, gente endinheirada das elites nacionais que lhe começaram<br />
a chamar “Leitão Assado à Moda da Bairrada”.<br />
Os banquetes rurais da Bairrada, normalmente <strong>de</strong> batizados ou casamentos<br />
quase sempre servidos no pátio da casa ou na a<strong>de</strong>ga, nomeadamente no concelho <strong>de</strong> Anadia,<br />
começavam com a <strong>de</strong>gustação <strong>de</strong> três sopas: a abrir a canja <strong>de</strong> galinha, confecionada com a água<br />
<strong>de</strong> cozer as galinhas on<strong>de</strong> boiavam os ovos <strong>de</strong> vários tamanhos extraídos dos ovários das galinhas<br />
abatidas; seguia-se a sopa do cozido das carnes <strong>de</strong> porco e vaca, muito gordurosa com couve alta<br />
e batata; fechava as sopas um caldo ver<strong>de</strong>.<br />
Quanto aos peixes raramente era servido bacalhau, visto ser um prato que se comia diariamente.<br />
Optava-se por um prato <strong>de</strong> peixe do rio normalmente frito, seguido <strong>de</strong> um mais requintado,<br />
habitualmente pescada.<br />
Mas o forte <strong>de</strong>stes banquetes eram os pratos <strong>de</strong> carne. Começava-se com um assado ou<br />
estufado <strong>de</strong> aves (galinhas, patos ou perus). Seguia-se o cozido à portuguesa. Depois era servida<br />
nas caçoilas negras <strong>de</strong> Molelos a chanfana, por vezes substituída por cabrito assado ou então<br />
servidos ambos os pratos. Por fim surgia o leitão assado, já quando o dia começava a escurecer.<br />
Era o dono da casa que trinchava o leitão e o distribuía pelos comensais.<br />
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VI<br />
Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA e VINHOS<br />
Bacalhau é<br />
o rei à mesa<br />
dos portugueses<br />
Sói dizer-se que há 1001 maneiras<br />
<strong>de</strong> cozinhar bacalhau.<br />
E ele é, <strong>de</strong> facto, o ingrediente<br />
rei da época natalícia. Porque<br />
o Natal está à porta, nada<br />
melhor do que, neste <strong>Roteiro</strong><br />
<strong>de</strong> Gastronomia, divulgar algumas<br />
receitas <strong>de</strong> bacalhau para<br />
o Natal. Se está cansado <strong>de</strong> comer<br />
bacalhau cozido, opte por<br />
uma <strong>de</strong>stas opções, uma para<br />
a Consoada, outra quiçá para o<br />
almoço ou jantar do dia 25.<br />
Faina Maior,<br />
a pesca do bacalhau<br />
O bacalhau tem uma longa história à mesa dos portugueses. Há notícias datadas<br />
do séc. XVI, na época dos Descobrimentos, on<strong>de</strong> já se relatam campanhas nos<br />
bancos da Terra Nova, mas terá sido entre os anos 30 e 70 do século XX que a nossa<br />
presença se revelou mais intensa.<br />
Ao longo <strong>de</strong> séculos, o bacalhau, seco ou salgado, fez parte da ementa dos portugueses,<br />
mas na maior parte dos casos tratava-se <strong>de</strong> peixe importado.<br />
Como “Faina Maior” intitula-se a pesca do bacalhau à linha, praticada por homens<br />
e navios portugueses durante os séculos XIX e XX, nos longínquos mares da<br />
Terra Nova e da Gronelândia.<br />
Apesar da importância <strong>de</strong>sta captura, o número <strong>de</strong> navios portugueses envolvidos<br />
nesta ativida<strong>de</strong> na Terra Nova foi reduzida ao longo da história e só durante<br />
o século XX, com a Campanha do Bacalhau criada pelo regime do Estado Novo, foi<br />
possível assistir ao nascimento <strong>de</strong> uma frota importante envolvida nesta ativida<strong>de</strong>.<br />
O Estado Novo implementou uma política que beneficiava os armadores assegurando<br />
o financiamento, o fornecimento <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e outras facilida<strong>de</strong>s que maximizaram<br />
os lucros e fizeram crescer a frota envolvida nesta pesca. Se no princípio<br />
do século XX havia pouco mais <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> navios na Terra Nova, esse<br />
número cresceu nos anos cinquenta até ultrapassar as 70 unida<strong>de</strong>s.<br />
As campanhas, sazonais, estendiam-se <strong>de</strong> abril a novembro <strong>de</strong> cada<br />
ano. O trabalho dos pescadores era duro, com poucas condições<br />
<strong>de</strong> higiene, salubrida<strong>de</strong>, e jornadas que se podiam esten<strong>de</strong>r<br />
até às 20 horas <strong>de</strong> trabalho.<br />
Após a II Guerra Mundial a falta <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />
da frota, aliada à implementação <strong>de</strong><br />
legislação internacional que fechou o livre<br />
acesso ao mar, con<strong>de</strong>naram esta ativida<strong>de</strong><br />
pesqueira.<br />
Ílhavo, terra <strong>de</strong> lendários e<br />
corajosos marinheiros, é o lugar<br />
<strong>de</strong> memória <strong>de</strong>sta pesca. A memória<br />
dos que viveram as aventuras<br />
<strong>de</strong> uma faina <strong>de</strong> dureza incomparável<br />
está no Museu Marítimo <strong>de</strong> Ílhavo, on<strong>de</strong><br />
a Sala da Faina Maior Capitão Francisco Marques<br />
apela aos sentidos e exprime um duplo significado:<br />
evocação e homenagem a todas as comunida<strong>de</strong>s<br />
que <strong>de</strong>ram homens à “gran<strong>de</strong> pesca”.<br />
Base <strong>de</strong> inspiração<br />
para espumante<br />
Com apenas um<br />
mês <strong>de</strong> vida, o “Faina<br />
Maior Baga Bairrada<br />
Bruto branco 2014”<br />
<strong>de</strong>spertou <strong>de</strong> imediato<br />
a atenção dos críticos<br />
e profissionais do setor<br />
e conquistou o palato<br />
<strong>de</strong> muitos enófilos. A<br />
prová-lo, as vendas e a<br />
medalha <strong>de</strong> Ouro que<br />
ganhou no Concurso <strong>de</strong><br />
Espumantes Bairrada<br />
2017.<br />
Foi uma aposta ganha,<br />
do Município <strong>de</strong><br />
Ílhavo e da Associação<br />
Rota da Bairrada, promotores<br />
<strong>de</strong>ste produto.<br />
O ‘Faina Maior Baga<br />
Bairrada Bruto branco<br />
2014’ é um dos mais<br />
recentes espumantes<br />
da categoria ‘Baga Bairrada’, feito em exclusivo<br />
com a casta Baga. De cor amarela palha, com<br />
ligeiras nuances blush, este Blanc <strong>de</strong> Noirs (espumante<br />
branco feito <strong>de</strong> uvas tintas) tem um<br />
aroma intenso, com notas <strong>de</strong> frutos secos e<br />
vermelhos, tosta e biscoito. Na boca é muito<br />
fresco, seco e longo. Confirmam-se as sensações<br />
aromáticas percecionadas no olfato. I<strong>de</strong>al<br />
para acompanhar bacalhau, mas também<br />
canapés, peixe, carnes brancas ou vermelhas<br />
magras.<br />
Este espumante foi lançado a 9 <strong>de</strong> agosto<br />
<strong>de</strong>ste ano, por ocasião do “Festival do Bacalhau<br />
2017”, em Ílhavo. É uma homenagem aos<br />
bravos que se <strong>de</strong>dicam à pesca do bacalhau<br />
e à Bairrada, fazendo uso da sua casta rainha<br />
(Baga) na produção do seu produto âncora (espumante).<br />
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Encomendas: Bolo Rei, Bolo Escangalhado, Broas <strong>de</strong> Natal,<br />
Rabanadas, Panettone, Sonhos, Rabanadas, Troncos <strong>de</strong> Natal,<br />
Filhoses, Ovos Moles, Lampreia <strong>de</strong> Ovos, etc.<br />
Rua das Laranjeiras n.º 2 - 3780-541 CURIA<br />
966 045 874 | 966 045 877
Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
GASTRONOMIA E VINHOS | ROTEIRO<br />
VII<br />
Bacalhau com Broa<br />
Ingredientes<br />
400 g bacalhau <strong>de</strong>sfiado<br />
2 c. alho picado<br />
3 batatas gran<strong>de</strong>s<br />
1 molho espinafres<br />
3 c. azeite<br />
250g broa<br />
Colorau<br />
Batatas<br />
Modo <strong>de</strong> preparação<br />
Comece por <strong>de</strong>scascar as batatas,<br />
cortá-las aos cubos e cozê-las. Coza<br />
também os espinafres e o bacalhau<br />
<strong>de</strong>sfiado durante 3 minutos. Esfarele<br />
a broa – ou pique no picador. Numa<br />
assa<strong>de</strong>ira disponha os espinafres, 1/2<br />
<strong>de</strong> alho picado e o bacalhau <strong>de</strong>sfiado.<br />
Salpique com outra 1/2 colher <strong>de</strong> alho<br />
e colorau. Por cima coloque as batatas<br />
aos cubos e a broa e volte a salpicar<br />
com o restante alho e com o azeite.<br />
Leve tudo ao forno durante 25 minutos<br />
até a broa estar dourada.<br />
RECEITAS<br />
Roupa Velha<br />
Ingredientes<br />
Couves<br />
Batatas<br />
Bacalhau<br />
Alhos<br />
Azeite<br />
Nota: A Roupa Velha é feita com os restos do bacalhau<br />
cozido da noite <strong>de</strong> consoada.<br />
Modo <strong>de</strong> preparação<br />
A Roupa Velha é provavelmente a receita <strong>de</strong> Natal<br />
mais comum da época. Corte em pedaços a couve,<br />
o bacalhau e as batatas. Pique alguns <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
alho e aloure-os em azeite. Junte a este refogado as<br />
couves, o bacalhau e as batatas. Mexa tudo e <strong>de</strong>ixe<br />
ao lume o tempo necessário para aquecer a mistura.<br />
Chame a família para a mesa porque a refeição<br />
está pronta.<br />
O Museu Marítimo <strong>de</strong> Ílhavo (MMI) faz parte do<br />
espólio cultural da Câmara Municipal <strong>de</strong> Ílhavo. Foi<br />
inaugurado em 1937, após um longo processo <strong>de</strong> gestação<br />
dinamizado por um grupo <strong>de</strong> amigos do Museu.<br />
Em 2001 foi renovado e ampliado, passando a<br />
habitar num belo edifício <strong>de</strong> arquitetura mo<strong>de</strong>rna<br />
projetado pelo gabinete ARX Portugal. Nesse mesmo<br />
ano, o MMI passou a contar com o navio-museu Santo<br />
André, antigo arrastão bacalhoeiro.<br />
Em 2012, foi criada a sua unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação<br />
e empreen<strong>de</strong>dorismo, o CIEMar-Ílhavo. Em 2013,<br />
passou a incluir um admirável Aquário <strong>de</strong> Bacalhaus.<br />
Este Aquário <strong>de</strong> Bacalhaus, inaugurado em janeiro<br />
<strong>de</strong> 2013, consiste numa atraente exposição<br />
<strong>de</strong> património biológico <strong>de</strong>dicado à espécie Gadus<br />
morhua, o bacalhau do Atlântico, que po<strong>de</strong>mos<br />
consi<strong>de</strong>rar “o nosso bacalhau”, aquele que os portugueses<br />
pescam e consomem há vários séculos.<br />
Plenamente inserido no percurso expositivo do Museu,<br />
o Aquário completa o discurso histórico e memorial<br />
da Faina Maior oferecendo ao público uma<br />
experiência <strong>de</strong> conhecimento e lazer incomparável.<br />
O Aquário tem 3,2 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong><br />
para 120 metros cúbicos <strong>de</strong> água. O sal é proveniente<br />
<strong>de</strong> laboratório <strong>de</strong> modo a ter características<br />
semelhantes às do habitat natural do bacalhau. A<br />
temperatura da água varia entre os 10ºC e os 12ºC.<br />
Fonte: Museu Marítimo <strong>de</strong> Ílhavo<br />
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T.: 234 758 529 - Rua Banda Filarmónica, 17 r/c<br />
3770-033 MAMARROSA<br />
Almoços | Jantares | Petiscos | Dormidas<br />
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Réveillon 17<br />
2018<br />
A partir das 20h30<br />
JANTAR BUFFET<br />
com música ao vivo<br />
com o Grupo “L&M”<br />
Entradas | Mesa <strong>de</strong> queijos<br />
Pratos quentes | Sobremesas<br />
00h - Espumante e Passas<br />
01h - Caldo ver<strong>de</strong> c/ broa<br />
3h - Chocolate quente
VIII PUBLICIDADE<br />
Jornal da Bairrada<br />
7 | <strong>de</strong>zembro | 2017<br />
2017<br />
REVEILLON<br />
ENTRADAS<br />
Camarão, Sapateira,<br />
Mexilhão meia casca,<br />
Rojões, Bife <strong>de</strong> frango<br />
panado, Caviar, Enguias<br />
fritas, Ovos <strong>de</strong> Codorniz com<br />
molho ver<strong>de</strong>, Rissóis, Bolos<br />
<strong>de</strong> Bacalhau, Croquetes,<br />
Chamuças, Caprichos, Rojões<br />
das tripas, Pataniscas <strong>de</strong><br />
Bacalhau, Cabi<strong>de</strong>la <strong>de</strong> Leitão,<br />
Folhadinhos mistos, Canapés<br />
diversos e Espetadinhas <strong>de</strong><br />
abacaxi com queijo.<br />
PRATOS PRINCIPAIS<br />
Leitão assado da Bairrada<br />
Bacalhau com natas<br />
Bacalhau com broa<br />
Javali com castanhas<br />
Lombo porco recheado com ameixas<br />
Batatas alouradas, Batatas fritas.<br />
Servido por:<br />
00H ESPUMANTE E PASSAS<br />
SOBREMESAS<br />
Frutas laminadas, Mesa Queijos,<br />
Mesa Enchidos, Mesa Doces Tradicionais.<br />
03H CEIA QUENTE<br />
Caldo Ver<strong>de</strong> com broa,<br />
Chocolate Quente<br />
BEBIDAS<br />
Vinho Tinto E.A., Vinho Ver<strong>de</strong> Muralhas,<br />
Espumante Terras do Demo<br />
Sumos, Águas, Cafés, Digestivos<br />
2018<br />
QUINTA DO OUTEIRO<br />
Aguada <strong>de</strong> Cima | Águeda<br />
Telm. 917 527 366<br />
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Adultos 60€<br />
Crianças 5-12 anos 30€<br />
Jantar Dançante<br />
Música ao vivo<br />
Serviço Buffet<br />
Receção: 20h30<br />
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Virgílio dos Leitões!<br />
Mais <strong>de</strong> 40 anos<br />
<strong>de</strong> experiência<br />
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Leitão da Bairrada<br />
e outros petiscos<br />
Estrada Nacional N.º 1 / IC2<br />
PENEIREIRO - MEALHADA<br />
3780-623 ANADIA<br />
Tel. 231 512 960<br />
Fax 231 511 901<br />
virgiliodosleitoes@gmail.com