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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Alternativas<br />

Com a popularização da internet, emergiram características descentralizadoras,<br />

o que possibilitou um pensamento democratizador e contrahegemônico.<br />

Pode-se pensar o ciberespaço como uma nova esfera pública<br />

e um meio alternativo de informação. Nesse contexto, os blogs aparecem<br />

como uma forma de expressão livre dos grandes meios comunicativos.<br />

Quanto vale a liberdade de expressão nessas plataformas? Para algumas<br />

pessoas ela se tornou cara. Luiz Carlos Azenha chegou a ameaçar fechar o<br />

seu blog Viomundo, por conta do alto custo da indenização que terá que<br />

pagar. Mas, comovido pelo apelo dos leitores de seu blog e nas redes sociais,<br />

resolveu continuar com o projeto, realizando algumas alterações. No texto<br />

publicado no dia 1º de abril de 2013, ele afirma: “Com as grandes corporações<br />

de mídia, vivemos uma espécie de Gulag ao contrário: nosso corpo<br />

está livre, mas nosso pensamento frequentemente é prisioneiro de uma<br />

pauta que não nos interessa e, mais que isso, desconhece o interesse público,<br />

precariza as relações de trabalho e<br />

concentra ainda mais o capital na mão<br />

de poucos”. Viomundo existe há 10 anos<br />

e se afirma como um espaço dos movimentos<br />

sociais de contraposição à mídia<br />

tradicional.<br />

Outro caso é do também jornalista<br />

Fábio Pannuzio. Ele decidiu não postar<br />

mais no Blog do Pannuzio pelo mesmo<br />

motivo de Azenha: altos custos judiciais.<br />

O blog já sofreu vários processos, mas o<br />

que o incentivou a encerrar as publicações,<br />

no ano de 2012, foi um processo<br />

Na mesma linha do Marco Regulatório para a comunicação, há um projeto civil determinando a retirada do ar de<br />

de lei conhecido como Marco Civil da internet que surgiu para definir uma um post que continha críticas ao atual<br />

série de direitos e obrigações que dizem respeito a usuários da web. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.<br />

Criado em 2009, publicou quase 8<br />

fato configura-se como uma política pública reivindicada pela sociedade<br />

civil, de modo que a ferramenta comunicativa não fique atrelada aos mil textos com o objetivo de compor um<br />

interesses dos grandes grupos econômicos ou aos governos de plantão. espaço de manifestação pessoal e reflexão<br />

política.<br />

Essa regulamentação na internet também bate de frente com importantes<br />

setores privados e fortalece a ideia de como é tênue a linha que separa<br />

o interesse privado do político, pois, enquanto a regulamentação<br />

não entra em funcionamento, Projetos de Leis que expõem dados dos<br />

usuários da rede são votados às escuras. Uma delas, a PL 4.906/2001,<br />

permitiria que empresas de comércios virtuais coletassem informações<br />

pessoais sem que o cidadão optasse ou soubesse disso. Para a retirada<br />

dessas informações, a pessoa teria que solicitar a saída. Uma segunda, o<br />

PL 4.060/2012, estabeleceria mecanismos de retirada de conteúdos de<br />

sites sem ordem judicial.<br />

Os dois projetos caíram, mas foram fortemente discutidos nos bastidores<br />

do parlamento. Fator que frisa a importância da regulamentação do Marco<br />

Civil e chama a atenção do interesse público para uma política mais<br />

democrática.<br />

Para o jurista gestor do projeto em sua primeira fase, Paulo Rená, o “Marco<br />

civil traz importantes previsões, seja porque permite entender melhor<br />

a relação do direito do consumidor com os aspectos jurídicos da internet,<br />

seja porque contém regras específicas para garantir os direitos, com a<br />

possibilidade da defesa judicial de direitos coletivos”, afirma em entrevista<br />

ao site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação<br />

(www.fndc.org.br).<br />

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