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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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onde fica? Onde fica o horário voltado para<br />

nós? E se eu quiser dormir dez minutinhos<br />

a mais e colocar o celular no “soneca”? Precisamos<br />

mesmo estar o tempo todo olhando<br />

o relógio? Será mesmo que esta ditadura<br />

chamada tempo é tão importante ao ponto<br />

de nos esquecermos o que significa viver?<br />

Viver, sabe, desprendido de qualquer amarra,<br />

viver de forma livre e solta. Desprendernos,<br />

não do objeto relógio, mas dos horários<br />

que simbolizam as normas impostas por<br />

uma sociedade acostumada a lidar sempre<br />

com padrões e rotinas.<br />

De repente, em um solavanco, saio do<br />

meu estado de inércia e percebo que passei<br />

do ponto no qual deveria descer. Em um<br />

sinal desesperado, peço ao motorista para<br />

que pare o ônibus. Demoro alguns segundos<br />

para conseguir sair. Quando finalmente<br />

consigo, olho para o meu pulso, e já são<br />

19 horas. Confiro na minha agenda, e meu<br />

compromisso estava marcado para meia<br />

hora atrás. Sinto raiva por ter atrasado,<br />

mas não há nada mais que eu possa fazer.<br />

Pego meu celular, ligo para o meu professor,<br />

explico-lhe o que aconteceu e remarco a<br />

reunião. Em seguida, dirijo-me para a pracinha<br />

e começo a ler o livro que carrego em<br />

minha bolsa. Tic tac,tic tac – o despertador<br />

do meu celular interrompe minha leitura<br />

para alertar que ainda tenho aula de inglês.<br />

E, sem pensar, desligo o telefone, tiro meu<br />

relógio de pulso, o guardo na bolsa e decido<br />

que não vou mais me prender a horários.<br />

Não por hoje!<br />

existissem os padrões. E se a regra fosse ser<br />

totalmente livre? É como um contrassenso,<br />

um conceito impalpável, quase transcendental.<br />

Seria como estar preso em sua própria<br />

liberdade inventada, ou até mesmo estar<br />

livre numa prisão. E o tempo, o que tem<br />

a ver com isso? Perguntava-me.<br />

Eu, você, todos. Sempre queremos mais<br />

tempo. Mas para quê? Ainda me questiono.<br />

A ditadura se impõe por estes dois ponteiros<br />

incessantes. Assim, sem nem notarmos,<br />

os segundos se transformam em minutos, e<br />

depois em horas, dias, meses e quando nos<br />

damos contai, em um piscar de olhos, já se<br />

passaram anos. O tempo que é inversamente<br />

proporcional à nossa felicidade: quanto<br />

mais tempo se passa, mais infelizes parecemos<br />

estar. Com o tempo, a idade vem e, com<br />

ela, as rugas, os cabelos brancos, o esquecimento.<br />

A todo instante, vidrados no horário<br />

para não esquecermos nenhum compromisso.<br />

É o trabalho de manhã, uma reunião<br />

importante à tarde, levar e buscar os filhos<br />

na escola, ir para a academia, estudar para o<br />

concurso, cuidar da casa... E o nosso tempo,<br />

FIM<br />

10

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