edição de 6 de novembro de 2017

03.11.2017 Views

we mkt Gearstd/iStock Debacle dos campeões “Muitos dos fracassos desta vida concentramse nas pessoas que desistiram por não saberem que estavam próximos da linha de chegada”. Thomas Edison Francisco alberto Madia de souza Os talentos, virtudes e aptidões que uma pessoa demonstra ter para determinado tipo de atividade, não necessariamente a credenciam a alcançar sucesso semelhante ou próximo em outra atividade. O esporte tem nos trazido infinitos exemplos. Semanas atrás Boris Becker, campeão e lenda do tênis, teve sua falência decretada. E ainda outro dia era possível vê-lo nas quadras como treinador de Novak Djokovic. Outro craque, Muller, bicampeão mundial de clubes, que vestiu a camisa dos quatro principais times de São Paulo, até outro dia morava de favor por ter literalmente quebrado. Morava com Pavão, seu ex-companheiro do tempo de São Paulo. O lateral Roberto Carlos, ex-seleção e ex-Real Madrid, no dia 31 de agosto passado, teve a sua prisão decretada por atraso na pensão alimentar de dois de seus nove filhos... A relação é infindável. Há poucos dias quem ocupava as manchetes era o ex- -craque do Corinthians Marcelinho Carioca, que vem utilizando um laranja para escapar de uma dívida. Mas quero me concentrar num drama que muitos brasileiros acompanham com atenção, torcendo para que, de alguma forma, acabe se resolvendo e envolve um dos maiores ídolos da história do esporte de nosso país. Nas pistas era rápido, preciso, decidido, perfeito, eficaz. Nos negócios, um desastre. Sua importância na história do esporte brasileiro, muito especialmente do automobilismo, é fantástica, não só por seu desempenho, como por ter aberto a passagem para outros importantes esportistas. Como não sabia que era impossível foi lá e fez; e venceu! E conquistou! Como nos ensina Milton Berle. Emerson Fittipaldi! Sua história é espetacular e emocionante. Vendeu tudo o que tinha, comprou uma Fórmula Ford, trabalhou como operário em fábrica de cabeçotes, polindo peças para poder ter um mo- tor. Morava em uma pensão na Inglaterra, pagando 12 libras por semana. O supostamente impossível aconteceu. No dia 13 de julho de 1969, estreou na Fórmula 3. Fez teste e tornou-se o primeiro piloto da Lotus em 1970. Dois anos depois sagrava-se campeão mundial da Fórmula 1 pela Lotus, e bi, em 1974, pela McLaren. Sem Emerson não existiriam Piquet e Senna. E, depois, Barrichello e Massa, e todos os demais pilotos brasileiros. Lemyr Martins, jornalista e fotógrafo, acompanhou, documentou e registrou toda sua história. E sintetiza, em Época Negócios de setembro/2017, a ruína do empresário Emerson: “Emerson Fittipaldi carrega uma dívida milionária”. Nega estar falido e tenta encontrar soluções para dar a volta por cima. O problema, diz Lemyr, “é que não há mais pistas para contornar a derrapagem financeira”. O piloto, um craque definitivo e legendário. O empresário, um desastre. Decidiu construir um carro com seu irmão – o Skol–Fittipaldi F-7 –, nada. Plantou laranjas em Araraquara, fabricou lanchas nos Estados Unidos, volantes na Itália, moda no Brasil – grife Hugo Boss – e nada deu certo. Perdeu R$ 15 milhões com as laranjas, suas iniciativas nas corridas como empresário jamais saíram do vermelho, convive hoje com 112 cobranças judiciais e uma dívida de R$ 27 milhões – valores não corrigidos... Lemyr termina afirmando: “Triste situação de quem driblou a morte várias vezes nas pistas e foi derrotado na selva dos investimentos. Lastimável é que, desta vez, o piloto não poderá socorrer o empresário...”. As virtudes que garantem a uma pessoa consagrar-se numa atividade não necessariamente garantem sucessos nos negócios. E assim sempre é recomendável que confiem suas iniciativas e empreitadas a profissionais de confiança, competência e qualidade. Tomara que o grande campeão e abridor de portas consiga dar uma última acelerada e cruzar a linha de chegada com sua derradeira e principal vitória. Enquanto isso não ocorre, fica a lição. Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing famadia@madiamm.com.br 32 6 de novembro de 2017 - jornal propmark

mídia Fotos: Divulgação A Eletromidia explora os meios de transporte público, como o Metrô da Bahia; no destaque o sócio e VP comercial Alexandre Guerrero Eletromidia vê oportunidades para OOH ampliar sua oferta Empresa tem 24 mil faces disponíveis, 50% totalmente digitais, e acredita que com métricas e aferição do IVC tendência é de crescimento do canal Paulo Macedo mercado de OOH (Out of O Home) contabiliza uma participação de 3% do bolo publicitário brasileiro, com um investimento bruto de aproximadamente R$ 3,5 bilhões. Porém, há uma perspectiva consistente de crescimento sólido dessa oferta de mídia para os próximos três anos. A expectativa é de dobrar de tamanho, segundo projeções dos principais players do segmento, nesse período, especialmente com a nova oferta de métricas para a medição da sua efetividade, como o Mapa OOH elaborado pela ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e sistemas de auditagem como o do IVC (Instituto Verificador de Comunicação). Na Eletromidia, que teve 80% do seu capital adquirido há cerca de dois anos pelo fundo norte-americano HIG, a ideia é ampliar o volume de negócios, como explica o sócio e vice-presidente comercial Alexandre Guerrero. E a meta não é inexequível. Houve modernização dos equipamentos após a Lei Cidade Limpa, em São Paulo. “Anunciantes que estavam fora do meio voltaram a investir no nosso negócio. Aqueles que já anunciavam incrementaram seus investimentos, não só no mercado de São Paulo, mas nas principais cidades do país. Podemos afirmar que a mídia out of home voltou à pauta dos principais anunciantes”. A Eletromidia tem 24 mil faces que, segundo Guerrero, é o maior inventário de OOH do mercado brasileiro. “Sendo que, deste total, são quase 50% digitais e 50% estáticos. Já para formatos de impacto utilizamos painéis de LED de última geração e para os formatos de cobertura e frequência geralmente são monitores de TV, que vão de 75 polegadas, no mobiliário urbano, até 18 polegadas, para monitor interno de vagões de trem e Metrô”. A Eletromidia é parceira da TV Minuto. O volume mensal de anunciantes presentes nos espaços da empresa é de 200, mas atinge o patamar de 400 marcas ao longo de 12 meses. Guerrero explica o diferenciais da empresa. “Construímos uma plataforma líder em transporte público sobre trilhos no eixo Rio- -São Paulo e Salvador, e ainda enxergamos um potencial de crescimento de modelo e entrega nestes ambientes enormes, além de 40 shopping centers também integrados ao nosso sistema. Temos hoje o maior alcance diário em OOH sob uma plataforma digital, isso nos permite atuar em diversas categorias e frentes de forma dinâmica. Criamos um modelo em que nossa equipe comercial trabalha alinhada com inteligência de mercado, pois desta forma, conseguimos construir uma solução técnica e mercadológica assertiva. Essa área é liderada pelo Rodrigo Rodrigues e possui mais de 20 profissionais, ou seja, uma agência de planejamento e criação trabalhando dentro de casa que sempre é alinhada com o departamento comercial”, finaliza Guerrero. jornal propmark - 6 de novembro de 2017 33

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Gearstd/iStock<br />

Debacle dos campeões<br />

“Muitos dos fracassos <strong>de</strong>sta vida concentramse<br />

nas pessoas que <strong>de</strong>sistiram por não saberem<br />

que estavam próximos da linha <strong>de</strong> chegada”.<br />

Thomas Edison<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Os talentos, virtu<strong>de</strong>s e aptidões que uma<br />

pessoa <strong>de</strong>monstra ter para <strong>de</strong>terminado<br />

tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, não necessariamente<br />

a cre<strong>de</strong>nciam a alcançar sucesso semelhante<br />

ou próximo em outra ativida<strong>de</strong>. O esporte<br />

tem nos trazido infinitos exemplos. Semanas<br />

atrás Boris Becker, campeão e lenda<br />

do tênis, teve sua falência <strong>de</strong>cretada. E ainda<br />

outro dia era possível vê-lo nas quadras<br />

como treinador <strong>de</strong> Novak Djokovic. Outro<br />

craque, Muller, bicampeão mundial <strong>de</strong> clubes,<br />

que vestiu a camisa dos quatro principais<br />

times <strong>de</strong> São Paulo, até outro dia morava<br />

<strong>de</strong> favor por ter literalmente quebrado.<br />

Morava com Pavão, seu ex-companheiro do<br />

tempo <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O lateral Roberto Carlos, ex-seleção e<br />

ex-Real Madrid, no dia 31 <strong>de</strong> agosto passado,<br />

teve a sua prisão <strong>de</strong>cretada por atraso<br />

na pensão alimentar <strong>de</strong> dois <strong>de</strong> seus nove<br />

filhos... A relação é infindável. Há poucos<br />

dias quem ocupava as manchetes era o ex-<br />

-craque do Corinthians Marcelinho Carioca,<br />

que vem utilizando um laranja para escapar<br />

<strong>de</strong> uma dívida.<br />

Mas quero me concentrar num drama<br />

que muitos brasileiros acompanham com<br />

atenção, torcendo para que, <strong>de</strong> alguma forma,<br />

acabe se resolvendo e envolve um dos<br />

maiores ídolos da história do esporte <strong>de</strong><br />

nosso país. Nas pistas era rápido, preciso,<br />

<strong>de</strong>cidido, perfeito, eficaz. Nos negócios,<br />

um <strong>de</strong>sastre.<br />

Sua importância na história do esporte<br />

brasileiro, muito especialmente do automobilismo,<br />

é fantástica, não só por seu <strong>de</strong>sempenho,<br />

como por ter aberto a passagem<br />

para outros importantes esportistas. Como<br />

não sabia que era impossível foi lá e fez; e<br />

venceu! E conquistou! Como nos ensina<br />

Milton Berle.<br />

Emerson Fittipaldi! Sua história é espetacular<br />

e emocionante. Ven<strong>de</strong>u tudo o que<br />

tinha, comprou uma Fórmula Ford, trabalhou<br />

como operário em fábrica <strong>de</strong> cabeçotes,<br />

polindo peças para po<strong>de</strong>r ter um mo-<br />

tor. Morava em uma pensão na Inglaterra,<br />

pagando 12 libras por semana. O supostamente<br />

impossível aconteceu. No dia 13 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1969, estreou na Fórmula 3. Fez<br />

teste e tornou-se o primeiro piloto da Lotus<br />

em 1970. Dois anos <strong>de</strong>pois sagrava-se campeão<br />

mundial da Fórmula 1 pela Lotus, e bi,<br />

em 1974, pela McLaren.<br />

Sem Emerson não existiriam Piquet e<br />

Senna. E, <strong>de</strong>pois, Barrichello e Massa, e<br />

todos os <strong>de</strong>mais pilotos brasileiros. Lemyr<br />

Martins, jornalista e fotógrafo, acompanhou,<br />

documentou e registrou toda sua<br />

história. E sintetiza, em Época Negócios<br />

<strong>de</strong> setembro/<strong>2017</strong>, a ruína do empresário<br />

Emerson: “Emerson Fittipaldi carrega uma<br />

dívida milionária”. Nega estar falido e tenta<br />

encontrar soluções para dar a volta por<br />

cima. O problema, diz Lemyr, “é que não há<br />

mais pistas para contornar a <strong>de</strong>rrapagem financeira”.<br />

O piloto, um craque <strong>de</strong>finitivo e<br />

legendário. O empresário, um <strong>de</strong>sastre. Decidiu<br />

construir um carro com seu irmão – o<br />

Skol–Fittipaldi F-7 –, nada. Plantou laranjas<br />

em Araraquara, fabricou lanchas nos Estados<br />

Unidos, volantes na Itália, moda no<br />

Brasil – grife Hugo Boss – e nada <strong>de</strong>u certo.<br />

Per<strong>de</strong>u R$ 15 milhões com as laranjas,<br />

suas iniciativas nas corridas como empresário<br />

jamais saíram do vermelho, convive<br />

hoje com 112 cobranças judiciais e uma dívida<br />

<strong>de</strong> R$ 27 milhões – valores não corrigidos...<br />

Lemyr termina afirmando: “Triste<br />

situação <strong>de</strong> quem driblou a morte várias<br />

vezes nas pistas e foi <strong>de</strong>rrotado na selva<br />

dos investimentos. Lastimável é que, <strong>de</strong>sta<br />

vez, o piloto não po<strong>de</strong>rá socorrer o empresário...”.<br />

As virtu<strong>de</strong>s que garantem a uma pessoa<br />

consagrar-se numa ativida<strong>de</strong> não necessariamente<br />

garantem sucessos nos negócios.<br />

E assim sempre é recomendável que<br />

confiem suas iniciativas e empreitadas a<br />

profissionais <strong>de</strong> confiança, competência e<br />

qualida<strong>de</strong>. Tomara que o gran<strong>de</strong> campeão<br />

e abridor <strong>de</strong> portas consiga dar uma última<br />

acelerada e cruzar a linha <strong>de</strong> chegada com<br />

sua <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira e principal vitória. Enquanto<br />

isso não ocorre, fica a lição.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

32 6 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

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