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edição de 6 de novembro de 2017

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As vendas <strong>de</strong> bilheteria e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> cobrem todas<br />

as <strong>de</strong>spesas do torneio?<br />

A receita do GP Brasil cobre as<br />

<strong>de</strong>spesas com a sua organização.<br />

Nós somos, inclusive, organizadores<br />

esportivos, somos responsáveis<br />

por toda a parafernália que<br />

você vê no autódromo: fiscais,<br />

médicos, sinalização, diretor <strong>de</strong><br />

prova, centenas <strong>de</strong> pessoas, tudo<br />

sob a nossa responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Conseguimos pagar essas <strong>de</strong>spesas,<br />

mas nós não conseguimos<br />

pagar os direitos para a matriz.<br />

Cada país que promove o GP precisa<br />

pagar pelos direitos, é o custo<br />

do show. Esse valor varia um<br />

pouco, <strong>de</strong> US$ 35 milhões a US$<br />

50 milhões. A matriz, por algum<br />

motivo ainda misterioso, afirma<br />

que tudo bem, que vai continuar<br />

correndo no Brasil, embora seja<br />

<strong>de</strong>ficitário.<br />

A compra da Fórmula 1 pelo grupo<br />

Liberty Media alterou <strong>de</strong> alguma forma<br />

o negócio?<br />

Pelo pouco que a gente já sentiu,<br />

os americanos têm atitu<strong>de</strong>s<br />

diferentes dos ingleses, <strong>de</strong> alguém<br />

que não tem essa ligação<br />

emocional que o Bernie Ecclestone<br />

(ex-presi<strong>de</strong>nte e criador da<br />

competição) tem. Principalmente<br />

em relação ao Brasil, o Bernie<br />

tem uma atitu<strong>de</strong> totalmente<br />

diferente. Ele se consi<strong>de</strong>ra brasileiro,<br />

casou-se com uma brasileira,<br />

tem proprieda<strong>de</strong>s aqui. Ele<br />

tem uma ligação muito gran<strong>de</strong><br />

com a família Marinho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

época do doutor Roberto. Quando<br />

os americanos chegaram foi<br />

outra história. Quiseram ver os<br />

números. Eles vêm agora em <strong>novembro</strong>,<br />

vamos sentar e ver se<br />

estão dispostos a continuar bancando<br />

o GP Brasil <strong>de</strong> F-1.<br />

A organização chegou a buscar alternativas?<br />

O governo?<br />

Nós levantamos essa questão<br />

com o presi<strong>de</strong>nte Temer em <strong>novembro</strong><br />

passado. Ele nos disse<br />

que não tinha dinheiro. Sugerimos<br />

então que o governo escolhesse<br />

algumas empresas e anunciasse<br />

sua presença no exterior.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos fazer alguns pacotes<br />

incluindo quatro prêmios lá fora<br />

e colocar placas publicitárias do<br />

Banco do Brasil, Petrobras, Apex,<br />

que é a agência promotora do comércio<br />

exterior do Brasil. A gente<br />

pensou em criar uma miniexposição<br />

nos autódromos. Seria<br />

uma compra <strong>de</strong> mercadoria nossa,<br />

uma transação comercial. Foi<br />

conversado com o pessoal da Secom,<br />

que controla essas verbas,<br />

mas até o presente momento isso<br />

não andou.<br />

Qual é o perfil <strong>de</strong> público que acompanha<br />

o GP Brasil <strong>de</strong> F-1?<br />

Há basicamente dois públicos<br />

distintos. Tem o que chamamos<br />

Divulgação<br />

<strong>de</strong> ‘petrol head’, ou seja, cabeça<br />

<strong>de</strong> gasolina. São aqueles que<br />

acompanham o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

tecnológico, conhecem a história<br />

<strong>de</strong> cada piloto e apreciam a tecnologia,<br />

que é <strong>de</strong> longe a melhor<br />

que existe. Eles assistem pela TV,<br />

que no Brasil são mais <strong>de</strong> 22 milhões.<br />

Dentro <strong>de</strong>sse universo tem<br />

um grupo pequeno que quer ver<br />

os carros na pista. Esse público é<br />

muito fiel. Existe um outro público,<br />

tanto para TV quanto no autódromo,<br />

que é o torcedor <strong>de</strong> qualquer<br />

coisa. Minha mãe, coitada,<br />

assistia todos os prêmios porque<br />

gostava do Ayrton Senna. O que<br />

ela sabia <strong>de</strong> F-1? Zero. É o mesmo<br />

público que assiste os 100 metros<br />

nas Olimpíadas. Já que ouviu falar<br />

que o Usain Bolt é um atleta<br />

fora <strong>de</strong> série, se interessa <strong>de</strong> ver.<br />

Que bom que esses caras gostam<br />

<strong>de</strong> F-1 também.<br />

Qual é a representativida<strong>de</strong> do GP<br />

Brasil para o negócio global?<br />

Eu diria que um gran<strong>de</strong> peso.<br />

Anualmente a Formula One Group<br />

reafirma que para o negócio <strong>de</strong>les,<br />

precisa ter uma importância fundamental:<br />

a audiência colhida na<br />

TV. E a maior audiência televisiva<br />

em termos mundiais das 21 provas<br />

é o GP Brasil.<br />

“se [o gp<br />

BrAsil] fosse<br />

em outrA<br />

emissorA, A<br />

gente estAvA<br />

morto”<br />

Isso explica, por exemplo, o porquê<br />

da parceria histórica com a Globo,<br />

que só não transmitiu a prova em<br />

1980, quando os direitos estavam<br />

com a Band?<br />

O que se comenta é que a segunda<br />

maior proprieda<strong>de</strong> vendida<br />

pela TV Globo em termos <strong>de</strong><br />

volume <strong>de</strong> receita é a F-1. Eu diria<br />

que o GP Brasil sobrevive há tantos<br />

anos em função <strong>de</strong>ssa nossa<br />

parceria. Ela é fundamental.<br />

Fiz uma apresentação há alguns<br />

anos na FGV para a pós-graduação<br />

em marketing esportivo. Eu<br />

disse que não existe marketing<br />

esportivo. Existe marketing <strong>de</strong><br />

produtos esportivos feitos na televisão.<br />

Perguntei quem queria<br />

ser promotor <strong>de</strong> um campeonato<br />

<strong>de</strong> squash. A velocida<strong>de</strong> da<br />

bolinha é tanta que não dá para<br />

ver. Por isso não é transmitido<br />

em TV. Esgrima? Também não.<br />

Você só assiste se você enten<strong>de</strong>r<br />

as regras. Se não serve para TV<br />

não ven<strong>de</strong>. É por isso que F-1 no<br />

Brasil sempre foi um sucesso,<br />

sobrevive há 40 e tantos anos.<br />

Se fosse em outra emissora, a<br />

gente estava morto há muitos<br />

anos.<br />

jornal propmark - 6 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 21

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