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As vendas <strong>de</strong> bilheteria e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> cobrem todas<br />
as <strong>de</strong>spesas do torneio?<br />
A receita do GP Brasil cobre as<br />
<strong>de</strong>spesas com a sua organização.<br />
Nós somos, inclusive, organizadores<br />
esportivos, somos responsáveis<br />
por toda a parafernália que<br />
você vê no autódromo: fiscais,<br />
médicos, sinalização, diretor <strong>de</strong><br />
prova, centenas <strong>de</strong> pessoas, tudo<br />
sob a nossa responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Conseguimos pagar essas <strong>de</strong>spesas,<br />
mas nós não conseguimos<br />
pagar os direitos para a matriz.<br />
Cada país que promove o GP precisa<br />
pagar pelos direitos, é o custo<br />
do show. Esse valor varia um<br />
pouco, <strong>de</strong> US$ 35 milhões a US$<br />
50 milhões. A matriz, por algum<br />
motivo ainda misterioso, afirma<br />
que tudo bem, que vai continuar<br />
correndo no Brasil, embora seja<br />
<strong>de</strong>ficitário.<br />
A compra da Fórmula 1 pelo grupo<br />
Liberty Media alterou <strong>de</strong> alguma forma<br />
o negócio?<br />
Pelo pouco que a gente já sentiu,<br />
os americanos têm atitu<strong>de</strong>s<br />
diferentes dos ingleses, <strong>de</strong> alguém<br />
que não tem essa ligação<br />
emocional que o Bernie Ecclestone<br />
(ex-presi<strong>de</strong>nte e criador da<br />
competição) tem. Principalmente<br />
em relação ao Brasil, o Bernie<br />
tem uma atitu<strong>de</strong> totalmente<br />
diferente. Ele se consi<strong>de</strong>ra brasileiro,<br />
casou-se com uma brasileira,<br />
tem proprieda<strong>de</strong>s aqui. Ele<br />
tem uma ligação muito gran<strong>de</strong><br />
com a família Marinho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
época do doutor Roberto. Quando<br />
os americanos chegaram foi<br />
outra história. Quiseram ver os<br />
números. Eles vêm agora em <strong>novembro</strong>,<br />
vamos sentar e ver se<br />
estão dispostos a continuar bancando<br />
o GP Brasil <strong>de</strong> F-1.<br />
A organização chegou a buscar alternativas?<br />
O governo?<br />
Nós levantamos essa questão<br />
com o presi<strong>de</strong>nte Temer em <strong>novembro</strong><br />
passado. Ele nos disse<br />
que não tinha dinheiro. Sugerimos<br />
então que o governo escolhesse<br />
algumas empresas e anunciasse<br />
sua presença no exterior.<br />
Po<strong>de</strong>ríamos fazer alguns pacotes<br />
incluindo quatro prêmios lá fora<br />
e colocar placas publicitárias do<br />
Banco do Brasil, Petrobras, Apex,<br />
que é a agência promotora do comércio<br />
exterior do Brasil. A gente<br />
pensou em criar uma miniexposição<br />
nos autódromos. Seria<br />
uma compra <strong>de</strong> mercadoria nossa,<br />
uma transação comercial. Foi<br />
conversado com o pessoal da Secom,<br />
que controla essas verbas,<br />
mas até o presente momento isso<br />
não andou.<br />
Qual é o perfil <strong>de</strong> público que acompanha<br />
o GP Brasil <strong>de</strong> F-1?<br />
Há basicamente dois públicos<br />
distintos. Tem o que chamamos<br />
Divulgação<br />
<strong>de</strong> ‘petrol head’, ou seja, cabeça<br />
<strong>de</strong> gasolina. São aqueles que<br />
acompanham o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
tecnológico, conhecem a história<br />
<strong>de</strong> cada piloto e apreciam a tecnologia,<br />
que é <strong>de</strong> longe a melhor<br />
que existe. Eles assistem pela TV,<br />
que no Brasil são mais <strong>de</strong> 22 milhões.<br />
Dentro <strong>de</strong>sse universo tem<br />
um grupo pequeno que quer ver<br />
os carros na pista. Esse público é<br />
muito fiel. Existe um outro público,<br />
tanto para TV quanto no autódromo,<br />
que é o torcedor <strong>de</strong> qualquer<br />
coisa. Minha mãe, coitada,<br />
assistia todos os prêmios porque<br />
gostava do Ayrton Senna. O que<br />
ela sabia <strong>de</strong> F-1? Zero. É o mesmo<br />
público que assiste os 100 metros<br />
nas Olimpíadas. Já que ouviu falar<br />
que o Usain Bolt é um atleta<br />
fora <strong>de</strong> série, se interessa <strong>de</strong> ver.<br />
Que bom que esses caras gostam<br />
<strong>de</strong> F-1 também.<br />
Qual é a representativida<strong>de</strong> do GP<br />
Brasil para o negócio global?<br />
Eu diria que um gran<strong>de</strong> peso.<br />
Anualmente a Formula One Group<br />
reafirma que para o negócio <strong>de</strong>les,<br />
precisa ter uma importância fundamental:<br />
a audiência colhida na<br />
TV. E a maior audiência televisiva<br />
em termos mundiais das 21 provas<br />
é o GP Brasil.<br />
“se [o gp<br />
BrAsil] fosse<br />
em outrA<br />
emissorA, A<br />
gente estAvA<br />
morto”<br />
Isso explica, por exemplo, o porquê<br />
da parceria histórica com a Globo,<br />
que só não transmitiu a prova em<br />
1980, quando os direitos estavam<br />
com a Band?<br />
O que se comenta é que a segunda<br />
maior proprieda<strong>de</strong> vendida<br />
pela TV Globo em termos <strong>de</strong><br />
volume <strong>de</strong> receita é a F-1. Eu diria<br />
que o GP Brasil sobrevive há tantos<br />
anos em função <strong>de</strong>ssa nossa<br />
parceria. Ela é fundamental.<br />
Fiz uma apresentação há alguns<br />
anos na FGV para a pós-graduação<br />
em marketing esportivo. Eu<br />
disse que não existe marketing<br />
esportivo. Existe marketing <strong>de</strong><br />
produtos esportivos feitos na televisão.<br />
Perguntei quem queria<br />
ser promotor <strong>de</strong> um campeonato<br />
<strong>de</strong> squash. A velocida<strong>de</strong> da<br />
bolinha é tanta que não dá para<br />
ver. Por isso não é transmitido<br />
em TV. Esgrima? Também não.<br />
Você só assiste se você enten<strong>de</strong>r<br />
as regras. Se não serve para TV<br />
não ven<strong>de</strong>. É por isso que F-1 no<br />
Brasil sempre foi um sucesso,<br />
sobrevive há 40 e tantos anos.<br />
Se fosse em outra emissora, a<br />
gente estava morto há muitos<br />
anos.<br />
jornal propmark - 6 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 21