CONSCIENTE Nov2017
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Novembro 2017<br />
Número 21<br />
Novembro 2017 Número 21 Volume 1<br />
consciente<br />
Receitas<br />
PARA AQUECER<br />
+<br />
Saúde<br />
Novo Código<br />
da Dor e<br />
outras<br />
informações<br />
Abuso do Álcool<br />
Saiba lidar<br />
com o MAU<br />
AMBIENTE<br />
no emprego<br />
Viver<br />
num LAR
Revista digital | Bimensal |Gratuita Nº21 | Novembro 2017<br />
Direção<br />
Maria Paula Dias<br />
Psicologia clínica<br />
mpdias@revistaconsciente.pt<br />
Marketing & Publicidade<br />
Maria Paula Dias<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Edição<br />
Maria Paula Dias<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Sugestões e Correspondências<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Subscrições<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Entrevistas<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Gabinetes de Apoio<br />
geral@revistaconsciente.pt<br />
Contactos de Redação<br />
Apartado 1, EC Barreiro, 2831-909 Barreiro — 91 254 71 26<br />
Cronistas<br />
Andreia Rodrigues de Almeida — Psicologia soc. e das organizações<br />
Andreia.domingos88@hotmail.com<br />
Ana Rosa— Nutricionista<br />
dietista.anaRosa@gmail.com<br />
Cláudia Oliveira—Psicóloga Clínica<br />
A.c.borgesoliveira@gmail.com<br />
Carolina Frias Costa—Nutricionista<br />
cfriasc@gmail.com<br />
Mafalda Marques—Serviço Social<br />
mafmar2@gmail.com<br />
Rita António—Psicologia Clínica<br />
ritasofiacnfantonio@gmail.com<br />
Cristina Morais—Historiadora<br />
cristina_i8@hotmail.com<br />
Agradecemos a colaboração de ondaid, lpm comunicação e miligrama<br />
É expressamente proibido a reprodução desta edição em qualquer língua, no seu todo ou em parte, sem a prévia autorização escrita da <strong>CONSCIENTE</strong><br />
● Todos as opiniões expressas<br />
são da inteira responsabilidade dos autores ● O Estatuto Editorial está disponível na pagina de internet : www.revistaconsciente.pt ● As imagens/fotografias aqui<br />
utilizadas foram pesquisadas com recurso à internet não sendo portanto nenhuma original à publicação Consciente .<br />
Revista consciente<br />
Setembro 2017<br />
Registo Nº 126882<br />
Edição nº 19<br />
WEB<br />
www.revistaconsciente.pt<br />
SIGA-NOS!<br />
FACEBOOK<br />
TWITER<br />
LINKED IN<br />
Suporte On-Line Digital Periodicidade BiMensal Registo Nº 126882 Propriedade: Maria Paula Dias<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 3
conteúdos 21<br />
Ediçâo Nº<br />
10<br />
7 EDITORIAL<br />
O Mês de...............NOVEMBRO<br />
9 FRAÇÕES & NÚMEROS<br />
10 SENTIDOS SOCIAIS<br />
Viver num Lar<br />
20 EMPREGO & CARREIRAS<br />
20<br />
O mau ambiente de trabalho<br />
24 NAS NOSSAS MÃOS<br />
As primeiras saídas à noite<br />
30 DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Abuso do Álcool<br />
46 SOBREVIVÊNCIA<br />
30<br />
Lidar com a Timidez<br />
50 SUPER ALIMENTOS<br />
ATUM: Saiba quais os benefícios<br />
57 O QUE É?<br />
Alimentos sem Glúten<br />
58 RECEITAS PARA AQUECER<br />
64 +SAÚDE<br />
50<br />
76 UMA IMAGEM<br />
80 CAMINHOS A DESCOBRIR<br />
Mangualde<br />
84 AGENDA FORMATIVA<br />
85 BOAS LEITURAS<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 5
Editorial<br />
Porque em Novembro...<br />
Por Maria Paula Dias<br />
De volta, ao frio e às chuvas. Ainda com a certeza que o Natal está próximo e uns dias de descanso também. Nesta<br />
edição apresentamos novas notícias, informações e sugestões. Apresentamos receitas para aquecer. Com ingredients<br />
comuns, fáceis de preprarar e prontas a aquecer naquelas noites em que não lhe apetece cozinhar mas apetecelhe<br />
qualquer coisa quente. Também apresentamos com outro alimento bastante comum—o atum— informações<br />
que podem fazer diferença na sua alimentação e algumas receitas facilmente confeccionáveis. O que é o Glúten?<br />
É a pergunta que fazemos numa pequena crónica que trará alguns acrescentos. Em dossier experiência, falamos<br />
sobre o Abuso do Álcool, as suas diferenças ao alcoolismo e as suas diferenças ao consumo moderado. Diferenças<br />
simples que raramente são diferenciadas, a não ser quando o problema coloca em risco de vida eminente quem o<br />
tem. Ainda sob a linha da sobrevivência, sob o mesmo titulo, lidamos com a timidez para escrever um artigo que<br />
possa ir de encontro ao poderá fazer porque é timido/a e vive situações de grande desconforto fisico e psíquico, situações<br />
embaraçosas que podem tomar outro rumo, aqui ou acolá. Também fomos saber como é viver num lar. Com a<br />
longevidade a aumentar, temáticas em gerontologia/Geriatria temas a publicar. E pulamos para + saúde, com<br />
artigos importantes de ler e fixar tais como o novo código da dor, o coração e a coluna vertebral em foco conosco. Demos<br />
tambem atenção à crónica Nas Nossas Mãos com algumas sugestões para os pais preocupados com as saídas<br />
nocturnas dos filhos adolescentes. Sempre uma angústia que pode ser diminuída pelo diálogo, pelas regras. Em<br />
bom senso e consciência para não se deitar tudo a perder. Por fim, elevamos as crónicas caminhos a descobrir e<br />
uma imagem, renovadas! E não se esqueça que dia 1 de Novembro é feriado, tempo para descansar, tempo para<br />
ficar mais um pouco na cama a esperguiçar! Boas Leituras!<br />
Alguns Dias Especiais:<br />
1 de Novembro—dia de todos<br />
os Santos<br />
1 de Novembro—Dia mundial<br />
do Veganismo<br />
5 de Novembro—Dia mundial<br />
do cinema<br />
5 de Novembro—Dia<br />
internacional da preguiça<br />
17 de Novembro—Dia mundial<br />
da criatvidade<br />
20 de Novembro—Dia<br />
internacional dos direitos das<br />
crianças<br />
24 de Novembro—Black<br />
Friday<br />
novembro 2017<br />
dom seg ter qua qui sex sáb<br />
1 2 3 4<br />
5 6 7 8 9 10 11<br />
12 13 14 15 16 17 18<br />
19 20 21 22 23 24 25<br />
26 27 28 29 30<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 7
NÚMEROS & FRAÇÕES<br />
1905<br />
Ano em que nasceu a NESTLÉ<br />
na Suiça.<br />
8,848 Metros<br />
Fonte: empresa.nestle.pt<br />
A MONTANHA MAIS CONHECIDA E UMA DAS MAIS<br />
ESCALADAS DO MUNDO—EVEREST—ESTÁ A 8, 848<br />
METROS ACIMA DO NIVEL DA ÁGUA. NÃO É A<br />
MAIOR MONTANHA DO MUNDO.<br />
65MILHÕES DE CAIXAS<br />
No TEN TOP—The Millionaires Club 2013—<br />
10 são as bebidas mais vendidas em todo o<br />
mundo, com milhões e milhões de dólares e<br />
euros gastos em outros tantos milhões. Descubra<br />
quais são:<br />
1º 65 milhões de caixas/ano—JINRO<br />
2º 31 milhões caixas/ano—Emperador<br />
3º 25,8 milhões caixas/ano—Smirnoff<br />
4º 25, 4 milhões caixas/ano—Lotte Liquor<br />
5º 23,8 milhões caixas/ano—Ginebra San Miguel<br />
6º 19,6 milhões caixas/ano—Bacardi<br />
7º 19,6 milhões caixas/ano—Tanduay Asian Rum<br />
8º 19, 5 milhões caixas/ano -Mc Dowell’s Nº 1<br />
9º 18,9 milhões caixas/ano—Johnnie Walker<br />
10º 18,5 milhões caixas/ano—Cachaça 51 Pirassununga<br />
Fonte: drinksint.com<br />
FONTE: MOUNTEVEREST.NET<br />
3890 Tigres<br />
Só existiam, em 2016, pela WWF—World Wild Life Fund—<br />
cerca de 3,890 Tigres em liberdade, no mundo inteiro.<br />
Mais de metade destes vivem na Índia—2226—. Pela<br />
influência do homem, os tigres perderam cerca de 93 %<br />
do seu habitat natural.<br />
Fonte: worldwildlife.org<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 9
SENTIDOS SOCIAIS<br />
Viver num<br />
Por Mafalda Marques<br />
10 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Lar doce lar, expressão tantas vezes utilizada por<br />
todos nós quando após um dia stressante e cansativo<br />
ansiamos pelo nosso cantinho. Um porto seguro<br />
cheio dos nossos sonhos, das nossas construções, das<br />
nossas memórias, cheiros e gostos. Ora quando<br />
ouvimos essa tão carinhosa palavra lar em expressões<br />
como lar residencial ou lar de idosos, a nossa<br />
primeira reação será muito possivelmente um torcer<br />
de nariz, e o sentimento afetivo daquela palavrinha<br />
ultrapassa a linha que divide o confortável do<br />
desconfortável… nessas expressões, lar contém a<br />
ideia da institucionalização, um conceito pesado, por<br />
na maioria das vezes estar interligado a realidades<br />
que envolvem maus tratos, negligência, solidão,<br />
abandono, velhice, dependência física e psicológica.<br />
Como será então viver numa casa que não é a nossa,<br />
com pessoas que não conhecemos, com horários que<br />
não são os nossos, sem as coisas que construímos?<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 11
De todas as estruturas existentes que acolhem<br />
pessoas a tempo inteiro, as que comportam em si<br />
a ideia de lar permanente serão as destinadas às<br />
pessoas com deficiência e às pessoas idosas, lar<br />
residencial e estruturas residenciais para pessoas<br />
idosas (ERPI) respetivamente. A evolução da<br />
medicina, das condições de vida, o decréscimo da<br />
natalidade leva a uma realidade demográfica<br />
comprovadamente idosa, onde a esperança<br />
média de vida é cada vez maior. A par da<br />
realidade demográfica, assistimos a uma<br />
evolução social que alterou a estrutura social<br />
como era conhecida. Num passado não muito<br />
distante, o idoso tinha um papel preponderante<br />
na estrutura social, era considerado o ancião, a<br />
autoridade familiar, o transmissor de usos e<br />
costumes que passavam de geração em geração,<br />
sendo respeitado por todos. Eram cuidados no<br />
seio familiar pelos descendentes. E era<br />
simplesmente assim! Por sua vez a pessoa com<br />
deficiência era escondida dos olhares de<br />
terceiros, cuidados num meio familiar cheio de<br />
vergonhas. Com as transformações no domínio<br />
familiar motivadas pelo trabalho assalariado, da<br />
entrada da mulher no mercado de trabalho, o<br />
êxodo para cidades, o aumento do número de<br />
divórcios, a família tradicional desvanece-se. O<br />
idoso perde o seu estatuto social, o lugar na<br />
família e é muitas vezes visto como indesejável,<br />
improdutivo, e afastado dos planos sociais,<br />
económicos e políticos. Na deficiência, à parte de<br />
outros fatores específicos da problemática como a<br />
desmistificação da deficiência e a preocupação<br />
sobre a garantia da sua dignidade, também estas<br />
alterações na dinâmica familiar fazem com que<br />
os familiares sintam dificuldades na prestação<br />
dos cuidados. Na sequência desta transformação<br />
social o Estado viu-se na obrigação de intervir na<br />
arbitragem das trocas entre gerações, e criaramse<br />
serviços e equipamentos destinados a acolher<br />
idosos e pessoas com deficiência. A carta social<br />
no âmbito da Rede de Serviços e Equipamentos<br />
Sociais (RSES) revela que em 2015 existiam 2418<br />
estruturas ERPI contemplando 94067 idosos. Na<br />
área da deficiência, existiam 283 lares<br />
residenciais atendendo 6483 pessoas. Sabemos<br />
também que 54,7% do total dos equipamentos<br />
sociais são para pessoas idosas e 6,7% para<br />
pessoas com deficiência. Entre os anos 2000 e<br />
2014 o nível de crescimento destas respostas<br />
sociais foram de 115% no caso do Lar residencial<br />
e de 59% na resposta ERPI, sendo que as<br />
entidades sem fins lucrativos nos distritos de<br />
Setúbal, Lisboa, Leiria, Porto, Santarém, Faro,<br />
Évora e Coimbra têm já um peso de 20% em<br />
relação ao total de equipamentos para pessoas<br />
idosas. Estamos de facto a falar de um elevado<br />
número de pessoas e de muitos equipamentos,<br />
que comprovadamente se revelam ainda<br />
insuficientes. Quem são então as pessoas que se<br />
encontram institucionalizadas? Que expetativas<br />
têm? Que necessidades apresentam? Os lares<br />
serão mesmo a resposta adequada, precisam<br />
mesmo de estar integradas em Lar? São felizes?<br />
Quanto aos nossos idosos, a carta social revela<br />
que em ERPI, 80% têm 75 ou mais anos, sendo<br />
que 4% têm mais de 95, 80% desses idosos têm<br />
algum tipo de dependência, 21% dos quais<br />
12 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
grandes dependentes. Em Lar residencial, 72%<br />
dos utentes têm mais de 35 anos e 84% são<br />
dependentes. As limitações das funções mentais<br />
são as de maior representação. Conseguimos<br />
depreender desta informação que estamos a falar<br />
de pessoas com necessidades de apoios muito<br />
primários e básicos de bem-estar, que necessitam<br />
consequentemente de apoio especializado para se<br />
poder garantir a qualidade de vida. Então, será<br />
que o que se oferece coincide com as necessidades<br />
e expetativas destes grupos? Os serviços base da<br />
ERPI e Lar residencial são o alojamento, cuidados<br />
de higiene pessoal, alimentação, tratamento de<br />
roupas, animação e enfermagem (no caso de<br />
ERPI). Sendo que alguns estabelecimentos ERPI,<br />
com o intuito de se adequarem às necessidades<br />
dos utentes alargaram os seus serviços a<br />
fisioterapia, psicologia e serviço de cabeleireiro.<br />
Os lares residenciais por sua vez, reforçam o seu<br />
serviço especialmente na área das terapias. Nas<br />
estruturas ERPI pode-se contar com diversas<br />
tipologias de resposta, onde as pessoas podem<br />
escolher entre quarto, apartamento ou moradia.<br />
Sabemos que 97,1% dos equipamentos têm apenas<br />
a opção de quarto, 1,4% de quarto/apartamento/<br />
moradia e 1,5% de apartamento ou moradia. Cada<br />
equipamento tem as suas dinâmicas, estas<br />
dependem das caraterísticas da população que<br />
atende, do grupo de técnicos que dispõe e da<br />
capacidade financeira da instituição… e dos seus<br />
utentes!<br />
‘...O perfil sociológico do idoso em Portugal é marcado por um desfavorecimento social agravado pela<br />
idade, em que sobressaem baixos níveis de rendimento, analfabetismo, precariedade das condições<br />
habitacionais, elevada taxa de incidência da deficiência e de doenças crónicas, ...’<br />
O estudo levado a cabo pela carta social (2005),<br />
sobre a qualidade, adequação e satisfação dos<br />
utentes em ERPI, revelou que o motivo de<br />
escolha do lar é a proximidade da residência e a<br />
adequação dos serviços. Resultado em<br />
consonância com a opinião do Sr. Luís, 69 anos<br />
que frequenta uma ERPI da rede solidária na<br />
zona de Lisboa, que nos revelou que o motivo da<br />
sua escolha foi porque ficava na minha terra e porque<br />
não tinha condições para estar noutro sítio. Também<br />
os dados estatísticos o confirmam, sabemos que<br />
77% dos utentes de equipamentos da rede<br />
solidária são desse concelho ou freguesia.<br />
Realidade diferente quando falamos de<br />
entidades com fins lucrativos, em que 78% dos<br />
utentes não pertencem ao concelho de<br />
implantação do equipamento.O Sr. Luís está<br />
neste lar há 2 anos mas já ando nisto há 6. Gosta<br />
de estar sentado a conversar conforme as pessoas.<br />
Mesmo ali ao lado, a Sra. Emília de 87 anos diz já<br />
não saber precisar há quantos anos está no lar,<br />
diz gostar de cantar, dançar, de contar anedotas, de<br />
dizer palavrões e de pintar no aquapaint, desde que<br />
possa, participa em tudo. Uns quilómetros mais a<br />
Sul, na zona do Montijo, num equipamento<br />
privado, Idalina, 83 anos revela-nos que embora<br />
preferisse estar na sua casa, isso já não era<br />
possível…<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 13
Os meus filhos trouxeram-me cá para visitar, e foram<br />
todos muito simpáticos e as condições são muito boas,<br />
posso dizer que não me falta nada! Gosto da minha<br />
privacidade, de ir ao cabeleireiro, aos passeios e de estar<br />
à conversa com as amigas. A Sra. Emília ainda nos<br />
revelou que integrou o lar porque não queria<br />
atrapalhar a filha, ela precisava de trabalhar, e eu só<br />
ia atrapalhar, pois não conseguia fazer nada. Carolina,<br />
inserida num lar residencial na zona suburbana<br />
de Lisboa revela-nos que está na instituição há 12<br />
anos e que integrou o lar por problemas<br />
familiares. Gosta de conviver com os meus colegas e<br />
fazer atividades com eles… temos uma maior<br />
cumplicidade uns com os outros. O que gosto menos é o<br />
facto de não ter o meu próprio espaço. Poder ter um<br />
pouco de privacidade ou um quarto só para mim.<br />
Ainda no referido estudo, os idosos consideravam<br />
que o número de funcionárias era insuficiente e<br />
que embora considerem o valor da<br />
comparticipação familiar razoável para o serviço,<br />
é um dos maiores problemas, seguindo-se<br />
referências a regras muito rígidas, má<br />
acessibilidade, poucos ateliers e atividades. No<br />
entanto, no geral consideraram a resposta dada<br />
como Boa. Sabemos que desde 2005 já muita coisa<br />
mudou exceto a capacidade financeira dos idosos,<br />
segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística,<br />
a taxa de intensidade de pobreza no grupo etário<br />
acima dos 65 anos é de 18% e paralelamente, as<br />
questões levantadas como problemas enquadramse<br />
na perfeição na dinâmica física, psíquica e<br />
social de um idoso. O perfil sociológico do idoso<br />
em Portugal é marcado por um desfavorecimento<br />
social agravado pela idade, em que sobressaem<br />
baixos níveis de rendimento, analfabetismo,<br />
precariedade das condições habitacionais, elevada<br />
taxa de incidência da deficiência e de doenças<br />
crónicas, isolamento social, diminuição da<br />
atividade profissional, cultural e de lazer e<br />
insuficiente rede social por falta ou desinteresse<br />
n o â m bi t o fa m i l i a r , l e vand o - o à<br />
institucionalização. E aqui o idoso sente que<br />
perde a sua privacidade, o lar que construiu ao<br />
longo da sua vida, tendo que ser obrigado a<br />
respeitar um conjunto de regras e de<br />
procedimentos que tornam a sua vida mais frágil,<br />
originando sentimentos de insegurança, tristeza e<br />
solidão. A investigação sobre as condições que<br />
permitem uma boa Qualidade de Vida tem<br />
contribuído para a evolução da tipologia de<br />
respostas e à sua adequação às necessidades<br />
identificadas e de alguma forma para suavizar a<br />
carga negativa desta transição, nos últimos anos<br />
assistimos a um borbulhar de novas e criativas<br />
respostas, como as residências autónomas ou<br />
comunitárias para idosos, clubes de luxo,<br />
inseridos numa filosofia do envelhecimento<br />
ativo… no entanto é preciso ser razoavelmente<br />
autónomo e… ter dinheiro! Realmente, não<br />
parecem existir dúvidas sobre o que deixa as<br />
pessoas satisfeitas, a dificuldade reside na criação<br />
de estratégias para as satisfazer e fazer com que<br />
sejam acessíveis a todos. A grande questão é como<br />
dar respostas satisfatórias e de qualidade, que<br />
respondam efetivamente àqueles idosos que<br />
aguardam numa cama de hospital, já sem situação<br />
clinica para lá permanecerem, aos que se<br />
encontram sinalizados nas imensas listas de<br />
idosos em risco da segurança social ou aquele<br />
idoso, nosso vizinho lá da aldeia que parece agora<br />
12 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
‘ ....nos últimos anos assistimos a um<br />
borbulhar de novas e criativas respostas,<br />
como as residências autónomas ou<br />
comunitárias para idosos, clubes de luxo,<br />
envelhecimento ativo...’<br />
não estar bom da cabeça e que não tem quem cuide<br />
dele… esses aguardam urgentemente uma resposta<br />
algum apoio da família, dos amigos? Será que não<br />
temos mesmo obrigação de ter de estar para os<br />
criativa! E em reflexão, não passámos nós nossos? Não temos todos que fazer um esforço por<br />
exageradamente a responsabilidade familiar para o<br />
Sr. Estado? Será que os idosos que estão inseridos<br />
encontrar a tão almejada alternativa criativa, para<br />
quando lá chegarmos possamos ser mais felizes.<br />
em lar não poderiam ter outro tipo de resposta com<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 15
Guião Social<br />
Em que casos devo procurar o apoio de uma resposta<br />
social?<br />
Quando o próprio e a sua família ou suporte social alargado não conseguem dar resposta às<br />
necessidades da pessoa idosa ou com deficiência, comprometendo a sua segurança ou bem estar.<br />
Sempre que seja possível a pessoa que necessita de resposta social deverá ser envolvida no<br />
processo de escolha e decisão e sentir-se apoiada, sentir que a sua opinião é valorizada, e poder<br />
tanto quanto possível corresponder a necessidades e expetativas.<br />
O que devo ter em consideração para a escolha de<br />
uma resposta social?<br />
Devem visitar várias instituições, ler atentamente os documentos disponibilizados (e.g.<br />
regulamento Interno, contrato de prestação de serviços); informar-se sobre os métodos e critérios<br />
para a seleção dos candidatos e esclarecer questões relacionadas com comparticipações. A<br />
localização e as condições de acesso; os horários; a organização das visitas de familiares e<br />
amigos; as condições das instalações; o número de pessoal; a rotina diária na instituição; as<br />
atividades de animação e lazer; se os serviços de saúde estão incluídos; a organização e o<br />
pagamento de saídas ao exterior. Havendo a oportunidade de preparar a situação, deverá<br />
atender a todas as questões.<br />
E em situação urgente, que posso fazer?<br />
Em qualquer situação de risco deve identificar a situação à segurança social e poderá também<br />
recorrer ao serviço social da entidade de saúde da sua localidade para explorar respostas<br />
alternativas possíveis. Poderá contatar diretamente as instituições locais para perceber que<br />
alternativas lhe podem apresentar para o caso concreto.<br />
Onde posso saber que respostas existem no âmbito da<br />
deficiência ou da terceira idade para decidir qual é<br />
a mais adequada às minhas necessidades (ou da minha<br />
família)?<br />
No âmbito da rede social de equipamentos sociais na área dos idosos, existem sete tipos<br />
de resposta: serviço de apoio domiciliário, centro de convívio, centro de dia, centro de<br />
noite, acolhimento familiar, estruturas residenciais, centro de férias e lazer. No site da<br />
segurança social poderá obter mais informação sobre os objetivos de cada resposta.<br />
Respostas mais alternativas são muito mais difíceis de encontrar em Portugal. A Carta<br />
Social disponibiliza toda a rede de equipamentos basta pesquisar o que pretende. Um<br />
instrumento também muito útil é o www.laresonline.pt que faz uma busca por resposta<br />
e por localidade, disponibilizando fotos e informação relevante sobre o equipamento.<br />
14 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
‘.....perde a sua privacidade, o lar que construiu<br />
ao longo da sua vida, tendo que ser obrigado a<br />
respeitar um conjunto de regras e de procedimentos<br />
que tornam a sua vida mais frágil, originando<br />
sentimentos de insegurança, tristeza e solidão ...’<br />
Inspire-se<br />
Rugas (2011)– um filme de animação que narra o quotidiano de um lar de idosos. A<br />
solidão e os problemas associados à idade avançada. O filme já ganhou dois prêmios Goya - para<br />
Melhor Filme de Animação e Melhor Roteiro Adaptado - e foi selecionado como finalista no European<br />
Film Awards. Realizada por Ignacio Ferreras.<br />
Nebraska (2013) - Um filho decidirá acompanhar seu velho pai até Nebraska com a finalidade de<br />
cobrar um cheque de um milhão de dólares que ele supostamente ganhou. A relação entre eles nunca<br />
foi boa, mas a viagem poderá trazer benefícios para os dois. Com direção de Alexander Payne.<br />
E se Vivêssemos Todos Juntos? (2011) - Cinco amigos idosos decidem passar o resto dos seus dias<br />
juntos sob um mesmo teto. Enquanto isso, um jovem resolve estudar esta experiência e acaba<br />
observando os detalhes da vida em comunidade que estas pessoas levam, com todos os dramas e<br />
alegrias. Com direção de Stéphane Robelin.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 17
EMPREGO & CARREIRAS<br />
MAU ambiente<br />
de trabalho<br />
Por Andreia Rodrigues Almeida<br />
20 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Alguns trabalhadores acreditam<br />
que um mau chefe, um ambiente<br />
de trabalho desagradável, um<br />
colega de trabalho indelicado, a<br />
falta de regalias, privilégios,<br />
benefícios e reconhecimento podem<br />
criar um mau ambiente no<br />
trabalho.<br />
O<br />
que cria um mau<br />
a m b i e n t e n o<br />
trabalho? Um mau<br />
ambiente de trabalho<br />
pode ser criado por um<br />
chefe ou um colega de<br />
trabalho cujas ações, comunicação ou<br />
comportamento tornam insuportável o seu dia-a-dia<br />
no trabalho. Isto significa que o comportamento<br />
alterou os termos, condições e/ou expectativas<br />
razoáveis de um ambiente de trabalho confortável<br />
para os trabalhadores. Além disso, o<br />
comportamento, as ações ou a comunicação tendem<br />
a ser de natureza discriminatória. Por exemplo, um<br />
trabalhador que fale alto, e se inclina sobre a mesa<br />
de um colega quando fala com o mesmo, está a<br />
demonstrar um comportamento impróprio e<br />
desagradável, mas não cria um mau ambiente de<br />
trabalho. Por outro lado, uma pessoa que conte<br />
piadas sexualmente explícitas e envia imagens<br />
desadequadas aos colegas de trabalho, é acusado de<br />
assédio sexual criando assim um mau ambiente de<br />
trabalho. Um chefe que verbalmente repreende<br />
algum trabalhador pela sua idade, religião, seu<br />
género ou etnia podem ser acusados igualmente por<br />
criar um mau ambiente de trabalho. Mesmo que os<br />
comentários sejam ocasionais, tenham sido ditos<br />
com um sorriso ou com piadas, acabam por criar um<br />
ambiente de trabalho pesado e desagradável,<br />
especialmente se a pessoa a quem estes comentários<br />
estão a ser dirigidos pediu que o indivíduo parasse e<br />
o comportamento permanece. Por sinal, este deve<br />
ser sempre o primeiro passo para abordar o<br />
comportamento inadequado no trabalho - pedir ao<br />
superior hierárquico ou ao colega que está a ter um<br />
comportamento inapropriado para parar.<br />
C<br />
omo identificar um mau<br />
ambiente de trabalho? 1 - As<br />
a ções ou co mpor tam ent o s<br />
discriminam uma classificação<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 21
protegida, como idade, religião, deficiência ou etnia;<br />
2- O comportamento ou a comunicação são<br />
persistentes e de longa duração. Estes incidentes<br />
devem ser reportados aos Recursos Humanos ou a<br />
quem de direito para que seja feita uma intervenção;<br />
3 - O problema torna-se significativo e generalizado,<br />
e não é investigado e abordado efetivamente pela<br />
organização para fazer o comportamento parar; 4 - O<br />
comportamento hostil, as ações ou a comunicação<br />
são severas. Não só persiste à já um longo tempo,<br />
como a hostilidade prejudica seriamente o trabalho<br />
do individuo. A segunda forma de gravidade ocorre<br />
se o ambiente de trabalho hostil interfere com o<br />
progresso da carreira de um trabalhador. Por<br />
exemplo, o trabalhador não recebeu uma promoção<br />
como resultado do comportamento hostil; 5 - É<br />
razoável supor que a empresa tenha conhecimento<br />
sobre as ações ou o comportamento e não intervém<br />
suficientemente. Consequentemente, a empresa<br />
pode ser responsável pela criação de um mau<br />
ambiente de trabalho.<br />
C<br />
omo lidar com um mau<br />
ambiente de trabalho?<br />
Como já foi referido anteriormente,<br />
o primeiro passo que um<br />
trabalhador precisa tomar se ele ou ela estiver<br />
experienciando um mau ambiente de trabalho, é<br />
pedir ao colega ofensivo que pare com o seu<br />
comportamento ou comunicação. Se um trabalhador<br />
considerar que não conseguirá agir por si só, deve<br />
solicitar ajuda junto do responsável ou dos Recursos<br />
Humanos. Quando um comportamento inadequado<br />
é proveniente de outro trabalhador, eles são os seus<br />
melhores recursos internos. Eles também servem<br />
como testemunhas do fato de que você pediu ao<br />
colega que o está a ofender para parar com o<br />
comportamento. Deve-se colocar o trabalhador<br />
ofensivo em sobreaviso de que o seu comportamento<br />
é ofensivo, discriminatório, inapropriado e que você<br />
não tolerará mais esse comportamento. Na maioria<br />
dos casos, o trabalhador irá parar com este tipo de<br />
comportamento, e pode acontecer que o mesmo não<br />
se tenha apercebido da gravidade da situação, e que<br />
os comportamentos que teve não eram intencionais.<br />
Esses recursos irão ajudá-lo a abordar um mau<br />
ambiente de trabalho antes que a hostilidade<br />
aumente. Você pode escolher entre lidar com<br />
pessoas difíceis, ter conversas difíceis e lidar com<br />
conflitos. Todos os seus colegas o irão ajudar a<br />
aumentar a sua capacidade para lidar com o colega<br />
que cria mau ambiente. Nos casos em que se reporta<br />
o comportamento de um gerente ou supervisor para<br />
o responsável apropriado ou membro do<br />
departamento de Recursos Humanos, o<br />
comportamento costuma parar. Um trabalhador que<br />
experiencia um mau ambiente de trabalho e que<br />
tentou fazer com que o comportamento parasse mas<br />
sem sucesso, deve sempre reportar a situação. O<br />
primeiro passo para obter ajuda é pedi-la. Na<br />
maioria dos locais de trabalho, o comportamento<br />
hostil e ofensivo é notado e abordado quando é<br />
óbvio ou visto por muitos trabalhadores, e desta<br />
forma, raramente precisam abordar o<br />
comportamento por conta própria. Muitas empresas<br />
consideram o assédio e a criação de um mau<br />
ambiente de trabalho como ações que merecem a<br />
rescisão do contrato na sequência de uma<br />
investigação confirmada, portanto, (cont.)<br />
22 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Dê ao seu empregador a possibilidade de fazer o que<br />
é certo. Em todos os locais de trabalho, sempre<br />
existirão colegas difíceis. Lidar com colegas de<br />
trabalho difíceis, chefes, clientes e amigos é uma arte<br />
que vale a pena aperfeiçoar. Lidar com situações<br />
difíceis no trabalho é desafiador, mas gratificante.<br />
Você pode melhorar o seu próprio ambiente de<br />
trabalho e moral quando aumenta a sua capacidade<br />
de lidar com as pessoas no trabalho, e<br />
consequentemente também faz do seu local de<br />
trabalho um ambiente melhor para todos os colegas<br />
quando aborda os problemas que um colega de<br />
trabalho difícil está a causar.<br />
Para<br />
Ler:<br />
O problema é nosso: conflitos no ambiente de trabalho.<br />
Ewerton Pereira Maia. Thesaurus editora. 2006<br />
Comportamentos conflituosos no trabalho. Rebecca B.<br />
Mann. NBL Edidtora. 1995<br />
Gestão de pessoas e conflitos no trabalho. Robson Castro.<br />
Clube de Autores. 2015<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 23
N AS N OS SAS M Ã OS<br />
AS PRIMEIRAS<br />
Á<br />
SAÍDAS<br />
NOITE<br />
24 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
As primeiras saídas à noite. Deixar sair ou não? Quantos perigos.<br />
Sair sim mas com regras e limites, razoáveis e coerentes.<br />
Não perder o controlo pelo controlo rígido ou pelo laxismo<br />
largo, não perder o pé sobre o acompanhamento e também<br />
não prejudicar o desenvolvimento social dos adolescentes<br />
tão importantes para as suas vidas futuras. O que fazer? Como<br />
pensar? Como agir?.<br />
Por Maria Paula Dias<br />
A<br />
partir de determinada idade,<br />
os adolescentes querem<br />
e começam a sair à noite.<br />
Um problema. Uma angústia.<br />
É um aspecto, um ritual<br />
comum na nossa sociedade<br />
mas é sempre visto com apreensão pelos pais. O filho<br />
já a desenvolver os seus próprios passos, também<br />
pretende outro tipo de liberdade. A saída à noite com<br />
amigos é a tradução, na leitura dos pais, de ausência<br />
do controlo dos mesmos, é a companhia com outros<br />
adolescentes com diferentes princípios e valores, é a<br />
tentação do álcool, das drogas, de vidas alternativas,<br />
de outras formas de pensar e estar que podem influenciar<br />
negativamente o filho de um pai preocupado.<br />
Cada vez mais cedo, os jovens querem iniciar a sua<br />
vida social nocturna já que a diurna desde a primária,<br />
pelo menos, foi iniciada. Os aniversários, as dormidas<br />
a casa do melhor amigo/a, passam a ser as saídas pelas<br />
ruas à noite e as paragens em bares e discotecas,<br />
festas especiais e aniversários que duram horas e horas<br />
de sono. Se nos anos 80/90 estas saídas começavam<br />
tardiamente, havendo inclusive a faixa etária<br />
habitualmente de abertura para este tipo de ritual –<br />
os 18 anos, agora tudo começa mais cedo. Aos 12/ 14<br />
anos, as crianças já querem ter liberdades as quais<br />
não entendem numa profundidade satisfatória e para<br />
seu próprio bem e saúde e que podem ser aumentadas<br />
pelas saídas nocturnas. Como lidar com a situação?<br />
Como a pensar e como agir? Deixamos aqui algumas<br />
considerações que o/a poderá ajudar a reorganizar-se<br />
como mais uma etapa do seu crescimento.<br />
Estabelecer Regras e limites. A hora de saída de<br />
casa e o seu regresso é norma que habitualmente nenhum<br />
pai esquece. Sempre necessário informar-se<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 25
para onde o jovem vai e com quem vai. Como vai<br />
e como vem. De forma específica e precisa, cabendo<br />
ainda aos pais, enquanto educadores dialogar<br />
e estabelecer limites de forma coerente a razoável,<br />
tendo em conta a relutância dos filhos. Ainda que<br />
percebam e compreendam a preocupação é importante<br />
que compreendam para que realmente<br />
servem regras e limites no seu crescimento. Também<br />
importante é a imposição de limites seja uma<br />
construção com os jovens, facilitando a mesma<br />
compreensão, integração e cumprimento. Além<br />
entrada e saída de casa, umas outras regras são<br />
importantes tais como, as que dizem respeito, ao<br />
tabaco, álcool, drogas, desconhecidos, comportamento<br />
dos amigos, meio de transporte, dinheiro,<br />
comidas, casas de banho publicas, acontecimentos<br />
inesperados, contatos telefónicos, namoros e relações<br />
sexuais, entre outras. Podendo não ser memorizadas,<br />
se forem transmitidas de forma positiva<br />
têm maior probabilidade de ser relembradas.<br />
Isto não quer dizer que não hajam consequências<br />
da falta de cumprimento. Outra Etapa. As consequências<br />
devem ser, tal como as regras, rígidas e<br />
intransponíveis, pois a abertura de precedentes<br />
o/a levará ao incumprimento. Não sair numa próxima<br />
oportunidade, não ver as suas séries favoritas,<br />
não ter internet no telemóvel, etc. Sempre ao<br />
critério possível, coerente, alcançável na vida do<br />
jovem. Tal como as regras têm que ser uma realidade<br />
alcançável assim como as consequências<br />
também têm que o ser. Deixá-lo/a sem televisão<br />
ou internet para sempre, não consideramos que<br />
seja possível, por exemplo. Só fragiliza quer as<br />
regras, quer os castigos. Regras e Castigos, em<br />
dose equilibrada, bem definidas, sem ambuiguidades,<br />
podem durar uma vida. Mesmo que não<br />
perfeitas. Para os Pais, a regra fundamental, a regra<br />
de ouro: Bom senso. Não vale a pena pensar<br />
que vai controlar a situação, o evento ou o comportamento<br />
do filho/a ou muito pouco controlar<br />
as situações penosas, lamentáveis que à sua volta<br />
poderão ocorrer. A Adolescência é um processo<br />
penoso de afastamento e procura de liberdade, de<br />
identidade autonóma, identidade própria, de<br />
género. O jovem quer conhecer-se, quer testar limites,<br />
regras, espaços físicos e psíquicos. Os perigos<br />
estão à espreita. Quer fazer ‘asneiras’, pequenas,<br />
grandes, ínfimas ou enormes, algumas que<br />
poderão ou não desviá-lo do caminho já pensado<br />
pelos pais. É importante acompanha-los, elevar<br />
níveis de confiança, reforçar laços sem os apertar.<br />
As comparações com o seu próprio passado ou do<br />
adolescente não adiantará aos seus objetivos. Ser<br />
um jovem utilizando ‘bués’ ou ‘ta-se bem’ também<br />
pouco fará. Abertura sim, contudo tudo o<br />
que é mais, só fragilizará a relação, a confiança a<br />
possibilidade de aproximação. Ser o/a própria é<br />
um bom começo, alguém que o jovem já conhece,<br />
a sinceridade, flexibilidade com assertividade<br />
também. Para além das regras e limites, há outras<br />
questões importantes que podemos abrir para as<br />
pensar. Com que idade o jovem deve sair à noite?<br />
Não existe uma idade definida ou idade melhor<br />
para as primeiras saídas à noite, tudo depende,<br />
em grande parte da maturidade do jovem, da<br />
oportunidade e da observação do seu comportamento<br />
em situações similares. Nós, enquanto especialistas,<br />
pensamos que os 16 anos são uma boa<br />
idade para as primeiras saídas à noite. Os 14<br />
anos, são muito cedo para não haver supervisão<br />
de adultos, e os 18 anos são, a nosso entender, de<br />
outras épocas e que já muito se passou. (cont.)<br />
26 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Uma outra questão, é a que horas deve permitir a<br />
saída. Novamente, sugerimos que se guie pelas experiências<br />
anteriores, de sucesso, mais semelhantes à<br />
saída à noite. Existem também outros factores que<br />
deverá tomar em conta tais como o local onde o jovem<br />
vai, com quem vai acompanhado, se só com<br />
amigos da mesma idade ou se vai com algum adulto.<br />
As horas a que começa o evento também deve ser<br />
considerado. As idas aos concertos são muito comuns<br />
entre os jovens hoje em dia, alguns durante<br />
dias a fio e outros só à tarde ou à noite. Deverão ser<br />
tidos em conta. Recusar tudo não é favorável às intenções<br />
do jovem, em especial, se após vários convites<br />
o/a jovem não sai porque os pais não deixam enquanto<br />
os/as colegas já saem à noite sem supervisão<br />
de pelo menos um adulto. Consideramos que a permissão<br />
para sair à noite, deve ser gradual. A criança<br />
não deve estar exposta à noite e às suas diversas situações<br />
de forma radical. A liberdade deve ser gradual<br />
tal como a aprendizagem a andar foi. Se por<br />
ocasião de um teste, o jovem ou a jovem estudou em<br />
casa do/a colega, depois de jantar e ficou a dormir<br />
lá, para a próxima poderá ser um aniversário até às<br />
23 horas e depois uma saída com os amigos com as<br />
idas e vindas garantidas por um dos pais, com chegada<br />
às 24 horas. Mantendo-se assim uma abertura<br />
como uma espécie de degraus cujos não são todos do<br />
mesmo tamanho e altura. Esta medida tanto serve<br />
para as horas, como os locais assim como os acompanhantes.<br />
Isto serve para o jovem ir apreendendo e<br />
aprendendo a lidar com diferentes situações já conhecidas<br />
e inesperadas, integrando e reformulando<br />
internamente a sua maneira de estar. Não se deve<br />
esquecer que existem regras intransponíveis, por<br />
mais que o/a jovem desvalorize a sua importância<br />
ou insista ou reivindique autonomia. Bons exemplos<br />
são: horas de saída e horas de entrada, contatos de<br />
um ou dois dos seus amigos com quem vai sair, para<br />
onde vai e porque. Algumas notas: no caso de a criança<br />
não viver com ambos os pais, é necessário que<br />
ambos estejam em acordo quanto às regras e aos limites,<br />
mesmo se o consenso entre ambos os parentes<br />
fôr difícil; As regras na casa de um dos pais, devem<br />
ser semelhantes às regras na casa do outro; O irmão<br />
mais novo poderá sair com o mais velho, se ambos<br />
combinaram sair, contando que o mais velho deverá<br />
assumir a responsabilidade de cuidar do mais novo<br />
e servir de exemplo, para que a cópia seja o mais<br />
perfeita possível e saudavelmente real, em situações<br />
futuras; se as horas de chegada a casa forem diferentes,<br />
o mais velho deverá cumprir o horário, o diálogo<br />
com os pais só acolherá a reclamação do mais novo e<br />
também do mais velho, o adolescente também deverá<br />
entender que as primeiras saídas à noite é um teste<br />
à confiança que os pais depositaram nele e ao seu<br />
nível de maturidade. A exposição aos perigos que<br />
uma saída à noite pode trazer ao adolescente e a forma<br />
como este lida com as situações poderão ser impulsionadoras<br />
de novas saídas ou pelo contrário de<br />
medidas mais desaceleradas. Por fim, prepare-se<br />
para algumas noites de insónia e azia neste longo<br />
percurso de crescimento dos seus filhos adolescentes.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 27
Dossier<br />
Experiência<br />
Bebe-se. Bebe-se e abusa-se. Bebe-se para<br />
comemorar. Bebe-se para aliviar a tensão. Bebese<br />
para inaugurar. Bebe-se para conviver. Beber<br />
faz parte da cultura humana, faz parte da cultura<br />
portuguesa. Mas e depois? Beber álcool chega a<br />
fazer bem ao organismo, mas beber muito faz<br />
mal. Como em tudo o que é em demasia é<br />
demais. O abuso do álcool provoca problemas a<br />
vários níveis – psicológicos, sociais,ao<br />
organismo, económicos e outros que advêm<br />
destes . Ou será que são as agruras pessoais,<br />
sociais, psíquicas que levam ao álcool? Fica a<br />
questão.<br />
30 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Por Maria Paula Dias<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 31
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Portugal é um dos países com maior número de<br />
consumidores de bebidas alcoólicas, segundo a<br />
WHO – Organização Mundial de Saúde -. Mais<br />
de 12,5 litros de alcool puro por pessoa em 2010,<br />
entre os adultos e jovens acima dos 15 anos. Estes<br />
valores só comparáveis com a Ásia cujo consumo<br />
é o dos maiores, igual ao de Portugal, isolado dos<br />
países vizínhos no que concerne a esta temática.<br />
A liderar a tabela da OMS está a Moldávia, com<br />
um consumo equivalente a 17,4 litros de álcool<br />
per capita, seguida da Bielorrússia, Lituânia,<br />
Rússia, República Checa, Sérvia e Roménia. Surge<br />
depois, a Austrália, com 12,6 litros per capita, logo<br />
seguida de Portugal e da Eslováquia. Este<br />
relatório lembra dados de 2012 que mostram que<br />
3,3 milhões de mortes em todo o mundo foram<br />
atribuídas ao consumo de álcool, quase 6% de<br />
toda a mortalidade mundial. No que concerne às<br />
dependências, o do álcool é superior ao do<br />
tabaco. Em dados de 2015, Portugal aparece a<br />
meio da tabela dos países da região europeia,<br />
claramente com os homens a apresentar maior<br />
prevalência do que as mulheres. O álcool faz<br />
parte da cultura humana. Já em tempos antigos e<br />
em mitos, o álcool era recurso daqueles que<br />
queriam comemorar, que queriam aquecer ou<br />
queriam tratar mazelas (efeitos medicinais). Os<br />
egipcíos, um dos povos mais antigos eram<br />
conhecedores de várias drogas para vários efeitos<br />
– cirúrgias, tratamento, comemoração, rituais ou<br />
alimentação –. Eram produtores de vinho e<br />
cerveja já com tecnologia bem avançada e bem<br />
gravada em pinturas e documentos. Os romanos,<br />
tambem muit conhecidos pelos seus rituais de<br />
adoração aos deuses, surgem, comumente,<br />
associados ao álcool, a partir de Baco – Deus do<br />
vinho - celebrado no império e nas suas colónias.<br />
O povo romano foi um dos povos que expandiu a<br />
associação da bebida alcoólica às comemorações<br />
através das suas colónias e das suas festividades<br />
exuberantes muito conhecidas através do termo<br />
bacanal. O cultivo de vinhas, o processo de<br />
fermentação e destilação e armazenagem foi<br />
passando desde os povos antigos até hoje. Há<br />
melhoramentos no fabrico,estado de conservação,<br />
paladar e aroma. O vinho foi tão banalizado,<br />
comercializado e apurado que se foi consumindo<br />
habitualmente. O seu valor foi inflacionado<br />
fazendo-se hoje ainda uma grande distinção entre<br />
os vinhos. A mais comum- vinhos brancos, tintos,<br />
rosé—maduros, verdes. A mais correta: Vinhos<br />
Brancos (Leves e refrescantes, Aromáticos,<br />
Encorpados), Vinhos Tintos (leves, médios,<br />
encorpados) , Rosé, Porto, Espumante, e de<br />
sobremesa. As garrafas de vinho,<br />
atualmente,apresentam vários preços também.<br />
Há garrafas de vinho em particular que podem<br />
ascender aos milhões de euros. Deixamos aqui<br />
alguns exemplos.<br />
Château Mouton Rothchild, 1945 ------ 16 895,83<br />
Euros ----considerada uma das melhores do<br />
século passado<br />
32 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Shipwrecked, 1907, Heidsiek -------232 986,00<br />
Euros ---- o champagne mais caro do mundo. Foi<br />
recuperado de um navio que naufragou durante<br />
a 1ª Guerra Mundial<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Château D’Yquem, 1959 ------<br />
Château Cheval Blanc,<br />
2009 ----------990,00 Euros ----- é considerado um<br />
dos melhores vinhos do mundo com 14º de teor<br />
de álcool<br />
-----1 800,00 Euros ------- um<br />
dos vinhos doces mais<br />
famosos<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 33
Petrus, 1982 -------------------------5 543, 94 Euros -<br />
----- é considerado um dos melhores vinhos até<br />
aos dias de hoje, das adegas do Château Pétrus<br />
Dom Pérignon But Rosé --------34 750,00 Euros -<br />
--- da Möet & Chandon<br />
Romanée Conti, 1961 ----------21 119,79 Euros ---<br />
--da Domaine de la Romanée-Conti muito<br />
bem classificado<br />
‘.....ao ingerirmos uma be<br />
que 10% do mesmo é abs<br />
os restantes 90% no intes<br />
Excluindo todas as outras bebidas cujo fabrico<br />
de alta qualidade influenciam o preço tais como<br />
os do wisky. A tentação ao consumo é muito<br />
grande, variada e implica sempre estilos de<br />
vida desejados. O álcool é uma molécula<br />
natural ou sintética comumente conhecida por<br />
etanol. O seu efeito é, ao mesmo tempo,<br />
hipnótico e sedativo. No processo de<br />
fabricação, na fermentação e destilação são,<br />
habitualmente, acrescentadas, outras<br />
substâncias que vão influenciar as taxas de<br />
absorção e de distribuição do álcool,<br />
especificando além qualidade dos ingredientes<br />
habituais, as suas especificidades. Ao<br />
ingerirmos uma bebida alcoólica, saiba que 10%<br />
do mesmo é absorvido no estômago e os<br />
restantes 90% no intestino delgado. Após esta<br />
absorção, o álcool é distribuído a todos os<br />
tecidos e células do nosso organismo,<br />
alterando de forma sistemática as funções<br />
hormonais pela segregação excessiva ou em<br />
défice de algumas hormonas e em especial ao<br />
34 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
ida alcoólica, saiba<br />
orvido no estômago e<br />
tino delgado....’<br />
neurotransmissores. Saiba que um copo de vinho<br />
tinto por dia pode ser um importante aliado na<br />
saúde cardiovascular, por ser rico em resveratrol,<br />
um polifenol, presente nas sementes e nas cascas<br />
das uvas pretas. Diversos estudos sugerem que o<br />
resveratrol relaciona-se com a diminuição do<br />
“mau” colesterol (LDL) e aumento do “bom”<br />
colesterol (HDL). Pelo seu poder antioxidante, o<br />
resveratrol possui ainda a capacidade de evitar a<br />
oxidação do LDL na circulação sanguínea (a<br />
oxidação do colesterol LDL relaciona-se com a<br />
formação da placa de ateroma, que pode conduzir<br />
à obstrução dos vasos sanguíneos – aterosclerose).<br />
Sugerem ainda que este poderoso antioxidante<br />
ajuda a reduzir a pressão arterial e reduz a<br />
inflamação dos vasos sanguíneos. Os benefícios<br />
do vinho tinto serão visíveis num enquadramento<br />
de estilo de vida saudável, onde o exercício<br />
também tem o seu papel fundamental na<br />
melhoria dos parâmetros referidos anteriormente.<br />
O consumo moderado de vinho tinto, em<br />
específico, um copo por dia, está associado a uma<br />
redução do risco de desenvolvimento de doenças<br />
cardiovasculares. Em doses elevadas é altamente<br />
prejudicial ao nosso organismo, como é sabido, já<br />
por intuição ou experiência. Quando se ingere<br />
álcool procura-se qualquer coisa e essa coisa são<br />
os seus efeitos. Efeitos desinibidores, alegria,<br />
prazer, conforto, liberdade. Mas há outros tais<br />
como a diminuição da tristeza, da solidão, da<br />
memória, do frio, da dor ou do desespero e da<br />
angústia. Comumente, podemos dizer que<br />
existem três tipos de consumo: o Uso, o Abuso e a<br />
Dependência. No uso o consumo é brando e (cont)<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 35
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
e responsável. Não se bebe muito nem depressa,<br />
bebe-se moderamente. Saboreia-se, se que seja<br />
necessário chegar aos seus efeitos que podem<br />
ser desconcertadas. Não se bebe de estômago<br />
vazio, bebe-se em algumas ocasiões festivas,<br />
bebe-se acompanhado, bebe-se calmamente não<br />
se excedendo as medidas recomendadas*. No<br />
Abuso, a alternância com bebidas não alcoólicas<br />
em ocasiões festivas desaparece, excede-se o<br />
consumo e bebe-se em jejum. As ocasiões são<br />
outras. Bebe-se porque se está deprimido, bebese<br />
para experimentar ( menor de idade), bebe-se<br />
durante atividades perigosas, bebe-se porque se<br />
está irritado. No consumo já se procuram os<br />
efeitos, não tendo muita importância a<br />
quantidade ingerida. No Abuso bebe-se além<br />
quantidades recomendadas*, bebe-se quando já<br />
não se deve beber. Na dependência bebe-se<br />
porque é necessário beber. Bebe-se por<br />
tolerância às quantidades recomendadas, bebese<br />
em qualquer ocasião, bebe-se para afundar o<br />
síndrome de abstinência. Bebe-se para afundar<br />
o problema, na sua natureza subjetiva. Estas são<br />
as três formas mais comuns que o álcool<br />
coexiste com o ser humano. O álcool sempre foi<br />
e será sempre bem acolhido pelo ser humano.<br />
Um caminho. Uma fuga. Uma resposta. Um<br />
caminho. Um meio. Uma desculpa. Um<br />
caminho, uma solução. Uma solução. O álcool<br />
tem um efeito depressor ao nível do sistema<br />
nervoso central – SNC. Isto quer dizer que<br />
embora apresente aquele efeito estimulante e de<br />
euforia inicial, as noções de perigo tornam-se<br />
esfumadas ao longo do período de consumo. A<br />
reação aos estímulos dimimui. A fala fica<br />
pastosa, ocorrem dificuldades na locomoção e<br />
na coordenação motora, a sensibilidade à dor<br />
diminui até desaparecer, sonolência e<br />
lentificação do pensamento. No limite, o que<br />
implica cerca de 0,35 g de álcool por 100 ml de<br />
sangue, a maioria das pessoas pode ficar em<br />
coma ou até morrer, o que não é pouco comum.<br />
A Organização Mundial de Saúde estabeleceu<br />
as doses recomendadas de álcool, entre o uso e o<br />
abuso.<br />
Quantificação dos Limites do Consumo de Álcool<br />
Tipo de Consumo<br />
Género<br />
Seguro Mas 0-40<br />
Fem 0-20<br />
Quantida<br />
de<br />
(gramas/<br />
dia)<br />
Arriscado Mas 41-60<br />
Fem 21-40<br />
Prejudicial Mas > 60<br />
Fem > 40<br />
‘...A reação aos estímulos dimimui. A fala fica pastosa, ocorrem<br />
dificuldades na locomoção e na coordenação motora, a<br />
sensibilidade à dor diminui até desaparecer, sonolência e<br />
lentificação do pensamento.....’<br />
36 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Segundo o relatório da SICAD – Serviço de<br />
Intervenção nos Comportamentos Aditivos e<br />
nas Dependências – em 2014, morreram cerca<br />
de 44 pessoas por overdose alcoólico, estando<br />
associadas ao álcool cerca de 829 mortes.<br />
Tambem divulgado pelo SIDAC do Global<br />
Status Report Alcohol and Health 2014 do<br />
impacto e danos que o álcool provoca<br />
destacam-se: perturbações neurológicas<br />
diversas entre as quais a epilépsia; doenças<br />
gastro-intestinais tais como cirrose,<br />
pancreatite aguda ou crónica e outras, tumores<br />
malignos na boca, faringe, laringe, esófrago,<br />
colon, reto, no fígado, peito (nas mulheres),<br />
entre outros, danos intencionais tais como<br />
suicidio e violência de diversas naturezas;<br />
doenças cardio-vasculares tais como<br />
hipertensão, fibrilhação atrial, enfarte do<br />
miocardio; complicações do feto e nascimento;<br />
Diabetes mellitus; Doenças infeciosas tais<br />
como tuberculose ou pneumonia ou outras. O<br />
álcool é uma droga. Uma droga que se ‘arranja’<br />
porque há problemas mas tambem uma droga<br />
que traz problemas. A dobrar. Dos problemas<br />
físicos acima mencionados, juntam-se outros,<br />
os sociais e os psicológicos. Dos sociais<br />
salientamos os problemas familiares tais como<br />
stress, negatividade, destruturação ou<br />
violência, e que se podem estender aos<br />
relacionamentos interpessoais, profissionais ou<br />
comunitários. Dos psicológicos perturbações<br />
alimentares, perturbações do sono, stress,<br />
angústia, ansiedade, ataques de pânico,<br />
perturbações sexuais, de memória, cognição<br />
distorção das características de personalidade<br />
ou psíquicas tais como impulsividade,<br />
passagem ao acto, entre outras muito<br />
relevantes tais como a violência que surge<br />
sempre associada ao álcool. Abusar do álcool é<br />
consumir recorrentemente bebidas alcoólicas<br />
tendo este consumo repercursões ao nível da<br />
execução de tarefas com responsabilidade. Este<br />
abuso pode então ser traduzido como por<br />
exemplo em ausências repetidas ou fraco<br />
desempenho profissional, suspensões e/ou<br />
expulsões escolares, condução perigosa de<br />
veículos ou máquinas e afetação das esferas<br />
intrapsíquica e interpsíquica, ou seja, ingerir<br />
álcool para esquecer um relacionamento, um<br />
sentimento ou enfrentar um relacionamento,<br />
um sentimento, de forma sistemática. O álcool<br />
destroi. O alcoolismo é a fase seguinte ao<br />
abuso intoxicante constante de bebidas<br />
alcoólicas. Pode ser definido como a<br />
dependência física e psíquica que vai<br />
determinar a maioria dos comportamentos que<br />
são originados pelo impulso à compulsão em<br />
beber e ao seu efeito físico e psíquico que é a<br />
meta a atingir na dependência. O alcoólico já<br />
perdeu o controlo sobre a sua vida pois perdeu<br />
o controlo sobre a sua necessidade psicológica<br />
e física. Com grande frequência, as pessoas<br />
com este tipo de dependência negam ou<br />
desvalorizam o seu comportamento de<br />
consumo nocivo não só para os outros que<br />
podem ser abusivos-intrusivos mas mais<br />
importante para si próprios ou pessoas de<br />
confiança, transformando a dependência e o<br />
sofrimento mais solitário do que naturalmente<br />
já são. A consciencialização e não apenas o<br />
admitir pode ser um trabalho árduo e pesado.<br />
A família ou quem está pròximo afetivamente<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 37
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
pode ajudar. A ajuda de um especialista em<br />
psicologia apenas ou grupos de apoio podem ser<br />
a solução saudável, ficando este passo e direção<br />
ao critério daquilo que é mais confortável para<br />
aquele que sofre com alcoolismo. Alcoolismo e<br />
abuso do álcool são situações diferentes. No<br />
abuso de álcool, a pessoa costuma beber em<br />
segredo, desenvolvendo um ritual muito próprio.<br />
Uma pessoa que abusa do álcool fica facilmente<br />
irritado, por frustração associada ou sofrimento<br />
consciente, perde os interesses que possuia,<br />
começa a sofrer alterações importantes tais como<br />
alimentares - refeições perdidas e quantidade de<br />
comida ingerida. Uma vítima de alcoolismo tem<br />
um desejo de beber dependente. Não passa sem,<br />
afetivamente. Não consegue estar bem sem ter<br />
secretamente ou visivelmente em humilhação,<br />
beber. Não consegue parar, por manha<br />
controladora, para num lugar só seu ou feitio já<br />
entranhado sossegar sem a acalmia que aquele<br />
abuso sobre si próprio lhe dá. É o outro que lhe<br />
faz mal mas sem deixar de ser um outro eu sobre<br />
si próprio, pouco percebido ou mal distorcido.<br />
Até, em pouco tempo já o mal estar intalado.<br />
Síndrome de abstinência -conjunto de sinais e<br />
sintomas que impõem a quem bebe a sua<br />
demanda de vida. Bebe a beber mais ainda para<br />
colmatar a falta nefasta que o corpo já sente. o<br />
síndrome de abstinência traduz a necessidade do<br />
organismo em funcionar em modo nocivo, modo<br />
o qual já está habituado a trabalhar.<br />
Como se identifica o SDA?<br />
• Tolerância elevada ao álcool (necessidade<br />
de beber cada vez mais quantidade para<br />
conseguir os mesmos efeitos, o que permite à<br />
pessoa atingir alcoolémias elevadas sem que<br />
apresente sinais de intoxicação);<br />
• Perda de controlo (incapacidade de<br />
controlar a quantidade que ingere);<br />
• Apetência ou Craving (desejo obsessivo de<br />
beber);<br />
• Síndrome de abstinência (sinais da<br />
privação do álcool que surgem num período<br />
entre 4 a 12 horas após redução dos<br />
consumos, como, tremor, ansiedade, suores,<br />
náuseas etc. O álcool é consumido também<br />
para evitar ou aliviar estes sintomas;<br />
• Existe desejo ou esforço para reduzir,<br />
controlar, cessar os consumos sem sucesso;<br />
• Danos nas várias áreas da vida: família,<br />
trabalho, amigos, saúde;<br />
• O consumo mantém-se apesar dos danos<br />
persistentes.<br />
Devem observar-se pelo menos 3 ou mais dos seguintes<br />
sintomas num período de 12 meses):<br />
38 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Abstinência ao Alcool<br />
Hiperatividade autonómica<br />
Tremor<br />
Insónias<br />
Nauseas ou vómitos<br />
Agitação psicomotora<br />
Convulsões<br />
Agitação psicomotora<br />
Intoxicação pelo Alcool<br />
Discurso Empastado<br />
Descoordenação<br />
Marcha Instável<br />
Défices na Atenção e Memória<br />
Estupor ou coma<br />
Alterações comportamentais variadas :<br />
labilidade, agressividade, pouco discernimento<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
A gradação do consumo caracteriza-se por etapas de intoxicação aguda que se<br />
descrevem abaixo:<br />
Fase de excitação psicomotora (alcoolémia entre 0.5 e 1.5 g/l de sangue):<br />
• Desinibição;<br />
• Euforia superficial alternada com período de tristeza e agressividade;<br />
• Necessidade irresistível de falar e familiaridade excessiva;<br />
• Alterações da memória, do discernimento e da atenção;<br />
Fase de descoordenação (alcoolémia superior de 1.5 a 3 g/l de sangue):<br />
• Desordem de pensamento que leva à confusão total;<br />
• Sonolência progressiva até ao torpor;<br />
• Descoordenação motora;<br />
• Diplopia (visão dupla);<br />
• Vertigens, náuseas, vómitos;<br />
• Taquicardia.<br />
Fase comatosa (alcoolémia superior a 3 g/l sangue):<br />
• Coma profundo (na maior parte dos casos sai do coma ao fim de algumas horas);<br />
• Hipotermia (descida de 5 a 6 graus da temperatura);<br />
• Hipotensão arterial com risco de colapso cardiovascular;<br />
• Amnésias lacunares (black-outs).<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 39
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
testemunho<br />
DO PROBLEMA À SOLUÇÃO<br />
Faz hoje exactamente 2 anos que aquela<br />
substância “manhosa, desconcertante e<br />
poderosa” foi por mim consumida, vezes sem<br />
conta naquele dia, pela última vez até ao<br />
presente dia. Por isso mesmo decidi escrever e<br />
partilhar convosco algo sobre isso. Hoje<br />
consigo olhar para trás e perceber que durante<br />
24 anos da minha vida vivi envolvido num<br />
problema que estava presente em todas as<br />
áreas da minha vida. Considerei durante todo<br />
este tempo que tudo o que me rodeava era um<br />
problema. Os outros eram um problema, o<br />
Mundo era um problema, as circunstâncias da<br />
minha vida eram um problema, mas eu não,<br />
eu nunca fui um problema. Olhar para mim<br />
como um problema não era opção. Nesta luta<br />
interna, embora tivesse percebido no meu<br />
íntimo que tinha um problema com álcool,<br />
pois nunca o consegui consumir de forma<br />
moderada, foram necessários muitos tombos e<br />
“fundos do poço” para o admitir. Considero<br />
mesmo que fui o último a fazê-lo, pois todos<br />
os que me rodeavam já se tinham apercebido.<br />
Foi só quando perdi o total sentido e réstia de<br />
prazer ou respeito pela própria vida (minha e<br />
de todos, e por tudo o que me rodeava) que a<br />
solução que Alcoólicos Anónimos me<br />
disponibilizou gratuitamente passou a ser um<br />
caminho possível, já em desespero de causa.<br />
Durante esta viagem de tombos, insanidades,<br />
manipulações, desonestidades e negligência<br />
para com aqueles que amo, a solução dos<br />
m e u s p ro b lema s e st e ve sempre<br />
“engarrafada”. A certa altura consegui<br />
convencer-me e convencer os outros de que<br />
tinha um problema mental irresolúvel. Recorri<br />
a terapeutas de medicinas alternativas,<br />
psicólogos e psiquiatras mas nada parecia<br />
resultar comigo, pois nada conseguiu resolver<br />
os problemas que eu considerava que me<br />
rodeavam. Até a artes de magia negra e<br />
branca recorri, mas o resultado era<br />
invariavelmente o mesmo: voltava a cair no<br />
caminho que conhecia na altura, a solução<br />
“engarrafada”. Este ciclo quase me levou à<br />
morte em duas situações distintas, mas que de<br />
comum tiveram o resultado: continuar a viver<br />
“o problema”. Analisando agora estas duas<br />
situações em que “o outro lado” esteve bem<br />
próximo, não posso deixar de admitir que<br />
alguma entidade superior me amparou e não<br />
quis que eu deixasse o mundo dos vivos sem<br />
descobrir aquela que hoje considero ser a<br />
minha verdadeira solução: Alcoólicos<br />
Anónimos Após perder amigos, família e<br />
quase o emprego lá me foi sugerido por uma<br />
ida a uma reunião de AA. Por lá permaneci<br />
durante cerca de 1 ano e meio. Consigo olhar<br />
(cont.)<br />
40 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
para esse período com a honestidade suficiente<br />
para perceber que ali era possível encontrar a<br />
solução que outros partilhavam, desde que<br />
estivesse disponível para praticar e viver o<br />
Programa. Mas a minha arrogância, o meu<br />
orgulho e as minhas reservas levaram a melhor,<br />
acabando por me afastar e dar oportunidade à<br />
falsa sensação de controlo de quem já não<br />
precisa de ajuda por julgar já ter resolvido o seu<br />
problema. O período de cerca de 6 meses que se<br />
seguiu, posso-vos dizer que apenas me levou a<br />
perceber que o “poço” não tem “fundo”. O<br />
vazio e o sofrimento que vivi, só por hoje, não<br />
os quero voltar a sentir. Depois veio o<br />
empurrão, daqueles que ainda me amavam,<br />
para um centro de tratamento. Fizeram-me<br />
olhar com honestidade para o meu passado e<br />
admitir que a fonte de todos os meus<br />
problemas era muito menos que aquilo que<br />
pensava, era eu próprio com a minha doença.<br />
Mas havia uma solução, um Programa de 12<br />
Passos que se vivia e praticava na comunidade<br />
que outrora abandonara. Para começar bastava<br />
que aplicasse o “saber ouvir”, o “dispor-me a<br />
mudar” e o “partilhar a verdade acerca de mim<br />
e dos meus sentimentos”: mente aberta, boa<br />
vontade e honestidade. Começou por ser<br />
dolorosa esta nova forma de estar em<br />
Alcoólicos Anónimos. Não fazia, de todo, parte<br />
dos mecanismos mentais que fui construindo<br />
desde os meus 14 anos de idade. Da dor de ser<br />
uma nova experiência passei, um dia de cada<br />
vez, a viver uma nova descoberta. Da dor da<br />
solidão inicial passei, um dia de cada vez, a ter<br />
mais pessoas na minha vida que não só me<br />
ajudam como me confrontam comigo mesmo<br />
através das suas partilhas. Afinal também elas<br />
vivenciaram sentimentos e experiências muito<br />
semelhantes aos meus. Da obsessão por mim<br />
próprio passei, um dia de cada vez, a olhar<br />
para as necessidades dos outros. Do sentir que<br />
eu quero e preciso de uma cadeira numa<br />
qualquer sala de AA passei, através do serviço,<br />
um dia de cada vez, a ajudar a preparar a sala,<br />
as cadeiras e o café para poder reunir com os<br />
companheiros. De ser um problema para os<br />
outros que me rodeavam, passei a fazer parte<br />
da solução de alguns dos problemas das suas<br />
vidas. A mudança começou em mim mas só foi<br />
possível pô-la em prática porque existiram<br />
aqueles que anonimamente criaram e fizeram<br />
crescer este programa de recuperação. Aqueles<br />
que hoje permitem que ele se pratique e que<br />
seja vivenciado por muitos, incluindo eu<br />
próprio. Aqueles que transmitem a mensagem<br />
da sua experiência, força e esperança. Sinto<br />
muita gratidão por aqueles que me amam,<br />
familiares e amigos que nunca de mim<br />
desistiram. Mas existem aqueles que, do<br />
problema me mostraram a solução, e por esses<br />
nutro um Amor incondicional de gratidão. E<br />
esses denominam-se Alcoólicos Anónimos.Bem<br />
hajam! Bruno S.(Publicada na Partilhar nº 74, 1º<br />
Trimestre de 2017) www.aaportugal.org<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 41
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
testemunho<br />
NÃO POSSO MUDAR O VENTO<br />
MAS POSSO AJUSTAR A VELA<br />
Maus ventos bafejaram a minha infância.<br />
Perante a morte de minha mãe, meu pai que há<br />
pouco tempo tinha inaugurado a vida de<br />
casado, viu-se assim com uma criança de tenra<br />
idade nos braços, sem saber bem como superar<br />
tal situação. Valeu-lhe uma amizade de<br />
infância, companheira de grupo de praia e que<br />
sempre gostara dele. Casaram e, por<br />
incompatibilidades de longa data entre meu<br />
pai e meus avós, este deixou-se influenciar<br />
pela família da minha madrasta. Nesta família<br />
ninguém gostava de rapazes e, logo eu que era<br />
bastardo... Como recebia um amor por<br />
obrigação, materialmente nada me faltava.<br />
Meu pai, que na sua infância contou com uma<br />
larga dose de indiferença afectiva por parte<br />
dos meus avós, pouco se apercebia da aridez<br />
de carinho que me rodeava e, pior ainda, da<br />
falta de incentivosà formação do meu carácter.<br />
Espartilhado por uma invisível mas sempre<br />
presente cartilha de proibições, acompanhada<br />
de um constante repisar da minha falta de<br />
valor, da minha iniquidade e da<br />
subalternidade perante todos os outros<br />
elementos da família fui, aos poucos,<br />
acreditando que de facto era tardo de<br />
raciocínio, pouco inteligente, feio e falto de<br />
iniciativas. Numa progressiva castração<br />
intelectual, acomodei-me a que outros por<br />
mim pensassem, resolvessem os meus<br />
problemas e tomassem as iniciativas que<br />
supostamente só a mim estariam reservadas.<br />
Estudei em regime de internato, num colégio<br />
cuja orientação disciplinar era acentuadamente<br />
militar. Também aqui, pouco espaço livre<br />
havia para me descobrir, os castigos eram<br />
severos (ainda não havia a fobia das<br />
criancinhas traumatizadas...) e, há que convir,<br />
esta situação masoquistamente convinha-me,<br />
mau grado sentir que continuava subjugado,<br />
joguete de quem se considerava, com o meu<br />
aval, superior a mim. Encolhi os ombros ao<br />
rumo que devia dar à minha vida. Era um<br />
barco encostado ao cais sem velas para<br />
zarpar. Nesta altura, descobri o efeito que as<br />
bebidas alcoólicas em mim produziam. Ah!...<br />
que descoberta; que independência, que<br />
soltura de atitudes e desenvoltura o álcool me<br />
dava; era isto, era este o elixir da coragem que<br />
eu há muito procurava; era esta a vela que<br />
desencalharia o meu barco. Com a bebida,<br />
vesti a capa de espirituoso; comecei a ser<br />
animador de festas e convidado crónico em<br />
todas as reuniões, mais ou menos<br />
intelectualoides, promovidas pelo círculo de<br />
amigos em que eu recentemente me tinha<br />
integrado ou me integraram; em pouco tempo,<br />
no entanto, os excessos com a bebida (Cont.)<br />
42 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
superaram as suas imaginárias vantagens. É<br />
certo que desencalhei o veleiro mas, aproveitar<br />
os Alísios ou bolinar para vencer ventos<br />
contrários, era arte que então não dominava;<br />
mais ainda, não estabeleci um fito, uma<br />
ambição, um rumo para o barco da minha<br />
vida. Era o que a maré ditava. Das tempestades<br />
das minhas bebedeiras, restavam destroços,<br />
rombos cada vez mais difíceis de colmatar.<br />
Erguia os olhos a uma potestade, em súplica,<br />
pontualmente em pedincha da sorte mas,<br />
sistematicamente cometia os mesmos erros com<br />
as adriças dos meus comportamentos,<br />
esperando tirar resultados diferentes com as<br />
velas da minha fortuna. Derrotado, naufraguei<br />
e morri de desalento na praia da minha<br />
impotência. Inerte de auto-piedade, fui erguido<br />
em peso por um pescador-de-alcoólicosperdidos<br />
que me apontou Alcoólicos Anónimos<br />
como uma boa escola para aprender a forma<br />
de, com segurança, aproar o futuro. Tive e<br />
tenho reuniões de AA que, sistematicamente,<br />
me relembram a necessidade de me manter sem<br />
beber para que melhor possa ter a minha<br />
bússola e rumar, em pequenas viagens, de<br />
porto seguro para porto seguro, conheço agora<br />
Doze Passos que me ajudam a lidar com todos<br />
os instrumentos do meu barco e a forma de o<br />
conduzir; tenho também Doze Tradições para<br />
que, ao tentar cumpri-las, consiga conviver e<br />
respeitar os outros mareantes, sem os abalroar<br />
nem cruzar rotas. Tal como os antigos nautas,<br />
obriguei-me a ter fé na superação do<br />
desconhecido, que cada alvorada me<br />
traz. Graças a AA e à companha engajada em<br />
cada Grupo, aprendi a conhecer as minhas<br />
possibilidades e as minhas limitações. Qual<br />
ventos de alto-mar, recebo influências fortes e<br />
muitas vezes contraditórias; mais seguro,<br />
porque o álcool já não faz parte da minha vida,<br />
descubro agora a possibilidade de ter opções e,<br />
mais espantoso ainda, que posso escolher qual<br />
quero independentemente de ser a melhor.<br />
Procedo agora segundo a minha consciência,<br />
perante os desafios diários, seguro de que<br />
poderei arrostar com as consequências; as<br />
provações existem tal como o vento, como este,<br />
não as posso mudar mas posso ajustar a minha<br />
vela para que o rumo a bom porto não seja<br />
interrompido. Vitor P. (Publicada na Partilhar nº 49,<br />
3º Trimestre de 2009) www.aaportugal.org<br />
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 43
DOSSIER EXPERIÊNCIA<br />
Portugal foi classificado como um dos países com maiores números de consumidores de bebidas alcoólicas.<br />
De acordo com o World Drink Trends, Portugal detinha, há poucos anos atrás, o 8º lugar neste<br />
posicionamento de consumo, atrás de países como o Luxemburgo, República Checa, República da Irlanda,<br />
Alemanha, Espanha e Reino Unido. As doenças causadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas<br />
incluem a síndrome de dependência de álcool (SDA), com uma prevalência estimada em Portugal de 580 mil<br />
pessoas e a síndrome de abuso de álcool (SAA), estimada em 746.000 pessoas<br />
“Bebe a beber mais ainda para colmatar a falta nefasta<br />
que o corpo já sente. O síndrome de abstinência traduz a<br />
necessidade do organismo em funcionar em modo<br />
nocivo, modo o qual já está habituado a trabalhar”<br />
44 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 45
sobrevivÊNCIA<br />
Com a<br />
TIMIDEZ<br />
«A timidez é uma<br />
condição alheia ao<br />
coração, uma<br />
categoria, uma<br />
dimensão que<br />
desemboca na<br />
solidão.»<br />
Pablo Neruda<br />
Por Rita António<br />
46 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
A ansiedade está presente desde os primórdios da<br />
evolução da espécie humana e faz parte do sistema<br />
adaptativo de sobrevivência, no qual desempenha<br />
funções em diversas ocasiões. A ansiedade,<br />
experimentada em situações sociais, num grau<br />
ligeiro, é mais frequente do que pensamos,<br />
acontece a um grande número de pessoas e não<br />
impede um desempenho social apropriado.<br />
Nalguns indivíduos, a ansiedade em situações<br />
sociais é elevada e limita o seu funcionamento<br />
social, conduzindo ao evitamento dessas situações.<br />
Quando isso acontece, podemos estar perante um<br />
distúrbio de ansiedade social (fobia social). É<br />
essencial fazer a distinção entre a experiência de<br />
graus ligeiros de ansiedade em situações sociais,<br />
que é comum e que normalmente não provoca<br />
sofrimento significativo na vida do individuo e a<br />
fobia social como quadro clínico ansioso<br />
severamente limitador do funcionamento social e<br />
profissional do indivíduo. A timidez é um conjunto<br />
de comportamentos, pensamentos e emoções que<br />
gera desconforto ou inibição em situações<br />
sociais. Deriva de uma autoavaliação negativa, uma<br />
baixa autoestima e autoconfiança que se revela<br />
num grande sentido de insegurança nas nossas<br />
capacidades, o que provoca inibição em situações<br />
de interação social. A timidez torna-se num<br />
obstáculo quando interfere na conquista de<br />
objetivos, quer a nível pessoal (relação entre pares,<br />
interações sociais) e profissional (desempenho na<br />
argumentação ou exposição de uma ideia em<br />
reuniões). A timidez é uma característica da<br />
personalidade e não é por si só, um sinal de<br />
perturbação mental. Quando essa característica,<br />
interfere e limita o nosso funcionamento social,<br />
como por exemplo evitarmos ir jantar com<br />
amigos, com medo de não saber como agir ou que<br />
tema falar; afeta o nosso trabalho, como por<br />
exemplo, evitar ir a reuniões inventando<br />
desculpas que se está doente; ou noutra área<br />
importante da nossa vida, como evitar os<br />
encontros familiares; começa a ser preocupante e é<br />
aconselhável dirigir-se a um especialista. Os<br />
sintomas físicos da timidez são: aumento dos<br />
batimentos cardíacos, suores, tremores nas mãos,<br />
gaguez, boca seca e dificuldade em expressar-se,<br />
pressão no peito, sensação de desmaio e dores de<br />
barriga. Em situações desagradáveis, como uma<br />
exposição oral pública, uma pessoa com a característica<br />
de timidez, é comum ter pensamentos centrados em<br />
temas de fracasso como ‘’eu não consigo; vai correr mal’’;<br />
preocupar-se com a aparência ‘’estão todos a olhar para<br />
mim; que vergonha’’; preocupar-se com avaliações<br />
negativas ‘’estão todos a pensar que sou um(a) falhado<br />
(a), que não tenho conhecimento do que falo’’; ter a<br />
atenção auto focada, ou seja tudo naquele momento é<br />
sobre a pessoa, não consegue focar-se em coisas simples<br />
como o sol que bate na janela, ou nas pessoas que estão à<br />
sua frente; autoavaliação negativa no seu desempenho<br />
‘’correu mal, pessimamente’’ e expectativas negativas<br />
sobre futuras interações sociais, como por exemplo ‘’para<br />
a próxima vai correr terrivelmente, nem vale a pena vir,<br />
ainda vai ser pior que esta’’.<br />
Sabia que...<br />
Segundo estudos realizados, somente 12%<br />
dos indivíduos tímidos autoidentificados<br />
nos Estados Unidos tem sintomas que<br />
satisfazem os critérios diagnósticos para<br />
transtorno de ansiedade social?<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 47
SIGA<br />
ESTRATÉGIAS<br />
Treine em casa sozinho: no caso por exemplo de uma exposição oral: estude bem o que tem de<br />
dizer, treine em voz alta, em frente ao espelho; apresente para a sua família e amigos chegados.<br />
Tenha confiança em si: antes da exposição oral pense para si: eu sei do que falo, treinei em<br />
casa várias vezes, por isso ‘’vai correr bem’’ e confie que vai correr bem.<br />
Faça exercícios de relaxamento: inspire pelo nariz e expire lentamente pela boca, sinta o ar a<br />
entrar e a sair dos seus pulmões. Perceba como esse exercício proporciona uma sensação de<br />
relaxamento e ajuda a controlar a ansiedade. Pense na ansiedade como numa montanha que<br />
tem um pico lá no alto. A ansiedade sobe, tem o seu pico e desce, voltando tudo à<br />
normalidade.<br />
Descentralize: as outras pessoas não estão a olhar sempre para si, estão ocupadas com os seus<br />
objetivos e preocupações. Em vez de se focar na timidez e embaraço, olhe o mundo em volta e<br />
viva o que está a acontecer, tire partido do momento.<br />
Mantenha pensamentos positivos: Substitua o ‘’não consigo, vai correr mal’’ pelo ‘’eu<br />
consigo, vou dar o meu melhor.’’, se não correr tão bem como pensava, o que importa é que<br />
deu o seu melhor, que foi mais um treino e para a próxima vez vai correr ainda melhor.<br />
Todas as falhas servem para aprendermos a na próxima fazer melhor.<br />
Não deixe que a timidez vença: não desista, pense que a magia acontece quando saímos da<br />
nossa zona de conforto.<br />
48 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
SUPER ALIMENTOS<br />
Os benefícios<br />
do ATUM<br />
Por Ana Rosa<br />
O<br />
atum é um peixe de<br />
águas tropicais e<br />
subtropicais de todos os<br />
oceanos. Atualmente<br />
podemos consumir atum<br />
em diferentes pratos crus<br />
ou cozinhados e de diferentes formas. Bifes, filetes,<br />
postas, inteiro ou enlatado. Tenha atenção quando<br />
comprar atum fresco. Deve enxagua-lo em água<br />
corrente e depois secá-lo antes de cozinhar. Evite<br />
comprar atum que tenha manchas secas ou<br />
castanhas. No entanto, a forma enlatada é a mais<br />
conhecida pela generalidade da população. Porque<br />
consegue-se chegar à maioria da população, é<br />
económico, tem um prazo de validade alargado e<br />
conseguem-se fazer inúmeras receitas saborosas e<br />
saudáveis. O único risco associado ao consumo<br />
deste alimento está relacionado ao<br />
envenenamento por mercúrio, mas isso apenas<br />
acontece, na maioria dos casos, quando se consome<br />
acima de 170g de atum (corresponde a 2 latas<br />
pequenas de atum escorrido) por semana. Ainda<br />
assim, é um alimento bastante saudável. É uma boa<br />
fonte de ácidos gordos ómega 3*, proteínas,<br />
minerais e vitaminas do complexo B.<br />
50 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Podemos descrever 10 benefícios associados ao<br />
consumo de atum tais como:<br />
Controlo das condições cardiovasculares<br />
Controla o colesterol nos vasos sanguíneos e como<br />
muitas vezes substitui alimentos com muita<br />
quantidade de gordura saturada*, também<br />
diminui o risco de desenvolvimento de doenças<br />
cardiovasculares.<br />
Estimulação do crescimento<br />
Na constituição do atum, 25% é proteína. Esta<br />
substância ajuda do desenvolvimento muscular.<br />
Diminuição da pressão arterial<br />
Este alimento possui vários minerais e a sinergia<br />
entre eles ajuda a melhorar a tensão arterial.<br />
Ajuda nos regimes de emagrecimento<br />
Pelo seu valor nutritivo. Poucas calorias e pouca<br />
gordura. Rico em proteína e minerais.<br />
Reforçar o sistema imunológico<br />
Pela presença de diversos micronutrientes<br />
antioxidantes, como vitamina C, zinco,<br />
manganês e selénio. Estas substâncias ajudam os<br />
mecanismos de defesa do organismo contra<br />
moléculas que prejudicam o metabolismo células<br />
(radicais livres) e que podem causar cancro e<br />
outras doenças crónicas.<br />
Manutenção da saúde da pele<br />
A existência de vitaminas do complexo B ajuda na<br />
Aumentar o numero de glóbulos vermelhos<br />
O atum tem o mineral ferro que juntamente com as<br />
vitaminas do complexo B são importantes para o<br />
crescimento e desenvolvimento dos glóbulos<br />
vermelhos. Este processo vai permitir que exista<br />
mais oxigénio em circulação nos vasos<br />
sanguíneos. EVITA CANSAÇO<br />
Proteção contra algumas doenças renais<br />
A quantidade de potássio e de sódio existente no<br />
atum fresco está compensado e desta forma<br />
ajuda a administrar o equilíbrio de fluidos no<br />
organismo para que os rins funcionem<br />
corretamente.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 51
Redução da inflamação<br />
Como tem na sua constituição várias substâncias<br />
anti-inflamatórias, evita que os órgãos se<br />
desviem das suas funções essenciais. Desta<br />
forma evitam-se doenças como artrite ou a gota.<br />
Prevenção do cancro<br />
Pela presença de algumas moléculas antiinflamatórias.<br />
Estas moléculas que neutralizam os<br />
radicais livres antes que eles possam causar<br />
mutações em células saudáveis, transformando-as<br />
em células não saudáveis – cancerígenas<br />
Atum conservado em óleo<br />
Atum conservado em azeite<br />
Atum fresco<br />
Atum conservado em água<br />
COMPARAÇÃO DE QUANTIDADE DE CALORIAS ENTRE AS DIFERENTES<br />
APRESENTAÇÕES DO ATUM<br />
*Uma vez que o atum apresenta grande teor de mercúrio (atum fresco) e muito sódio (atum enlatado), recomenda-se o<br />
consumo máximo semanal de 200g de atum fresco ou 2 latas de atum. Caso numa semana aumentar o consumo deste peixe,<br />
poderá não ter malefícios. O problema dá-se quando o consumo é frequentemente excessivo. O mais recomendado é o atum<br />
conservado em água ou fresco, pois como se pode verificar no gráfico abaixo, a quantidade de gordura nestes dois produtos é<br />
substancialmente inferior, quando comparamos com o atum em óleo ou azeite. Sempre que consuma atum em conserva de óleo ou<br />
azeite deverá escorrer o liquido o melhor possível, evitando consumir essas calorias a mais.<br />
52 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
CURIOSIDADES:<br />
- O atum em lata é o segundo produto de origem marinha mais comercializado internacionalmente.<br />
- O atum é pescado desde 2000ac na Fenícia.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 53
Nutri-ssário:<br />
Ácidos gordos ómega 3 – Uma forma de gordura com associação a<br />
melhoramento de estado de saúde<br />
Gordura Saturada – É um conjunto de moléculas maioritariamente<br />
presentes nos alimentos de origem animal e que está amplamente<br />
relacionada com problemas cardiovasculares como aterosclerose ou<br />
enfarte.<br />
Receitas saudáveis e Alternativas<br />
<br />
Ceviche de atum<br />
Entrada; 2 pessoas; Tipo: Low carb<br />
Numa tigela junte o atum aos cubos bem pequenos, alho e<br />
malagueta picada, pimentos em cubos pequenos, cebola às<br />
rodelas, sal e o sumo das limas. Misture bem. Coloque no<br />
frigorifico pelo menos 30 minutos. Lave a alface e coloque<br />
numa taça. Distribua o ceviche por cima e salpique com<br />
cebolinho e hortelã picada e as sementes de sésamo. Sirva de<br />
imediato<br />
200g de lombo de atum;<br />
1 dente de alho;<br />
1 malagueta fresca;<br />
1 pimento vermelho;<br />
1 pimento amarelo;<br />
1 cebola roxa;<br />
3 limas;<br />
1 alface;<br />
sal, cebolinho, hortelã e<br />
sementes de sésamo q.b..<br />
54 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Hamburguer de Atum<br />
Prato principal; 1 pessoa: Tipo: Poucas calorias; Ideal para marmitas!<br />
Escorra a lata de atum e coloque-a num prato. Desfaça bem o<br />
pão e junte-o ao atum. Adicione a cebola, a salsa, o ovo, o<br />
manjericão e a mostarda. Prove e retifique os temperos com sal<br />
e pimenta. Faça uma pasta com as mãos moldando a forma de<br />
hambúrgueres. Leve a uma frigideira anti-aderente com um fio<br />
de azeite e em lume brando e deixe cozinhar até ficarem<br />
cozinhados.<br />
1 lata de atum<br />
conservado em água;<br />
1 ovo;<br />
1 colher de sopa de<br />
mostarda;<br />
2 fatias de pão de forma<br />
integrais;<br />
½ cebola picada;<br />
salsa, manjericão, sal e<br />
pimenta q.b.<br />
<br />
Omolete de atum<br />
Refeição; 1 pessoa; Tipo: poucas calorias<br />
Numa tigela bata bem os ovos até fazerem espuma e reserve.<br />
Pique 1/2 cebola ou uma cebola pequena, coloque-a numa<br />
figideira anti-aderente untada com um fio de azeite, juntamente<br />
com metade da sala e coentros já picados. Deixe refogar por alguns<br />
segundos e junte o atum tambem picado. Deixe refogar mais um<br />
pouco e junte os ovos batidos. Deixe firmar e quando estiver solta<br />
dos lados, vire. Quando estiver dourada, sirva, com os restantes<br />
temperos em cima.<br />
1 lata de atum<br />
conservado em água;<br />
1 ou 2 ovo(s) ;<br />
1 fio de azeite;<br />
Salsa e coentros a gosto<br />
½ cebola picada;<br />
sal e pimenta q.b.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 55
70 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
O que é?<br />
O GLÚTEN<br />
Cada vez mais se ouve falar do glúten. “O glúten engorda”. “O glúten faz mal”. “Dietas sem<br />
glúten”. Será tudo isto verdade?<br />
O que é o glúten?<br />
O glúten é a combinação de dois grupos de proteínas, encontrado dentro dos grãos de trigo, centeio e<br />
cevada. A verdade é que esta proteína só necessita de ser excluída da alimentação daqueles que têm<br />
intolerância ao glúten (doentes celíacos), uma vez que estes não conseguem digerir bem essa proteína<br />
e, por isso, quando consomem alimentos com glúten manifestam sintomas como diarreia, dor e<br />
inchaço abdominal.<br />
O glúten engorda?<br />
Existem vários alimentos com glúten que normalmente são eliminados ou consumidos em menor quantidade<br />
em dietas de emagrecimento devido ao seu elevado valor energético ou em gorduras não saudáveis, açúcar ou<br />
sal, como é o caso do pão ou das bolachas. Retirar o glúten da alimentação é portanto comum em algumas<br />
dietas de emagrecimento, pois o glúten está presente em muitos alimentos calóricos e menos saudáveis, e a<br />
sua eliminação contribui para melhorar a qualidade da nossa alimentação diária, sendo até ao momento este o<br />
único motivo devidamente estudado e comprovado. Neste sentido, podemos encontrar várias alternativas<br />
menos calóricas para substituir estes alimentos de que falo, nomeadamente com valor energético mais baixo e<br />
um interesse nutricional bem mais elevado. Podemos fazer isto preparando os nossos próprios pequenosalmoços<br />
e lanches, substituindo as farinhas de trigo ou centeio por outras mais nutritivas e introduzindo por<br />
exemplo as sementes e os frutos oleaginosos.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 57
RECEITAS<br />
Siga as nossas<br />
SUGESTÕES para<br />
aquecer<br />
58 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Creme de couve-flor<br />
Colocar a água numa panela e deixar ferver;<br />
Acrescentar a couve-flor, o alho e a cebola partidos<br />
em pedaços;<br />
Juntar o sal a gosto;<br />
Quando os legumes estiverem cozidos, desligar o<br />
lume e triturar bem;<br />
Coar o creme;<br />
Juntar um fio de azeite;<br />
Servir quente e decorar com cebolinho picado, couve-flor e/ou pedacinhos de pão<br />
torrado<br />
1 couve-flor pequena;<br />
1 dente de alho;<br />
1 cebola pequena;<br />
1 fio de azeite;<br />
2 lt água;<br />
Sal q.b.<br />
Estufado de legumes, grão e côco<br />
Lavar e descascar a batata-doce;<br />
Numa panela com água a ferver, cozer a batatadoce;<br />
Preparar os legumes: laminar os cogumelos, a<br />
cenoura e a courgette;<br />
Num tacho, colocar a cebola e o alho picados, o<br />
azeite e os legumes preparados;<br />
Temperar com sal, pimenta e orégãos;<br />
Deixar cozinhar até que evapore a maior parte da<br />
água libertada pelos cogumelos;<br />
Juntar a batata-doce cozida partida em cubos e o grão-de-bico;<br />
Acrescentar o leite de côco e deixar levantar fervura;<br />
Servir quente.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 59
60g de cogumelos;<br />
40g de cenoura;<br />
40g de courgette;<br />
1 dente de alho;<br />
1 cebola;<br />
1 batata doce;<br />
3 colheres de sopa de grão de bico cozido;<br />
1 colher de sopa de azeite;<br />
100mL de leite de côco;<br />
Sal, pimenta e óregãos q.b.<br />
Sopa rica de alho francês, grão-de-bico e cogumelos<br />
Colocar a água numa panela e deixar ferver;<br />
Acrescentar o alho-francês, a cenoura, a courgette, a<br />
cebola e a abóbora partidos em pedaços;<br />
Juntar o sal a gosto;<br />
Quando os legumes estiverem cozidos, desligar o lume e<br />
triturar bem;<br />
Acrescentar os cogumelos e deixar ferver mais um<br />
pouco.<br />
Desligar e juntar o grão-de-bico cozido, as folhas de hortelã e um fio de azeite;<br />
Servir ainda quente.<br />
1 alho-francês;<br />
1 cenoura;<br />
1 courgette;<br />
100g de abóbora;<br />
2 dentes de alho;<br />
1 cebola pequena;<br />
100g de cogumelos laminados;<br />
100g de grão-de-bico cozido;<br />
1 fio de azeite;<br />
2 lt água;<br />
Sal q.b.<br />
60 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Chocolate quente<br />
Colocar todos os ingredientes a cozinhar num<br />
tacho em lume brando;<br />
Mexer sempre até obter a consistência<br />
pretendida;<br />
0253104_630x355.jpg<br />
300mL de bebida vegetal de côco;<br />
1 colher de sopa cheia de cacau em pó 100% sem adição de açúcar;<br />
2 colheres de sopa rasas de farinha de côco;<br />
1 colher de chá de stevia;<br />
1 colher de sobremesa de essência de baunilha.<br />
Fondue de chocolate aromatizado<br />
Partir o chocolate em pedaços pequenos;<br />
Juntar todos os ingredientes;<br />
Cozinhar em banho-maria, mexendo sempre;<br />
Colocar em recipiente de fonfue de chocolate e servir com fruta da<br />
época a gosto.<br />
150g de chocolate preto com 80% cacau;<br />
100mL de leite magro;<br />
1 colher de chá de canela;<br />
1 colher de chá de gengibre;<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 61
52 <strong>CONSCIENTE</strong> Setembro
Crónicas MAIS SAÚDE<br />
Mês de novembro<br />
66 NOVO CÓDIGO VISUAL DA DOR MELHORA A COMUNICAÇÃO ENTRE<br />
MÉDICO E DOENTE<br />
Avaliação da dor com recurso a imagens<br />
68 ALHZEIMER PORTUGAL ENSINA A LIDAR COM A DEMÊNCIA<br />
Ações formativas para público em geral e cuidadores<br />
69 DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO<br />
Valorização imediata dos sintomas pode evitar morte por enfarte<br />
70 DISTONIA É SUBDIAGNOSTICADA EM PORTUGAL<br />
Doença degenerativa do foro neurológico afeta atividades simples do quotidiano<br />
71 LESÕES NA COLUNA PODEM SER EVITADAS<br />
Dia internacional das lesões da coluna vertebral - 5 de Setembro<br />
72 50 % DOS ASMÁTICOS NÃO ESTÃO DIAGNOSTICADOS
+ Saúde<br />
Novo código visual da dor<br />
melhora comunicação entre<br />
médico e doente<br />
Maria Assunção Oliveira | Ana Saleiro || mariaoliveira@lpmcom.pt | anasaleiro@lpmcom.pt || www.lpmcom.pt<br />
A<br />
Grünenthal anunciou o<br />
lançamento do site<br />
www.dor.com.pt, destinado a<br />
doentes e profissionais de<br />
saúde, e de um novo código de<br />
avaliação da dor com recurso a<br />
imagens. As duas novas ferramentas foram<br />
apresentadas no dia 23 de setembro, pelas 17h, no<br />
Convento do Beato, em Lisboa. De acordo com Ana<br />
Pedro, presidente da Associação Portuguesa para o<br />
Estudo da Dor, “o novo código visual da dor é uma<br />
ferramenta de cariz artístico, facilitadora da<br />
comunicação entre médico e doente. O código visual<br />
permitirá auxiliar a interpretação da dor pelo<br />
doente, contribuindo para a melhoria dos cuidados<br />
de saúde prestados aos doentes com dor crónica em<br />
Portugal”. O novo código visual pretende representar<br />
alguns descritores de dor através de 12 imagens:<br />
ferro em brasa, formigueiro, frio gelado, beliscão no<br />
nervo, rastejar sobre a pele, facada, choque elétrico,<br />
alfinetes, espasmo agudo, dor perfurante, arame<br />
farpado e queimadura. “Nem sempre é fácil o doente<br />
exprimir a sua dor (a dor não se vê!), o que pode ser<br />
uma barreira para o médico na compreensão da<br />
doença e no diagnóstico final. Esta nova ferramenta<br />
visual é, sem dúvida, uma mais-valia para os doentes<br />
e também para nós médicos, que tentamos<br />
diariamente compreender e avaliar corretamente a<br />
sua dor”, salienta a médica. O código visual da dor<br />
conta com o apoio da Associação Portuguesa para o<br />
Estudo da Dor, da Associação Portuguesa de<br />
Medicina Geral e Familiar, da Sociedade Portuguesa<br />
de Anestesiologia, da Sociedade Portuguesa de<br />
Oncologia, da Sociedade Portuguesa de Medicina<br />
Física e Reabilitação, da Sociedade Portuguesa de<br />
Medicina Interna, da Sociedade Portuguesa de<br />
Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade<br />
Portuguesa de Reumatologia.O site www.dor.com.pt<br />
é composto por duas áreas distintas, uma reservada<br />
a profissionais de saúde e outra com informação<br />
destinada à população em geral. Esta pretende ser<br />
uma plataforma de apoio aos doentes, cuidadores e<br />
restante população, na medida em que vai<br />
disponibilizar informação útil sobre a doença, desde<br />
o diagnóstico ao tratamento, e onde estará<br />
disponível, para consulta, o novo código visual da<br />
dor.<br />
66 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Código Visual da Dor<br />
+ Saúde<br />
Sobre a dor em Portugal<br />
Estudos recentes revelam que os custos com a dor crónica, em Portugal, ascendem aos 4610 milhões de euros,<br />
o que corresponde a 2,7% do PIB nacional. Os gastos com dor, em Portugal, são superiores ao somatório dos<br />
gastos com a obesidade, diabetes, álcool e tabagismo. 37% da população adulta portuguesa sofre de dor<br />
crónica, sendo esta a segunda doença mais prevalente em Portugal, apenas ultrapassada pela hipertensão<br />
arterial.<br />
Sobre a Grünenthal<br />
O Grupo Grünenthal é uma empresa farmacêutica empreendedora com foco na investigação, sendo<br />
especializada em dor, gota e inflamação. A ambição do Grupo é disponibilizar entre quatro a cinco novos<br />
medicamentos a doentes com necessidades médicas não tratadas até 2022 e ficar avaliada em 2 mil milhões de<br />
euros. São uma empresa dedicada à investigação e ao desenvolvimento de tratamentos e tecnologia inovadores.<br />
Ao investir de forma sustentável em I&D, o Grupo assume um forte compromisso com a inovação.<br />
A Grünenthal é uma empresa farmacêutica internacional de investigação, familiar e independente, com sede<br />
em Aachen. Está representada em 32 países com filiais na Europa, Austrália, América Latina e Estado Unidos<br />
da América. Os seus produtos são vendidos em mais de 155 países e trabalham, no Grupo Grünenthal em todo o<br />
mundo, aproximadamente 5.500 colaboradores. Em 2016, a Grünenthal obteve receitas no valor aproximado<br />
de 1.4 mil milhões de euros.<br />
Mais informações em www.grunenthal.com<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 67
+ Saúde<br />
Alzheimer Portugal ensina<br />
a lidar com demência<br />
Ações formativas preparam<br />
público em geral e<br />
cuidadores<br />
Tatiana Nunes | Catarina Seixas || tatiana.nunes@alzheimerportugal.pt | catarinaseixas@miligrama.com.pt ||<br />
A<br />
Alzheimer Portugal vai<br />
promover um conjunto de<br />
ações formativas no mês de<br />
outubro, dirigidas ao público<br />
em geral e aos cuidadores de<br />
pessoas com demência, em<br />
Lisboa. O workshop “Lidar com a Doença de<br />
Alzheimer” vai decorrer no dia 16 de outubro e<br />
pretende explicar as necessidades e os sinais de<br />
bem-estar e de mal-estar na pessoa com demência,<br />
procurando identificar estratégias que promovam<br />
o bem-estar ao nível da higiene, vestuário,<br />
alimentação, mobilidade e alterações de<br />
comportamento. A formação será ministrada pela<br />
psicóloga Ana Margarida Cavaleiro. No dia 23 de<br />
outubro, entre as 14h e as 18h, a Associação vai<br />
promover um workshop dirigido a familiares sobre<br />
“Estratégias para o Bem-Estar do Cuidador<br />
Cansado”, em Lisboa. Esta iniciativa pretende<br />
identificar e debater os principais fatores de stress<br />
quando se cuida de alguém e o seu impacto na<br />
saúde física e mental; reconhecer e gerir os<br />
conflitos emocionais mais comuns; e elaborar um<br />
plano pessoal de estratégias de auto cuidado para<br />
um maior bem-estar. A formação será ministrada<br />
pela psicóloga Ana Isabel Paiva. A Alzheimer<br />
Portugal disponibiliza também workshops e ações<br />
de formação dirigidas a técnicos superiores e<br />
auxiliares de ação direta (cuidadores formais). O<br />
curso de participação é de 15 euros para associados<br />
e 20 euros para os que não são associados. Para<br />
mais informações sobre o plano de formação ou<br />
inscrições pode consultar o site: http://<br />
alzheimerportugal.org/ , ou enviar um email para<br />
formacao@alzheimerportugal.org. A Alzheimer<br />
Portugal é certificada como Entidade Formadora<br />
pela DGERT (Direção Geral do Emprego e das<br />
Relações de Trabalho), desde 2006. É também a<br />
única organização em Portugal, de âmbito<br />
nacional, especificamente constituída com o<br />
objetivo de promover a qualidade de vida das<br />
pessoas com doença de Alzheimer e dos seus<br />
familiares e cuidadores. A Organização Mundial<br />
de Saúde estima que em todo o mundo existam<br />
47.5 milhões de pessoas com demência, número<br />
que pode atingir os 75.6 milhões em 2030 e quase<br />
triplicar em 2050 para os 135.5 milhões. A doença<br />
de Alzheimer assume, neste âmbito, um lugar de<br />
destaque, representando cerca de 60 a 70% de<br />
todos os casos de demência (World Health<br />
Organization [WHO], 2015).<br />
68 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Dia Mundial do Coração<br />
assinalou-se a 29 de setembro<br />
+ Saúde<br />
João Brum Silveira, presidente da Associação<br />
Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC)<br />
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos,<br />
está a promover, em Portugal, a campanha Stent Save a Life – Não perca Tempo, Salve uma vida”<br />
com o objetivo de melhorar a prestação de cuidados médicos ao doente com enfarte e o seu<br />
acesso ao tratamento mais adequado. Para mais informações consulte: www.apic.pt<br />
Valorização imediata dos sintomas pode evitar morte por enfarte<br />
Andreia Garcia || andreiagarcia@miligrama.com.pt ||<br />
O<br />
enfarte agudo do miocárdio, conduz a um atraso significativo no início da<br />
ou ataque cardíaco, ocorre terapêutica mais adequada. Esta situação não<br />
quando uma das artérias do acontece quando se liga para o 112. É importante a<br />
coração fica obstruída o que precocidade no diagnóstico (valorização dos<br />
faz com que uma parte do sintomas) - o que implica um tratamento mais<br />
músculo cardíaco fique em rápido com redução significativa da quantidade de<br />
sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes. Esta<br />
obstrução é habitualmente causada pela formação<br />
de um coágulo devido à rutura de uma placa de<br />
colesterol. Os sintomas mais comuns, para os<br />
quais as pessoas devem estar despertas, são a dor<br />
no peito, por vezes com irradiação ao braço<br />
esquerdo, costas e pescoço, acompanhada de<br />
suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade.<br />
Normalmente os sintomas duram mais de 20<br />
minutos, mas também podem ser intermitentes.<br />
músculo cardíaco "perdido" , o que leva a que os<br />
doentes tenham um melhor prognostico, isto é que<br />
voltem a ter uma vida "normal". No hospital, o<br />
cardiologista de intervenção irá efetuar uma<br />
angioplastia coronária que consiste na colocação<br />
de um cateter fino na artéria obstruída, através do<br />
qual se introduz um balão que quando insuflado<br />
permite a abertura da artéria e o restabelecimento<br />
do fluxo sanguíneo. Na maioria das vezes, este<br />
procedimento é complementado com a colocação<br />
Podem ocorrer de forma repentina ou de um stent, um pequeno tubo de rede metálica<br />
gradualmente, ao longo de vários minutos. Na que mantém o vaso aberto. Atualmente, a<br />
presença destes sintomas é importante ligar angioplastia coronária é o melhor tratamento para<br />
imediatamente para o número de emergência o enfarte agudo do miocárdio. Para evitar um<br />
médica – 112 e esperar pela ambulância que estará enfarte é importar adotar estilos de vida<br />
equipada com aparelhos que registam e saudáveis: não fumar; reduzir o colesterol;<br />
monitorizam a atividade do coração e permitem<br />
diagnosticar o enfarte. A pessoa não deve tentar<br />
chegar a um hospital pelos seus próprios meios.<br />
controlar a tensão arterial e a diabetes; fazer uma<br />
alimentação saudável; praticar exercício físico;<br />
vigiar o peso e evitar o stress.<br />
Cerca de 50% dos doentes recorrem a um Centro<br />
sem capacidade para realizar o tratamento, o que<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 69
+ Saúde<br />
Distonia<br />
Doença degenerativa do foro neurológico afeta atividades simples do quotidiano<br />
Sofia Aguiar || sofiaaguiar@lpmcom.pt | www. lpmcom.pt ||<br />
A<br />
Associação Europeia de<br />
Distonia assinalou Setembro<br />
como o mês de sensibilização<br />
para uma patologia que é<br />
subdiagnosticada em Portugal<br />
e que se não for rapidamente<br />
tratada, implica consequências graves na qualidade<br />
de vida dos doentes. Ao provocar movimentos<br />
involuntários lentos e repetitivos nos músculos,<br />
muitas vezes incapacitantes, a distonia afeta<br />
atividades simples do quotidiano como andar,<br />
comer ou tomar banho. A cada ano, surgem em<br />
média, seis novos casos de distonia e as formas<br />
precoces da doença são diagnosticadas antes dos<br />
26 anos. “Embora não existam estudos conduzidos<br />
em Portugal, estima-se que existam cerca de 5000<br />
doentes com distonia. Apesar de ser uma doença<br />
rara, estão disponíveis tratamentos altamente<br />
eficazes, farmacológicos e cirúrgicos. Por esta<br />
razão, o diagnóstico correto e o encaminhamento<br />
para os centros capacitados para tratar estes<br />
doentes assume uma enorme importância. Existe<br />
ainda a convicção, entre os neurologistas que se<br />
dedicam a esta área, que existem ainda muitos<br />
doentes sem diagnóstico, com outros diagnósticos<br />
ou sem acesso ao melhor tratamento disponível”<br />
explica Joaquim Ferreira, neurologista do Campus<br />
Neurológico Sénior. Muitas vezes, por não estarem<br />
despertos para a doença nem para os seus<br />
sintomas, os neurologistas submetem os casos<br />
menos graves a um tratamento inicial com toxina<br />
botulínica (botox) para cessar temporariamente os<br />
tremores mas que não cura a distonia. Em casos<br />
moderados a graves, a indicação adequada é a<br />
cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS).<br />
Para alguns doentes, a DBS pode ser a única<br />
solução. É uma cirurgia que demora entre cinco a<br />
oito horas e consiste no implante de um dispositivo<br />
médico que estimula núcleos específicos no<br />
cérebro.<br />
“<br />
Claramente tem de haver um esforço<br />
de todos para aumentar o<br />
reconhecimento destes doentes e<br />
facilitar o acesso aos tratamentos<br />
eficazes disponíveis” concluiu o<br />
especialista<br />
70 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Lesões na coluna<br />
podem ser evitadas<br />
+ Saúde<br />
Manuel Tavares de Matos presidente da Associação<br />
Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral<br />
Dia Internacional das Lesões na Coluna Vertebral— 5 Setembro<br />
Andreia Garcia || andreiagarcia@miligrama.com.pt ||<br />
T<br />
odos os anos, em todo o mundo, mente dolorosas e incapacitantes e a paralisia. No<br />
mais de 500 mil pessoas sofrem âmbito das comemorações do Dia Internacional<br />
uma lesão na coluna devido a das Lesões na Coluna Vertebral, em todo o mundo,<br />
causas evitáveis, como acidentes realizam-se iniciativas de consciencialização,<br />
rodoviários (de automóvel e/ou dirigidas à sociedade, para alertar para as<br />
moto), quedas, atividades consequências negativas deste problema e apelar à<br />
desportivas, mergulhos em águas rasas e atos de sua prevenção, relembrando que algumas<br />
violência (incluindo tentativas de suicídio). As complicações das lesões na coluna podem ser<br />
lesões na coluna representam mais de 50 por<br />
cento das causas de incapacidade física em idade<br />
laboral e são uma das principais causas de<br />
evitadas ou minoradas com tratamento adequado.<br />
Para mais informações consulte: http://<br />
worldsciday.org/<br />
ausência no trabalho. Os principais sinais e<br />
A SPPCV foi fundada em 2003 com o objetivo de<br />
promoção, estudo, investigação e divulgação das<br />
questões inerentes à problemática da prevenção,<br />
diagnóstico e tratamento das patologias da coluna<br />
vertebral. Para mais informações consulte http://<br />
sppcv.org/<br />
sintomas de lesão na coluna dependem da<br />
gravidade da situação, mas podem incluir dor e<br />
rigidez no pescoço, ombros e costas,<br />
eventualmente irradiada para os membros,<br />
náuseas, cefaleias ou tonturas; alterações da<br />
sensibilidade como formigueiros, dormência, diminuição<br />
da força nos braços ou pernas; estado de<br />
consciência alterado, dificuldades respiratórias e<br />
de concentração; perda de controle da bexiga e<br />
intestinos. As lesões da coluna vertebral podem<br />
constituir emergências médicas que requerem tratamento<br />
imediato para minimizar os danos. Entre<br />
as principais consequências de um acidente ou<br />
trauma na coluna vertebral encontram-se as deformidades<br />
secundárias ao traumatismo, potencial-<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 71
+ Saúde<br />
50% dos doentes<br />
asmáticos não estão<br />
controlados<br />
Mário Morais —<br />
Presidente da<br />
Associação<br />
Portuguesa de<br />
Asmático<br />
Andreia Garcia || andreiagarcia@miligrama.com.pt ||<br />
A<br />
asma é uma doença crónica muito asma pode afetar muito a qualidade de vida; a asma pode<br />
prevalente, constituindo um ser con-trolada; se bem utilizados, os tratamen-tos para a<br />
problema de saúde pública do asma não são perigosos; os corticoides por via inalatória<br />
lactente ao adulto idoso. Em são seguros; os broncodilatadores não “fazem mal ao<br />
Portugal, cerca de um milhão de coração”; é muito perigoso deixar a asma controlar a<br />
habitantes sofrem com esta doença. A nossa vida. Importa falar com os asmáticos. Colo-car-lhes<br />
asma é responsável por múltiplos recursos aos serviços de<br />
urgência e por um número crescente de episódios de<br />
questões. Pedir-lhes para ques-tionarem os profissionais<br />
sobre as suas dúvidas e receios. Importa medir o controlo.<br />
internamento hospitalar, decorrentes da gravidade clínica<br />
E interpretá-lo. Tem asma, conhece asmáticos?<br />
relacionada com um de-ficiente controlo. E apenas cerca<br />
de me-tade dos asmáticos estão controlados. Mas a<br />
perceção do asmático acerca do controlo da sua doença é<br />
deficiente em cerca de 80% daqueles que têm a sua<br />
qualidade de vida significativamente limi-tada por esta<br />
doença. A equipa de saúde tem um papel importante na<br />
informação e educação do asmático com vista a um<br />
melhor co-nhecimento da doença, aumentando-se ainda a<br />
adesão ao tratamento. Tem sido demonstrado que existe<br />
uma melhoria significativa no controlo da doença e na<br />
redução do uso de medicação de alívio, em doentes que<br />
recebem reforço de in-formação. E, ao mesmo tempo,<br />
reduzem- -se os custos. A educação do doente, bem como<br />
Sabe que é uma doença crónica que tem controlo? Sabe<br />
que a maioria dos asmáticos não avalia a sua doença?<br />
Sabe que quando se avalia o controlo da asma, a maioria<br />
dos asmáticos estão mal ou muito mal controlados? E,<br />
afinal, o que é a falta de controlo? É ter sinto-mas diurnos<br />
e noturnos, é ter uma vida, física e psiquicamente pouco<br />
ativa, é ter crises de falta de ar, é faltar ao trabalho ou à<br />
escola, é estar sempre cansado. É frustrante. Consegue<br />
correr? Dorme bem? Subir escadas é possível? O nariz<br />
está sempre tapado? O que é que deixa de fazer? E os seus<br />
filhos? Afinal, não sabia que ti-nha asma? O diagnóstico<br />
baseia-se nos seus sin-tomas e em alguns exames,<br />
iniciando-se então um programa de controlo assente em<br />
a implementação de programas de inter-venção, educação, evicção alergénica e alguns medicamentos,<br />
multidisciplinares, permitem um melhor conhecimento<br />
da utilização dos fármacos antiasmáticos, nomeadamente<br />
dos inaladores, e dos motivos geradores do não controlo<br />
da doença. Importa esclarecer e acabar com mitos e<br />
crenças: na maioria dos casos a asma não é difícil de<br />
diagnosticar, mesmo na criança; a asma não passa com a<br />
ida-de; os sintomas são a base do diagnósti-co da asma; a<br />
usados de uma maneira que se consiga a maior eficácia ao<br />
menor custo. E, é claro, a medicação de crise tem de estar<br />
sempre presente. A educação é essencial. Importa que a<br />
doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de<br />
saúde e pelo asmático e seus familiares, isto é, consigo e<br />
para si. Participe. Inscreva-se na Associação Portuguesa<br />
de Asmáticos.<br />
72 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Mas também sabemos que os custos<br />
penalizam os doentes, em particular os que<br />
têm asma mais grave. A asma tem controlo,<br />
mas o custo, de facto, pode ser insuportável.<br />
Os asmáticos não devem ter medo do<br />
tratamento, pois é a asma que cro-nicamente,<br />
dia após dia, ano após ano, década após<br />
década, nos perturba a qua-lidade de vida, em<br />
especial se não está bem controlada. Informese<br />
e estabeleça uma boa relação com a equipa<br />
de saúde. Co-municação. É a “pedra de<br />
toque”. É essencial. Está a decorrer a<br />
campanha “Vencer a Asma”, uma iniciativa<br />
conjunta das mais importantes organizações<br />
relacionadas com a asma em Portugal, como a<br />
SPAIC (Sociedade Portuguesa de Alergologia<br />
e Imunologia Clínica), a APA (Associação<br />
Portuguesa de Asmáticos), a SPP (Sociedade<br />
Portuguesa de Pneumologia), a Fundação do<br />
Pulmão, a ANF (Associação Nacional de<br />
Farmácia) e GRESP (grupo de médicos de<br />
família interessados em patologia respiratória<br />
da Associação Portuguesa de Medicina Geral<br />
e Familiar), com o apoio da GSK. Esta<br />
campanha pretende sensibilizar e alertar para<br />
a importância do controlo da Asma. Mais<br />
informações no site www.venceraasma.com.<br />
+ Saúde<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 73
UMA IMAGEM<br />
O Tigre de Bengala<br />
Por Cristina Morais<br />
O tigre é o animal de maior porte e o mais pesado da família dos felinos<br />
O tigre de Bengala (Panthera tigris tigris), outrora muito comum na Ásia, está agora restringido a<br />
pequenas áreas protegidas da Índia e países vizinhos.<br />
Apesar de ser o mais comum das cinco sub-espécies de tigre ainda existentes, no último século,<br />
o número de tigres de Bengala passou de 100 000 para 4 000.<br />
As principais ameaças a esta espécie em vias de extinção, são a perda do seu habitat, a<br />
diminuição de presas, a caça ilegal e o comércio de partes de tigre para fabrico de medicinas<br />
orientais.<br />
Todavia, é de salientar que em muitos países asiáticos, já foram tomadas medidas para proteger e<br />
evitar o desaparecimento destes fabulosos animais.<br />
76 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Caminhos a Descobrir<br />
Mangualde<br />
Uma Cidade a Visitar<br />
Por Cristina Morais<br />
Nesta edição de novembro, vamos partir em direção ao<br />
interior do nosso país. Vamos à descoberta da cidade de Mangualde, para assim, percebermos aquilo<br />
que esta tem para nos oferecer em qualquer estação do ano.<br />
Património – A Cultura<br />
Ao visitar Mangualde, é possível constatar que a cidade oferece vários espaços de interesse público, onde<br />
belos monumentos não conseguem passar despercebidos.<br />
Para os apaixonados por Arqueologia, a Citânia da Raposeira, situada no sopé do Monte da Senhora do<br />
Castelo, mostra uma área termal daquela que terá sido uma povoação romana. Uma vez aqui, recomenda-se<br />
a visita à Capela de Nossa Senhora do Castelo, levantada no início do século XV em lembrança da batalha de<br />
Trancoso, embora o que observamos hoje, remonte a intervenções realizadas nos séculos XVII e XIX.<br />
Outro edifício de destaque é a Igreja matriz de São Julião, erigida entre os séculos XIII-XIV, sendo, por isso<br />
possível observar elementos românicos e góticos de época medieval. Mais no centro da cidade, encontra-se<br />
ainda a Igreja da Misericórdia datada do século XVIII e no seu interior, pode ter o prazer de visualizar, na zona<br />
da capela-mor, o mais artístico retábulo joanino da diocese de Viseu.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 79
Como última paragem, sugerimos uma ida até ao Palácio dos Condes da Anadia. Inserido no quadro da<br />
arquitetura civil rococó, conta também com um interior revestido por excelente azulejaria e uma coleção de<br />
mobiliário característico do século XVIII.<br />
Durante a visita,<br />
recupere energias e<br />
delicie-se com um dos<br />
pratos típicos de<br />
Mangualde, como os<br />
rojões com morcela à<br />
Beirão, acompanhados<br />
pelo vinho do Dão.<br />
E não se despeça<br />
desta bela cidade sem<br />
levar consigo alguns<br />
exemplares da doçaria<br />
tradicional<br />
mangualdense, como,<br />
por exemplo, os famosos<br />
pastéis de feijão.<br />
80 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
CONCEITOS<br />
Neolítico: período da Pré-História (aproximadamente 10 000 a.C. – 4 000 a.C.) também designado Idade<br />
da Pedra Polida, devido ao uso de instrumentos de pedra polida. A passagem da economia de recoleção<br />
à economia de produção e do nomadismo à sedentarização são as características fundamentais deste<br />
período.<br />
Época Medieval: o mesmo que Idade Média. Período compreendido entre meados do século V (476 –<br />
queda do Império Romano do Ocidente) e o século XV (1453 – queda do Império Romano do Oriente).<br />
Batalha de Trancoso: ocorreu no contexto da crise de 1383-1385 entre forças Portuguesas e Castelhanas,<br />
com vitória a 29 de maio de 1385 para os nacionais.<br />
Retábulo Joanino: é uma estrutura em madeira ou em pedra, decorada com talha dourada e composta<br />
por vários elementos figurativos, que se encontra por trás ou acima de um altar. É um dos exemplos<br />
mais distintos das obras de Estilo Joanino, estilo artístico inserido na fase do Barroco português, que<br />
floresceu durante o reinado de D. João V.<br />
Rococó: Estilo emergente na Europa na primeira metade do século XVIII (reinado de Luís XV, em<br />
França), caracterizado por um novo conceito de espaço arquitetónico, mais confortável e requintado, e<br />
pela exuberância e fantasia decorativa.<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 81
Agenda<br />
Workshop Risotos<br />
2 de Novembro de 2017<br />
Feed Me<br />
Mais informação: www.feedme.pt<br />
Formativa<br />
Workshop Cosmética Natural<br />
25 de Novembro de 2017<br />
Ecoaldeia de Janas —Sintra<br />
Mais informação: www.ecoaldeiadejanas.org<br />
Workshop<br />
Introdução à alimentação vegetariana<br />
21 de Novembro de 2017<br />
Celeiro—Rossio-Lisboa<br />
Mais informação: www.celeiro.pt<br />
Atelier<br />
Sabonetes<br />
21 de Outubro de 2017<br />
Quinta Pedagógica Armando Villar—Cascais<br />
Mais informação: www.quintadovillar.com<br />
Workshop<br />
Especiarias<br />
28 de Outubro de 2017<br />
Fundação do Oriente<br />
Mais informação: www.museudooriente.pt<br />
Workshop<br />
Workshop<br />
Macarrons<br />
28 de Outubro de 2017<br />
Amora<br />
Mais informação:<br />
www.comamorecarinho.com<br />
Mini-Hortas<br />
28 de Outubro de 2017<br />
Quinta Pedagógica Armando Villar—Cascais<br />
Mais informação: www.quintadovillar.com<br />
84 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt
Boas Leituras<br />
A Origem<br />
Dan Brown<br />
Origem lança Robert Langdon, simbologista de Harvard, para a perigosa<br />
interseção das duas perguntas mais prementes da humanidade e para a<br />
estrondosa descoberta que responde a ambas.<br />
De onde vimos?<br />
Para onde vamos?<br />
Edição/Reimpressão: 2017<br />
Páginas: 552<br />
Editor: Bertrand Editora<br />
20,61 €<br />
O Regresso da Primavera<br />
Sveva Casati Modignani<br />
Passamos muito tempo a perseguir sonhos que nos escapam da mão, uma felicidade que<br />
não se deixa aprisionar. E depois acontece que o melhor da vida se revela num instante,<br />
talvez na magia de um encontro inesperado. Como aquele que aconteceu entre Lorenzo e<br />
Fiamma, surpreendidos por um amor que nem mesmo eles ......<br />
Edição/Reimpressão: 2017<br />
Páginas: 400<br />
Editor: Porto Editora<br />
15,93€<br />
Outras Sugestões:<br />
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Ed. Ilustrada) - J.K. Rowling, Jim Kay<br />
Os velhos Diabos - Kinsley Amis<br />
E se eu fosse Deus? - Fernando Correia<br />
Desperdício Zero - Bea Johnson<br />
Enciclopédia Mitológica - Matheaw Reinhart, Robert Sabuda<br />
www.revistaconsciente.pt Novembro <strong>CONSCIENTE</strong> 85
83 <strong>CONSCIENTE</strong> Novembro www.revistaconsciente.pt