REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO 06

ESPELHO
closet, organizo um bazar e troco as roupas por alimentos
para doar a entidades carentes”, garante.
O dono
da coleção
Conhecido pelos
sapatos que coleciona,
o empresário Luciano
Vidal revela que o
gosto pela moda
vai além dos pés
POR JÉSSICA COLAÇO FOTOS TAMARA LOPES
Uma casa decorada com móveis que pertenceram
ao tio bispo, trilha sonora na voz de Edith Piaf
e revestimentos que enfatizam o animal print
revelam, ao primeiro contato, um pouco da
personalidade do empresário do ramo da construção
civil Luciano Vidal Júnior, de 50 anos.
“Sou vaidosíssimo e excêntrico”, assume ele, sem rodeios.
O homem de perfil marcante, mas que se revela também
sensível à realidade alheia e ao bem-estar dos outros,
por exemplo, reserva ainda uma surpresa: uma coleção
de sapatos, das mais variadas marcas, estilos e materiais.
“Comecei quando tinha 14 anos”, lembra Luciano,
sem conseguir resgatar, contudo, a memória dos primeiros
sapatos que adquiriu já com o intuito de colecionar.
No acervo, etiquetas clássicas como Louis Vuitton,
Prada e Louboutin, solas com assinaturas de Lino Villaventura
e até os tradicionais chinelos do artesão Espedito
Seleiro têm espaço. “Eu não tenho apego a marca, se for
bonito e me agradar, eu compro”, atesta Luciano. Alguns
itens são quase raridades, como a mais recente compra
dele, um tênis Gucci, cravejado de pedras swarovski,
do qual só foram produzidas dez unidades em todo o
mundo. “Esse é muito chamativo, não dá para usar sempre,
e quando uso, tem que pensar com calma na roupa que
vou usar”, pondera o colecionador.
A escolha das produções que usa para sair à noite,
quando ele expressa ao máximo seu estilo, define Luciano,
são um dilema. “Eu vejo que, quando chego nos lugares,
as pessoas olham logo para os meus sapatos, mas eu me
preocupo com a roupa também, tem que estar tudo equilibrado”,
esclarece ele, que aprecia bastante as camisas
com aplicações em renda renascença, tipologia típica do
artesanato cearense.
INSPIRAÇÕES
Essa relação peculiar com a moda, conta Luciano,
foi herdada da mãe, “a mulher mais elegante e bem vestida”
que ele diz ter conhecido. “Sempre gostei de moda,
de me vestir bem, mas não muito dentro dos padrões.
O que me agrada, geralmente, não é o tradicional”, explica
o empresário, que já ganhou títulos como o de homem
mais elegante segundo o ateliê do alfaiate Domenico
Gabriele. Sem falar no convite que lhe rendeu uma participação
na novela Ti Ti Ti, da TV Globo, em 1985. “Fui
um dos modelos que desfilou para o personagem Jacque
Léclair”, lembra, saudoso. ¤
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