REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO 06

DELÍCIAS
Por Hugo Rigui
Ingrediente
histórico e afetivo
Na história da
evolução humana,
a carne teve,
de fato, um papel
determinante.
O consumo
de proteína animal pode ter
contribuído para o crescimento
acelerado da massa cerebral
humana devido à grande
quantidade de nutrientes e
proteínas que eram ingeridos.
O ato de se reunir em torno do
fogo para se proteger, aquecer e
cozinhar deu mais possibilidades à
espécie. Adquirir fontes de energia
e calorias ao invés de comer
alimentos crus difíceis de mastigar
e digerir parecia instigante.
Em torno da fogueira, podia-se
socializar noite adentro, surgindo
possivelmente, com o fogo, o hábito
de contar histórias.
O PORCO
A domesticação do porco teve
início na Antiguidade. Domesticar
o animal dava aos nômades
vantagens. Caçar o alimento,
algumas vezes, levava dias. Criar
FOTOS RONI VASCONCELOS
os próprios animais propiciava, então,
uma evolução no ato de se alimentar.
Atualmente, presenciamos de uma
aproximação afetiva do brasileiro com
a carne suína, também por influência
das américas anglo-saxônicas, onde
o consumo de suínos representa
vantagem em relação a aves e bovinos.
GASTRONOMIA
No cenário gastronômico mundial,
percebemos que a carne suína tem
ganhado cada vez mais o coração
dos chefs, com amplas possibilidades
e, com a evolução do manejo e as
raças modificadas, a carne adquiriu
porte e propriedades que propiciam
novos cortes e técnicas de preparo.
O estilo norte-americano de comer
influencia cada vez mais o hábito
de consumo de suínos no Brasil,
o que desperta o interesse em novas
maneiras de explorar a carne do
animal e nos possibilita a enxergar
a carne suína como uma das mais
saborosas e versáteis.
A COMIDA DA VOVÓ
Culturalmente, adquirimos uma
relação afetiva com a carne suína.
A relação familiar vai muito além do
ato de comer: a vida nas regiões rurais
tem conexão direta com o contexto
da gastronomia nacional, e evidenciar
esses elos tem se tornado cada vez
mais indispensável na hora de criar
um menu. Talvez pela necessidade
ou aconchego, chefs tendem a
desenvolver seus pratos, remetendo
suas vivências familiares. Isso cria
uma proximidade com o outro lado
do balcão, toca as pessoas. O ato
de comer não se faz somente para
satisfazer necessidades fisiológicas,
mas também para relembrar memórias
e sentimentos. ¤
→ → HUGO RIGUI É CHEF DE COZINHA, FUNDADOR
E PROPRIETÁRIO DO EL CHANCHO E ELEGE
COMO UMA DAS RECEITAS FAVORITAS O PORCO
À PASSARINHO, QUE INTEGRA, INCLUSIVE,
O CARDÁPIO DO RESTAURANTE.
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