REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO 06
Renato Aragão A essência do homem que leva a sério o ofício de "fazer graça". A preocupação social que move REGINA PINHO + Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia.
Renato Aragão
A essência do homem que leva a sério o ofício de "fazer graça".
A preocupação social que move REGINA PINHO
+ Cultura, Decoração, Estilo, Empreendedorismo e Gastronomia.
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O estudioso<br />
do humor<br />
novas formas de humor, junto dos debates acerca do<br />
politicamente correto, vieram para somar, segundo<br />
Renato, e ele acredita que cada um tem seu espaço.<br />
“A tecnologia veio para ajudar e temos que acompanhá-la.<br />
A essência do meu humor é sempre a mesma,<br />
e a tecnologia e seus efeitos contribuem muito. Standup<br />
é muito bom, é mais uma maneira de fazer as pessoas<br />
rirem. Cada um tem o seu humor e no meu caso não<br />
atrapalhou em nada”, garante.<br />
Com tantos projetos, ele também não pensa em<br />
parar tão cedo e já anuncia as novidades. “Aposentar,<br />
nunca! Os meus projetos são: este programa Os Trapalhões,<br />
no qual escrevo com uma equipe e atuo. (O filme)<br />
“Didi e o fantasma do teatro”, que será lançado no final<br />
do ano. 2018 será uma surpresa!”. Porém, dentre os<br />
planos, voltar para o Ceará ainda não está entre eles.<br />
No entanto, mesmo morando longe há tantos anos,<br />
ele garante que essa ainda é a sua terra. “Fortaleza é<br />
a minha casa, minhas raízes. Sempre que eu posso,<br />
venho a Fortaleza. No mínimo, três vezes ao ano. O que<br />
eu sinto falta é desse vento batendo no meu rosto,<br />
de minha família e amigos”, conclui. ¤<br />
Para além do humorista que<br />
conquistou o coração de gerações<br />
como um palhaço quase que<br />
atemporal, Renato Aragão reserva<br />
ainda a faceta do pesquisador atento e<br />
empenhado em descobrir as técnicas<br />
e possibilidades do humor, segundo<br />
lembra o sobrinho dele, Afrânio Aragão,<br />
de quem Renato é próximo até hoje.<br />
“O Renato é um estudioso de humor,<br />
ele estudou muito Charles Chaplin,<br />
Oscarito, e isso serviu como base para<br />
o trabalho dele. Além disso, a grande<br />
vantagem do Renato é que ele não<br />
é um humorista comum, ele cria,<br />
e essa capacidade de criação, toda<br />
essa verve, foi herdada do pai dele”,<br />
conta Afrânio, que reside em Fortaleza<br />
e é o diretor-presidente do Parque<br />
de Desenvolvimento Tecnológico<br />
(Padetec) da Universidade Federal<br />
do Ceará (UFC).<br />
Na juventude, em Fortaleza,<br />
Renato e Afrânio dividiam não apenas<br />
o mesmo quarto, na casa da avó,<br />
no Centro, mas também o local de<br />
trabalho, uma vez que os dois tinham<br />
ligação com o Banco no Nordeste:<br />
Renato era escriturário e Afrânio, aluno<br />
do curso de Aprendizagem Bancária.<br />
“Ele ensaiava os programas (da TV<br />
Ceará) na casa da minha avó, que tinha<br />
um quintal muito grande, e permitia<br />
que o pessoal da família ensaiasse<br />
junto com ele. Quando saíamos do<br />
banco, ele me levava junto, na lambreta<br />
dele, para as gravações, e eu acabei<br />
fazendo participações em vários<br />
programas”, lembra o sobrinho. Anos<br />
depois, após encontros e desencontros,<br />
Afrânio estava cursando um PhD<br />
nos Estados Unidos e conduziu<br />
Renato em uma visita pelas terras<br />
norte-americanas, ocasião em que ele<br />
aprendeu ainda mais sobre humor.<br />
“Visitamos os Estados Unidos de<br />
carro, e fomos até Nova York, onde ele<br />
conheceu toda a parte das esquetes<br />
humorísticas e eu consegui mostrar<br />
pra ele os comediantes famosos<br />
daquela época. Ele se entusiasmou<br />
muito com aquilo, e pediu que eu<br />
transmitisse aquelas informações.<br />
Então, ele comprou uma máquina<br />
filmadora, eu filmava os programas,<br />
traduzia e mandava os roteiros pra ele,<br />
e assim ele teve muito material, muita<br />
munição para fazer Os Trapalhões”,<br />
destaca Afrânio, que revela ter<br />
ajudado Renato, com esse processo,<br />
ao longo dos quatro anos em que<br />
morou naquele país.<br />
Hoje, diz Afrânio, eles são como<br />
irmãos, estão sempre em contato,<br />
“trocando mensagens pelo WhatsApp”.<br />
“De modo que continuamos numa<br />
interação muito forte. Quando vem<br />
ao Ceará, ele me avisa. Quando vou<br />
ao Rio, fico hospedado na casa dele,<br />
tenho um prazer muito grande de<br />
conviver com ele”, destaca o sobrinho,<br />
que comemora os Natais junto da<br />
família de Renato, sempre em Orlando,<br />
nos Estados Unidos.<br />
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