REVISTA GALERIA POR MÁRCIA TRAVESSONI - EDIÇÃO 06

A
infinitude do mar parece fazer parte do cenário
do apartamento de 500m² de Ione Fiuza, localizado
na orla marítima de Fortaleza, entre a Praia
de Iracema e avenida Beira-Mar. Além da vista
incrível, chama atenção o aspecto de galeria do lar,
repleto de obras de artes. É tão acentuada essa ideia
que Ione passeia pelo ambiente, explicando cada detalhe da
casa, como um tour guiado. “Eu convivo com muita alegria
com a arte. Acho que faz parte da minha vida, ao longo dos
anos”, revela a arquiteta.
Uma das peças que ela destaca é um quadro em vermelho e
preto da artista plástica japonesa naturalizada no Brasil Tomie
Othake, um dos nomes mais importantes do abstracionismo
informal. “Pode ser o que eu tenho de mais valioso na casa”,
especula. Outras obras chamam atenção no ambiente, como
a de Roberto Burle Marx, que ocupa quase toda a altura
da parede da sala de estar, e um cusquenho, pintado pelos
índios andinos sobre a Santíssima Trindade. “São três pessoas
numa só, então você percebe que eles têm o mesmo rosto”,
revela Ione, que ganhou o quadro do esposo, quando ela ficou
grávida do primeiro filho.
Assim como as pinturas, as esculturas também ganham
destaque, com peças de autoria que vão desde o cearense
Sérvulo Esmeraldo à carioca Sônia Ebling. Duas iguais,
dispostas na sala de jantar, foram adquiridas em um leilão.
“Eram do lobby do teatro Ziegfeld, em Nova York. Eu as
consegui e fiquei muito feliz”, lembra a arquiteta. Outra peça
que tem destaque no centro de uma das salas é da artista Elma
Bovenizer, brasileira com trabalho bastante difundido na
Califórnia. “Achei fantástica a simbologia desta peça: a mulher
tem a chave de tudo e o homem está querendo segurar. Como
eu achei que é uma escultura de movimento, você percebe que,
em vários ângulos, ela tem uma beleza, a gente desenhou a
base para colocá-la de forma giratória”, detalha.
DESENHO
A planta do apartamento em que moram foi elaborada
pelo marido de Ione, o também arquiteto Luiz Fiuza, quando
venceu um concurso de uma construtora. “O projeto é
todo nosso, da nossa cabecinha, é um duplex. Era um
prédio grande, caro e a gente achava que não ia poder
comprá-lo. Quando ganhamos esse concurso de arquitetura,
pelo projeto, fizemos a cota inicial. Depois, fomos
nos virando, trabalhando e conseguimos adquirir o imóvel
totalmente”, relembra Ione.
Um dos pontos fortes do imóvel é a varanda, oferecendo
um cenário belíssimo entre a piscina instalada no espaço e
o mar que se estende à frente. É nesse ambiente que há um
toten do artista piauiense Cornélio, um dos nomes da arte
popular por quem o casal começou a despertar interesse
a partir da amiga e arquiteta Janete Costa.
A família já vive há mais de 30 anos no apartamento,
que ainda preserva a planta inicial, segundo Ione faz
questão de evidenciar. “Tem minha cara, e também tem
a do meu marido e das crianças. A gente trouxe a vida
cearense aqui para dentro. Nos tempos áureos da minha
vida, assim de juventude, gostávamos muito de festa,
as crianças ficavam dormindo lá em cima e a gente badalava.
Depois inverteu: a gente dormindo e eles badalando”,
comenta ela, rindo. ¤
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