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Gênesis no espaço-tempo<br />
espalhou pelo mun<strong>do</strong>, com unidades de L’Abri na Suíça, Holanda, Inglaterra,<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Austrália, Japão e Brasil.<br />
Gênesis no Espaço-Tempo deve ser percebi<strong>do</strong> no contexto desse tipo<br />
de compreensão e abordagem. Schaeffer está situa<strong>do</strong> no campo reforma<strong>do</strong>,<br />
manifestan<strong>do</strong> uma apreciação pela cultura que aponta para Abraham Kuyper.<br />
Sua discussão não apenas no âmbito de “fatos”, mas também de pressupostos<br />
e cosmovisões, indica a influência de Cornelius Van Til, de quem foi aluno no<br />
Westminster Theological Seminary. Sua firmeza <strong>do</strong>utrinária, aliada às reivindicações<br />
<strong>do</strong> impacto <strong>do</strong> cristianismo para o to<strong>do</strong> da vida, revela a absorção <strong>do</strong><br />
que há de melhor nas tradições reformadas anglo-saxãs e continentais.<br />
O livro trata, em suma, <strong>do</strong>s primeiros onze capítulos <strong>do</strong> Gênesis, buscan<strong>do</strong><br />
nos relatos das origens o fundamento da realidade e as respostas a algumas<br />
das perguntas mais básicas da humanidade. Em seus oito capítulos, Schaeffer<br />
discute a criação e o ser de Deus; a criação <strong>do</strong> homem e sua singularidade<br />
no mun<strong>do</strong>; a estrutura <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; a escolha humana; a queda humana e suas<br />
implicações para a vida; o desenvolvimento de duas linhagens e culturas; o<br />
dilúvio e as percepções acerca <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> universo; e Noé, Babel,<br />
Abraão e o relacionamento pactual entre Deus e o homem.<br />
O interesse <strong>do</strong> autor, como a leitura demonstrará, não está em discutir cada<br />
fenômeno de maneira excessivamente detalhada, mas em identificar, por meio<br />
de contornos abrangentes, o “fluxo da história”. 4 Essa, aliás, é a declaração<br />
inicial <strong>do</strong> texto. Tal aproximação é a força e a fraqueza de Schaeffer. Alguns<br />
o considerarão superficial, por não aprofundar tanto a discussão de palavras e<br />
cláusulas, ou por não dedicar mais tempo ao aprofundamento <strong>do</strong>s conceitos<br />
trata<strong>do</strong>s, enquanto outros notarão que esta abordagem é mais adequada para<br />
lidar com os temas em foco, sem se perder em minúcias. O tema <strong>do</strong> fluxo da<br />
história perpassa o pensamento de Schaeffer, delinean<strong>do</strong> também a sua maneira<br />
de fazer teologia bíblica e análise histórica. Caso semelhante acontece<br />
na obra Josué e o Fluxo da História Bíblica 5 e em Como Viveremos?. 6<br />
Além da noção de fluxo da história, outros temas caros ao autor são encontra<strong>do</strong>s<br />
na obra. É o caso da crítica sobre a “divisão da realidade em patamares<br />
distintos”: o superior, da “verdade religiosa” e o inferior, da “verdade histórica”<br />
(cf. p. 19, 24-26). Tal crítica é forte em obras como O Deus que Intervém 7 e<br />
A Morte da Razão, 8 e é devidamente retomada nesta, que busca apresentar<br />
uma percepção <strong>do</strong> relato bíblico das origens conectada à vida humana em sua<br />
4 O termo é usa<strong>do</strong> generosamente por Schaeffer. Cf. p. 21, 43, 65, 68, 73, 87, 100, 113, 1<strong>20</strong>, 135,<br />
142, 151, 155, 157, 179, 180, 190, 192, 197, <strong>20</strong>0, <strong>20</strong>3.<br />
5 SCHAEFFER, Francis. Josué e o fluxo da história bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, <strong>20</strong>05.<br />
6 SCHAEFFER, Francis. Como viveremos? São Paulo: Cultura Cristã, <strong>20</strong>03.<br />
7 SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. São Paulo: Cultura Cristã, <strong>20</strong>02.<br />
8 SCHAEFFER, Francis. A morte da razão. São Paulo: Cultura Cristã, <strong>20</strong>02.<br />
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