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Fides 19 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 19 N2 (2014)

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Gaspar de Souza, Novamente as Obras da Lei: Gálatas 2.16<br />

No nível fundamental da Carta aos Gálatas, abrigam-se categorias semânticas<br />

que se fundamentam em similaridades e oposições. 27 Por exemplo,<br />

qualquer leitura <strong>do</strong> texto de Gálatas, mesmo numa tradução em português,<br />

deixará claro o constante uso de Paulo de adversativas, seja por conjunções<br />

e locuções como avlla,, de,, kai,, o]ti ouvk, eiv ga.r, ma/llon de,, eva.n mh, etc. (1.1,<br />

8, 12, 17; 2.7, 14; 3.16, 22; 4.2, 7, 8, 14, 17, 23, 29, 30, 31; 5.6, 13; 6.13, 15;<br />

1.11; 2.14; 2.21; 3.18; 6.3; 3.9; 2.16), seja por temas que também implicam<br />

em antíteses (1.6–9; 2.21; 3.18; 3.3; 5.16; 6.8; 4.21–31; 6.15).<br />

2. DELIMITANDO O CONTEXTO DE GÁLATAS 2.16: A<br />

NATUREZA DE e;rga no,mou<br />

Agora, à luz da abordagem proposta nas linhas acima, será que a questão<br />

das “obras da lei” poderia também ser tratada de igual maneira? Ou existe<br />

alguma necessidade de revisar a “antiga perspectiva” e a<strong>do</strong>tar uma “nova<br />

perspectiva”? À luz <strong>do</strong>s dispositivos semântico-retóricos utiliza<strong>do</strong>s por Paulo,<br />

“obras da lei” seria apenas a “convicção de que o status dentro da aliança<br />

(= justiça) é manti<strong>do</strong> ao fazer o que a Lei exige (“obras da Lei”)”, 28 isto é,<br />

apenas uma referência à distinção ética entre judeus e gentios? Ou seria, como<br />

parece, um mo<strong>do</strong> antitético de salvação, que se contrapõe à justificação pela<br />

fé? Queremos examinar o problema neste instante.<br />

A articulação teológica de Paulo em Gálatas começa no capítulo 2.15 e<br />

se estende até o capítulo 3. Segun<strong>do</strong> a análise de Betz, a seção 2.15–21 constaria<br />

da proposição (propositio) da tese teológica de Paulo, enquanto que a<br />

seção 3.1–4.31 seria a prova ou confirmação de sua tese. Certamente ninguém<br />

discutirá o contraste existente entre obras da lei e justificação pela fé nestas<br />

seções. Mas, sem dúvida, a natureza desta antítese deve ser discutida e penso<br />

que tal natureza se revela inequivocamente em que “nenhuma carne” (pa/sa<br />

sa,rx) pode esperar ser justificada diante de Deus pelas “obras da lei”. Ou seja,<br />

existe apenas uma alternativa para judeus e gentios (2.14–15): justificação<br />

pela fé em Cristo.<br />

Então, por qual motivo Paulo é tão crítico das obras da lei? Certamente<br />

porque querer ser justifica<strong>do</strong> pelas obras da lei era reconstruir o que Cristo<br />

destruiu (2.18) e aniquilar a graça de Deus, tornan<strong>do</strong> sem propósito (dwrea,n) a<br />

morte de Cristo (v. 21). Além <strong>do</strong> mais, seria viver como judeu (v. 14), ou pior,<br />

seria fazer Cristo ministro <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> (v. 17). Em sua argumentação, Paulo até<br />

27 FIORIN, Elementos de análise <strong>do</strong> discurso, p. 21. Cf. BEEKMAN, John; CALLOW, John.<br />

A arte de interpretar e comunicar a palavra escrita – técnicas de tradução da Bíblia. São Paulo: Vida<br />

Nova, <strong>19</strong>92, p. 272ss.<br />

28 DUNN, James D. G. The New Perspective on Paul. Grand Rapids, Michigan; Cambridge, UK:<br />

Eerdmans, 2008, p. 218.<br />

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