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Bruno Henrique Uchôa, Inatismo de Conceitos, Evolucionismo e Teísmo<br />
Largamente publica<strong>do</strong> como um paradigma de sucesso científico (tenho ouvi<strong>do</strong><br />
dizer que o adaptacionismo darwiniano é a melhor ideia que alguém já teve e<br />
que a seleção natural é a teoria com melhor confirmação na ciência). 24<br />
Porém, Fo<strong>do</strong>r retrocedeu nesse ponto, publican<strong>do</strong> um livro em que critica<br />
a evolução de Darwin. Steven Pinker acha inadmissível que Fo<strong>do</strong>r tenha se<br />
torna<strong>do</strong> um crítico da evolução:<br />
Fo<strong>do</strong>r mostra o profun<strong>do</strong> de sua antipatia pelo darwinismo quan<strong>do</strong> escreve que “é<br />
pertinente perguntar pelas evidências de que a seleção natural é nunca/algumas<br />
vezes/sempre a explicação correta da funcionalidade biológica”. 25<br />
Uma crítica que deixou muitos evolucionistas atônitos surgiu com Michael<br />
Denton em seu Evolution: A Theory in Crisis (<strong>19</strong>86), que distingue <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s<br />
para o termo evolução que Pinker e outros têm usa<strong>do</strong> ambiguamente. O<br />
autor sustenta como to<strong>do</strong> tipo de evidência levantada em favor <strong>do</strong> darwinismo<br />
fracassa. Ele faz uma distinção entre microevolução e macroevolução. Tanto<br />
os tentilhões das ilhas Galápagos observa<strong>do</strong>s por Darwin, quanto as moscas<br />
da fruta das ilhas Havaí refletem a microevolução, que consiste em pequenas<br />
mudanças no genótipo sem que ocorra mudança de espécie. Ten<strong>do</strong> por certo<br />
o primeiro, alguns evolucionistas proclamam que sua teoria também explica o<br />
segun<strong>do</strong>. Eles tomam o termo evolução sem fazer tal distinção e, por isso, não<br />
percebem que a teoria se sai bem para o nível micro, mas não recebe nenhuma<br />
evidência razoável para o nível macro.<br />
Denton diz que o problema para a macroevolução é explicar como as<br />
primeiras formas de vida que supostamente culminariam nas formas mais<br />
complexas surgiram por puro acaso. Ele diz que a macroevolução precisaria<br />
de uma cadeia ininterrupta de fósseis de transição, o que Darwin esperava que<br />
fosse descoberto. Mas passa<strong>do</strong>s 150 anos da publicação de sua teoria nada saiu<br />
<strong>do</strong> lugar, com exceção de casos de microevolução bem triviais (diferenças de<br />
cor, de tamanho, de velocidade). A suposição de que estas microevoluções,<br />
da<strong>do</strong> um grande perío<strong>do</strong> de tempo, provocariam grandes mudanças, nunca foi<br />
demonstrada. A história mostrou como as suposições sobre os fósseis eram<br />
errôneas. O celacanto era um animal data<strong>do</strong> em 200 milhões de anos e seu<br />
24 FODOR, Jerry A. In Critical Condition: Polemical Essays on Cognitive Science and the Philosophy<br />
of Mind. Lon<strong>do</strong>n: MIT Press, <strong>19</strong>98, p. <strong>19</strong>0. Minha tradução. “Widely advertised as a paradigm<br />
of scientific success (I’ve heard it said that Darwinian adaptationism is the best idea that anybody’s ever<br />
had, and that natural selection is the best confirmed theory in science)”.<br />
25 PINKER, Steven. A Reply to Jerry Fo<strong>do</strong>r on How the Mind Works. Mind and Language, v. 20,<br />
n. 1, 2005 (p. 33-38), p. 37. Minha tradução. “Fo<strong>do</strong>r shows the depth of his antipathy toward Darwinism<br />
when he writes that ‘it is pertinent to ask for evidence that natural selection is ever/sometimes/always<br />
the right explanation of biological functionality’”.<br />
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