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Fides 19 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 19 N2 (2014)

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Bruno Henrique Uchôa, Inatismo de Conceitos, Evolucionismo e Teísmo<br />

A linguagem humana parece estar biologicamente isolada em suas propriedades<br />

essenciais e ser um desenvolvimento na verdade recente sob uma perspectiva<br />

evolucionista. 17<br />

Posso formular o argumento que concilia o inatismo de conceitos com o<br />

evolucionismo <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>:<br />

Estratégia 1: Consideran<strong>do</strong> que a teoria evolutiva seja verdadeira, a teoria<br />

da linguagem universal e <strong>do</strong> inatismo de conceitos se concilia com ela.<br />

Assim, os processos de sobrevivência e reprodução forneceram o cenário<br />

exato no qual nossas faculdades cognitivas se desenvolveram, ou seja,<br />

com a aptidão de acessar os conceitos inatos que foram favoreci<strong>do</strong>s pela<br />

teoria evolutiva.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, existem aqueles que não seguem tal estratégia por acreditarem<br />

que o inatismo de conceitos léxicos e a teoria evolutiva são completamente<br />

incompatíveis. Esta, por exemplo, é a posição a<strong>do</strong>tada por Hilary Putnam. Ao<br />

considerar que nossos conceitos dependem de nosso ambiente físico e social,<br />

ele considera que a evolução (que segun<strong>do</strong> ele, “foi completada, para nossos<br />

cérebros, cerca de 30 mil anos atrás”) não poderia ter previsto essa dependência.<br />

Assim:<br />

Para nos ter da<strong>do</strong> um estoque inato de noções que incluem carbura<strong>do</strong>r, burocrata,<br />

potencial quântico, etc., como requeri<strong>do</strong> pela versão de Fo<strong>do</strong>r da Hipótese<br />

Inatista, a evolução teria que ser capaz de antecipar todas as contingências <strong>do</strong>s<br />

ambientes <strong>do</strong> futuro físico e cultural. Obviamente, ela não fez e nem poderia<br />

ter feito isto. 18<br />

Numa afirmação totalmente especulativa e sem levar em conta as premissas<br />

<strong>do</strong> argumento de Fo<strong>do</strong>r, Putnam rejeita de antemão o inatismo de conceitos.<br />

Laurence e Margolis chegam a dizer que esse tipo de argumento de Putnam<br />

é apenas uma questão de escolha sem uma justificativa mais substancial. É<br />

basicamente uma questão de escolher entre Fo<strong>do</strong>r e Darwin e declarar que este<br />

último se consagra vence<strong>do</strong>r. Eles concluem que “o problema, contu<strong>do</strong>, é que<br />

esta resposta, na verdade, é intelectualmente inculta”. <strong>19</strong><br />

17 CHOMSKY, Linguagem e mente, p. 17.<br />

18 PUTNAM, Hilary. Representation and Reality. Cambridge, MA: MIT Press, <strong>19</strong>88, p. 15. Minha<br />

tradução. “To have given us an innate stock of notions which includes carburetor, bureaucrat, quantum<br />

potential, etc., as required by Fo<strong>do</strong>r’s version of the Innateness Hypothesis, evolution would have had<br />

to be able to anticipate all the contingencies of future physical and cultural environments. Obviously it<br />

didn’t and couldn’t <strong>do</strong> this”.<br />

<strong>19</strong> LAURENCE e MARGOLIS, Radical Concept Nativism, p. 33. Minha tradução. “The problem,<br />

however, is that this response really is just intellectually philistine”.<br />

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