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Fides 19 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper

Revista Fides Reformata 19 N2 (2014)

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FIDES REFORMATA XIX, Nº 2 (2014): 31-53<br />

ela é viciosamente circular ou, como mostramos, conduz a um regresso infinito<br />

de conceitos rastrea<strong>do</strong>res. Ainda assim, esta concessão de Fo<strong>do</strong>r para a teoria<br />

<strong>do</strong> teste de hipóteses <strong>do</strong>s empiristas é, como penso, desnecessária. Pois, se<br />

conceitos complexos são da<strong>do</strong>s pela estruturação de conceitos não-estrutura<strong>do</strong>s,<br />

que são inatos, não há como a experiência, por meio das sensações, exercer<br />

função na aquisição de tais conceitos. Como foi dito, os conceitos complexos<br />

seriam apenas a junção de conceitos primitivos inatos. Isto implica que os<br />

conceitos complexos também sejam inatos.<br />

Até aqui deve ter fica<strong>do</strong> claro que a discordância principal sobre conceitos<br />

entre inatistas e empiristas é sobre a estrutura <strong>do</strong>s conceitos léxicos. Ainda<br />

assim, o empirista tenta conceder que existem conceitos primitivos, mas que<br />

estes são apenas os conceitos sensoriais, embora a maioria <strong>do</strong>s conceitos sejam<br />

aqueles aprendi<strong>do</strong>s por teste de hipóteses. Fo<strong>do</strong>r, por outro la<strong>do</strong>, afirma que a<br />

maioria de nossos conceitos é formada de conceitos primitivos e, consequentemente,<br />

que poucos conceitos léxicos exibem uma estrutura interna como<br />

afirmam os empiristas.<br />

A hipótese empirista é falha por pelo menos duas razões. A primeira é<br />

que sempre será possível oferecer contra-exemplos, contra a definição empírica<br />

proposta de uma palavra e isto, para Fo<strong>do</strong>r, é uma evidência de que os<br />

conceitos são não-estrutura<strong>do</strong>s. A segunda é que sempre podemos fazer uma<br />

crítica ao conhecimento sensorial para bloquear a afirmação de que existem<br />

os conceitos primitivos não sensoriais. Perguntaríamos, por exemplo, como um<br />

conceito seria aprendi<strong>do</strong> por sensação? Como se adquire o próprio conceito<br />

SENSAÇÃO também por sensação? Isto, obviamente, nos levaria a outro<br />

regresso infinito. Eu também tenho o conceito de NÃO-SENSAÇÃO? Mas<br />

como eu saberia disto sem apelar às próprias sensações? E isto, obviamente,<br />

nos levaria a uma circularidade.<br />

Laurence e Margolis (2002), por exemplo, recorren<strong>do</strong> a teorias psicológicas,<br />

sugerem que as crianças aprendem conceitos por teste de hipóteses e que<br />

elas os aprendem enfatizan<strong>do</strong> suas formas. Mas se a forma de um objeto é a<br />

maneira de detecção <strong>do</strong> conceito, como aprender coisas como cor, tamanho,<br />

largura e profundidade? Se eu aponto para um carro, como a criança cria o<br />

conceito de CARRO sem acreditar que tal conceito se refere ao de<strong>do</strong> apontan<strong>do</strong>,<br />

à figura de fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> carro, à cor <strong>do</strong> carro, a parte <strong>do</strong> carro, seu la<strong>do</strong> externo ou<br />

seu la<strong>do</strong> interno? Como falamos anteriormente, o argumento da indeterminação<br />

da referência de Quine bloqueia uma teoria empírica de conceitos, mas não uma<br />

teoria inatista. Além <strong>do</strong> mais, o que diremos de expressões sincategoremáticas?<br />

Como uma teoria empirista <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> de conceitos pode explicá-las?<br />

Assim, a teoria <strong>do</strong> teste de hipóteses tem problemas diversifica<strong>do</strong>s.<br />

Se conceitos não podem ser aprendi<strong>do</strong>s por uma teoria de teste de hipóteses,<br />

o argumento de Fo<strong>do</strong>r, então, é o que segue:<br />

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