Palhaço não é personagem, é algo que você vive FOFINHO POPÓ PIPO Outubro é o mês em que se comemora o Dia das Crianças e uma das figuras que mais remete a uma fase da vida em que tudo é inocência é celebrada nesta época E mbora o palhaço, na história mundial da arte, não seja uma figura exclusivamente voltada ao universo infantil, as crianças, sobretudo no Brasil, veem nele uma espécie de herói sem superpoderes. Ele é quem salva não com o uso da força ou de artimanhas sobre-humanas, mas por meio das próprias trapalhadas, para proporcionar o riso. O palhaço é a tradução mais cabível ao que se pode entender como humano. A palavra que melhor definiria a relação entre o palhaço e a criança, segundo Vagner Silva (o palhaço Popó), 45, de Birigui, é cumplicidade. “O palhaço se torna cúmplice quando se relaciona com a pessoa. Ele olha de forma franca no olho das pessoas, quando propõe um jogo. Tem muita gente que não gosta de olhar no rosto do palhaço. Com a criança isso não acontece. O palhaço, profissional, que leva o ofício a sério, estuda e aprende que precisa se livrar de preconceitos e maldades, por isso é ingênuo, brincalhão, e respeita as pessoas. A criança ainda não tem os preconceitos e maldades do adulto, os valores estão sendo moldados, então é muito fácil ela se identificar com o palhaço, e a maioria não tem medo. Às vezes, quando tem, é ocasionado por algum trauma”, diz. Silva explica que o palhaço diretamente ligado ao universo infantil, lúdico e mágico segue um modelo estadunidense, que é o que foi introduzido no Brasil, diferente do palhaço europeu, que está, na maioria das vezes, envolvido com questões críticas e até políticas. “Não é natureza do palhaço ter esse vínculo apenas com criança. O palhaço, antes de tudo, é um transgressor; ele faz coisas ao contrário, para provocar algo, fazer pessoas perceberem um lado diferente. Na Idade Média, por exemplo, ele tinha um papel político, social... era um revolucionário em alguns momentos e, por isso, muitos foram mortos. Além disso, o palhaço não tem nada a ver com animação de festa, por exemplo... isso é coisa de animador. O palhaço faz a pessoa rir, mas provoca a pessoa; a pessoa ri de si mesma. A pessoa quando ri do palhaço, está se libertando de alguma coisa. Palhaço não é personagem que você representa, é algo que você vive”, afirma.
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