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Revista Cleto Fontoura 15° Edição

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Palhaço<br />

não é personagem, é algo que você vive<br />

FOFINHO POPÓ PIPO<br />

Outubro é o mês em que se comemora o Dia das Crianças<br />

e uma das figuras que mais remete a uma fase da vida<br />

em que tudo é inocência é celebrada nesta época<br />

E<br />

mbora o palhaço, na história mundial da arte, não<br />

seja uma figura exclusivamente voltada ao universo<br />

infantil, as crianças, sobretudo no Brasil, veem<br />

nele uma espécie de herói sem superpoderes. Ele<br />

é quem salva não com o uso da força ou de artimanhas sobre-humanas,<br />

mas por meio das próprias trapalhadas, para<br />

proporcionar o riso. O palhaço é a tradução mais cabível ao<br />

que se pode entender como humano.<br />

A palavra que melhor definiria a relação entre o palhaço e a<br />

criança, segundo Vagner Silva (o palhaço Popó), 45, de Birigui,<br />

é cumplicidade. “O palhaço se torna cúmplice quando<br />

se relaciona com a pessoa. Ele olha de forma franca no olho<br />

das pessoas, quando propõe um jogo. Tem muita gente que<br />

não gosta de olhar no rosto do palhaço. Com a criança isso<br />

não acontece. O palhaço, profissional, que leva o ofício a sério,<br />

estuda e aprende que precisa se livrar de preconceitos e<br />

maldades, por isso é ingênuo, brincalhão, e respeita as pessoas.<br />

A criança ainda não tem os preconceitos e maldades do<br />

adulto, os valores estão sendo moldados, então é muito fácil<br />

ela se identificar com o palhaço, e a maioria não tem medo.<br />

Às vezes, quando tem, é ocasionado por algum trauma”, diz.<br />

Silva explica que o palhaço diretamente ligado ao universo infantil,<br />

lúdico e mágico segue um modelo estadunidense, que<br />

é o que foi introduzido no Brasil, diferente do palhaço europeu,<br />

que está, na maioria das vezes, envolvido com questões<br />

críticas e até políticas. “Não é natureza do palhaço ter<br />

esse vínculo apenas com criança. O palhaço, antes de tudo,<br />

é um transgressor; ele faz coisas ao contrário, para provocar<br />

algo, fazer pessoas perceberem um lado diferente. Na Idade<br />

Média, por exemplo, ele tinha um papel político, social... era<br />

um revolucionário em alguns momentos e, por isso, muitos<br />

foram mortos. Além disso, o palhaço não tem nada a ver com<br />

animação de festa, por exemplo... isso é coisa de animador.<br />

O palhaço faz a pessoa rir, mas provoca a pessoa; a pessoa<br />

ri de si mesma. A pessoa quando ri do palhaço, está se libertando<br />

de alguma coisa. Palhaço não é personagem que você<br />

representa, é algo que você vive”, afirma.

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