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D. Misse e o marido Idomeno<br />
Por meio de seu trabalho, a jataiense também ajudou na<br />
aceitação dos portadores de deficiência intelectual na sociedade<br />
do município. “O diferente sempre chama a atenção.<br />
E o trabalho da Apae é também lutar para que essas<br />
pessoas se sociabilizem, com o apoio das famílias”, complementa.<br />
E com a filha, Maria Isabel, o tratamento não foi<br />
diferente. Ela sempre esteve presente em festas de amigos<br />
e famílias, dançava quando ia a bailes e ia com os pais<br />
a outros países, em viagens de lazer. “A melhor forma de<br />
tratá-los é por meio de uma boa convivência”, acrescenta.<br />
Muitas destas reuniões sociais, nas quais Maria Isabel estava<br />
presente, eram festas na própria casa de Missé e do<br />
marido, Idomeno. E, quando ainda não existiam os serviços<br />
completos de bufê para serem contratados para organizar<br />
os eventos de aniversário, por exemplo, era Missé<br />
quem cuidava de tudo, com a ajuda das funcionárias da<br />
casa. “Fazíamos os docinhos, as forminhas de doces, a<br />
decoração e tudo mais. Só não fazia o bolo”, lembra.<br />
Ela adora receber pessoas em sua bela residência e afirma<br />
que o segredo para recepcionar bem as visitas é simples:<br />
“a pessoa tem de preservar sua maneira de ser e os convidados<br />
precisam se sentir à vontade”, destaca.<br />
Estar com a família é uma das coisas que mais aprecia.<br />
“Gosto de estar com as pessoas. Eu tinha mais três irmãos,<br />
que já faleceram, assim como meus pais. Então,<br />
procuro estar sempre com os sobrinhos e suas famílias.<br />
Eu dou atenção a eles e recebo muita atenção deles também.<br />
Faço de tudo para ter a família unida”, diz. Pelo menos<br />
duas festas no ano reúnem os parentes: a “Rodrigada”<br />
(do sobrenome Rodrigues), com os familiares da parte de<br />
seu pai, na fazenda que foi de sua irmã, em Orlândia (SP),<br />
que neste ano acontece em outubro; e o Festival Suíno,<br />
em Goiás, que ocorreu em julho, na fazenda onde passou<br />
a infância.<br />
Missé morou em outras cidades antes de chegar a Araçatuba.<br />
De Jataí (GO), foi para Ituiutaba (MG), onde ficou em<br />
colégio interno; depois, viveu em Belo Horizonte (MG), e lá<br />
se formou no Magistério; em seguida, mudou-se para São<br />
Paulo (SP), onde se casou. O filho, Miguel, tinha apenas<br />
40 dias de vida quando o casal resolveu se mudar para<br />
Araçatuba, em virtude de negócios na pecuária – o forte da<br />
família; Maria Isabel nasceu depois, já na nova cidade.<br />
“Fui muito bem recebida em Araçatuba. Havia algumas<br />
famílias de Jataí já morando aqui, e meus pais conheciam<br />
algumas pessoas que moravam no município também,<br />
então foi mais fácil. E os araçatubenses me acolheram<br />
bem. Gosto muito de Araçatuba”, diz. Os planos<br />
iniciais era passar apenas cinco anos por aqui, até os<br />
negócios na região engrenarem de vez. “Mas, depois de<br />
um tempo, não se falava mais em voltar para São Paulo e<br />
fomos ficando. Lá se vão 50 anos!”, acrescenta.<br />
Uma das qualidades que ela admira no marido era a disposição<br />
para trabalhar. “Ele sempre foi muito trabalhador<br />
e muito determinado”, comenta. Depois de viver muitos<br />
anos casada com Idomeno, acredita que a paciência e o<br />
diálogo são a chave para um bom relacionamento. Uma<br />
das poucas coisas que não mudou na vida dos casais,<br />
desde que os dois se uniram até os dias atuais.<br />
Hoje, Missé não conta com as presenças de Idomeno<br />
e de Maria Isabel, que já partiram. Mas ela procura se<br />
ocupar de algumas maneiras. Além de receber convidados<br />
em sua casa, viajar e frequentar algumas reuniões<br />
e eventos da Apae, Missé faz toalhinhas de crochê, que<br />
são presentes para os recém-casados, entre outras coisas.<br />
Uma vida serena e plena, baseada em um passado<br />
dedicado a causas nobres (o que, de certa forma, ainda<br />
é cultivado).