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Consciente_Janeiro2017

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Olhados e desviados da relação afetiva, acima<br />

de tudo porque são vistos como ‘perigosos’<br />

mas tambem porque esse outro empunha<br />

uma arma para o matar, assim o vê, embora<br />

já quase morto por dentro. Ensopado que<br />

está em mal, mal absorve aquilo que lhe pode<br />

ser benéfico. Essa é a questão psíquica que o<br />

consome para o delírio e alucinação.<br />

Preenche onde não há, quando o espaço<br />

empiolhado de quem (des)cuidou afrouxa. A<br />

sua auto-estima é rala, vaporosa e rente ao<br />

chão, embora o contrário possam dizer, pela<br />

megalomania aparente. Está pendente na<br />

vida, por uma castração primária.<br />

Massividade projetiva que ultrapassa a<br />

necessidade fisiológia que pode chegar a não ser<br />

coordenada mas pode ser contida pelos<br />

esfincteres físicos. Sem fralda ou contenção<br />

psicológica, fica o corpo em dor que cresce até<br />

adulto. De ego peuril, não se desenvolveu nas<br />

mãos enfiesadas que não o seguraram num colo<br />

sem fundo, negro e frio, assim, a não integração<br />

do corpo físico e psíquico cresce, num<br />

emaranhado de desejo que não é o seu. Prazer e<br />

desprazer encontram caminho pela realidade já<br />

obscena desde que nasceu. O simbolo é o objeto<br />

original, sempre, sem descanso. Falicismo<br />

bárbaro assemelhado a uma lamina gigante que o<br />

mutila por inteiro. O desejo não existe, a não ser,<br />

o não sonhado, como quem diz, não simbolizado.<br />

Ao adiamento da satisfação não chega, tambem<br />

porque o prazer se confunde com o desprazer ao<br />

mais nível profundo do seu ser. A qualidade da<br />

expectativa sobrevive na penumbra, vive no<br />

sonho, no inconsciente, na neo-realidade,<br />

desmedida, onde corpos se fundem, não em amor,<br />

mas em pedaços que se desfazem para dar lugar<br />

aos mesmos, pedaços. Fora do seu universo<br />

simbólico subvive, porque só existe o cartão da<br />

caixa mole, das lágrimas que não chorou, Cartão<br />

mole que não contem, que não se formou ou não<br />

se enformou como esqueleto mental. A<br />

intemporalidade marcada em passos reais, é onde<br />

se agarra, já em decaiamento, como um eletrão<br />

num universo que é o próprio, infimo.mas<br />

infinito. A mãe que não tocou no bébé ou tocou e<br />

até à exasutão, intoxicou. Há pois uma inaptidão<br />

a pensar mas talvez mais para trás, a mentalizar,<br />

elaborar e representar, sempre, mas sempre ao<br />

nível mais elementar. Está aquém do<br />

pensamento. Está aquém de (ser) alguém. Aquém<br />

da relação, aquém do desejo, aquém do<br />

reconhecimento. Em delírio preenche o conteúdo<br />

num espaço interno sem continente, mas não há<br />

ausência para a criação do sentido, pois tambem<br />

não chega ao vazio porque não existe. E por isso,<br />

em delíro. (cont.)<br />

Janeiro CONSCIENTE 17

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