velozes F1 / R13 Monza

A temporada de 1979 foi bastante estranha. Teve três fases
distintas, um carro dominando o lote em cada uma delas.
O primeiro carro a ser batido em 1979 foi a nova Ligier-Ford
de Jacques Lafitte e Patrick Depailler. Legítimo carro-asa, o
bólido azul claro se mostrou competitivo assim que saiu da
caixa, e Lafitte venceu na Argentina e no Brasil com
facilidade.
Em seguida, veio a fase da Ferrari, quando as Ligiers
começaram, a quebrar seguidamente.
O companheiro de Jody na Ferrari seria um jovem ás
canadense que atendia pelo nome de Gilles Villeneuve.
Como segundo piloto de Reutemann em 1978, Gilles fizera
algumas apresentações espetaculares, e ia ganhando o
coração dos tiffosi, os torcedores da Ferrari.
Por isso, ficou tudo muito mais difícil para Scheckter
quando Gilles venceu as duas provas seguintes, com Jody
comboiando o carro número 12 de Gilles.
Enzo Ferrari era conhecido por criar disputas entre seus
pilotos para arrancar o melhor de cada um, e a posição de
Jody como primeiro piloto estava começando a balançar.
Era hora de reagir, e Jody começou com um quarto lugar na
Espanha e duas vitórias seguidas, na Bélgica e em Mônaco,
e assumiu a ponta da tabela do Mundial.
Como valeriam apenas os quatro melhores resultados de
cada metade do campeonato (sete e oito provas
respectivamente), Jody tinha duas vitórias e dois segundos
a seu favor contra duas vitórias e um quinto posto de
Villeneuve na primeira metade.
Gilles pareceu reagir, começando com um segundo lugar as
oito corridas restantes, mas então surgoi o terceiro carro
dominante d temporada, o Williams FW-08 Ford, outro
carro-asa que venceu tudo que lhe surgiu pela frente, mas
já era tarde demais para Alan Jones, que somara apenas 7
pontos na primeira metade do ano.
Dois terceiros e um segundo lugares de Jody deixou tudo
encaminhado para Monza.
E em Monza, Jody Scheckter selou o título mundial,
vencendo com autoridade na casa da Ferrari. Somou 57
pontos, 19 a mais que Villeneuve, faltando duas provas
para o fim, apenas 18 pontos em jogo.
Então ocorreu um fato curioso. Uma vez conquistado seu
grande objetivo, o título mundial de pilotos, Jody Scheckter
arrefeceu, esfriou. O tenaz competidor de antes, que
jogava tudo numa curva, que ficou conhecido como
Troglodita, aquele que corria contra o calor infernal dentro
dos carros como se estivesse na praia de East London,
perdeu a vontade de competir.
Meio como aconteceu com o Nico Rosberg no ano passado.
Nem o fato de estar correndo com o número 1 motivou o
velho Troglodita a mostrar as garras.
Sua temporada de 1980 foi pífia! Somou apenas 2 pontos
de um quinto lugar em Long Beach. Terminou em 19º no
Mundial Pior! Não conseguiu lugar no grid para largar no
Canadá por puro desânimo! Um triste final de carreira para
um piloto que levantou as arquibancadas ao redor do
mundo. Seus fãs mereciam mais respeito.
Jody abandonou o automobilismo de vez em 1980. Ele fundou uma empresa de simuladores de
treinamento para forças armadas, polícias e empresas de segurança chamada FATS Inc. Ele a vendeu anos
depois e usou o dinheiro para apoiar as carreiras de seus filhos Tomas e Toby no automobilismo. Hoje ele
tem uma fazenda de alimentos biomédicos e mais quatro filhos de um segundo casamento. Jody comprou a
Ferrari 312-T4 do seu título logo após sair da F-1. Com o tempo, acabou comprando a maioria dos carros
que correu, desde a Fórmula Ford. Abaixo, os três que estão fundos no seu coração, a Ferrari (ao fundo), o
Wolf WR-1 (centro) e o Tyrrell P34 six-wheeler (em primeiro plano).