Velozes F1 / R12 Bélgica

GP da França/64. Gurney dá à Brabham sua
primeira vitória na Fórmula 1. >>>
Tendo começado no automobilismo como construtor e
vendo os sucessos de Jack Brabham e Bruce McLaren,
Gurney e seu velho amigo Carrol Shelby decidiram
tocar um sonho, construir um carro americano para
vencer na Fórmula 1. O fato de Dan medir mais de
1,90m de altura pode ter ajudado na decisão de fazer
um carro sob medida.
Com apoio da Good-Year, eles se prepararam para o
novo regulamento de motores que começaria em
1966, trocando os pequenos engenhos de 1.500cc por
poderosos motores de 3 litros.
Essa troca no tamanho dos motores foi uma revolução
na F1, mas nenhum fabricante inglês tinha um motor
dessa capacidade cúbica. Jack Brabham conseguiu
transformar um motor de rua num motor de corrida na
preparadora de motores Repco, enquanto o motor que
Chapman tinha conseguido que a Ford financiasse para
a Cosworth ainda não estava pronto. A Coventry-
Climax tentou aumentar a capacidade de seu motor,
mas não chegou aos 3 litros, e a BRM tentou adaptar
seu motor mas também falhou.
Gurney e Shelby contrataram à inglesa Weslake um
motor para seu Eagle (Águia, o símbolo americano),
mas foi um começo difícil. O motor, um V-12, não
ficava pronto, e a equipe teve que correr toda a
temporada com o Coventry Climax, ainda que o time
tenha marcado pontos em seu segundo GP, 5º lugar
na... na França, claro! Voltou a chegar em 5º no
fechamento do ano, no GP do México. E foi só.
1967 não começou muito bem para a All American Racers
(nome sugerido pelo então presidente da Good-Year, Victor
Holt), com três abandonos nas três primeiras corridas. Mesmo
o motor Weslake só ficou pronto para a segunda corrida.
Mas então veio o mágico mês de junho.
No dia 11, fazendo dupla com seu rival na América A.J. Foyt, a
bordo de um Ford GT-40, Gurney venceu as 24 Horas de Le
Mans, a mais tradicional corrida de resistência do mundo.
Foi uma vitória esmagadora! Gurney/Foyt lideraram a prova
por mais de 23 horas (!) e venceram com 4 voltas de vantagem
sobre o segundo colocado, Mike Parkes/Ludovico Scarfiotti
com Ferrari.
À noite, já duas voltas atrás, Parkes grudou na traseira do GT-
40 pilotado, àquele altura, por Gurney, e começou a piscar os
faróis, como pedindo passagem, numa tentativa de induzir o
norte-americano a se enervar e cometer um erro. A caça
durou duas voltas.
Então, Gurney reduziu o passo, foi para a grama em Arnage e
estacionou o GT-40, como quem diz “Vai, passa!”. Parkes fez a
mesma coisa, e os dois ficaram ali parados por alguns
segundos. Depois saíram de volta à pista, Mike Parkes
completamente desmoralizado...
No pódio, durante a comemoração, Gurney recebeu a garrafa
de champagne. Vendo Henry Ford II, as esposas, mecânicos e
vários jornalistas que tinham predito que os dois rivais, Gurney
e Foyt, acabariam por destruir o GT-40 tentando mostrar ao
outro quem era o melhor, Dan decidiu dar um banho em todos
e assim iniciou uma tradição que se mantém até hoje em
todos os pódios de todas as corridas ao redor do mundo, o
banho de champagne.