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Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan

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Socialização: da terceira à décima quarta semana<br />

As semanas entre a sexta e a nona, estão entre as mais cruciais na vida de seu filhote, uma<br />

época em que ele aprenderá as lições de como ser um cão entre cães, com sua mãe, seus<br />

irmãos e qualquer outro cão adulto com quem esteja vivendo. Da terceira à sexta semana, os<br />

filhotes ainda interagem principalmente com os irmãos e a mãe. Eles se aventuram a se afastar<br />

alguns palmos da mãe ou de sua “toca” mas logo voltam correndo. Esta primeira fase do<br />

período de socialização é a época da “tomada de consciência” — de seus próprios corpos,<br />

seu ambiente, seus irmãos e do conforto de sua mãe.<br />

A segunda fase da socialização de um filhote, começando mais ou menos na quinta semana,<br />

é onde entra a força da matilha. Sua principal matilha neste ponto consiste em sua mãe e seus<br />

irmãos de ninhada. Através de ensaio e erro, e muitas brincadeiras enérgicas, ele aprende com<br />

os irmãos a como se conduzir num mundo social. Eles lhe ensinam com que força ele pode<br />

morder ou pular, como dominar, como se submeter, e outras habilidades básicas de<br />

comunicação com outros de sua espécie. Se seu filhote fosse um canídeo sendo criado na<br />

natureza, os demais membros de sua matilha iriam todos intervir neste ponto e colaborar para<br />

garantir que ele seja um bom cidadão canino quando crescer. As sociedades canídeas —<br />

sejam elas de lobos, de cães de caça africanos, ou de Canis familiaris — são mundos<br />

incrivelmente ordenados em que as regras da matilha são estabelecidas para cada membro,<br />

<strong>desde</strong> o início, sem exceções. A matilha toda se adapta quando chegam filhotes, e seus<br />

membros reorganizam suas vidas para participar da criação. Até no Centro de Psicologia<br />

Canina, certos cães em minha matilha, que está sempre variando, se incumbem de ser “babás”,<br />

ou “professores” de quaisquer crias ou adolescentes novos que por acaso se juntem ao nosso<br />

bando alegre.<br />

Quando as crias têm entre seis e sete semanas, a cadela começa a ficar um pouco menos<br />

possessiva em relação a elas e deixa outros membros da matilha aliviarem sua carga de<br />

trabalho. Entre as matilhas de caninos selvagens, a criação das crias é verdadeiramente um<br />

caso de família. Às vezes outros adultos além da mãe até dividem o trabalho de alimentar as<br />

crias em crescimento, regressando das caçadas e regurgitando comida para elas. Mais<br />

importante, toda a matilha sempre participa da educação das crias, inclusive disciplinando-as.<br />

Os cães adultos trabalham juntos para formar o que vem a ser um incrível, abrangente e<br />

cooperativo “sistema de escola pública”, para criar uma nova geração saudável e produtiva.<br />

Se outra cadela da matilha sente que as crias estão ficando um pouquinho alvoroçadas demais<br />

na brincadeira, ela pode usar o toque físico — um cutucão, ou mesmo uma mordida não<br />

agressiva — para se comunicar. Se sente que um filhote não entende os modos da mesa de<br />

jantar, uma cadela adulta ou adolescente pode emitir um rosnado grave para mandá-lo se<br />

afastar da sua comida. Cada cão reconhece que ter filhotes obedientes, bem adaptados e<br />

socialmente cultos é necessário para a sobrevivência da matilha inteira.<br />

No entanto, os cães domésticos não vivem apenas com cães; eles vivem conosco humanos e<br />

precisam confiar em nós. Num sentido, o seu filhote precisa crescer “bilíngue” — falando as<br />

línguas canina e humana — antes de poder entrar no mundo. Dezenas, talvez centenas de<br />

milhares de anos de evolução lado a lado conosco deram aos nossos cães uma competência<br />

inata para entender a nossa energia e a nossa linguagem corporal, uma competência que é tão<br />

impressionante quanto a dos nossos primos mais próximos em termos evolutivos, os outros

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