Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan
Conheça os pais Como você já aprendeu, os criadores escolhem cuidadosamente os casais que vão cruzar — tanto as fêmeas (matrizes) quanto os machos (padreadores) —, procurando controlar e moldar o temperamento das crias. Em outras palavras, se desejam filhotes calmos e meigos que serão bons animais de estimação, cães de terapia ou de exposição, os criadores escolherão mães e pais meigos e calmos. Aqueles que criam cães de busca, de resgate ou de agilidade podem buscar mais energia ativa em sua matriz ou em seu padreador. Aqueles que criam para cães de guarda ou policiais podem procurar algumas características de territorialidade nos casais que vão cruzar, e aqueles que criam clandestinamente pit bulls para rinhas infelizmente selecionam os cães mais agressivos e ferozes para cruzar na próxima geração. Por isso, é importante que o criador esteja disposto a deixar você conhecer os pais do seu novo filhote, sempre que possível. Brooke Walker me deixou passar muito tempo perto da mãe e do pai de Angel, e eles eram cães brincalhões e ativos, embora calmos e estáveis. Os pais de Mr. President eram os buldogues ingleses tranquilos e sossegados que todo mundo deseja como animal de estimação. Com filhotes de fábrica comprados nas lojas de animais de estimação, você nunca poderá conhecer os pais. Porque eles podem estar em um armazém a centenas de quilômetros de distância, espremidos entre dezenas de outros cães em gaiolas minúsculas. A cadela provavelmente já estará prenha de outra ninhada quando aquele filhote chegar à loja de bichos. Imagine o efeito disso no temperamento de um cão que vive nessas condições desumanas. Imagine o estresse da mãe ao ser forçada parir uma ninhada após a outra em recinto fechado superlotado, até seu corpo se esgotar. É impossível as experiências de uma mãe não terem um impacto enorme, tanto em seu próprio temperamento e sua própria energia como na psique dos filhotes que ela traz ao mundo.
Amor à primeira vista Em Marley e Eu, há uma cena engraçada na qual, após ter escolhido Marley em uma ninhada de um criador de fundo de quintal, e antes de o cão estar pronto para ir para casa, John Grogan pega um livro sobre retrievers labradores e se espanta ao aprender que o temperamento de um cão muitas vezes remonta aos pais. Os criadores de Marley haviam hesitado ao deixar Grogan conhecer o padreador, um cão que revelou ser “um maníaco atravessando a noite às cegas como se houvesse demônios em seu encalço”. Além do pai hiperativo de Marley, os Grogan haviam sido expostos a muitos sinais que deixaram visível o nível de energia muito elevado de Marley. No livro, John conta com humor a experiência bastante comum de escolha de filhote. Um dos machos parecia particularmente ter-se apaixonado por nós. Era o mais palhaço de todos e avançava sobre nós, pulando no nosso colo e agarrando-nos com as patas para escalar pela roupa e lamber nosso rosto. Ele mordiscava nossos dedos com dentes de leite afiados e andava trôpego em círculos à nossa volta com patas redondas gigantescas, totalmente fora de proporção quanto ao restante do seu corpo… — Creio que este seja o escolhido pelo destino — disse Jenny — Com certeza ele parece gostar de nós — disse eu. Como a família Grogan, a maioria das pessoas que escolhe um filhote se apaixona imediatamente pelo primeiro cão que sobe nelas ou começa a lambê-las. Elas dizem a si mesmas: “Ele gosta de mim. Ele me escolheu. Quer vir para casa comigo”. Claro, sentir que somos “escolhidos” faz bem ao nosso ego e nos deixa satisfeitos com o cachorro que vamos levar para casa — ambos fatores importantes na relação humano-cão. Mas devemos ter em mente que, de muitas maneiras, atração que percebemos não passa de uma história bonita. Qualquer filhote saudável e curioso é atraído pelas coisas e pessoas novas que entram no seu ambiente. Na verdade, o filhote que, como Marley, pula fora de sua caixa para ficar com você já pode estar revelando tendências dominadoras. Ora, um filhote dominador e ativo com um nível de energia elevado ou muito elevado pode ser exatamente a energia que você procura. Você pode estar buscando um futuro cão de agilidade para acompanhá-lo na corrida de obstáculos. Você pode ser um corredor diário de longas distâncias, como meu colega, o coprodutor de O Encantador de Cães, Todd Henderson, que precisa de um cão muito ativo para acompanhá-lo. Todd adotou Curly, uma cruza de labrador e galgo que participou do programa, com uma energia muito elevada — um cão maravilhoso, mas agitado demais para o antigo dono, Pete, um tranquilo morador da cidade de Nova York. Você lembra como a criadora de Angel, Brooke Walker, queria me dar o irmão mais dominador de Angel, o Sr. Colar Azul, a quem ela chamava de “o melhor da ninhada”? Brooke diz que prefere filhotes mais seguros, porque, na experiência dela, eles são mais fáceis de treinar como cães de exposição. Mas lembre-se: tanto Todd Henderson quanto Brooke Walker são donos de cachorro muito experientes e têm energias naturalmente seguras, assertivas e calmas. Se você é inexperiente com cães, ou se é uma pessoa em geral mais calma, mais resignada e mais sossegada, o pequeno Marley que pula da caixa e se joga em cima de você provavelmente não é uma boa combinação de energia se você quiser um
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Em Marley e Eu, há uma cena engraçada na qual, após ter escolhido Marley em uma<br />
ninhada de um criador de fundo de quintal, e antes de o cão estar pronto para ir para casa,<br />
John Grogan pega um livro sobre retrievers labradores e se espanta ao aprender que o<br />
temperamento de um cão muitas vezes remonta aos pais. Os criadores de Marley haviam<br />
hesitado ao deixar Grogan conhecer o padreador, um cão que revelou ser “um maníaco<br />
atravessando a noite às cegas como se houvesse demônios em seu encalço”. Além do pai<br />
hiperativo de Marley, os Grogan haviam sido expostos a muitos sinais que deixaram visível o<br />
nível de energia muito elevado de Marley. No livro, John conta com humor a experiência<br />
bastante comum de escolha de filhote.<br />
Um dos machos parecia particularmente ter-se apaixonado por nós. Era o mais palhaço de<br />
todos e avançava sobre nós, pulando no nosso colo e agarrando-nos com as patas para escalar<br />
pela roupa e lamber nosso rosto. Ele mordiscava nossos dedos com dentes de leite afiados e<br />
andava trôpego em círculos à nossa volta com patas redondas gigantescas, totalmente fora de<br />
proporção quanto ao restante do seu corpo…<br />
— Creio que este seja o escolhido pelo destino — disse Jenny<br />
— Com certeza ele parece gostar de nós — disse eu.<br />
<strong>Como</strong> a família Grogan, a maioria das pessoas que escolhe um filhote se apaixona<br />
imediatamente pelo primeiro cão que sobe nelas ou começa a lambê-las. Elas dizem a si<br />
mesmas: “Ele gosta de mim. Ele me escolheu. Quer vir para casa comigo”. Claro, sentir que<br />
somos “escolhidos” faz bem ao nosso ego e nos deixa satisfeitos com o cachorro que vamos<br />
levar para casa — ambos fatores importantes na relação humano-cão. Mas devemos ter em<br />
mente que, de muitas maneiras, atração que percebemos não passa de uma história bonita.<br />
Qualquer filhote saudável e curioso é atraído pelas coisas e pessoas novas que entram no seu<br />
ambiente. Na verdade, o filhote que, como Marley, pula fora de sua caixa para ficar com você<br />
já pode estar revelando tendências dominadoras.<br />
Ora, um filhote dominador e ativo com um nível de energia elevado ou muito elevado pode<br />
ser exatamente a energia que você procura. Você pode estar buscando um futuro cão de<br />
agilidade para acompanhá-lo na corrida de obstáculos. Você pode ser um corredor diário de<br />
longas distâncias, como meu colega, o coprodutor de O Encantador de Cães, Todd<br />
Henderson, que precisa de um cão muito ativo para acompanhá-lo. Todd adotou Curly, uma<br />
cruza de labrador e galgo que participou do programa, com uma energia muito elevada — um<br />
cão maravilhoso, mas agitado demais para o antigo dono, Pete, um tranquilo morador da<br />
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o irmão mais dominador de Angel, o Sr. Colar Azul, a quem ela chamava de “o melhor da<br />
ninhada”? Brooke diz que prefere filhotes mais seguros, porque, na experiência dela, eles são<br />
mais fáceis de treinar como cães de exposição. Mas lembre-se: tanto Todd Henderson quanto<br />
Brooke Walker são donos de cachorro muito experientes e têm energias naturalmente seguras,<br />
assertivas e calmas. Se você é inexperiente com cães, ou se é uma pessoa em geral mais<br />
calma, mais resignada e mais sossegada, o pequeno Marley que pula da caixa e se joga em<br />
cima de você provavelmente não é uma boa combinação de energia se você quiser um