Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan
Decidir-se por uma raça Quando foi eleito para posto máximo do país, o presidente Barack Obama se defrontou com um dilema. Tinha que cumprir uma promessa de campanha — feita não ao povo americano, mas às suas duas filhas, Malia e Sasha — de adotar um filhote quando o caos da eleição terminasse. Por semanas a fio, a mídia ficou obcecada com o ainda hipotético cachorrinho de Obama. Nos talk-shows das manhãs de domingo, especialistas democratas e republicanos debatiam os méritos de uma raça sobre a outra. Qual é o cão presidencial ideal? Que raça seria mais compatível com as alergias de Malia? Criadores e apreciadores de cães de todos os Estados Unidos enviaram milhares de cartas à Casa Branca, com fotos de potenciais filhotes, e montes e montes de conselhos não solicitados. É fácil ver por que os Obama, que nunca haviam tido um cão, talvez tenham ficado um pouco confusos quanto a essa decisão executiva em particular. Há mais de 150 raças de cães diferentes reconhecidas pelo American Kennel Club, e mais centenas de raças e variações de raças além daquelas. Selecionar a raça adequada é um fator importante a levar em conta na escolha de um filhote para sua família, especialmente tendo em vista o tamanho e as necessidades especiais, opções de estilo de vida, compatibilidade com o ambiente e fatores como necessidades de alimentação e exercício. Mas, em minha opinião, o nível de energia do filhote é um indicador muito mais preciso da chance de você e seu cachorro serem parceiros compatíveis por toda a vida. Isso porque os cachorros de todas as raças são, antes de tudo, cachorros. Penso em qualquer cachorro primeiro como animal, depois como cachorro, depois como raça, e por último penso no nome do cachorro, ou no que quase todo mundo chama de “personalidade”. Quando os humanos assumiram a tarefa de desenvolver cães sob medida para nossas necessidades e nossos desejos, não criamos do zero as características que selecionamos, apenas adaptamos e refinamos traços caninos básicos já existentes. Em outras palavras, pegamos o que a Mãe Natureza já dera à espécie canídea e remodelamos isso ao nosso gosto. Considero a raça de um cão aquele “impulso” extra que acentua seus instintos naturais. Todos os cães são predadores, mas ao longo de milhares de gerações, criamos raças esportivas para serem predadores extremamente centrados. Todos os cães gostam de cavar e perseguir presas pequenas, mas os terriers têm muito mais predisposição a cavar e encontrar roedores. Todos os cães adoram correr, mas os galgos chegam a correr sessenta e quatro quilômetros por hora, e os huskies podem correr horas e horas a fio. Todos os cães têm a habilidade natural de brigar ou lutar uns com os outros, mas as raças que têm “bull ” no nome foram desenvolvidas geneticamente para lutar até a morte. Quanto mais pura a genealogia, mais forte será o papel daquele “impulso” genético no comportamento de seu cão. Por isso alguns donos afirmam que seus “vira-latas” são animais de estimação mais tranquilos, porque, teorizam eles, seu DNA, de certa forma, já se diluiu, e seus impulsos relacionados às raças consequentemente ficaram mais difusos. Como regra geral, quanto mais puro for o cão, mais intenso será o seu desejo de realizar seu objetivo genético. Portanto, ele vai exigir maior concentração e atenção de sua parte para garantir que essas necessidades ligadas à raça sejam constantemente estimuladas e satisfeitas. Quando quiser saber qual a raça certa para você, precisa fazer o seu dever de casa com antecedência. Leia tudo sobre cada raça que lhe interessa, prestando mais atenção no trabalho
original que ela foi criada para fazer. Então pergunte a si mesmo: será que posso propiciar o ambiente certo, a quantidade de tempo adequada, e o estímulo apropriado para satisfazer a essas necessidades inatas da raça? Por exemplo, se você estiver apaixonado pela cara descabelada e pelo tamanho mignon dos terriers, será que está preparado para designar uma parte do jardim que você tanto aprecia para que eles possam satisfazer suas necessidades biológicas de cavar? Ou você tem tanta paixão por seu gramado que qualquer estrago nele o faz subir pelas paredes? Se você admira o físico esbelto e elegante de um pointer ou de um weimaraner, será que tem tempo e energia para brincar de esconde-esconde ou de pega-pega com ele no parque vários dias por semana? Ou vai deixá-lo preso em seu apartamento e só o levará para passear até a esquina? Se quer desesperadamente um pastor australiano de energia elevada, será que está disposto a levá-lo à aula de pastoreio ou brincar de jogos de agilidade com ele regularmente? Quando satisfazemos todas as necessidades de nossos cães considerando-os animais, cães e raças —, eles corresponderão sendo os amigos mais leais e amorosos que podemos imaginar. Quando os deixamos insatisfeitos, por outro lado, criamos dificuldades que podem tornar a vida deles e a nossa totalmente infelizes.
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Decidir-se por uma raça<br />
Quando foi eleito para posto máximo do país, o presidente Barack Obama se defrontou com<br />
um dilema. Tinha que cumprir uma promessa de campanha — feita não ao povo americano,<br />
mas às suas duas filhas, Malia e Sasha — de adotar um filhote quando o caos da eleição<br />
terminasse. Por semanas a fio, a mídia ficou obcecada com o ainda hipotético cachorrinho de<br />
Obama. Nos talk-shows das manhãs de domingo, especialistas democratas e republicanos<br />
debatiam os méritos de uma raça sobre a outra. Qual é o cão presidencial ideal? Que raça<br />
seria mais compatível com as alergias de Malia? Criadores e apreciadores de cães de todos<br />
os Estados Unidos enviaram milhares de cartas à Casa Branca, com fotos de potenciais<br />
filhotes, e montes e montes de conselhos não solicitados.<br />
É fácil ver por que os Obama, que nunca haviam tido um cão, talvez tenham ficado um<br />
pouco confusos quanto a essa decisão executiva em particular. Há mais de 150 raças de cães<br />
diferentes reconhecidas pelo American Kennel Club, e mais centenas de raças e variações de<br />
raças além daquelas. Selecionar a raça adequada é um fator importante a levar em conta na<br />
escolha de um filhote para sua família, especialmente tendo em vista o tamanho e as<br />
necessidades especiais, opções de estilo de vida, compatibilidade com o ambiente e fatores<br />
como necessidades de alimentação e exercício. Mas, em minha opinião, o nível de energia do<br />
filhote é um indicador muito mais preciso da chance de você e seu cachorro serem parceiros<br />
compatíveis por toda a vida. Isso porque os cachorros de todas as raças são, antes de tudo,<br />
cachorros. Penso em qualquer cachorro primeiro como animal, depois como cachorro, depois<br />
como raça, e por último penso no nome do cachorro, ou no que quase todo mundo chama de<br />
“personalidade”. Quando os humanos assumiram a tarefa de desenvolver cães sob medida<br />
para nossas necessidades e nossos desejos, não criamos do zero as características que<br />
selecionamos, apenas adaptamos e refinamos traços caninos básicos já existentes. Em outras<br />
palavras, pegamos o que a Mãe Natureza já dera à espécie canídea e remodelamos isso ao<br />
nosso gosto. Considero a raça de um cão aquele “impulso” extra que acentua seus instintos<br />
naturais.<br />
Todos os cães são predadores, mas ao longo de milhares de gerações, criamos raças<br />
esportivas para serem predadores extremamente centrados. Todos os cães gostam de cavar e<br />
perseguir presas pequenas, mas os terriers têm muito mais predisposição a cavar e encontrar<br />
roedores. Todos os cães adoram correr, mas os galgos chegam a correr sessenta e quatro<br />
quilômetros por hora, e os huskies podem correr horas e horas a fio. Todos os cães têm a<br />
habilidade natural de brigar ou lutar uns com os outros, mas as raças que têm “bull ” no nome<br />
foram desenvolvidas geneticamente para lutar até a morte. Quanto mais pura a genealogia,<br />
mais forte será o papel daquele “impulso” genético no comportamento de seu cão. Por isso<br />
alguns donos afirmam que seus “vira-latas” são animais de estimação mais tranquilos, porque,<br />
teorizam eles, seu DNA, de certa forma, já se diluiu, e seus impulsos relacionados às raças<br />
consequentemente ficaram mais difusos.<br />
<strong>Como</strong> regra geral, quanto mais puro for o cão, mais intenso será o seu desejo de realizar seu<br />
objetivo genético. Portanto, ele vai exigir maior concentração e atenção de sua parte para<br />
garantir que essas necessidades ligadas à raça sejam constantemente estimuladas e satisfeitas.<br />
Quando quiser saber qual a raça certa para você, precisa fazer o seu dever de casa com<br />
antecedência. Leia tudo sobre cada raça que lhe interessa, prestando mais atenção no trabalho