Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan

04.08.2017 Views

A educação da raça Quando tiver satisfeito o cão-animal em seu filhote por meio de passeios e certos tipos de brincadeira estruturada, você pode depois iniciá-lo no mundo das atividades pré-programadas nele pela raça. Satisfazendo todos os lados da natureza do seu filhote — animal, cão e raça — você abrirá uma linha de comunicação mais profunda, um canal melhor para a intimidade. Blizzard, o retriever Os retrievers labradores são cães de caça, planejados por humanos para procurar e recuperar a presa morta em uma caçada. Os labradores têm uma “boca leve”, o que significa que eles carregam a presas suavemente para não destruí-las nem mutilá-las. Isso também os torna companheiros de brincadeira perfeitos para crianças, embora a boca leve do labrador deva ser cultivada pelos donos desde a fase de filhote. “O Blizzard gosta de brincar de morder o Christian”, Terry me conta. “A Sabrina toca no pescoço dele e o faz parar com aquilo na mesma hora, mas, com o Christian, ele realmente testa os limites.” Meu próximo trabalho é ajudar a família a treinar novamente Christian para ter uma liderança mais forte com Blizzard sempre que ele começar a usar a boca um pouquinho demais. Quando se trata de buscar objetos, todos os ingredientes estão nos genes de um labrador. Mas o que é inato nem sempre vem naturalmente, como John Grogan descobriu em Marley e Eu: Ele era perfeito para caçar sua presa. O conceito de devolução é que ele parecia não ter entendido muito bem. Sua atitude geral parecia querer dizer: “Se você quiser pegar esta vareta tanto assim, vá VOCÊ buscá-la na água…” Ele deixou a vareta aos meus pés… mas quando me abaixei para pegá-la, Marley estava preparado. Mergulhou, agarrou-a com a boca e correu ziguezagueando pela praia. Corcoveou de volta, quase se chocando comigo, provocando-me para persegui-lo. — Você deveria se comportar como um labrador — eu gritei. — Não um labrador fugitivo! A solução de John para esse problema foi seduzir Marley com uma segunda vareta, baseado na teoria de que um cão tende a querer mais o que outro cão (ou humano) tem do que a vareta que já tem na boca. Após um exaustivo dia de tentativa e erro, ele e seu labrador rebelde fizeram, sim, alguns progressos, mas a sua descrição do acontecimento deixa duas coisas claras — primeiro, Marley não respeitava John e, segundo, John com certeza não era o líder da matilha dele. Marley tratava John como poderia tratar um irmão de outra ninhada ou da mesma — provocando e seduzindo —, mas um seguidor não brinca de “pegar” com um líder. Marley pode ter confiado em John e ter sido ligado a ele, mas John não exigia respeito suficiente de Marley para conseguir guiar o filhote que crescia depressa para ser o labrador que os genes dele pretendiam que ele fosse. Tenho uma boa notícia para todos os futuros donos de Marley por aí: há uma maneira muito mais fácil e direta de explorar os recursos das habilidades de busca de um labrador — ou de qualquer cão — do que fazer o frustrante jogo de “o meu é melhor que o seu”. Tudo remete ao conceito de ser o líder da matilha e controlar o jogo por meio da conexão com o seu filhote. Tão logo Blizzard veio para casa comigo, levei-o até as colinas do Centro de Psicologia do

Canina de Santa Clarita para começar a liberar o retriever nos seus genes. A chave — ingrediente secreto que faltou a John Grogan — é o contato visual. Pego a bola e a seguro, e assim ganho imediatamente a atenção de Blizzard, porque um objeto se torna “vivo” para um filhote sempre que se mexe. Então, espero até ele se sentar, submisso e ativo, olhando nos meus olhos e aguardando o meu sinal. Só jogo a bola quando ele fica plenamente envolvido em pleno contato visual comigo e em um modo de espera. Não jogo quando ele está superexcitado; não jogo quando ele está fixado na bola propriamente dita. Jogar uma bola para um filhote quando ele está fixado nela pode plantar as sementes da obsessão. Blizzard está brincando comigo, não com a bola. Não continuo o jogo se ele não recupera a bola, mas quando reconhece, com contato visual, que esse era o meu jogo desde o início, ele naturalmente quer trazer a bola de volta e começar uma nova rodada. O jogo — como qualquer jogo que faço com meus cachorros — também tem um início claro, decidido por mim, e um final claro, decido por mim. Eu comunico que o jogo terminou certificando-me de que Blizzard está sentado e relaxado, não frenético e excitado, esperando mais uma rodada. Esse exercício é um exemplo de combinação da conexão, comunicação e do condicionamento para satisfazer todas as necessidades das naturezas de nossos cães. O bonito é que esse comportamento já está no DNA de um retriever. Meu filhotesó precisa que eu seja quem que o faça aflorar nele. Você não precisa ter um labrador ou outro cão de raça esportiva para ser bem-sucedido nesse jogo com o seu filhote. Com liderança, contato visual e muita repetição, um cão de qualquer raça pode usar o exercício de recuperar objetos para acessar o “cão” dentro dele. Criei Junior para ser um buscador de primeira — é uma alegria ver seu corpo musculoso correndo atrás da bola, chutando a grama e a terra enquanto corre a toda velocidade pelos morros marrons da Califórnia. Não se supõe que os pit bulls sejam buscadores, mas Junior sempre me traz a bola de volta. Na verdade, buscar coisas tornou-se para ele uma espécie de gesto cortês de respeito aos seus “superiores” — espontaneamente, ele sempre traz brinquedos para Daddy, para mim e para qualquer outro humano que ele queira agradar. Angel, o terrier, também é um ótimo buscador. Com o método do contato visual, ele corre atrás de qualquer bola e a devolve sem problemas. Até Mr. President já aprendeu a buscar, com a ajuda de disciplina, repetição e dos exemplos de seus companheiros de matilha. Para um buscador nato, a recompensa está na realização bem-sucedida da tarefa em si. Para outras raças, você pode ter que complementar a recompensa com mais elogios, afagos ou com uma guloseima. Seja qual for a raça que você tiver, não subestime a força do jogo simples de buscar para fortalecer a ligação e o vínculo entre você e o seu filhote.

Canina de Santa Clarita para começar a liberar o retriever nos seus genes. A chave —<br />

ingrediente secreto que faltou a John Grogan — é o contato visual. Pego a bola e a seguro, e<br />

assim ganho imediatamente a atenção de Blizzard, porque um objeto se torna “vivo” para um<br />

filhote sempre que se mexe. Então, espero até ele se sentar, submisso e ativo, olhando nos<br />

meus olhos e aguardando o meu sinal. Só jogo a bola quando ele fica plenamente envolvido<br />

em pleno contato visual comigo e em um modo de espera. Não jogo quando ele está<br />

superexcitado; não jogo quando ele está fixado na bola propriamente dita. Jogar uma bola para<br />

um filhote quando ele está fixado nela pode plantar as sementes da obsessão. Blizzard está<br />

brincando comigo, não com a bola. Não continuo o jogo se ele não recupera a bola, mas<br />

quando reconhece, com contato visual, que esse era o meu jogo <strong>desde</strong> o início, ele<br />

naturalmente quer trazer a bola de volta e começar uma nova rodada. O jogo — como<br />

qualquer jogo que faço com meus cachorros — também tem um início claro, decidido por<br />

mim, e um final claro, decido por mim. Eu comunico que o jogo terminou certificando-me de<br />

que Blizzard está sentado e relaxado, não frenético e excitado, esperando mais uma rodada.<br />

Esse exercício é um exemplo de combinação da conexão, comunicação e do condicionamento<br />

para satisfazer todas as necessidades das naturezas de nossos cães. O bonito é que esse<br />

comportamento já está no DNA de um retriever. Meu filhotesó precisa que eu seja quem que o<br />

faça aflorar nele.<br />

Você não precisa ter um labrador ou outro cão de raça esportiva para ser bem-sucedido<br />

nesse jogo com o seu filhote. Com liderança, contato visual e muita repetição, um cão de<br />

qualquer raça pode usar o exercício de recuperar objetos para acessar o “cão” dentro dele.<br />

Criei Junior para ser um buscador de primeira — é uma alegria ver seu corpo musculoso<br />

correndo atrás da bola, chutando a grama e a terra enquanto corre a toda velocidade pelos<br />

morros marrons da Califórnia. Não se supõe que os pit bulls sejam buscadores, mas Junior<br />

sempre me traz a bola de volta. Na verdade, buscar coisas tornou-se para ele uma espécie de<br />

gesto cortês de respeito aos seus “superiores” — espontaneamente, ele sempre traz<br />

brinquedos para Daddy, para mim e para qualquer outro humano que ele queira agradar.<br />

Angel, o terrier, também é um ótimo buscador. Com o método do contato visual, ele corre<br />

atrás de qualquer bola e a devolve sem problemas. Até Mr. President já aprendeu a buscar,<br />

com a ajuda de disciplina, repetição e dos exemplos de seus companheiros de matilha. Para<br />

um buscador nato, a recompensa está na realização bem-sucedida da tarefa em si. Para outras<br />

raças, você pode ter que complementar a recompensa com mais elogios, afagos ou com uma<br />

guloseima. Seja qual for a raça que você tiver, não subestime a força do jogo simples de<br />

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