Como Criar o Cão Perfeito desde Filhotinho - Cesar Millan

04.08.2017 Views

A definição de regras, limites e restrições Muitos donos ficam tentadíssimos a encher seu filhote ou seu cachorro novo de brinquedos, afagos e atenção ininterrupta: dar-lhe restos de comida ou guloseimas sempre que ele pede; e colocar imediatamente a casa à sua disposição. Para nossas mentes humanas, é isso o que fazemos para mostrar a um cão que o “amamos”. O problema é que o seu filhotinho está vindo diretamente da sua primeira família — a mãe e os irmãos — onde “amor” era sinônimo de ordem e organização. Se ele também foi criado por um criador consciente, ele provavelmente já começou a entender e a internalizar seu primeiríssimo conjunto de regras humanas. “O cachorro já sabe que precisa viver com regras e limites, e isso é tudo que ele conhece desde o nascimento”, explica Diana Foster. “Esse cão é muito satisfeito, seguro e condicionado a viver com certas regras e restrições”. Agora, esse mesmo cão que tinha referência de liderança na energia assertiva e calma da mãe e de seu criador de repente se vê cercado de energia instável e excitada, e de humanos que não impõem quaisquer limites ou são inconsistentes em relação àqueles que impõem. O cão, antes apenas um membro de uma matilha coesa e bem comportada, de repente vê que todo o foco e toda a atenção está nele — a não ser quando se espera que ele esteja sozinho. No panfleto que dá para quem compra um de seus pastores alemães Thinschmidt, Diana Foster descreve o resultado provável dessa situação: O cão chega em um novo lar, sua família o abraça, o agrada, e fala com ele sem que ele faça nada para merecer aquilo. Ele recebe muita atenção e mal passa alguns minutos sozinhos… Mais tarde, é hora de dormir e a família finalmente coloca o filhote na caixa para passar a noite. E então ele passa de uma atenção quase ininterrupta ao isolamento absoluto. Isso é uma mudança radical demais para qualquer cão, e causa um estresse e uma ansiedade sem tamanho. Agora você tem um filhote latindo e chorando na caixa. Por quê? Ele já fez a associação de que estar na sua casa significa liberdade de circular livremente e ter gente com ele. Cadê essa gente toda? Cadê a atenção toda? O filhote quer mais do que teve antes. Você acaba de se organizar para isso e precisa perguntar se valeu a pena? Ao apresentar o filhote à sua casa nos seus termos, iniciar o adestramento na caixa cedo, e ao restringir o território dele a uma área segura e limitada durante as primeiras semanas ou meses, você cria as regras, os limites e as restrições que fornecem a estrutura para um futuro seguro e feliz do animal.

A expressão do desagrado Os filhotes são sedentos de orientação e receptivos a quaisquer limites que você queira estabelecer. Mas como você exprime esses limites de forma bondosa, justa e em uma língua que o filhote entenda? Uma cadela não suborna sua cria com guloseimas ou afagos para conseguir bom comportamento (embora ela às vezes recompense, sim, um comportamento submisso lambendo e asseando a cria depois do feito. Ela não choraminga nem seduz com a voz. Corrige o comportamento da cria usando uma energia calma e assertiva: linguagem corporal, contato visual e toque. As crias sempre entendem exatamente o que ela quer, e ela raramente tem de corrigir o mesmo erro mais que uma vez. Por outro lado, a maioria dos humanos corrige um filhote usando uma energia frustrada, ansiosa ou zangada; movimentos bruscos (como puxar a mão ou um objeto, ou tirar o corpo fora); e sons altos — “Não!”, “Para com isso!”, “Cachorro feio!”. Você vai ouvir tais humanos repetindo mil vezes a sua repreensão; depois eles jogam as mãos para o alto espantados porque o filhote não lhes obedece. Acho que podemos ajudar nossos cachorros a nos entender melhor tentando falar com eles em sua própria língua. Isso significa que eu vou tratar do comportamento indesejado de uma forma mais canina, usando uma técnica ou uma combinação do que chamo de “correções”: 1. Usando a minha energia e a minha intenção de comunicar que não concordo com um comportamento, mas sem jamais levar os atos do cão para o lado pessoal e permanecendo sempre calmo e impassível (o que chamo de energia assertiva e calma). 2. Mantendo contato visual para transmitir a minha energia e a minha intenção. 3. Usando meu corpo e a linguagem corporal para o meu próprio espaço e para bloquear um comportamento indesejado (por exemplo, me adiantando decididamente e entrando em um espaço de um filhote para “possuí-lo”, ou afastando com firmeza um filhote que esteja tentando subir na minha perna). 4. Usando o toque para comunicar desagrado ou para interromper a exacerbação de um comportamento: “Tocar” jamais significa “bater!” Os filhotes e a maioria dos cães são muito receptivos ao toque no nível do tapa leve que você pode usar para chamar a atenção de um amigo no escuro cinema. Toque um filhote na lateral do seu pescoço ou dos quartos traseiros. Use a mão como uma garra, que imita a mordida da mãe na lateral do pescoço, no músculo, não na garganta. Isso não significa “beliscar”. O movimento deve ser firme, mas sem muita pressão. A pressão deve ser proporcional ao tipo de comportamento (por exemplo, um cão adulto que passou dos limites precisará de mais pressão que um filhote que acabou de começar a roer um sapato, atitude que necessitará apenas de um leve toque). Todo cão reconhece essa sensação de sua fase de filhote e reage a ela de uma forma primária. A hora certa de dar um toque corretivo é crucial. O toque deve ocorrer no momento exato

A expressão do desagrado<br />

Os filhotes são sedentos de orientação e receptivos a quaisquer limites que você queira<br />

estabelecer. Mas como você exprime esses limites de forma bondosa, justa e em uma língua<br />

que o filhote entenda? Uma cadela não suborna sua cria com guloseimas ou afagos para<br />

conseguir bom comportamento (embora ela às vezes recompense, sim, um comportamento<br />

submisso lambendo e asseando a cria depois do feito. Ela não choraminga nem seduz com a<br />

voz. Corrige o comportamento da cria usando uma energia calma e assertiva: linguagem<br />

corporal, contato visual e toque. As crias sempre entendem exatamente o que ela quer, e ela<br />

raramente tem de corrigir o mesmo erro mais que uma vez. Por outro lado, a maioria dos<br />

humanos corrige um filhote usando uma energia frustrada, ansiosa ou zangada; movimentos<br />

bruscos (como puxar a mão ou um objeto, ou tirar o corpo fora); e sons altos — “Não!”, “Para<br />

com isso!”, “Cachorro feio!”. Você vai ouvir tais humanos repetindo mil vezes a sua<br />

repreensão; depois eles jogam as mãos para o alto espantados porque o filhote não lhes<br />

obedece.<br />

Acho que podemos ajudar nossos cachorros a nos entender melhor tentando falar com eles<br />

em sua própria língua. Isso significa que eu vou tratar do comportamento indesejado de uma<br />

forma mais canina, usando uma técnica ou uma combinação do que chamo de “correções”:<br />

1. Usando a minha energia e a minha intenção de comunicar que não concordo com um<br />

comportamento, mas sem jamais levar os atos do cão para o lado pessoal e<br />

permanecendo sempre calmo e impassível (o que chamo de energia assertiva e calma).<br />

2. Mantendo contato visual para transmitir a minha energia e a minha intenção.<br />

3. Usando meu corpo e a linguagem corporal para o meu próprio espaço e para bloquear um<br />

comportamento indesejado (por exemplo, me adiantando decididamente e entrando em<br />

um espaço de um filhote para “possuí-lo”, ou afastando com firmeza um filhote que esteja<br />

tentando subir na minha perna).<br />

4. Usando o toque para comunicar desagrado ou para interromper a exacerbação de um<br />

comportamento:<br />

“Tocar” jamais significa “bater!” Os filhotes e a maioria dos cães são muito receptivos<br />

ao toque no nível do tapa leve que você pode usar para chamar a atenção de um amigo no<br />

escuro cinema.<br />

Toque um filhote na lateral do seu pescoço ou dos quartos traseiros.<br />

Use a mão como uma garra, que imita a mordida da mãe na lateral do pescoço, no<br />

músculo, não na garganta. Isso não significa “beliscar”. O movimento deve ser firme, mas<br />

sem muita pressão. A pressão deve ser proporcional ao tipo de comportamento (por<br />

exemplo, um cão adulto que passou dos limites precisará de mais pressão que um filhote<br />

que acabou de começar a roer um sapato, atitude que necessitará apenas de um leve<br />

toque). Todo cão reconhece essa sensação de sua fase de filhote e reage a ela de uma<br />

forma primária.<br />

A hora certa de dar um toque corretivo é crucial. O toque deve ocorrer no momento exato

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