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ção na questão da criativida<strong>de</strong>.<br />
No Brasil, eles <strong>de</strong>cidiram me contratar<br />
para montar uma equipe<br />
própria. A i<strong>de</strong>ia não é replicar<br />
a estrutura das agências. Os<br />
experiences architects, profissionais<br />
híbridos que ficam nos<br />
clientes para integrar mídia<br />
e atendimento com todas as<br />
capabilities da Accenture, é<br />
uma inovação. Se for só para<br />
fazer comunicação, o potencial<br />
da empresa será subaproveitado.<br />
A Accenture trabalha com<br />
clientes que têm agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>?<br />
Sim. Nosso foco é propor<br />
um mo<strong>de</strong>lo inovador, inclusive<br />
do relacionamento das<br />
marcas com suas agências. A<br />
comunicação não po<strong>de</strong> mais<br />
ficar <strong>de</strong>splugada do resto.<br />
Sim, vamos concorrer com<br />
as agências. Estamos prontos<br />
para uma entrega completa,<br />
mas a segmentação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
do cliente. Marca e experiência<br />
trabalham juntas. A i<strong>de</strong>ia<br />
é levar os conceitos da Accenture<br />
<strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> para o<br />
vetor <strong>de</strong> marketing, porque a<br />
empresa já é muito presente<br />
em outras áreas das empresas.<br />
Como é combinar tecnologia com<br />
bran<strong>de</strong>d content?<br />
A entrega híbrida e líquida<br />
sempre me encantou. A Accenture<br />
usa a expressão future proof<br />
porque as entregas são <strong>de</strong> longo<br />
prazo. E nas agências os tiros<br />
são curtos. O serviço integrado<br />
leva mais tempo, mas, ao mesmo<br />
tempo, as coisas estão mais<br />
voláteis. O digital está entrando<br />
naquela curva exponencial on<strong>de</strong><br />
tudo muda muito rapidamente.<br />
Estou apren<strong>de</strong>ndo a ser future<br />
proof. Será que um conceito vai<br />
ser relevante em alguns meses?<br />
O racional <strong>de</strong> consultoria é muito<br />
rico. O bran<strong>de</strong>d content entra<br />
para construir marca, que é a minha<br />
troca na Accenture.<br />
Na sua avaliação, o que é inspirador?<br />
O Steve Jobs é um bom exemplo.<br />
Ele disse certa vez que o seu<br />
sonho era transformar o computador<br />
em um telefone. Quando alguém<br />
faz uma ligação, movimenta<br />
uma ca<strong>de</strong>ia enorme, do satélite ao<br />
receptor na outra ponta da linha.<br />
E essa tecnologia não fica visível<br />
para o usuário. A Accenture fala<br />
com o cérebro das pessoas. Minha<br />
missão é tocar o coração, ou seja,<br />
mostrar o valor emocional para a<br />
solução racional que empresa já<br />
tem. Só falta embalar; o valor já<br />
está construído. Jobs não queria<br />
que as pessoas enten<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong><br />
bits e bytes, mas que enten<strong>de</strong>ssem<br />
o lado emocional<br />
<strong>de</strong> pensar diferente.<br />
As coisas não precisam<br />
ser tão matemáticas,<br />
não é mesmo?<br />
Tem uma frase da<br />
poetisa norte-americana<br />
Maya Angelou muito apropriada<br />
sobre isso: “as pessoas<br />
vão esquecer o que alguém disse,<br />
mas não vão esquecer o que sentiram”.<br />
Uma experiência relevante<br />
é uma combinação que ativa os<br />
dois lados do cérebro.<br />
O que é mesmo digital?<br />
É uma palavra fadada a morrer.<br />
Como morreram informática<br />
e eletrônica. Tudo vai estar plugado<br />
na internet. Tudo vai ser<br />
digital. Ela não faz mais sentido<br />
porque virou commodity. Vão<br />
surgir outras terminologias, mas<br />
elas são marcos <strong>de</strong> comunicação.<br />
No futuro, a pessoa vai ser<br />
o próprio gadget. Ninguém vai<br />
precisar <strong>de</strong> hardware porque os<br />
softwares estarão instalados nas<br />
pessoas. O digital marca uma era<br />
na qual as coisas físicas estão plugadas<br />
na internet.<br />
E a mídia?<br />
Estamos saindo <strong>de</strong> uma era do<br />
um por todos para uma na qual<br />
são todos por um. Não há mais<br />
espaço para uma fonte que aglutina<br />
tudo e fala com todo mundo.<br />
A programática é isso: sair do<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> massa para<br />
juntar vários canais e entregar<br />
para a pessoa o que ela realmente<br />
gosta. Essa transição é inevitável.<br />
No Brasil ela está mais lenta,<br />
mas o jeito que os consumidores<br />
estão se relacionando com as coisas<br />
é <strong>de</strong>scentralizado. Os meios<br />
precisam se adaptar. No ambiente<br />
programático, a família margarina<br />
ce<strong>de</strong>u lugar à segmentação extremada.<br />
Estamos saindo da era do<br />
orçamento <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> 30 segundos<br />
para uma que vai orçar 30<br />
filmes <strong>de</strong> um minuto. Não há uma<br />
comunicação para todos. É o bran<strong>de</strong>d<br />
content instalado em todos os<br />
formatos. E customizados.<br />
E os adblocks?<br />
Existem bloqueadores <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />
mas nunca vão existir<br />
bloqueadores <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>.<br />
Quando alguém gosta <strong>de</strong> algo, ela<br />
recomenda. Não tem mais esse<br />
negócio <strong>de</strong> push & pull media. As<br />
pessoas estão no comando e elas<br />
po<strong>de</strong>m e querem bloquear o que<br />
não é interessante para elas. Mas<br />
o endosso <strong>de</strong> alguém que confiamos<br />
não tem bloqueio. Por isso, a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a criativida<strong>de</strong><br />
como elemento-chave para a comunicação<br />
ser assertiva.<br />
“não tEm<br />
mais EssE<br />
nEgócio<br />
dE push &<br />
pull mEdia.<br />
as pEssoas<br />
Estão no<br />
comando”<br />
E os robôs?<br />
Vamos ter <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com<br />
eles. Mas usar a nosso favor. Aviões,<br />
trens, navios e metrôs já são<br />
guiados por robôs. No futuro serão<br />
os carros, que passarão a ser<br />
estações <strong>de</strong> trabalho para os motoristas<br />
<strong>de</strong> hoje. E os robôs não<br />
vão roubar empregos. No caso<br />
da comunicação, toda a parte<br />
processual <strong>de</strong> segmentação <strong>de</strong><br />
mensagens vai ser executada por<br />
robôs. Vamos criar uma combinação<br />
volumosa <strong>de</strong> títulos e os<br />
robôs, via mídia programática,<br />
vão segmentar esses conteúdos.<br />
É um trabalho automático que<br />
não é para humanos. Se unm robô<br />
for programado para scanear todos<br />
os quadros do Picasso, po<strong>de</strong><br />
surgir um quadro novo. A J. Walter<br />
Thompson fez isso com Rembrandt,<br />
que ganhou um Grand<br />
Prix no Cannes Lions do ano passado<br />
com “The next Rembrandt”<br />
para a seguradora ING. O ser humano<br />
será pago para errar; robô<br />
não erra.<br />
Alê Oliveira<br />
jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 23