17.07.2017 Views

edição de 22 de maio de 2017

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ção na questão da criativida<strong>de</strong>.<br />

No Brasil, eles <strong>de</strong>cidiram me contratar<br />

para montar uma equipe<br />

própria. A i<strong>de</strong>ia não é replicar<br />

a estrutura das agências. Os<br />

experiences architects, profissionais<br />

híbridos que ficam nos<br />

clientes para integrar mídia<br />

e atendimento com todas as<br />

capabilities da Accenture, é<br />

uma inovação. Se for só para<br />

fazer comunicação, o potencial<br />

da empresa será subaproveitado.<br />

A Accenture trabalha com<br />

clientes que têm agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>?<br />

Sim. Nosso foco é propor<br />

um mo<strong>de</strong>lo inovador, inclusive<br />

do relacionamento das<br />

marcas com suas agências. A<br />

comunicação não po<strong>de</strong> mais<br />

ficar <strong>de</strong>splugada do resto.<br />

Sim, vamos concorrer com<br />

as agências. Estamos prontos<br />

para uma entrega completa,<br />

mas a segmentação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do cliente. Marca e experiência<br />

trabalham juntas. A i<strong>de</strong>ia<br />

é levar os conceitos da Accenture<br />

<strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> para o<br />

vetor <strong>de</strong> marketing, porque a<br />

empresa já é muito presente<br />

em outras áreas das empresas.<br />

Como é combinar tecnologia com<br />

bran<strong>de</strong>d content?<br />

A entrega híbrida e líquida<br />

sempre me encantou. A Accenture<br />

usa a expressão future proof<br />

porque as entregas são <strong>de</strong> longo<br />

prazo. E nas agências os tiros<br />

são curtos. O serviço integrado<br />

leva mais tempo, mas, ao mesmo<br />

tempo, as coisas estão mais<br />

voláteis. O digital está entrando<br />

naquela curva exponencial on<strong>de</strong><br />

tudo muda muito rapidamente.<br />

Estou apren<strong>de</strong>ndo a ser future<br />

proof. Será que um conceito vai<br />

ser relevante em alguns meses?<br />

O racional <strong>de</strong> consultoria é muito<br />

rico. O bran<strong>de</strong>d content entra<br />

para construir marca, que é a minha<br />

troca na Accenture.<br />

Na sua avaliação, o que é inspirador?<br />

O Steve Jobs é um bom exemplo.<br />

Ele disse certa vez que o seu<br />

sonho era transformar o computador<br />

em um telefone. Quando alguém<br />

faz uma ligação, movimenta<br />

uma ca<strong>de</strong>ia enorme, do satélite ao<br />

receptor na outra ponta da linha.<br />

E essa tecnologia não fica visível<br />

para o usuário. A Accenture fala<br />

com o cérebro das pessoas. Minha<br />

missão é tocar o coração, ou seja,<br />

mostrar o valor emocional para a<br />

solução racional que empresa já<br />

tem. Só falta embalar; o valor já<br />

está construído. Jobs não queria<br />

que as pessoas enten<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong><br />

bits e bytes, mas que enten<strong>de</strong>ssem<br />

o lado emocional<br />

<strong>de</strong> pensar diferente.<br />

As coisas não precisam<br />

ser tão matemáticas,<br />

não é mesmo?<br />

Tem uma frase da<br />

poetisa norte-americana<br />

Maya Angelou muito apropriada<br />

sobre isso: “as pessoas<br />

vão esquecer o que alguém disse,<br />

mas não vão esquecer o que sentiram”.<br />

Uma experiência relevante<br />

é uma combinação que ativa os<br />

dois lados do cérebro.<br />

O que é mesmo digital?<br />

É uma palavra fadada a morrer.<br />

Como morreram informática<br />

e eletrônica. Tudo vai estar plugado<br />

na internet. Tudo vai ser<br />

digital. Ela não faz mais sentido<br />

porque virou commodity. Vão<br />

surgir outras terminologias, mas<br />

elas são marcos <strong>de</strong> comunicação.<br />

No futuro, a pessoa vai ser<br />

o próprio gadget. Ninguém vai<br />

precisar <strong>de</strong> hardware porque os<br />

softwares estarão instalados nas<br />

pessoas. O digital marca uma era<br />

na qual as coisas físicas estão plugadas<br />

na internet.<br />

E a mídia?<br />

Estamos saindo <strong>de</strong> uma era do<br />

um por todos para uma na qual<br />

são todos por um. Não há mais<br />

espaço para uma fonte que aglutina<br />

tudo e fala com todo mundo.<br />

A programática é isso: sair do<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> massa para<br />

juntar vários canais e entregar<br />

para a pessoa o que ela realmente<br />

gosta. Essa transição é inevitável.<br />

No Brasil ela está mais lenta,<br />

mas o jeito que os consumidores<br />

estão se relacionando com as coisas<br />

é <strong>de</strong>scentralizado. Os meios<br />

precisam se adaptar. No ambiente<br />

programático, a família margarina<br />

ce<strong>de</strong>u lugar à segmentação extremada.<br />

Estamos saindo da era do<br />

orçamento <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> 30 segundos<br />

para uma que vai orçar 30<br />

filmes <strong>de</strong> um minuto. Não há uma<br />

comunicação para todos. É o bran<strong>de</strong>d<br />

content instalado em todos os<br />

formatos. E customizados.<br />

E os adblocks?<br />

Existem bloqueadores <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>,<br />

mas nunca vão existir<br />

bloqueadores <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>.<br />

Quando alguém gosta <strong>de</strong> algo, ela<br />

recomenda. Não tem mais esse<br />

negócio <strong>de</strong> push & pull media. As<br />

pessoas estão no comando e elas<br />

po<strong>de</strong>m e querem bloquear o que<br />

não é interessante para elas. Mas<br />

o endosso <strong>de</strong> alguém que confiamos<br />

não tem bloqueio. Por isso, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a criativida<strong>de</strong><br />

como elemento-chave para a comunicação<br />

ser assertiva.<br />

“não tEm<br />

mais EssE<br />

nEgócio<br />

dE push &<br />

pull mEdia.<br />

as pEssoas<br />

Estão no<br />

comando”<br />

E os robôs?<br />

Vamos ter <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com<br />

eles. Mas usar a nosso favor. Aviões,<br />

trens, navios e metrôs já são<br />

guiados por robôs. No futuro serão<br />

os carros, que passarão a ser<br />

estações <strong>de</strong> trabalho para os motoristas<br />

<strong>de</strong> hoje. E os robôs não<br />

vão roubar empregos. No caso<br />

da comunicação, toda a parte<br />

processual <strong>de</strong> segmentação <strong>de</strong><br />

mensagens vai ser executada por<br />

robôs. Vamos criar uma combinação<br />

volumosa <strong>de</strong> títulos e os<br />

robôs, via mídia programática,<br />

vão segmentar esses conteúdos.<br />

É um trabalho automático que<br />

não é para humanos. Se unm robô<br />

for programado para scanear todos<br />

os quadros do Picasso, po<strong>de</strong><br />

surgir um quadro novo. A J. Walter<br />

Thompson fez isso com Rembrandt,<br />

que ganhou um Grand<br />

Prix no Cannes Lions do ano passado<br />

com “The next Rembrandt”<br />

para a seguradora ING. O ser humano<br />

será pago para errar; robô<br />

não erra.<br />

Alê Oliveira<br />

jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!