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edição de 22 de maio de 2017

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MFIlustra<br />

O fator cabelo branco<br />

“Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”.<br />

Provérbio Árabe<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Num mundo <strong>de</strong> cotas esqueceram-se dos<br />

cabelos brancos. Ainda bem. Não precisa.<br />

Desconfie <strong>de</strong> uma empresa que não<br />

tem dois ou três colaboradores no comando<br />

e com os cabelos brancos. Risco superior<br />

a 80%. São empresas com apenas parte do<br />

cérebro. Empresas incapazes <strong>de</strong> realizar a<br />

contextualização. Empresas mais que qualificadas<br />

para praticarem os velhos, mesmos<br />

e recorrentes erros. É assim. Hoje no<br />

Brasil fala-se e tem-se cotas <strong>de</strong> todos os tipos<br />

e espécies. Menos para os cabelos brancos.<br />

Repito, ainda bem.<br />

Cotas raciais, cotas <strong>de</strong> gênero, cotas socioeconômicas.<br />

Segundo a Wikipédia, tudo<br />

começou no emblemático ano <strong>de</strong> 1968, com<br />

a tal da Lei do Boi, que garantia o acesso <strong>de</strong><br />

filhos <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iros às universida<strong>de</strong>s.<br />

Nos governos FHC e Lula, a política <strong>de</strong><br />

cotas foi se a<strong>de</strong>nsando. Segundo seus <strong>de</strong>fensores,<br />

a adoção <strong>de</strong>ssa política <strong>de</strong> cotas<br />

tem por objetivo reparar erros históricos e<br />

corrigir ou atenuar injustiças sociais. Que<br />

assim seja. Os cabelos brancos não precisam<br />

<strong>de</strong> cotas. Depen<strong>de</strong>m apenas da consciência<br />

dos cabelos pretos em seus diferentes<br />

matizes e intensida<strong>de</strong>, que sem a sabedoria<br />

dos tais “velhos”, <strong>de</strong>corrente da experiência<br />

acumulada no correr <strong>de</strong> décadas, pouco<br />

provavelmente chegarão lá.<br />

E aí vem à tona a razão do número absurdo<br />

<strong>de</strong> insucessos ou fracassos patéticos das<br />

chamadas startups. Levantado e revelado<br />

pela pesquisa da Escola <strong>de</strong> Administração<br />

<strong>de</strong> Empresas da Fundação Getúlio Vargas,<br />

e comentado pela revista Exame.<br />

A FGV foi perguntar aos investidores em<br />

operação no mercado brasileiro o que os<br />

faz recusarem-se a investir numa <strong>de</strong>terminada<br />

startup? Quais as principais razões e<br />

motivos que inviabilizam consi<strong>de</strong>rarem os<br />

próprios investimentos ou os investimen-<br />

tos que administram <strong>de</strong> terceiros, quando<br />

tomam suas <strong>de</strong>cisões?<br />

Na última colocação, uma série <strong>de</strong> razões<br />

e <strong>de</strong>talhes com 12% das manifestações<br />

(sempre respostas múltiplas). Junto<br />

com dúvidas sobre o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio<br />

escolhido. Na penúltima, com 35% <strong>de</strong> manifestações,<br />

a inexistência ou insuficiência<br />

<strong>de</strong> inovação nos negócios. A antepenúltima<br />

colocação, com 51% das manifestações,<br />

a consciência <strong>de</strong> produtos com pequena ou<br />

baixa <strong>de</strong>manda, e impossibilida<strong>de</strong> quase<br />

que <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> escalabilida<strong>de</strong>. Preparado?<br />

Primeiro lugar disparado com 93% das<br />

manifestações. Isso mesmo. Adivinhou. A<br />

falta do tal dos cabelos brancos: “Equipe<br />

Inexperiente”.<br />

Hello! Como dizia uma socialite hoje enrascada<br />

na Lava Jato. Tudo o que os seus<br />

projetos, empresas e negócios precisam é<br />

<strong>de</strong> alguns cabelos brancos. Alguém com o<br />

corpo coberto <strong>de</strong> cicatrizes, mãos calejadas<br />

e a cabeça carregada <strong>de</strong> sabedoria para lhe<br />

dizer, entre outras coisas, “não é por ali, é<br />

por aqui”. E repetir Gertru<strong>de</strong> Stein, arrematando,<br />

“não existe lá mais ali”. Sinto muito,<br />

brilhante, talentoso e promissor jovem. Sabedoria<br />

não é tomate, nem feijão, nem gado<br />

<strong>de</strong> corte. Com todo o respeito por esses alimentos<br />

essenciais às nossas vidas. É como<br />

plantar tâmaras. Mesmo com todo o avanço<br />

e técnicas <strong>de</strong> produção mo<strong>de</strong>rna, o ditado<br />

árabe continua prevalecendo: “Quem<br />

planta tâmaras, não colhe tâmaras”.<br />

Lembra aquela frase que você já ouviu<br />

algumas vezes e em diferentes momentos<br />

e situações? “Senhor, dai-me coragem para<br />

mudar o que posso mudar, serenida<strong>de</strong> para<br />

aceitar o que não posso mudar e sabedoria<br />

para perceber a diferença”. Na frase, a tal<br />

da “sabedoria” é o “velho”.<br />

Isso mesmo, o fator cabelos brancos.<br />

Mas, se você preferir, daqui para frente, “a<br />

tâmara” do provérbio árabe.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

20 <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

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